Fruto do esforço conjunto de especialistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e da Universidade Católica de Brasília (UCB), o Guia de Recomendações Gerais para Reabertura das Escolas convida à reflexão sobre o significado e o sentido que os espaços da escola precisam alcançar no pós-pandemia. A cartilha, que foi publicada e chancelada pela Unesco-Brasil, tem por objetivo promover um acolhimento seguro e responsável a todos e está dividida entre orientações para gestores escolares, professores, estudantes e suas famílias.

O fechamento das escolas gerou impactos ao ano letivo, aos processos de ensino e de aprendizagem e às emoções de comunidades escolares. Segundo o professor doutor das Escolas de Humanidades e da Saúde e da Vida da PUCRS, Alexandre Guilherme, que é um dos pesquisadores coordenadores da publicação, a suspensão de aulas presenciais e a rápida transição para um ensino remoto provocaram uma mudança profunda nas atividades dos gestores, técnicos-administrativos e professores da Educação Básica, fazendo com que tivessem de aprender a aplicar novas técnicas e metodologias, antes exclusivas para o ensino à distância. Além disso, ele ressalta o grande impacto na rotina de estudantes e suas famílias, de diferentes idades e realidades diversas.

“A cartilha foi concebida para ser extremamente prática e de fato ajudar na reabertura das escolas.  Esse aspecto prático, utilizando linguagem acessível e sensível a todos, é o diferencial.  A abordagem sobre a necessidade de cuidar dos sentimentos e emoções é também muito importante, respeitando a subjetividade de todos os participantes da comunidade escolar. O momento que vivemos, a pandemia, é único e inesperado e nosso retorno às aulas presenciais nas escolas deve considerar isso. Temos que pensar no momento de abertura, de transição para uma certa normalidade e considerar os meses de isolamento, o estresse experenciado com as constantes notícias sobre a pandemia.”, ressalta.

O professor, apontado Leitor da Cátedra Unesco de Juventude, Educação e Sociedade (UCB/Brasília), orienta que o momento reabertura não será usual, mas sim um momento de avaliação e diagnóstico do contexto e situação de cada escola. “A pandemia está sendo vivenciada de forma diferente em diferente cidades e regiões do país.  A reabertura é um momento de acolhimento e após isso podemos pensar/reorganizar as demandas tradicionais de um ano letivo como currículo e cronograma. O guia pretende ser um subsídio pedagógico, cujas diretrizes podem ser adaptadas a cada contexto”, comenta.  Outro olhar que o documento aborda é o da importância de planos de ação, prevenção e gerenciamento de crises, ainda pouco presente em todas as áreas, não apenas na Educação.

Parceria para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e fraterna

A iniciativa surgiu por meio de uma parceria já estabelecida do Grupo de Pesquisas em Educação e Violência (GruPEV) da PUCRS com a UCB. Além de Alexandre, assinam pela universidade gaúcha as pesquisadoras Cibele Cheron e Caroline Becker e, pela universidade brasiliense os pesquisadores Renato Brito e o Irmão Lucio Gomes Dantas.

De acordo com o Pró-Reitor de Graduação e Educação Continuada da PUCRS, Irmão Manuir Mentges, o Guia reflete a missão institucional das duas universidades católicas de produzir, difundir conhecimento e promover a formação humana e profissional para o desenvolvimento de uma sociedade justa e fraterna.

“A expectativa pela volta à “normalidade” nos lançará outro desafio: o de preparar os espaços da escola para dissipar os efeitos promovidos pela catarse que se seguirá ao regresso do convívio social. Educadores, gestores, estudantes e familiares esperam encontrar na escola os espaços de escuta e de reconstrução do convívio social essenciais à natureza humana e este guia pode contribuir com essa necessidade”, comenta.   A cartilha foi distribuída para toda Rede Marista de escolas e associadas. O download do arquivo pode ser feito neste link.

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Material se propõe a ser informativo e, ao mesmo tempo, acolhedor / Foto: Pexels

Informar e levar recomendações para a comunidade escolar sobre formas saudáveis de enfrentamento do distanciamento social é o principal objetivo de um conteúdo desenvolvido pelo Núcleo de Psicologia Escolar e Educacional da PUCRS. A equipe, que compõe o Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP), serviço-escola do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Universidade, criou a Cartilha Conversando com a comunidade escolar durante o isolamento pelo Covid-19 – material que já está sendo enviado para instituições de ensino.

