Neste ano, a ONU Mulheres destacou como tema para o dia 8 de março Mulheres na liderança: alcançando um futuro igual em um mundo de Covid-19. A iniciativa ressalta a atuação na linha de frente em diversas áreas e a importância da ampla participação delas para a recuperação diante da pandemia.
Segundo a ONU, os países de maior sucesso no combate à Covid-19 são chefiados por mulheres. São exemplos desse combate nações como Dinamarca, Etiópia, Finlândia, Alemanha, Islândia, Nova Zelândia e Eslováquia. As governantes desses países foram reconhecidas pela eficácia na resposta à sua saúde e aos impactos socioeconômicos causados pela pandemia, além de transmitirem para a população informações de baseadas na ciência. Porém, apenas 20 países em todo o mundo são governados por mulheres, o que representa cerca de 10% das nações.
Vice-diretora do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) e professora da Escola de Medicina da PUCRS, a médica Magda Nunes lidera um estudo sobre os impactos do confinamento domiciliar no sono de crianças e adultos. A pesquisa faz parte de uma força-tarefa multidisciplinar da Universidade para o enfrentamento da Covid-19, que reúne mais de 50 profissionais e pesquisadores de diversas áreas na busca por soluções envolvendo a pandemia.
De acordo com o estudo conduzido por ela, cerca de 50% das crianças de 0 a 3 anos e 27% das crianças de 4 a 12 anos apresentaram alterações no sono durante a pandemia, como dificuldades para dormir ou permanecer dormindo. Iniciada em abril de 2020, a pesquisa segue em andamento e está analisando os dados de outras faixas etárias.
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“Eu acho que a melhor maneira de incentivar outras mulheres é através do exemplo de ética e de integridade na profissão”, destaca Magda, que também é membro do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), atuando nas áreas de Neurologia Infantil e Neurofisiologia Clínica-Medicina do Sono.
Médica, pesquisadora, professora e vice-diretora do InsCer, Magda aponta que as mulheres podem ocupar diversos espaços e conquistarem seus sonhos. “Vocês têm que sonhar, sonhar muito, mas também correr atrás dos seus sonhos para que eles se transformem em realidade”, comenta.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), durante o confinamento domiciliar causado pela pandemia de Covid-19 houve aumento no número de casos de violência contra crianças, adolescentes e mulheres em vários países.
Coordenado por Luísa Habigzang, professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, o grupo de pesquisa em Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas (GPeVViC) lançou em abril de 2020 a cartilha de orientação Isolamento durante a Covid-19 e violência dentro de casa.
A professora aponta que o objetivo da cartilha é auxiliar as pessoas a identificar situações de violência, compreender os efeitos para saúde e qualidade de vida e acessar serviços que possam auxiliar em termos de proteção e atendimento.
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“Nós, mulheres da PUCRS, sabemos bem do nosso compromisso científico e social e estamos engajadas em romper estigmas e estereótipos que possam de alguma forma limitar a liberdade e a dignidade de meninas e mulheres em toda sua diversidade, considerando identidade de gênero, orientação sexual, raça, idade, escolaridade ou nível socioeconômico. Nosso trabalho deve contribuir para transformar a vida de todas nós”, ressalta Luísa.
Para ela, existem diversas frentes pelas quais é possível atuar para tornar a sociedade um espaço melhor para as meninas e mulheres. A professora também destaca a importância da pesquisa como uma entrega social. “Nossas pesquisas podem subsidiar políticas públicas para promover a garantia de direitos, a equidade de gênero e o enfrentamento efetivo de qualquer tipo de discriminação ou violência baseada em gênero”.
Com o propósito de melhorar a qualidade de vida de mulheres durante a gravidez, a startup 9 Ciclos busca ampliar o vínculo entre os profissionais da saúde e as gestantes, favorecendo a adesão ao pré-natal e tornando o processo da anamnese gestacional (exame que avalia a evolução da gravidez) mais confortável e menos intrusivo. Desenvolvida por Débora dos Santos, estudante do curso de Enfermagem da PUCRS, a startup foi um dos destaques do Torneio Empreendedor 2019, realizado pelo Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS (Idear).
“As mulheres podem e devem desenvolver suas ideias e projetos, pois a PUCRS tem um ecossistema que apoia esse desenvolvimento. Empatia e humanidade são fundamentais para fazer a diferença na sociedade e, ao expressarmos essas características, se torna natural a transformação e inspiração na realidade de outras mulheres”, comenta Débora.
Entre as motivações para a criação da 9 Ciclos, estão os números ligados à gravidez. Dados divulgados pela OMS apontam que diariamente cerca de 830 mulheres morrem no mundo por causas evitáveis relacionadas à gestação e ao parto. A Organização Mundial da Saúde também estima que, anualmente, aproximadamente 30 milhões de bebês nascem prematuros, com baixo peso ou adoecem nos primeiros dias de vida. No Brasil, os dados mais recentes revelam que quase um terço das gestantes (32,2%) não tiveram a quantidade mínima de consultas pré-natais recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Ao longo de março, em comemoração ao Mês Mulher, uma série de reportagens está ressaltando a trajetória e as contribuições de algumas das mulheres que fazem parte da PUCRS. Leia mais sobre a participação delas na pesquisa científica e na cultura.
