Nos últimos meses, a conta luz tem pesado ainda mais no bolso. Os sucessivos aumentos nas bandeiras tarifárias exigem pensar cada vez mais sobre formas de economizar energia. Em agosto deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a criação de uma nova taxa, com o valor de R$ 14,20 por 100 kWh. A tarifa extra, chamada de bandeira de escassez hídrica, entrou em vigor a partir do dia 1º de setembro e será aplicada até 30 de abril de 2022.
Atualmente, cerca de 54% da geração de energia no Brasil é feita a partir de usinas hidrelétricas. Com a falta de chuvas em muitas partes do País, os reservatórios têm apresentado os menores níveis das últimas décadas, ocasionando a pior crise hídrica em 91 anos. Responsável por cerca de 70% da geração hídrica brasileira, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste está operando com apenas 17,5% da capacidade, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico.
“Quando há períodos de seca os rios perdem volume e os reservatórios baixam, diminuindo a força da queda d’água. As turbinas então passam a girar mais lentamente, sem força suficiente para gerar a energia elétrica necessária para suprir a demanda das cidades e regiões que abastece. Assim, é necessário acionar as termoelétricas, que produzem uma energia mais cara”.
Explica o coordenador do Laboratório de Eficiência Energética da Escola Politécnica da PUCRS, Odilon Duarte. O professor ainda destaca que, devido ao acionamento das termoelétricas, a tarifa cobrada pela energia elétrica subiu 16,07% nos últimos 12 meses, enquanto a inflação acumulada no período ficou em 9,3% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Equipamentos que consomem energia para gerar calor podem ser os principais vilões na conta de luz. Dessa forma, é essencial optar por aqueles que possuem melhor desempenho. O Selo Procel indica os níveis de eficiência de equipamentos de diferentes categorias por meio de uma classificação que vai de A (mais eficientes) até G (menos eficientes).
A classificação de cada aparelho é definida a partir de testes realizados para o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), e as ações fazem parte do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).
Ou seja, sempre que for adquirir equipamentos que necessitam de energia elétrica, opte por aqueles com selo A, mais eficientes e que geram menos consumo. Também revise os aparelhos que já possui e, se necessário, faça a substituição por aqueles com melhor classificação.
De acordo com dados do Procel, o refrigerador pode representar quase 26% do consumo de energia nas residências. Por isso, evite abrir e fechar a porta muitas vezes e sempre verifique o estado de conservação da borracha de vedação.
Também evite colocar comidas quentes na geladeira: espere o alimento atingir a temperatura ambiente e, só depois, guarde-o. Lembre-se de respeitar o limite de volume interno que o fornecedor indica. “Abarrotar” o equipamento resulta no mau funcionamento e no maior consumo de energia.
O chuveiro elétrico é responsável por cerca de 15% do consumo de energia nas residências. Optar por banhos em temperatura morna ou fria em dias mais quentes e reduzir o tempo embaixo do chuveiro pode representar economizar energia e reduzir cerca de 30% da conta de luz. Além disso, banho mais curtos também evitam o desperdício de água.
Os televisores também podem representar quase 15% do valor na conta de luz. E boa parte desse consumo ocorre quando o aparelho está em stand-by (modo de espera). Por isso, se não estiver utilizando a TV, tire da tomada, evitando o consumo desnecessário.
A soma dos aparelhos em stand-by pode totalizar até 12% do consumo de energia elétrica. Para economizar, retire todos os aparelhos – inclusive carregadores de celular – da tomada enquanto não estão em uso.
Evite acender as luzes durante o dia. Se possível, prefira ficar em ambientes com maior claridade e abra as janelas. Além disso, opte por lâmpadas de LED em todos os cômodos. Esses modelos são 80% mais econômicos do que as incandescentes e 30% a mais do que as fluorescentes.
A alteração no padrão de chuvas é uma das consequências das mudanças climáticas, ampliadas pelas ações humanas no meio ambiente, entre elas o desmatamento e as emissões de diferentes gases de efeito estufa.
Segundo projeções otimistas da plataforma AdaptaBrasil MCTI, cerca de 1.300 municípios brasileiros possuem alto risco de sofrerem impactos na segurança energética até 2030 devido a períodos prolongados de escassez de chuvas em muitas regiões do País.
Ou seja, para evitar uma crise hídrica ainda mais severa e economizar energia é preciso atuar na proteção dos recursos naturais. Veja as dicas para agir de forma ética com o meio ambiente.
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Eficiência das lâmpadas de LED, de módulos de energia fotovoltaica e a relação entre energia e meio ambiente são temas sobre os quais frequentemente se ouve falar. Neste mês, com a medida assinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que altera o valor das bandeiras tarifárias, a conta de luz ficou mais cara. Em momentos como este, a preocupação com formas de melhorar a eficiência energética ganha ainda mais evidência – especialmente para empresas e indústrias.
Segundo o professor da Escola Politécnica e coordenador do Laboratório de Eficiência Energética (LABEE) e do Centro de Demonstração em Energias Renováveis (CEDER), Odilon Duarte, eficiência energética consiste basicamente em usar menos energia:
“É uma prática que busca eliminar os desperdícios, otimizar os sistemas de geração de eletricidade e manter o conforto, a qualidade e a segurança”.
Atingir a eficiência energética é fundamental para um mundo sustentável – seja do ponto de vista ambiental, social ou econômico. Isso porque produzir e distribuir energia é muito caro e tem um impacto negativo em nosso ambiente.
Entre os benefícios gerados por esse meio de gestão da energia estão a redução das emissões de gases de efeito estufa, a diminuição da demanda por importações de energia, o aumento da confiabilidade do sistema de abastecimento e a redução de custos com energia para a empresa e para a sociedade.