A ideia de produzir conteúdos para auxiliar a comunidade escolar surgiu durante uma reunião do Núcleo, formado por 18 estagiários de Psicologia que atuam em cinco escolas (sendo quatro da rede pública e uma escola social Marista). Supervisionado pela psicóloga Berenice Moura da Roza, o grupo busca auxiliar as escolas a lidar com os desafios que envolvem a educação, no âmbito da Psicologia Escolar e Educacional. Ao discutir o contexto de distanciamento social e a falta de contato com os alunos e com os demais sistemas das escolas, uma das equipes do Núcleo, formada por sete estagiários que atuam na escola parceira que compõe o Centro de Extensão Universitária Vila Fátima da PUCRS, no SAPP, refletiu sobre os possíveis impactos que a suspensão das aulas presenciais de forma abrupta poderia causar nos alunos.

Segundo Berenice, o grupo começou a pensar em uma forma de acessar a comunidade escolar nesse contexto. “Inicialmente, fomos inspirados em outros materiais e postagens em redes sociais, em que foram criados vídeos com cartazes e frases de afeto com a mensagem de #fiqueemcasa. Assim, partimos para esse projeto, em uma perspectiva de acolhimento, dentro dos pressupostos científicos que sustentam a formação em Psicologia”, conta. O vídeo foi enviado para uma das escolas de atuação dos estagiários e o retorno positivo estimulou que o projeto não parasse por aí.

Cartilha se propõe a ser informativa e acolhedora

Após o sucesso do primeiro material desenvolvido, o grupo decidiu produzir conteúdos semanais, no formato de cards informativos sobre saúde mental em tempos de crise. Conforme Berenice, a premissa foi a de que, além de informar, os materiais tivessem um caráter afetivo e acolhedor. “À medida que os estagiários enviavam suas produções para a supervisão, entendíamos ser prioritário criar um local para compilar tudo e que permitisse que trabalhássemos junto o material. Criamos, então, uma pasta, na qual começamos a contribuir virtualmente. Em algumas semanas, durante outra reunião de equipe, nasceu a cartilha”, conta.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Psicologia Escolar e Educacional, professora Renata Plácido Dipp, por conhecer a realidade das escolas atendidas, o grupo entende que elas têm um papel que vai além do ensino de conteúdos formais nas comunidades em que estão inseridas. “Elas são referências em formação e informação. Orientam sobre hábitos saudáveis, saúde emocional e sobrevivência, pois de alguma forma, auxiliam essas comunidades das mais variadas formas de (sobre)vivência em seus contextos”, aponta.

Recomendações vão desde hábitos de higiene até sugestões de brincadeiras

A ideia é que, com o intermédio das escolas, as recomendações da cartilha alcancem a comunidade de uma forma geral. Por isso, o material traz informações referentes a diversos assuntos, que incluem hábitos de higiene, dicas de saúde mental, sugestões de brincadeiras e até um passo-a-passo para meditar. “Para a manutenção da saúde física e mental, é essencial que todos possam estar alimentados, com acesso a informações confiáveis e que estabeleçam um diálogo entre os moradores da casa e seus vizinhos – sempre mantendo o distanciamento seguro”, destaca Berenice.

A questão do diálogo recebe uma atenção importante, uma vez que, segundo as gestoras do núcleo, entende-se que a possibilidade de falar e de escutar contribui para diminuir as angústias e inseguranças cotidianas: “Salientamos, também, que por vezes, essas práticas não são suficientes. Por isso, sugerimos na cartilha práticas de relaxamento, de respiração, assim como brincadeiras de fácil acesso para as crianças e seus familiares”. O material esclarece ainda que, se o sentimento de angústia e de ansiedade persistirem, a recomendação é procurar ajuda nos postos de saúde da região de moradia, “para que a pessoa possa receber o devido acolhimento e encaminhamento”, reforça Renata.

