Ingrid Vanderveldt é fundadora e presidente do projeto Empowering a Billion Women (EBW) by 2020 (Empoderando um bilhão de mulheres até 2020) e foi a primeira Entrepreneur-in-Residence da Dell, onde supervisionava iniciativas de empreendedorismo ao redor do mundo. Em passagem pelo Brasil, a norte-americana visitou o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) no dia 11 de abril, quando realizou uma palestra com foco nas mulheres, empreendedorismo e o futuro da inovação.
Hoje uma empreendedora e investidora de sucesso, Ingrid dividiu com o público o momento mais difícil de sua vida profissional para assegurar, especialmente às mulheres, que falhar faz parte do processo. “Se você não falhar fazendo cosias que não funcionam e tentando descobrir o que funciona, você provavelmente não está inovando o suficiente. Investidores gostam de ver pessoas que não desistem, tentam de novo, seguem em frente.”
Sua vinda à PUCRS foi promovida pelo Consulado dos EUA em Porto Alegre. Ingrid estava acompanhada da cônsul Julia Harlan, do chefe da Seção de Imprensa, Educação e Cultura, John Jacobs, e da relações públicas do Consulado, Kerley Tolpolar.
Falhar faz parte do processo
Para um público maioritariamente feminino, Ingrid iniciou a fala contando sua trajetória. “Enquanto eu construía minha terceira empresa, certa de que encontraria investidores, eu colocava todo o dinheiro que fiz nas minhas empresas anteriores e chegou um momento em que eu não tinha renda para mantê-la aberta. Perdi tudo o que construí, até a casa que eu havia comprado, com tudo dentro. Fui morar no meu carro com meu gato e as poucas roupas que consegui levar. Foi o momento mais sombrio e também o mais extraordinário da minha vida”, revelou.
Ingrid destacou a importância de termos um grande mentor e um bom sistema de suporte. “Se você está com falta de confiança e não acredita em você mesma, ajuda ter alguém que a conheça dizendo que você tem o que é preciso e que vai conseguir. Parte do meu suporte foi uma amiga que hoje trabalha para mim. Ela me viu morando no carro e me disse para morar com ela até me reerguer, que eu poderia fazer de conta que estava tudo bem e que ninguém precisaria saber. Por duas semanas só quis beber vinho e dormir. Então, me forcei a sair da cama, me arrumar e sair para buscar contratos”, continuou.
Como tornar o impossível possível
Um fator crítico para ter sucesso ao seguir em frente é criar um plano, estabelecer prazos e cumpri-los. “Finalmente consegui o primeiro contrato, depois o segundo, o terceiro e logo eu estava de volta. Demorou um pouco, mas consegui.” Nessa tônica, Ingrid falou sobre como tornar o impossível no mundo dos negócios, possível.
Com a visão de colocar um bilhão de telefones nas mãos de mulheres mundo afora para que tivessem acesso à tecnologia e, assim, empoderá-las, procurou a Dell. “Quando você conseguir 15 minutos para vender a sua grande ideia, precisa estar munida de informações quantificadas, números que mostrem como o seu negócio dará certo e que fará os investidores dizerem sim. Esteja preparada para a proposta do investidor e para dizer sim”, indica.
Ingrid ressalta a importância de entender o que é importante para o investidor, o que a empresa precisa, conhecer suas metas. “O que você pode fazer para impulsionar a ideia pela qual você é apaixonada? Pense como a sua inovação pode ajudar uma empresa, um investidor a alcançar seus objetivos”, aponta.
Minther
A EBW constrói inovações tecnológicas que oferecem educação, mentoria, comunidade, parcerias na prestação de contas para mulheres. Uma das ferramentas é a recém-lançada Minther, uma rede de recursos financeiros para mulheres empreendedoras, para ajudá-las a tocar seus negócios. “74% de pequenas e médias empresas falha por falta de educação financeira”, frisou Ingrid. A plataforma gera relatórios que permitem otimizar como o negócio está indo financeiramente, além de conectar empresas, investidores, oportunidades de negócios.
Entrevista
– Quais são os maiores desafios das mulheres no empreendedorismo?