Independente da forma de atuação, o nosso respeito, carinho e agradecimento são direcionados para todas as diversas mulheres da Universidade. Você também pode contribuir para homenageá-las deixando sua mensagem na caixinha dos stories do perfil da PUCRS no Instagram (@pucrs).
Médicos residentes inseridos nos Programas de Residência Médica no Hospital São Lucas (HSL) agora têm mais um incentivo para ingressar nos programas de pós-graduação da Escola de Medicina: o PRO-Med PPG. A iniciativa visa oferecer bolsas de doutorado integrais para novos ingressantes na Escola, aproximando pesquisa e prática clínica.
De acordo com o decano da Escola de Medicina, Leonardo Araujo Pinto, a partir do PRO-Med PPG, serão oferecidas quatro bolsas de isenção total da mensalidade para médicos residentes do HSL que tenham interesse em iniciar o doutorado ainda durante a residência. “Semelhante ao programa MD-PhD, que possui vários exemplos de sucesso, o PRO-Med PPG é um programa promissor e tem a finalidade de viabilizar projetos inovadores e de alta aplicabilidade que podem surgir durante o aprendizado e a prática no período da residência médica”, afirma.
A Escola de Medicina possui três programas de pós-graduação: Medicina e Ciências da Saúde, Gerontologia Biomédica e Pediatria e Saúde da Criança. As inscrições para as bolsas ocorrem durante o processo seletivo de cada programa.
Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Carlos Eduardo Lobo e Silva, o programa traz ganhos a todos, pois facilita e estimula o desenvolvimento dos residentes como pesquisadores, traz um atrativo adicional e importante à residência do HSL e aproxima nossas pesquisas da prática clínica.
As bolsas atribuídas no âmbito do Programa Institucional de Incentivo a Residentes em Medicina para Bolsas de Pós-Graduação nos Cursos de Doutorado da Escola de Medicina (PRO-Med PPG) consistem em desconto integral do valor das mensalidades do curso de doutorado em PPGs da Escola de Medicina da PUCRS. As bolsas serão concedidas pelo prazo máximo de até 36 meses. O processo de seleção a ser utilizado é o processo regular de ingresso em cada programa de pós-graduação.
Poderão concorrer médicos que realizam residência médica no HSL da PUCRS. Os discentes deverão ser selecionados pela Comissão de Seleção do curso de Doutorado e realizar a matrícula no semestre de concessão da bolsa até a conclusão do curso.
O residente não pode acumular bolsa com qualquer outra modalidade de auxílio ou bolsa de outro programa de incentivo da PUCRS, ou agência de fomento nacional ou internacional, à exceção de bolsas em programa de residência médica. O doutorando deverá manter desempenho acadêmico satisfatório durante a vigência da bolsa, entre outros requisitos que podem ser conferidos no regulamento.
Mais informações sobre as bolsas PRO-Med PPG podem ser obtidas com as secretaria dos programas de pós-graduação da Escola de Medicina.
Como forma de dar boas-vindas aos alunos e alunas no novo semestre letivo, além de apresentar os cursos e as Escolas a quem sonha em estudar em uma das melhores universidades da América Latina, a PUCRS promove uma série de Aulas Inaugurais abertas ao público.
Os encontros serão realizados na modalidade online, de forma gratuita para a comunidade em geral, e contam com a participação de docentes que são referência nas diferentes áreas do conhecimento em que atuam para debater sobre temas da atualidade. Conheça as aulas e saiba como participar:
A aula inaugural do curso de Relações Internacionais das Escolas de Humanidades, Direito e Negócios acontece no dia 15 de março, às 9h30min, pelo Zoom (ID 937 3666 6485). A palestrante convidada será Deisy Ventura, presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais (Abri) e professora de ética da USP.
A aula aberta da Escola de Direito da PUCRS acontece no dia 16 de março, das 17h30min às 19h, pelo Zoom. E evento será mediado pelo professor Ricardo Lupion e contará com a participação de Flávia Fiorin, gestora de operações e empreendedorismo do Tecnopuc; Leandro Pompermaier, líder do Tecnopuc Startups; e Ana Cecília, coordenadora acadêmica do Idear. Acesse o evento neste link!
A aula inaugural da Escola de Medicina acontece no dia 25 de março, às 18h, pelo Zoom (ID 945 5953 1467 e senha 325675). A professora Cristiane Furini, que também é pesquisadora do Centro de Memória do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), será a palestrante do encontro.