Material está disponível online

Assim que a cartilha foi concluída, começou a ser trabalhada pela equipe do Núcleo. Inicialmente, o link do material foi enviado para as coordenações das instituições, com o objetivo que fosse divulgado em suas redes sociais. “A proposta foi muito bem recebida por todos. Assim, também formalizamos que a equipe de estagiários de cada uma das escolas parceiras iria trabalhar, semanalmente, por meio de postagens nas redes sociais destas, um dos tópicos da cartilha”, conta Berenice. Conforme a supervisora, o objetivo é explorar mais os temas abordados e responder questões que possam surgir da comunidade escolar.

Agora, a intenção é divulgar a cartilha para o maior número de comunidades escolares do município. “Assim, entendemos ser possível avançarmos os muros das escolas, hoje sustentados pelo necessário contexto de isolamento social, como forma de preservação da saúde e da vida”, concluem. A cartilha está disponível no site do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul.

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Confira outras cartilhas desenvolvidas pela Universidade

Professores, pesquisadores e alunos da PUCRS têm se envolvido na produção de cartilhas com conteúdos relacionados ao enfrentamento da Covid-19. Saúde mental, atividades físicas e dicas para pessoas idosas são alguns dos temas desses materiais.

As cartilhas estão disponíveis neste link.

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Professor Juan Mosquera / Foto: Arquivo PUCRS

Na tarde do último domingo, 22 de março, a comunidade universitária se despediu de um dos grandes pesquisadores da PUCRS. Natural da cidade de La Coruña, na Espanha, Juan José Mouriño Mosquera escolheu a cidade de Porto Alegre para trabalhar e viver. Graduado em Pedagogia pela UFRGS, mestre em Educação pela mesma universidade e doutor também em Educação pela PUCRS, com pós-doutorado em Psicologia pela Universidad Autónoma de Madrid e livre-docência pela PUCRS, Mosquera deixa um legado de diversas publicações voltadas à área da Educação e saudade para quem teve o prazer de conviver e aprender com ele.

Na PUCRS, Mosquera também foi professor, pesquisador, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação e assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa em Pós-Graduação (PROPESQ). “Com uma extensa produção científica em temas como Educação de Professores, contribuiu para a formação de mais de 60 mestres e doutores na área. Sua atuação como Assessor na PROPESQ foi pautada pela sabedoria, gentileza e generosidade, compartilhando com todos seu vasto conhecimento e sabedoria”, diz a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, professora Carla Denise Bonan.

Uma vida dedicada à Educação

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Foto: Arquivo PUCRS

Mosquera dedicou mais de 50 anos dos 83 que viveu à pesquisa e à docência. Considerado um dos mais importantes pesquisadores do Brasil no campo da Educação, desenvolveu estudos relacionados a temas como formação do professor, educação inclusiva, educação para a saúde e metodologia científica. Entre seus livros publicados, estão Psicodinâmica do aprender (Sulina, 1977), Educação: Novas perspectivas (Sulina, 1973) e Psicologia Social do Ensino (Sulina, 1973).

Para a professora da Escola de Humanidades e coordenadora do curso de Especialização em Psicopedagogia, Bettina Steren, Mosquera era um homem à frente do seu tempo, tendo iniciado o estudo de vários pensadores e temas fundamentais para avançar na área. “A Educação está de luto. Perdemos um amigo, colega e profissional exemplar, que trouxe à Porto Alegre autores internacionais e que compartilhou os seus conhecimentos com quem por ele cruzava. Nos deixa um legado inestimável e só nos resta agradecer por ter tido a possibilidade de conviver com ele”, conclui.

Valerie Thomas, Bessie Blount Griffin, Annie Easley, Marie Maynard Daly… Todas mulheres nascidas no século passado. Entre elas havia algo em comum: pioneiras em suas áreas de atuação, foram cientistas renomadas e ajudaram a abrir portas nas áreas de Ciência e Tecnologia, ramos geralmente masculinos. Desde 2015, o dia 11 de fevereiro é lembrado como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (Unesco) e pela ONU Mulheres como forma de promover a conscientização sobre o tema e ampliar o acesso de pessoas diversas na área.