“O uso da energia com mais eficiência é uma das maneiras mais rápidas e econômicas de gastar menos dinheiro, reduzir as emissões de gases de efeito estufa, criar empregos e atender à crescente demanda de energia”, destaca Duarte. O professor aponta alguns dos benefícios da eficiência energética para empresas e indústrias:
Ambiental: reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e outros poluentes, bem como diminui o uso da água.
Econômico: melhorar a eficiência energética nos sistemas de força motriz, de refrigeração, de ar comprimido e de iluminação diminui as contas dos serviços públicos individuais, cria empregos e ajuda a estabilizar os preços e a volatilidade da energia.
Benefícios para o sistema elétrico: restringe a demanda geral de energia, reduzindo a necessidade de investir em novos sistemas de geração, transmissão e distribuição de eletricidade, proporcionando uma redução substancial na tarifa.
Gerenciamento do risco: a eficiência energética ajuda a diversificar os portfólios de recursos das concessionárias e é uma proteção contra as incertezas associadas à flutuação dos preços da energia.
A partir dessa forma de gestão de energia, é possível reduzir custos em indústrias, empresas e até mesmo em casa. Além disso, a eficiência energética acaba apresentando as vantagens que essas práticas podem trazer para os empreendimentos.
Pensando nessas questões, o professor Odilon Duarte elencou algumas dicas para empresas e indústrias que buscam melhorar a performance no seu consumo de energia. Confira:
Uma dica que parece básica, mas que pode fazer toda a diferença, sendo que contamos com a luz natural durante um período significativo do dia. Manter as janelas limpas é o primeiro passo para aproveitar a luz do sol, e utilizar cortinas leves e portas de vidro também podem contribuir.
Em processos industriais que envolvam calor, uma forma de melhorar a eficiência energética é procurar empregar o isolamento térmico para minimizar as perdas de temperatura, diminuindo, assim, o consumo de energia.
Esta é uma ferramenta simples e eficaz que indica os equipamentos e eletrodomésticos que menos consomem energia. O selo foi criado em 1993 e apenas produtos que atingem índices de consumo e desempenho estabelecidos são contemplados com a sinalização.
Os motores elétricos são os principais consumidores de energia das indústrias. Por isso, contar com opções de alto rendimento são uma alternativa para atingir a eficiência energética.
O ar cria uma barreira, impedindo a troca térmica entre o ambiente interno e externo. Com isso, o consumo de energia com o sistema de ar-condicionado é reduzido.
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O complexo de Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica da PUCRS (Labelo) e o Centro de Excelência em Iluminação Pública (Ceip) promovem, no dia 27 de março, o Workshop – Desafios e Caminhos para a Modernização dos Sistemas de Iluminação Pública no Brasil. A atividade, promovido em parceria com o Physikalisch-Technische Bundesanstalt (PTB), da Alemanha, e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), é voltado para prefeituras e secretarias municipais do Rio Grande do Sul. O evento inicia às 8h30min, com encerramento às 16h30min, e será realizada no Global Tecnopuc, prédio 97A Campus (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), Bloco Da Vinci, Sala 101.
No workshop, profissionais reconhecidos na área de iluminação e órgãos de fomento debaterão o tema e esclarecerão etapas para o desenvolvimento de ações públicas que objetivam o apoio no processo de modernização dos sistemas de iluminação pública pela utilização da tecnologia LED e a consequente melhoria nos índices de eficiência energética. As inscrições, gratuitas e limitadas, podem ser realizadas até o dia 22 de março no site do Labelo, ou manifestando interesse pelo e-mail [email protected] ou [email protected]. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3320-3551. Confira abaixo os temas que serão abordados nos painéis:
Fabrício de Andrade Lebeis é graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília (UnB) (1999) e mestre em Ótica e Microondas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) (2002). Atualmente é Gerente Nacional de Fundos de Governos da Caixa sendo responsável pela gestão de importantes fundos de governo nos segmentos habitacional, educacional, meio-ambiente, infraestrutura, PPP e energia. No evento, Lebeis abordará o tema Linhas de financiamento para iluminação pública.
Luciano Giovaneli é Arquiteto e Urbanista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização em Projetos Urbanos. Desde 2010 pertence ao quadro de funcionários da Centrais Elétricas Brasileiras S/A (Eletrobras), no âmbito do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), no qual integra o núcleo responsável pela Coordenação do Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes – Procel Reluz. Giovanelli apresentará o painel Plano de aplicação de recursos – PAR PROCEL: investimentos para iluminação pública LED.
Nelson Fonseca Leite é engenheiro eletricista pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e possui MBA em Gestão de Negócios pela IBMEC e FGV, além de Electric Power Management pela Japan International Cooperation Agency (JICA), Japão. Atual presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) e presidente do Conselho Consultivo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), abordará as oportunidades de renovação dos produtos ligados a iluminação pública.
Luciano Rosito é engenheiro eletricista graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e pós-graduado em Gestão Empresarial pela PUCRS. Atua como Diretor Comercial da Tecnowatt Iluminação, como coordenador da Comissão de Estudos ABNT – Cobei – CE03 – luminárias e acessórios e participa das demais comissões. No evento, abordará o tema Projetos técnicos para iluminação pública.
Leonardo Machado Rocha é engenheiro elétrico, com ênfase em telecomunicações, pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) e possui mestrado em Sistemas de Gestão pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É pesquisador-tecnologista da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro e abordará o tema Programa brasileiro de avaliação da conformidade para iluminação pública viária.