A aula inaugural da Escola de Humanidades acontece no dia 30 de março, às 17h, pelo canal da PUCRS no YouTube. O reitor da Universidade, Irmão Evilázio Teixeira, será o convidado do encontro, mediado pelo decano e professor Draiton Souza.
A aula inaugural da Escola de Negócios acontece no dia 30 de março, às 19h15min, pela página da PUCRS no Facebook. O palestrante convidado será Marcos de Barros Lisboa, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
No dia 31 de março, quarta-feira, das 10h às 11h15, o curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS (Famecos) realizará a sua aula inaugural. A convidada é Andrea Siqueira, vice-presidente de Criação da BETC/Havas de São Paulo, uma das agências de origem francesa mais premiadas do mundo. Para acessar o evento, que acontecerá pelo Zoom, clique neste link! Caso você precise de atestado de participação, preencha o formulário disponível aqui.
A aula inaugural do curso de Educação Física da Escola de Ciências da Saúde e da Vida acontecerá no dia 31 de março, às 18h. Participarão do encontro Aline Wolf, coordenadora de Psicologia do Comitê Olímpico do Brasil (COB); Ana Sátila, atleta de canoagem; e Ronaldo Aguiar, coordenador de Fisioterapia do COB. O evento será transmitido pelo Facebook da Escola.
A aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Teologia da Escola de Humanidades acontece no dia 14 de abril, às 19h30min, pelo Zoom. O convidado do evento será Josafá Carlos Siqueira, professor e reitor da PUC-Rio. Para acessar, clique neste link.
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Um dos maiores dilemas enfrentados por boa parte da população durante a pandemia de Covid-19 tem sido como conciliar a necessidade de sair de casa para trabalhar e a preocupação com a exposição ao risco de contaminação pelo vírus. Para entender como as condições econômicas afetam a percepção das pessoas sobre a severidade do coronavírus, pesquisadores do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) realizaram um estudo que analisa a aversão ao risco.
Segundo dados da pesquisa, o máximo de risco de contaminação pela Covid-19 tolerado pela população para sair de casa é de 38%. Ou seja, apenas quando a chance de se contaminar é de 38 em 100 as pessoas decidem finalmente ficar em casa. No entanto, quando há chance de ficar gravemente doente caso seja contaminado, a tolerância ao risco é de apenas 13%. O estudo foi realizado por meio de um questionário online, com a participação de mais de 8 mil respondentes.
“Sabemos que a escolha de sair ou não de casa vai muito além do salário, por isso perguntamos às pessoas também sobre saúde financeira, qual a chance percebida de precisar de cuidados médicos intensivos caso infectadas pelo vírus, idade, sexo, se estavam empregas e qual a área, escolaridade, se eram parte do grupo de risco, entre outras coisas”, destaca o pós-doutorando Bruno Schiavon, responsável pelo estudo e integrante o Grupo de Pesquisa em Neurociência Cognitiva do Desenvolvimento do InsCer. A pesquisa teve a orientação do professor Rodrigo Grassi, docente da Escola de Medicina da PUCRS e pesquisador do Instituto do Cérebro.
Alumni do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Schiavon aponta que a pesquisa engloba conceitos da economia comportamental, campo que estuda os fatores psicológicos (cognitivos e emocionais), culturais e sociais que afetam as decisões dos indivíduos. Para analisar os dados, os pesquisadores combinaram diversos tipos de métodos estatísticos que permitiram identificar e predizer como todas as características combinadas aumentam ou diminuem a chance de alguém querer sair de casa para manter o seu salário.
De acordo com o levantamento da pesquisa, pessoas com uma renda maior, com uma situação financeira confortável e mais novas são as que possuem mais tendência a querer sair de casa. “No início da pandemia havia uma ideia de que as pessoas com baixo nível socioeconômico tenderiam a ignorar as recomendações de distanciamento social devido a questões econômicas e pessoais, mas vimos o contrário”, comenta o pós-doutorando.
Porém, o pesquisador salienta que fatores como melhor acesso à saúde, não precisar utilizar o transporte público ou ser dono de estabelecimentos com funcionários são aspectos que podem influenciar as opiniões e percepções acerca da pandemia. “É muito importante acrescentar que este estudo tem suas limitações e que nossa intenção não é resumir um comportamento complexo a um fator apenas. Ou seja, não estamos apontando a causa única da decisão de querer ou não atender às medidas de distanciamento social”, conclui Schiavon.
Conforme o Ministério da Educação (MEC), os cursos de graduação da área da saúde da PUCRS obtiveram grandes resultados em relação à qualidade de ensino. A Enfermagem é considerada a melhor do Brasil, a Medicina é a segunda maior no país e a Odontologia está em primeiro lugar entre as instituições privadas no Rio Grande do Sul. Com dados referentes ao ano de 2019, as informações são da avaliação do Conceito Preliminar de Curso (CPC), divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta quarta-feira, dia 9 de dezembro.