Diretora de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq), Fernanda Morrone falou sobre a importância das mulheres e meninas na ciência e o trabalho das pesquisadoras da PUCRS. “Dados mostram que nos últimos anos a proporção de mulheres cresceu entre os pesquisadores, mas ainda permanecem muitos desafios. Os dados também mostram que as mulheres ainda não crescem em posições de destaque na mesma proporção que os homens, assim este é outro desafio que temos que enfrentar” conta Morrone.

Para o futuro, a docente aposta na oportunidade e identificação de novos talentos na área. “Além disso, é fundamental comemorar e divulgar as conquistas já alcançadas, mas ainda é preciso acelerar medidas, através de políticas públicas, para tornar a carreira científica mais igualitária para todos” finaliza.

Avanços e desafios dos últimos anos

A última década ficou marcada pelo avanço das meninas na educação. Dados apontam um aumento pequeno, mas consistente, nas taxas de matrícula de meninas e mulheres em todos os níveis de ensino. O levantamento realizado pelo Instituto de Estatísticas da Unesco (UIS) mostra que de 2000 até 2014 o número de mulheres no ensino superior dobrou no mundo. Apesar das mulheres representarem uma maioria entre os pesquisadores no Brasil, elas não ocupam cargos de liderança na mesma proporção que homens.

Entra as portas de entrada para a ciência, está a iniciação científica. “Aos estudantes que estão na Iniciação Científica, vivam e explorem ao máximo esta oportunidade. Aos que ainda não entraram na pesquisa, façam! Vocês serão profissionais diferenciados” afirma a bióloga Tamiris Salla ao dar dicas para quem quer começar na área. Salla é uma das várias histórias de sucesso do Salão de Iniciação Científica da PUCRS.

O relatório Gender in the Global Research Landscape, da Elsevier, mostra que, no Brasil, as mulheres são maioria na pós-graduação. Segundo a Capes, 55% do total de matriculados e titulados em cursos de mestrado e doutorado eram mulheres em 2015. Na Iniciação Científica, as jovens representavam 56% em 2013. Porém, a distribuição de bolsas de produtividade em pesquisa seguia desigual. Em 2017, as mulheres eram somente 35,5% do total de bolsas de produtividade e 24,6% daquelas de nível 1A, o mais alto da academia. Conhecido como “telhado de vidro”, a expressão diz respeito as barreiras que mulheres enfrentam para ascender na carreira acadêmica.

Maternidade e ciência

O projeto Parent in Science (Pessoas com filhos na ciência) realizou uma pesquisa com 1.182 docentes brasileiras. O resultado mostra que enquanto a produtividade cresce entre cientistas que não são mães, as que têm filhos mostram uma queda no número de publicações em média até aos quatro anos de idade do primeiro filho. O relatório da Elsevier aponta que entre as causas estão a falta de incentivo para mulheres conciliarem o trabalho e a maternidade; e a necessidade de viagens internacionais, muitas vezes realizadas pelos pais ou homens. O estudo levou em consideração o contexto de 20 anos, 12 localidades e 27 áreas do conhecimento.

A cor da ciência

Além do obstáculo de gênero, a cor e a raça são outras barreiras enfrentadas pelas mulheres. Em 2015, entre as bolsistas, apenas 4,6% eram pretas, 20,5% eram pardas, 0,2% eram indígenas e 62% eram brancas, segundo artigo publicado no CNPq. Conforme o relatório de 2017 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), pessoas negras representam apenas 16% dos professores universitários. Entre eles, homens representam 60% do total.

Meninas na Ciências: Uma meta que mobiliza o mundo todo

A inclusão de mulheres na área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Stem) faz parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da Unesco, com uma nova visão sobre questões sociais e econômicas atuais. “Da perspectiva científica, a inclusão de mulheres promove a excelência científica e impulsiona a qualidade dos resultados em STEM, uma vez que abordagens diferentes agregam criatividade, reduzem potenciais vieses, e promovem conhecimento e soluções mais robustas” de acordo com o material disponibilizado no portal oficial da organização.