Há três coisas com as quais as mulheres lutam: a primeira é a falta de confiança. A segunda é a falta de acesso a mentores – 80% das mulheres preferem uma mulher como mentora, mas há ainda poucas mulheres que já fizeram o que elas querem fazer. A terceira é a falta de acesso a oportunidades e capital. Temos trabalhado para resolver essas questões na EBW: construir confiança com educação e mentoria; ter grandes mentores que ensinem usando tecnologia; e com a plataforma Minther, oferecer acesso a oportunidades e capital.
– Além do conhecimento formal, que ferramentas podem ajudar as mulheres a vencer essas barreiras no empreendedorismo?
Há muitas mulheres nos EUA, por exemplo, que adorariam a oportunidade de trabalhar com mulheres do Brasil, aprender com elas e ajudá-las com mentoria. Seria um benefício para as mulheres daqui e dos EUA. Ao formar relações, se abrem novas oportunidades de mercado. Então a dica é estar on-line e construir conexões. Venham ao EBW 2020, temos comunidades on-line onde mulheres interagem.
– De que forma as mulheres empreendedoras brasileiras podem colaborar globalmente?
Uma das razões do consulado americano me trazer foi para abrir oportunidades para mulheres brasileiras e ver como podemos colaborar juntas. Temos escritórios em todo o mundo; a tecnologia nos possibilitou isso. Quando as mulheres perceberem as estratégias que podem usar internacionalmente, isso vai trazer ideias de como crescer.
– Quais são as principais diferenças entre homens e mulheres no empreendedorismo?
São totalmente diferentes. Se os homens veem uma oportunidade que vai melhorar a vida deles, com a qual vão fazer mais dinheiro, eles vão atrás. As mulheres se certificam de que tudo está certo, de que estão com as pessoas certas, se sabem o que estão fazendo. Pode ser mais seguro, mas o que acaba acontecendo é que elas se dissuadem do próprio negócio por não acreditarem. Eu digo: não desistam, vão adiante. Os homens não sabem o que fazem na maior parte do tempo, eles apenas não falam sobre isso.
– Qual o papel da mulher no futuro da inovação?
As mulheres não apenas lideram as inovações do futuro, são a inovação do futuro. Elas tentam novas coisas pela primeira vez. Quer ver inovação? Veja o que as mulheres estão fazendo.
– Qual a importância de universidades terem espaços de desenvolvimento de startups como a Raiar da PUCRS?
Esse é um espaço seguro para começar a tentar ideias. Você faz sob o guarda-chuva de um local que oferece mentoria e como acessar recursos. É uma ótima forma de tentar novas ideias e escalonar.
A PUCRS programou várias ações para a 63ª Feira do Livro de Porto Alegre, que ocorre de 1º a 19 de novembro. Entre elas, estão as atividades da Editora Universitária da PUCRS (Edipucrs), que fará lançamentos de 13 livros e comercializará obras com preços especiais, além de realizar mesas-redondas. A editora vai ficar situada na banca 22 e poderá ser visitada das 12h30min às 20h30min (dias úteis e domingo) e das 10h às 20h30min (sábado). Todas as atividades da Edipucrs na Feira estão neste hotsite especial: ebooks.pucrs.br/edipucrs/feiradolivro.
As sessões de autógrafos promovidas pela editora acontecem entre os dias 2 a 19 de novembro. Entre os lançamentos, está o livro Empreendedorismo Feminino – Protagonistas de Nossas Vidas, das autoras Letícia Hoppe e Ionara Rech, que relatam as trajetórias profissionais de mulheres empreendedoras, dividindo desafios, dificuldades, sonhos e frustações. Bem como a obra infantil O Homem Mecânico – História em Quadrinhos para Colorir, de Pedro Geraldo e Solange Escosteguy, um conto com o personagem Seu Januário, que trabalha todos os dias arduamente em sua oficina mecânica e fica louco com a bagunça que os filhos fazem.
Na banca 22, os visitantes poderão adquirir obras com 30% de desconto, além dos livros selecionados por R$ 15,00 e e-books com preço único de R$ 9,90. Todos os livros da Edipucrs estão disponíveis na livraria do prédio 41 do Campus (Avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre) ou por meio do site livrariaedipucrs.pucrs.br. Mais informações pelo telefone (51) 3320-3523.