O decano da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Luciano Castro, recorda que, com 23 anos de existência, o curso de Enfermagem vem trabalhando para se tornar uma referência na área. “O resultado do índice de qualidade, o CPC, que o coloca em primeiro lugar dentre 793 cursos de todas as Instituições de Ensino Superior (públicas e privadas) do Brasil, se expressa como um reconhecimento dessa trajetória. A qualificação do corpo docente e da estrutura física disponibilizada para as atividades do curso, dentre essas, o Hospital São Lucas como um dos cenários para formação de um profissional destacado e inovador. Esses são fatores importantíssimos para a conquista desse reconhecimento”, destaca.
Ainda, segundo Castro, o curso de Odontologia possui mais de 60 anos de história, com reconhecida qualidade de trabalho desenvolvida, bem como a qualificação do seu corpo docente. “São mais de 65 mil atendimentos à comunidade, que são realizados, anualmente, pelos alunos da graduação curso e essa prática é fator importante e relevante, mas não único, na formação dos alunos. Uma forte relação e interação entre graduação, mestrado e doutorado, contribuem, em muito, para uma aprendizagem ainda mais qualificada”, salienta.
“O curso de Medicina da PUCRS já é um curso tradicional no Rio Grande do Sul, mas ganha, cada vez mais, reconhecimento nacional com essa avaliação. A qualificação do corpo docente, as possibilidades de interação com médicos residentes e alunos do pós-graduação e a qualidade dos campos de prática certamente contribuíram para o resultado”, enfatiza o decano da Escola de Medicina, Leonardo Araújo.
Também tiveram destaques no ranking do MEC os cursos de Engenharia da Computação, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia Química e Engenharia Mecânica.
O CPC leva em consideração diferentes aspectos dos cursos de graduação, como o desempenho dos estudantes nas provas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a percepção dos próprios estudantes em relação ao curso e à formação dos professores.
A cada três anos, um conjunto diferente de cursos é avaliado no Enade. São os mesmos que têm o CPC divulgado pelo Inep. De acordo com o Instituto, além de subsidiar a definição de políticas públicas, os resultados do CPC são utilizados como critério seletivo ou de distinção em processos de supervisão e regulação da educação superior; na construção de matriz de distribuição orçamentária para a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica; e em programas e políticas públicas do governo federal.
No dia 7 de dezembro, às 12h, a convite da Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade, a Escola de Medicina da PUCRS recebe o cientista e professor titular de física e astronomia no Dartmouth College, Marcelo Gleiser, para uma palestra online. O encontro que tem como tema Interfaces entre a Ciência e a Espiritualidade será aberto ao público e transmitido ao vivo pelo canal da PUCRS no YouTube.
Um dos intelectuais públicos de maior impacto no pensamento contemporâneo brasileiro e mundial, Gleiser pesquisa a origem das complexas estruturas da natureza para descobrir o sentido do mundo e nosso lugar no grande esquema das coisas. Vencedor de três prêmios Jabuti, é internacionalmente reconhecido por suas obras e no meio acadêmico por ser também um divulgador da ciência, mostrando como as mais complexas teorias estão interligadas ao cotidiano de todos nós.
Em O fim da terra e do céu – O apocalipse na ciência e na religião, ele aponta de que maneira as ideias sobre um possível fim inspiram não apenas a pesquisa científica e as religiões, mas também a literatura, a arte e o cinema. O livro é uma homenagem à imaginação e à criatividade da humanidade. Em entrevista ao Portal da PUCRS, Gleiser respondeu questões sobre espiritualidade e ciência. Confira:
Como a ciência e a espiritualidade impactam nas atividades da profissão de Medicina?
A ciência é claramente essencial na medicina. Praticamente todos os grandes avanços no tratamento e prevenção de doenças são produto de pesquisas e descobertas científicas. Vemos isso agora de forma acentuada durante a pandemia, visto que a esperança do fim está diretamente ligada com a produção de uma vacina eficiente. Quanto à espiritualidade, depende de como vemos o termo. Se entendemos por espiritualidade o estar bem consigo e com o mundo à sua volta, ter uma sensação de bem-estar e de pertencer a uma comunidade, é fundamental. Afinal, o corpo só está bem quando estamos bem com um todo.
Você comenta que existe muito mais para além da visão limitada de realidade que conhecemos. As pessoas estão prontas para um conhecimento mais profundo sobre a vida?
Sem dúvida. Acho que as pessoas precisam de um conhecimento mais profundo sobre a vida; só assim evitamos dispersá-la, vivendo cada dia sem um rumo ou objetivo maior. A questão que cada um deve se perguntar é: por que você acorda todos os dias? Qual sua missão na vida? Ampliar os horizontes é saber viver bem.
Como é possível tornar esses conhecimentos mais populares, aproximando da realidade das pessoas?