Na PUCRS, o incentivo a inclusão e a diversidade é uma das bandeiras levantadas pela decana da Escola Politécnica, Sandra Einloft. A pesquisadora foi um dos destaques da série Trabalhe Como Uma Mulher, da Revista Donna, ao contar sobre a sua trajetória na carreira. Desde o mestrado, Einloft percebeu ser minoria entre os colegas e fez disso uma missão de vida: “sabemos que, em países onde têm mais igualdade, a economia avança mais”. Outro trabalho de destaque realizado na Universidade é o da pesquisadora Magda Lahorgue, que realizou um estudo sobre Características do sono em crianças e adolescentes brasileiros. A análise mostrou que o sono muitas vezes é negligenciado durante a infância e pode acarretar em uma alta taxa de distúrbios do sono na população.

“Saber que existem possibilidades acadêmicas para além da Graduação nos fortalece enquanto profissionais, pois alinhamos à prática conhecimentos atuais e baseados em evidências científicas, favorecendo a troca de experiências com profissionais renomados” conta a perita criminal Luiziana Schaefer, formada em Psicologia pela PUCRS, ao lembrar como a trajetória acadêmica e a pesquisa mudaram o rumo da sua vida.

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Aulas presenciais com Andy Hargreaves aconteceram nos dias 24 e 25 de janeiro / Foto: Pedro Antonio Heinrich

O mundo está constantemente passando por mudanças, e isso reflete diretamente na educação e nos sistemas de ensino. Para conseguirem acompanhar essas transformações, escolas e universidades precisam estar atentas e encontrar soluções para as novas demandas que surgem. Dentro desse debate, a PUCRS recebeu uma das maiores referências no debate sobre políticas educacionais no mundo nos dias 24 e 25 de janeiro. Andy Hargreaves, que leciona na Lynch School of Education na Boston College (EUA), onde também é pesquisador; na Universidade de Hong Kong (China); na Universidade de Ottawa (Canadá); e na Universidade de Stavanger (Noruega), ministrou duas aulas presenciais do curso Educação Transformadora: Pedagogia, Fundamentos e Práticas, do Pós PUCRS Online. Os encontros aconteceram dentro da disciplina Aprendendo a mudar: ensinar para transformar, que também conta com a professora da Escola de Humanidades Leunice Martins de Oliveira. Na modalidade online, a aula estará disponível a partir de 16 de março.

A disciplina tem a intenção de auxiliar na compreensão do momento em que vivemos a partir do pensamento complexo, incentivando uma visão de mundo ampliada. Com isso, promove a análise da necessidade de uma reforma educacional, considerando o processo de globalização da informação e a possibilidade de a escola rever seu objetivo diante dessa nova realidade. Durante as aulas, Andy expôs alguns modelos de ensino existentes e provocou os alunos presentes a pensarem sobre como grandes mudanças afetam a educação e a vivência dentro da sala de aula.

Educação transformadora: uma responsabilidade de todos

Para Hargreaves, o mundo passou por grandes mudanças nos últimos dez anos, incluindo o avanço da tecnologia, o colapso econômico e a crise dos refugiados. E isso afeta diretamente no processo de ensino e aprendizado. “Há movimentos massivos de pessoas ao redor do mundo fugindo de guerras, da fome, da falta de oportunidades. Isso faz as pessoas pensarem sobre identidades, quem elas são, a que lugar pertencem. Muitas pessoas de famílias brasileiras estão indo para a América do Norte. Algumas crianças têm um pai aqui e uma mãe na América, por exemplo. Então não é mais uma questão de ser brasileiro ou americano. A questão é como podemos ser os dois? E como os professores podem dar apoio nisso?”, questiona.

Em relação a uma educação transformadora, o professor acredita que essa é uma responsabilidade de todos. O papel de lideranças e governantes nesse processo é o de incentivar que a educação seja algo inspirador e fazer com que as pessoas entendam sua importância e sua função dentro disso. E, principalmente, atrair bons professores pagá-los suficientemente bem e investir na sua qualificação: “Uma vez que você está dentro da escola, o que mais afeta o aprendizado dos estudantes não é o currículo, o prédio, as tecnologias. É a qualidade do professor”.