Também serão promovidas mesas-redondas durante o evento. Confira a agenda:
A quarta edição do encontro Empreendedorismo Feminino da PUCRS será no dia 30 de maio e terá como tema Gestão do tempo. A escolha foi feita com base na metodologia design thinking, promovida ainda no primeiro encontro, em 2016, no qual foram votados os temas das edições seguintes. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas a partir das 19h desta sexta-feira neste link. O evento será no auditório do prédio 50, na Escola de Negócios, das 19h às 21h30min.
Seguindo uma tradição das organizadoras, o nome das convidadas será uma surpresa. Haverá novamente o Espaço Kids, para crianças entre 3 e 12 anos, e será reservado um momento para networking, permitindo às mulheres colocar em prática tudo o que aprenderam nas palestras e na formação com dinâmicas.
Mais empreendedoras
O número de mulheres empreendedoras cresce no Brasil, especialmente nos últimos dez anos. Dados do Serasa Experian de 2015 mostram que 43% de donos de negócios são do sexo feminino, somando 5,7 milhões de mulheres. Deste total, 73% são sócias de micro ou pequenas empresas, subindo para 98,5% ao considerar o cadastro de Microempreendedor Individual (MEI).
Segundo a professora da Escola de Negócios Letícia Hoppe, o que leva a esse caminho é a necessidade de incremento de renda, a busca por horários mais flexíveis para equilibrar trabalho e família, a dificuldade de recolocação no mercado de trabalho, os baixos salários que não cobrem custos de creche e o desejo de alçar voos maiores. “Dados indicam que não chega a 20% o número de mulheres em cargos de alta gestão, que são as melhores remunerações”, comenta.
Apoio acadêmico
Para que esses negócios cresçam e atinjam o ápice de sucesso, são necessários qualificação, treinamento e planejamento. Em uma visão macro da economia, ao fortalecer pequenas empresas locais, incrementa-se a renda do município com uma contrapartida social, gerando empregos, e ambiental, uma vez que o consumo de produtos da região reduz deslocamento, embalagens e queima de combustíveis. “Sabemos, porém, que 80% das empresas fecham no primeiro ano porque a pessoa não entende de gestão”, aponta Letícia. Pensando nisso, a docente deu início em 2016 ao projeto Empreendedorismo Feminino da PUCRS, um espaço para discussão de temas relevantes, qualificação, formação de networking e orientação.
Ao longo de 2016 foram realizados três workshops que renderam negócios entre as participantes e até mesmo com a Universidade. As atividades se encerram com um café para estimular conversas e troca de cartões.
A reportagem completa, tema edição 183 da Revista PUCRS, pode ser acessada aqui.
Empreender é sinônimo de inovação, liderança e networking. Para fortalecer um espaço de relacionamento, a Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS promoveu mais uma edição do evento Empreendedorismo Feminino na PUCRS – Desafio e Conexões de um Novo Tempo. Realizado em 23 de agosto, no Global Tecnopuc, reuniu mais de 240 mulheres decididas a construir uma rede de contatos mais forte, participando de palestras e workshops. Divididas em dois grupos, elas realizaram atividades diferentes, mas simultâneas, no auditório e no 5º andar do prédio, que depois seriam alternadas.
A professora Letícia Hoppe, que lidera o projeto, comemora em poder partilhar mais um momento de relacionamento entre mulheres. “Quero ouvir mais barulho de saltos, passos apressados, sorrisos, conversas, decisões conjuntas. Enfim, mais mulheres no comando de empresas, porque nós precisamos ser gestoras na íntegra do nosso negócio”, destaca. E finaliza: “Somos mulheres e somos empreendedoras”.
O tema da vez foi Networking, pois em uma pesquisa realizada na edição anterior, as participantes destacaram ter interesse no assunto. Gestão do tempo, finanças para pequenos negócios, marketing e liderança e coaching também foram elencados e serão trabalhados nos próximos encontros.
Lisiane Touguinha, psicóloga e voluntária do Grupo de Estudos de Desenvolvimento de Carreira, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS, falou sobre Relações Interessadas é Diferente de Relações Interesseiras. Destacou práticas para construir contatos de forma eficaz, já que, segundo pesquisa do Escritório de Carreiras da Universidade, 85% das vagas são preenchidas por indicação. Entre os pontos, ressalta: a importância de entregar cartões, agregar conteúdo para as pessoas, manter uma rede ativa de contatos e estar atualizado.