Através de conversas como essa que vamos ter, da exploração de novos horizontes com amigos ou sozinhos, por meio de leituras com conteúdo que tenha credibilidade e que não espalhe ilusões fáceis. A realização só vem com muito suor.
De certa forma, a ciência permite que ampliemos a nossa visão da realidade, utilizando uma série de instrumentos. Quais serão essas ferramentas no futuro?
Existem muitas, mas acho que duas coisas vão dominar a instrumentação do futuro: a automação cada vez maior—robôs e computadores cada vez mais autônomos que farão serviços e tarefas complexas de forma mais eficiente do que humanos; e a miniaturização, em particular a nanotecnologia, que trará grandes avanços na medicina. Mas para isso, as pessoas têm que se preparar, e as universidades e cursos preparatórios têm que se adaptar a essa nova realidade. Eventualmente, acho que teremos uma espécie de aliança entre corpo e tecnologia, ampliando nossa capacidade física e mental.
No artigo A Ciência pode nos ensinar alguma coisa sobre como viver? (em inglês) para a National Public Radio (NPR), da qual é colunista, Marcelo mostra sua habilidade em unir o universo dentro e fora de nós. Ele também publica conteúdos em seu canal no YouTube.
A Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade da PUCRS
Fundada com o intuito de dialogar sobre uma abordagem mais integrada da saúde humana, busca contemplar os aspectos filosóficos da espiritualidade, assim como os desfechos positivos e negativos da religiosidade no enfrentamento das doenças e adversidades vivenciadas pelos pacientes. Além disso, promove a desconstrução de uma ambivalência histórica de que ciência e fé são fenômenos dicotômicos, abrindo espaço para uma discussão construtivista, agregadora e solidária no meio acadêmico. É composta por diretores docentes e graduandos coordenadores discentes, dos cursos de Medicina e Psicologia. Além disso, conta com 30 ligantes da área da Saúde, formando um espaço de discussão multiprofissional.
Convidado especial
Marcelo Gleiser, carioca, é um cientista de renome internacional, professor titular de física e astronomia no Dartmouth College, doutorado pelo King’s College de Londres em 1986. É autor de mais de 100 artigos especializados e milhares de ensaios, publicados desde o New York Times à revistas infantis. Detentor do Presidential Faculty Fellows Award, dado pelo então presidente Bill Clinton, conselheiro da Sociedade Americana de Física, vencedor de três prêmios Jabuti, é autor de 14 livros com traduções em 15 línguas.
Fundou e dirige o Instituto de Engajamento Interdisciplinar do Dartmouth College. Em 2019, foi o primeiro latino-americano a vencer o Prêmio Templeton, um dos mais prestigiosos do mundo, honra que divide com Madre Teresa, Dalai Lama, Desmond Tutu, Aleksandr Solzhenitsyn, e os cientistas Freeman Dyson, Martin Rees, e outros líderes religiosos e intelectuais.
Uma das profissões mais evidenciadas pela pandemia provocada pelo novo coronavírus, médicos e médicas têm atuado heroicamente na linha de frente do combate à Covid-19. Celebrado neste domingo, 18 de outubro, o Dia do Médico é uma homenagem àqueles que se dedicam a salvar vidas, desenvolver soluções para os problemas de saúde e promover impactos sociais positivos para a população.
Decano da Escola de Medicina da PUCRS, o médico Leonardo Pinto ressalta o papel fundamental da Universidade para a formação de profissionais. “A Escola de Medicina, que completa 50 anos em 2020, tem contribuído muito ao longo da sua história: são mais de três mil médicos formados e um grande número de pesquisadores que estão hoje espalhados pelo Brasil e pelo mundo”, destaca.
Para o decano, o atual momento tem apresentado novos desafios, exigindo que os profissionais trabalhem com problemas cada vez mais complexos e interdisciplinares. Além da atuação prática, Pinto salienta que os médicos possuem a missão de contribuir em temas como a educação para a saúde e a divulgação da ciência.
O estudante do 8º semestre do curso de Medicina, Rafael Vianna Behr, ressalta que a presença de temas como empreendedorismo e inovação no currículo da graduação favorecem o contato dos estudantes com áreas crescentes no cenário da saúde. “Eventos como a Maratona de Inovação da PUCRS são oportunidades para que possamos atuar no desenvolvimento de soluções para os problemas que observamos existirem na prática diária da medicina”, comenta Behr.
Participante da 1ª edição da Maratona, o estudante integrou a equipe que desenvolveu o Cardiac Glove, luva que permite controlar parâmetros da compressão durante o atendimento às paradas cardiorrespiratórias. A ideia foi a vencedora no desafio Multiverso da Saúde ao propor uma forma de tornar a massagem cardíaca mais eficiente, aprimorando o atendimento de pacientes.
“Em um cenário de tanto avanço científico e tecnológico, é essencial que nós, futuros médicos, possamos estar em contato com essas áreas, seja para atuarmos nelas ou para nos tornamos profissionais mais completos, com olhar interdisciplinar”, salienta o estudante.