Leading from de Middle e a importância da colaboração

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Professor tem se dedicado à pesquisar sobre Leading from the Middle / Foto: Pedro Antonio Heinrich

Atualmente, Hargreaves se dedica à pesquisa sobre Leading from the Middle (liderar a partir do meio, em tradução literal), que estuda formas de criar mais equidade, inclusão e bem-estar de maneira ampla para os estudantes. Ele explica que essa é a liderança alternativa à top down (de cima para baixo) e à bottom up (de baixo para cima). Conforme o professor, há duas formas de pensar a liderança a partir do meio: uma entende o meio como um intermediário, que coleta os trabalhos do topo e os delega para a parte de baixo; a outra, que considera mais interessante, entrega o poder para as pessoas que estão no meio.

No caso de escolas, liderar a partir do meio faz sentido porque quem está nessa posição também está próximo dos alunos e da comunidade. “Ter o poder no meio conecta as pessoas. Com isso, elas aprendem umas com as outras e entendem as responsabilidades como coletivas para o sucesso uns dos outros”, resume. O professor defende que os professores tenham mais tempo para interagirem entre si, para que se apoiem e para que troquem experiências e conhecimento. “Não é como se você aprendesse a ensinar e parasse. Você está sempre aprendendo a ensinar. Eu tenho 68 anos de idade e ainda estou aprendendo a ensinar. E é assim que temos que ver muitos trabalhos, mas, particularmente, o de professor”, conclui.

Sobre Andy Hargreaves

Andy Hargreaves foi presidente do Congresso Internacional de Eficácia e Melhoria Escolar e consultor em educação do Premier de Ontário e do primeiro ministro da Escócia. Seus mais de 30 livros ganharam vários prêmios de Escrita Extraordinária – incluindo o prestigiado Prêmio Grawemeyer de 2015 em Educação para a Capital Profissional (com Michael Fullan). Também foi classificado pela Education Week entre os 10 melhores acadêmicos com maior influência no debate sobre políticas educacionais dos EUA. Em 2015, o Boston College concedeu-lhe o prêmio Excelência em Ensino com Tecnologia.

Saiba mais sobre o curso

O curso Educação Transformadora: Pedagogia, Fundamentos e Práticas conta com alguns dos maiores educadores do mundo, trabalhando assuntos como didática, currículo, metodologias, oferecendo a oportunidade de se aprofundar na ciência da educação e pedagogia sob a ótica da complexidade, criatividade e empatia. A especialização tem duração mínima de 12 meses – sendo nove de disciplinas e três de TCC -, com carga horária de 363 horas. As matrículas para a modalidade online estão abertas e podem ser feitas pelo site. Ao fim da especialização, o aluno recebe Certificado de Especialista em nome da PUCRS.

A Moderna Educação: metodologias e tendências

Outro curso oferecido dentro do Pós PUCRS Online é A Moderna Educação: Metodologias, Tendências e Foco no Aluno. A especialização também conta com professores que são referência mundial, como Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé, Marc Prensky e Martha Gabriel. As matrículas já estão abertas e o aluno pode escolher entre as modalidades presencial (com início em abril de 2020) ou online.

Conferência Internacional Educação e Fisolofia, Escola de HumanidadesNesta quinta e sexta-feira, 27 e 28 de junho, a PUCRS recebe a 5ª Conferência Internacional de Filosofia da Educação e Pedagogia Crítica, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade de Caxias do Sul, Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Universidade Federal Fluminense, University College of London e a National University of Ireland. O evento ocorre no auditório térreo do Prédio 50 do Campus (Avenida Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre).

Essa é a primeira vez que a conferência ocorre no Brasil, já tendo sido sediada em Liverpool e Winchester, no Reino Unido. O objetivo é compartilhar experiências e conhecimentos produzidos no campo de filosofia da Educação e Pedagogia Crítica, bem como fomentar a integração e a cooperação entre pesquisadores da área da educação.

Para o coordenador do evento e professor do PPGE Alexandre Anselmo Guilherme, “o encontro permitirá a congregação de especialistas e interessados na área de filosofia de educação, possibilitando uma grande troca de saberes entre a América Latina e Europa.  Além disso, introduzirá no contexto brasileiro o importante trabalho de filósofos da educação reconhecidos internacionalmente por seus trabalhos sobre educação e democracia”, destaca.

Palestrantes internacionais

A conferência terá a presença de pesquisadores internacionais, reconhecidos no campo da filosofia, educação e pedagogia. Entre os nomes confirmados estão a professora Judith Suissa, da University College London (Reino Unido), o professor Carl Safstrom, da National University of Ireland (Irlanda), e a professora Sharon Todd, da Northeastern Illinois University (Estados Unidos).

