Em homenagem ao Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia, no dia 25 de março, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) e o Instituto do Cérebro do RS (InsCer) promoverão um evento especial aberto para a comunidade. A ação ocorrerá a partir das 10h, no Anfiteatro Ir. José Otão (Av. Ipiranga, 6690 – 2º Andar). A programação incluirá bate-papo e palestras ministradas por especialistas do HSL e do InsCer. As inscrições gratuitas podem ser feitas através do e-mail [email protected]
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 50 milhões de pessoas possuem epilepsia no mundo. De acordo com o órgão, 70% deles conseguiriam viver livres de crises se diagnosticados e tratados adequadamente. Com o objetivo de incentivar o diálogo sobre o tópico e aumentar os níveis de identificação da doença, no dia 26 de março, é celebrado o dia de conscientização.
10h – 10h30: Tema: Entendendo o que é a epilepsia – Palestrante: Dr. André Palmini
10h30 – 11h: Tema: Como assumir o controle da minha epilepsia? – Palestrante: Dr. William Alves Martins
11h – 11h30: Tema: Anatomia cerebral na cirurgia da epilepsia – Palestrante: Dr. Thomás Frigeri
11h30 – 12h: Tema: Aspectos emocionais envolvidos na epilepsia – Palestrante: Eduardo Leal
A epilepsia é caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas em um grupo de células do cérebro. Esses eventos causam as crises epilépticas que podem variar desde espasmos musculares até perda de consciência e convulsões prolongadas.
Estudos epidemiológicos mostram que, apesar do desenvolvimento de novos medicamentos, por volta de 35% de todos que possuem epilepsia e metade daqueles com epilepsias focais não conseguem ter suas crises controladas com remédios. Por isso, nas últimas três décadas, a cirurgia passou de um procedimento raro, utilizado excepcionalmente, para uma alternativa consistente e muitas vezes prioritária para aliviar o sofrimento dos portadores da doença e de seus familiares.
Iniciado em 1992, o Programa de Cirurgia da Epilepsia (PCE) do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) é pioneiro na realização de procedimentos desse tipo na região Sul do país e, ao longo da sua trajetória, proporcionou esperança a milhares de pessoas. Foram mais de 4 mil avaliações e mais de 2 mil cirurgias realizadas em pacientes de todos os estados do Brasil e também de Argentina, Portugal, Chile, Paraguai, Honduras e Estados Unidos. Esse trabalho, associado a uma rica produção científica, inseriu o Programa no contexto internacional, tornando-o reconhecido como um dos melhores do mundo na especialidade.
A equipe, coordenada pelo neurocirurgião Eliseu Paglioli Neto e pelo neurologista André Palmini, é formada também por neuropsicólogos, neurorradiologistas e neuropediatras. São realizados entre 90 e 100 procedimentos anuais. O índice de complicações é baixo. Em alguns tipos específicos da doença, os resultados alcançados estão entre os melhores do mundo, tendo sido publicados em reconhecidas revistas internacionais.
Integrantes do Laboratório de Neurociências do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) fizeram um estudo mostrando que, quando a depressão está associada à epilepsia, acaba contribuindo para a piora do quadro em um modelo experimental. Animais com as duas doenças tiveram maior redução do metabolismo cerebral, ou seja, da atividade do cérebro, quando comparados a animais epilépticos sem depressão. Também apresentaram um maior número de conexões anormais na rede metabólica cerebral entre regiões envolvidas com ambas as patologias.
A partir dos resultados, o grupo busca novas estratégias eficazes e seguras para prevenção e tratamento. O projeto abre caminho para estudos de redes metabólicas em portadores de epilepsia e depressão, com potencial não só para diagnóstico mais preciso, mas também para escolha e avaliação da terapêutica”, destaca o coordenador da pesquisa, diretor do InsCer e professor da Escola de Medicina, Jaderson Costa da Costa. A ideia é mais adiante realizar um estudo clínico, envolvendo pacientes.
Saiba mais na Edição 188 da Revista PUCRS.
O Programa de Cirurgia da Epilepsia do Hospital São Lucas da PUCRS (PCE-HSL) receberá a partir desta sexta-feira, 17 de março, até o dia 24, a visita do grupo de matemática e física aplicada da Universidade de Exeter, na Inglaterra. O encontro visa ao alinhamento e à construção de projetos colaborativos entre o PCE e a instituição inglesa. O objetivo desse trabalho é aplicar o conhecimento de redes neurais, desenvolvido a partir de modelos matemáticos, no diagnóstico e tratamento de pacientes com epilepsia. Se o resultado esperado se confirmar, vão aumentar as chances de controle das crises epiléticas em pacientes operados.
Além de acompanhar o trabalho da equipe do HSL nesse período, os profissionais participarão do seminário Epileptogenic Neural Networks: From Computer to Patient. O evento é aberto ao público e será realizado nesta sexta-feira, 17 de março, às 10h45min, no Anfiteatro Ir. José Otão, 2º andar do Hospital São Lucas (avenida Ipiranga, 6690 – Porto Alegre).
Rede neural é um conjunto de regiões cerebrais que se interconectam. A atividade de uma rede neural associa-se a alguma função ou disfunção cerebral, como a fala ou a ocorrência de crises epilépticas. “Antigamente, acreditava-se que cada área do cérebro era responsável por executar uma ação específica. Hoje já se sabe que cada função é realizada através da conexão de várias áreas, interligadas em uma rede neural”, explica o chefe do Serviço de Neurologia do HSL, André Palmini.
As epilepsias constituem o distúrbio neurológico crônico mais comum em todo o mundo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Epilepsia, cerca de 8 milhões de pessoas sofrem com a síndrome na América Latina. A epilepsia do lobo temporal (ELT) é a forma mais prevalente de epilepsia sintomática refratária, ou seja, resistente à medicação. A ELT é geralmente associada a uma lesão cerebral inicial seguida de um período variável sem manifestação clínica, até que se iniciem as crises convulsivas.
Este processo conduz eventualmente a convulsões recorrentes de difícil controle farmacológico. Segundo os pesquisadores, cerca de 30% dos pacientes apresentam resistência à terapia medicamentosa. Na busca de novas alternativas terapêuticas, o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) realizou, entre os meses de julho de 2008 e maio de 2012, a primeira fase do estudo Transplante Autólogo de Células-Tronco da Medula Óssea na Epilepsia do Lobo Temporal Refratária ao Tratamento Medicamentoso, para analisar a factibilidade e a segurança do transplante autólogo de células-tronco da medula óssea (retiradas do próprio paciente) para o tratamento da epilepsia do lobo temporal (ELT). Na avaliação de seis meses, 40% dos pacientes não tiveram mais crises convulsivas, 25% tiveram redução entre 70 e 99% no número de crises, 15% tiveram redução entre 50 e 69% no número de crises e 20% apresentaram redução no número de crises menor que 50%.
Após a primeira fase, se inicia uma nova etapa da pesquisa, com chamada aberta para pacientes voluntários. Esta fase inclui a participação de três centros: PUCRS – Hospital São Lucas, Programa de Cirurgia da Epilepsia, Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul; Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – Departamento de Neurologia; e Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Hospital de Clínicas – Serviço de Epilepsia e EEG. O projeto, que possui recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tem coordenação geral do diretor do InsCer, Jaderson Costa da Costa, tendo como coordenadores na Unicamp o professor Fernando Cendes e na UFPR o professor Carlos Eduardo Soares Silvado.
Interessados em participar podem entrar em contato somente através do e-mail [email protected].