Os 50 anos da Escola de Medicina da PUCRS traduzem uma história escrita por muitas mãos. Cada colaborador/a, professor/a, aluno/a e paciente contribuiu para chegarmos até aqui. Temos um imenso orgulho de todos os feitos que conquistamos e de sermos um dos melhores cursos de medicina do País. Em comemoração à essa trajetória, uma série de atividades estão sendo oferecidas gratuitamente. Confira a programação dos próximos eventos clicando aqui.
Uma das consequências da pandemia da Covid-19 foi a necessidade do distanciamento social, o que fez com que muitas pessoas começassem a ficar mais tempo em suas casas. Como resultado dessa alteração na rotina, a comunicação com colegas de trabalho e até mesmo amigos e familiares passou a acontecer ainda mais por videochamadas, através das telas de celulares, tablets e computadores.
De uma forma geral, pode-se dizer que a exposição a essas telas, bem como à televisão, aumentou nos últimos meses. Isso causou um impacto na visão da população, que tem apresentado sintomas de fadiga visual – ou da popular “vista cansada” – de forma mais frequente e intensa.
Segundo o professor Luis Ricardo Tarragô, da Escola de Medicina, o nome técnico dado ao cansaço visual é astenopia, que significa falta de força nos olhos. A única forma de diagnosticá-lo é fazendo um exame oftalmológico completo.
Confira algumas dicas do professor Tarragô para evitar a fadiga visual:
1. Preste atenção na ergonomia da visão: mantenha uma postura correta em frente ao computador, com uma distância de aproximadamente 😯 centímetros da tela, que também deve estar com a altura alinhada ao nível dos olhos;
Faça intervalos:evite longos períodos de exposição às telas. A cada uma hora, faça um intervalo de cinco minutos. Importante lembrar que não adianta tirar os olhos do computador para ver o celular. Esse período deve ser utilizado para os olhos descansarem de todos os tipos de telas;
Utilize uma iluminação correta:o ideal é que o ambiente conte com uma luz difusa de teto e luz auxiliar de bancada;
Atenção aos óculos:se você precisa de correção óptica, sempre utilize lentes de contato ou óculos atualizados – neste último caso, observe também se a armação está bem centralizada;
Não se automedique: em caso de desconforto ou suspeita de cansaço visual, procure um médico. Só utilize colírios indicados pelo oftalmologista.
A doutora Alessandra Morelle, alumni da Escola de Medicina da PUCRS, com residência e doutorado no Hospital São Lucas (HSL), e o oncologista do HSL Carlos Barrios, desenvolveram o aplicativo Tummi Onco. O serviço é voltado para pacientes, clínicas e consultórios e tem como propósito acompanhar o tratamento oncológico de forma remota. Por meio da plataforma, os pacientes podem registrar diariamente seus sintomas, gerando uma notificação para a equipe médica quando há possibilidade de algum problema. Com a pandemia, a equipe da startup, instalada no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), no Health Plus Innovation Center (uma parceria da Grow+ com a PUCRS), adaptou as funcionalidades da plataforma e lançou o Tummi Coronavírus.
A plataforma online permite que o paciente realize uma triagem física (informando sintomas como febre, tosse) e emocional (onde responde 21 perguntas em relação as suas emoções – sintomas como ansiedade e estresse). De acordo com os resultados, o paciente é direcionado para uma avaliação com médico ou psicólogo online. O projeto já realizou mais de mil atendimentos. De acordo com Alessandra, “o propósito é auxiliar o país de forma humanitária”. Saiba mais clicando aqui.
Alessandra destaca que a startup começou sua história com o Tummi Onco . “Percebi que quando o paciente recebe o diagnóstico de câncer, precisa de uma informação qualificada e rápida. Pensei em desenvolver algo que ajudasse os pacientes mesmo remotamente”, conta. Foi assim que nasceu o Tummi, que tem o nome inspirado no Deus Inca da Medicina. Alessandra apresentou a ideia para Barros, e os dois começaram o projeto. Em 2017, a médica viajou para o Vale do Silício, onde participou de um workshop para imergir no mundo das startups e do empreendedorismo.
A CEO da Tummi, explica que quem contrata o serviço são clínicas e consultórios, que recebem o suporte da startup para instalação de um dashboard no sistema, possibilitando que o aplicativo seja disponibilizado para os pacientes. A médica também ressalta que pacientes de clínicas não cadastradas podem utilizar o serviço. “Aqueles pacientes que não estão vinculados a clínicas e consultórios também pode baixar gratuitamente o app para se autogerenciar. A partir dos dados que inserem no aplicativo, os usuários podem gerar arquivos para download e impressão para que possam levar até a sua equipe médica”, afirma.