Na dinâmica de grupo, organizada pela ThoughtWorks, as participantes fizeram um círculo e, para se conhecerem trocaram papéis desenhando o rosto uma da outra, uma atividade chamada de IceBreaker. Depois, ficaram frente a frente para trocar cartões, se apresentar e estreitar laços, como um Speed Networking. Mulheres de todas as idades estavam presentes, com um sonho em comum em cada apresentação de projeto de vida.
O próximo evento está marcado para outubro e terá Espaço Kids para que as mães possam trazer seus filhos. Hoje, dia 24 de agosto, acontece o mesmo evento novamente, pelo grande interesse feminino.
Michele Martine, Cheila Garcia e Gle Martino tinham o mesmo objetivo ao participar do evento: conhecer mais mulheres que passam pelo mesmo desafio de empreender.
“Faz um ano que decidi empreender. Troquei a área de TI pela da beleza. Hoje sou maquiadora e atendo em salões de beleza”, conta Gle. Os eventos de empreendedorismo dos quais participou foram importantes para ela ter um norte. “É bom para networking, sempre te motiva, parece que recarrega a bateria para seguir em frente”, enfatiza.
Michele e Cheila são sócias e buscam consolidação no mercado com o apoio de eventos como esse. “Agora estamos começando a estruturar direitinho nosso escritório de arquitetura, aprendendo a divulgar nosso trabalho, que vai bombar”, salienta Michele. Destacam que o evento está sendo um ponto de partida para discutir mais sobre empreendedorismo.
Você sabia que existem 7, 3 milhões de empreendedoras no Brasil? De acordo com um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em 2015, o número de mulheres donas de negócio cresceu 18% em apenas 10 anos. E foi para esse público – que conquista cada vez mais espaço em um território, até então, liderado por homens – que a Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS promoveu, no dia 14 de junho, o evento Empreendedorismo Feminino – Desafios e Conexões de um Novo Tempo.
Cerca de 150 mulheres participaram da atividade, que tinha como objetivo receber as demandas das empreendedoras para, em uma segunda etapa, propor soluções. Liderado pela professora Leticia Hoppe, o evento contou com a participação das também docentes da Universidade Naira Libermann, Kellen Fraga, Ionara Rech e Katine Fasolo, além da assessora de capital da Incubadora Raiar, Eliane Fraga, para organizar as dinâmicas propostas.
Já nas salas de aula, as empreendedoras foram provocadas a listar em post-its as necessidades e os desafios encontrados nessa trajetória, assim como as sugestões para solucioná-los. “Nosso grande objetivo é criar um espaço onde as mulheres se sentam seguras para falar sobre seus medos e necessidades e, assim, desmistificar a complexidade de ser empreendedora, pois todas podemos”, afirma Letícia. Ela comemora a audiência do primeiro encontro e conta que a expectativa quando se pensou no projeto era de um público de, no máximo, 50 pessoas. “O fato de termos recebido 150 empreendedoras chancela a proposta de nos tornamos um canal de referência para elas, onde encontrarão suporte para seus desafios e apoio para um trabalho em rede. Isso é muito motivador”, orgulha-se.
Ela adianta que já está marcado para o dia 23 de agosto o próximo encontro, em que a dinâmica será planejada para solucionar as principais questões elencadas pelas empreendedoras no primeiro evento.
Flexibilidade e qualidade de vida são os grandes ganhos que as mulheres buscam quando decidem abrir o próprio negócio. Seja para ficar mais tempo com as crianças ou apenas flexibilizar a agenda e cuidar da vida sem preocupações com a chefia.
A economista Tatiane Silva, proprietária do Estoque Vip Brechó, conta que, após o nascimento da filha Laura, resolveu abrir sua empresa em busca de qualidade de vida. Inscreveu-se no evento da PUCRS para descobrir as dificuldades e as necessidades de outras empreendedoras, buscar conforto e também possíveis soluções.
“Tinha curiosidade em saber como as outras mulheres resolvem algumas questões relacionadas aos seus negócios, como, por exemplo, o relacionamento com seus sócios”, revela.
Ela explica que abriu a empresa com a irmã e, após alguns meses, optou por desfazer a sociedade. “Esse contato com outras empreendedoras me fez perceber que desafios como esse fazem parte do negócio. Saber disso é confortante”, completa.