A equipe percebeu que 11% dos pacientes que utilizam o aplicativo têm outras patologias, como hipertensão, por exemplo, mas utilizam a plataforma para acompanhar seus sintomas. A partir disso, foi desenvolvida, em parceria com doutor Carlos Eurico Pereira, uma nova função em pneumologia. “Foi quando começou a pandemia. Nós nos adaptamos rapidamente para lançar o Tummi Coronavírus, mas em breve teremos a funcionalidade de pneumologia funcionando”, complementa Alessadra.
Carlos Klein, coordenador do Biohub PUCRS, iniciativa que promove a inovação e conecta talentos e conhecimentos para gerar negócios inovadores em ciências da vida, afirma que a Tummi é uma solução digital alinhada com o futuro da medicina. “Representa uma mudança de paradigma do foco na doença para o foco na saúde do paciente. Além disso, conta com um time de empreendedores de alta qualidade e que combinam competências de diversas áreas e que faz toda a diferença na busca de soluções relevante e efetivas para a saúde”, destaca Klein.
Quando o coronavírus chegou ao Brasil, por ter causado epidemias em outros países anteriormente, já se sabia algumas informações sobre ele. Uma delas diz respeito aos grupos de risco, ou seja, às pessoas mais vulneráveis a manifestar o vírus de uma forma mais grave. Idosos e portadores de doenças crônicas, como as cardiovasculares e respiratórias, diabete melito, cânceres e obesos fazem parte desse grupo.
Estudos na área da saúde que entendam como a doença age nessas pessoas tornam-se muito importantes no combate à pandemia de Covid-19. E, no Programa de Pós Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, da Escola de Medicina da PUCRS, algumas pesquisas já buscam contribuir para este cenário. Uma delas é desenvolvida por um grupo multidisciplinar de pesquisadores da Universidade, entre eles o professor Douglas Sato, que também é diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) e superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer).
O estudo teve início logo após a confirmação dos primeiros casos de coronavírus no Brasil. “Os idosos apresentam risco mais elevado de quadros de maior gravidade (especialmente os longevos, com 80 anos ou mais), o que nos motivou a investigar o que explicaria essa frequência bem mais alta de casos críticos e óbitos”, conta Sato.
O professor explica que estão sendo desenvolvidos projetos com idosos para avaliar a situação social, grau de dependência, fragilidade, parâmetros nutricionais, aspectos emocionais e o manejo de outras doenças crônicas durante a pandemia e os impactos da restrição social. “A partir disso, queremos identificar quais destes indivíduos apresentam maior suscetibilidade para desenvolver infecções graves através de diversos biomarcadores celulares e moleculares”, destaca Sato.
Segundo pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com maior proporção de pessoas acima dos 60 anos. Baseada em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a FGV estima que 18,77% da população gaúcha é idosa. Por isso, entender o impacto que a Covid-19 tem nesse grupo é relevante.
Sato ainda lembra que dados de 2018 do Ministério da Saúde apontam que 39,5% dos idosos possui alguma doença crônica e quase 30% sofre de duas ou mais comorbidades, mostrando um grande número de indivíduos suscetíveis para desenvolver a forma grave da doença causada pelo novo coronavírus.
Essa hipótese se fortalece a partir dos números observados na China, onde a mortalidade geral dos pacientes infectados pela Covid-19, até o momento, foi de 0,32% para indivíduos com menos de 60 anos, 6,4% para aqueles entre 60 e 80, saltando para 13,4% entre os acima de 80 anos. “Além disso, a necessidade de internação hospitalar foi menor que 1% na faixa pediátrica, aumentando progressivamente de acordo com a faixa etária, até atingir 18,4% nos indivíduos acima de 80 anos”, diz o professor.
Segundo a doutoranda do PPG Cristina Rabelo, reumatologista do corpo clínico e membro do serviço de Reumatologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), o projeto visa identificar pacientes com Covid-19. “A partir disso, podemos observar as repercussões imunológicas da infecção através de análise de marcadores imunológicos no sangue e da análise do quadro clínico nos pacientes com doenças autoimunes”, afirma.
Para Sato, essas pesquisas, desenvolvidas a partir do conhecimento e utilizando equipamentos de ponta da Universidade, poderão auxiliar na definição de políticas públicas de saúde mais precisas e seguras. “Poderemos identificar os idosos com maior risco de complicações e outros com menor risco. Os resultados permitirão individualizar os cuidados para cada pessoa, tais como modelo de distanciamento social e a intervenção em fatores que podem melhorar a imunidade e a resposta ao Covid-19. Assim, poderemos tentar reduzir a internação hospitalar e a gravidade da doença nesse grupo”, conclui.
Outro grupo considerado de risco para a Covid-19, dentro da categoria de pessoas com doenças crônicas, é o dos pacientes com diabetes. Como ainda não há dados sobre o impacto que eventos da magnitude da pandemia que estamos vivendo no controle glicêmico e em aspectos emocionais em pacientes com diabetes, a professora Gabriela Teló decidiu iniciar um estudo sobre o assunto. O objetivo é avaliar os resultados de uma intervenção de saúde tele-guiada tanto no bem-estar emocional quanto na adesão medicamentosa em adultos portadores da doença durante o período de distanciamento social.
Segundo Gabriela, estudos prévios mostram que intervenções que proporcionam escuta qualificada e suporte psicossocial melhoram significativamente o nível de saúde mental e o controle glicêmico em pacientes com diabetes. “Levando isso em conta, nossa pesquisa permitirá avaliar o impacto de medidas assistenciais envolvendo educação e apoio à distância, evitando o risco de exposição relacionada à necessidade de busca por atendimento”, explica.
A professora conta que o estudo também teve início logo após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a partir do Grupo de Pesquisa em Endocrinologia e Diabetes. Ela ressalta que, em qualquer situação de desastre biológico, temas como medo, incerteza e estigmatização são comuns e podem atuar como barreiras às intervenções médicas e de saúde mental: “Esses desafios, quando enfrentados por aqueles que vivem com uma doença crônica, como o diabetes melito, podem influenciar negativamente o bem-estar mental e a adesão ao tratamento, comprometendo o controle da doença”.
O projeto é desenvolvido a partir de um ensaio clínico randomizado, acompanhando pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 em dois hospitais de Porto Alegre. A equipe é composta por 12 pesquisadores de diferentes áreas da saúde, o que estimula a interação entre alunos da graduação e da pós-graduação, médicos residentes e professores de diferentes universidades.
Uma das integrantes é Débora Franco, formada em Educação Física, estudante do último semestre de Medicina da PUCRS e mestranda no PPG em Medicina e Ciências da Saúde. “A pandemia que estamos vivendo gera muitas dúvidas, e participar de estudos como este é uma forma de contribuir para a sociedade, seja esclarecendo dúvidas ou construindo novos conhecimentos que poderão ajudar na prática clínica”, aponta.
Débora conta que se envolveu no projeto desde o início, participando dos treinamentos, da elaboração de intervenções para aplicar aos participantes da pesquisa, do recrutamento e inclusão dos participantes e da coleta de dados, que é feita através de contato teleguiado semanalmente.
Gabriela explica que a intervenção tem previsão de três meses de duração ou mais, dependendo das orientações de distanciamento social. Apesar de ainda não haver resultados do impacto da estratégia proposta pelo estudo, as análises iniciais indicam alta prevalência de transtornos de saúde mental, como sintomas de ansiedade e depressão e distúrbios alimentares e do sono nos pacientes participantes. Segundo a professora, esses sintomas tendem a ser de duas a quatro vezes mais comuns em pessoas com diabetes em relação à população em geral.
Além disso, parece existir uma relação entre a saúde mental e o controle glicêmico. “Diabetes e transtornos de saúde mental compartilham uma interface mútua: o desafio de conviver e superar o diabetes pode resultar em sobrecarga emocional, assim como a presença de sintomas de depressão e ansiedade pode estar associada à menor adesão ao tratamento, levando a um pior controle glicêmico”, observa.
A professora ainda ressalta que essa associação pode ser exacerbada em um momento de estresse e que o sofrimento psicológico pode aumentar esses sintomas. Entretanto, lembra que a repercussão clínica sobre o controle glicêmico e psicológico do cenário atual nos pacientes com diabetes ainda é hipotética. “A intervenção proposta permitirá disponibilizar ao paciente um ambiente de escuta regular e qualificada, onde possa compartilhar seus medos, ansiedades e frustrações relacionadas à atual pandemia”, pontua. A pesquisa também vai possibilitar que sejam oferecidas orientações regulares em relação à dieta e atividades físicas, por exemplo, que complementem o cuidado clínico do paciente com diabetes nesse período em que o acesso aos serviços de saúde é restrito.
Para a mestranda Débora, pesquisas relacionadas à Covid-19 e aos desafios apresentados pela pandemia são essenciais para se entender e enfrentar o que ainda é desconhecido. “Com projetos nessa área podemos elucidar desde questões relacionadas diretamente à doença até os impactos causados nos indivíduos e no mundo em situações de crise como essa”, defende.
Em relação ao que poderá ficar desses estudos para o futuro, Gabriela acredita que será possível encontrar respostas sobre a melhor forma de suporte a ser oferecido aos pacientes com diabetes durante situações de calamidade pública. “As evidências disponíveis até o momento são limitadas a estudos observacionais, e um estudo experimental como o nosso poderá ter impacto imensurável no planejamento da assistência à saúde em situações semelhantes no futuro”, conclui.
O Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. Dentro das áreas de concentração Clínica Cirúrgica, Clínica Médica, Farmacologia Bioquímica e Molecular, Nefrologia e Neurociências, abrange diferentes linhas de pesquisa. Interessados em ingressar ainda neste ano podem se inscrever até o dia 19 de junho. Neste edital, a entrega da documentação será feita online.