Para acessar a programação completa e mais informações sobre as inscrições, clique aqui.

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Coordenadora Naira Libermann recebeu o prêmio. Foto: Eduardo Rocha

O Idear – Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS conquistou o primeiro lugar na etapa estadual do Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A premiação reconhece e divulga práticas educacionais de sucesso que fomentam o comportamento empreendedor nos alunos. A celebração, realizada em Porto Alegre no dia 20 de maio, homenageou iniciativas do Ensino Superior, Técnico, Médio e Fundamental. O Idear, que desenvolve a atitude empreendedora da comunidade universitária e promove o pensamento voltado para a solução de problemas através de palestras, cursos, consultorias e eventos, garantiu o título na categoria de Ensino Superior. O laboratório ainda disputa as etapas regionais e nacionais, em julho e agosto deste ano.

Mudança e impacto social em foco

Pensado para ser ponte entre o conhecimento adquirido em sala de aula e a execução de projetos que atendam às necessidades sociais, o Idear organiza ações como o Torneio Empreendedor, Mentorias de Projeto, Programa Rocket, disciplina Projeto Desafios, aulas no Metódo Exponencial e Método de Sala de Aula Invertida, além de palestras, eventos e workshops. Mais de 17.000 estudantes, professores e interessados da comunidade externa já receberam orientação na sala 210, no Living 360º (Prédio 15).

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São contempladas as categorias Ensino Fundamental, Médio, Superior e Técnico. Foto: Eduardo Rocha

Os resultados dos trabalhos desenvolvidos no laboratório influenciaram a coordenadora Naira Libermann a inscrever o espaço na competição. “Já obtivemos reconhecimento nacional em 2017, e seguimos evoluindo. É uma oportunidade de mostrarmos isso para o país”, comenta. De acordo com Naira, a conquista do Troféu Ouro evidencia o status de referência da PUCRS no relacionamento entre pedagogia e empreendedorismo. “O que realizamos é inédito e transversal. Educação empreendedora significa aprender a gerar benefícios para a sociedade. Para nós, o objetivo é formar cidadãos capazes de gerar transformações socais e econômicas”, reflete.

No concurso, são avaliadas as Características do Comportamento Empreendedor (CCE), como iniciativa, persistência, eficiência, risco calculado, planejamento sistemático, rede de contatos e independência. Também são consideradas a sustentabilidade, a adptabilidade a geração de valor das ideias. “Ganhar a etapa estadual significa muito, ficamos felizes. Demonstra que alcançamos essas premissas e que estamos realizando algo grande”, comemora a coordenadora. O IDEAR participa ainda das etapas regionais e nacionais, que acontecem em julho e agosto. Segundo Naira, o avanço na competição também proporciona o contato com Universidades de todo o território nacional. “Esperamos aprender bastante e divulgar o que estamos fazendo para o resto do Brasil. Nossa expectativa é a melhor possível”, torce.

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As etapas regional e nacional acontecem em julho e agosto. Foto: Eduardo Rocha

Prêmio Educação Empreendedora

O Prêmio tem origem no desejo do Sebrae de estimular as boas práticas empreendedoras nas instuições de ensino brasileiras. Apenas este ano, o concurso recebeu mais de mil inscrições. Para a organização, a homenagem permite disseminar a cultura do empreendedorismo nas diferentes fases do desenvolvimento acadêmico. O Service Learning, programa da PUCRS que une estudantes e investidores externos para auxiliar a comunidade, também foi homenageado, garantindo a terceira colocação na categoria Ensino Superior.

 

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Foto: Rhaynne Lopes

A educação para a cidadania não faz parte do currículo de Ensino Básico brasileiro – nem como disciplina, nem como conteúdo obrigatório. É com o objetivo de transformar essa realidade que a Mobis, startup sediada no Tecnopuc, acaba de lançar uma campanha de financiamento coletivo para arrecadar recursos e construir uma plataforma web inédita no Brasil. A plataforma agregará materiais didáticos e ferramentas de ensino de educação para a cidadania que poderão ser utilizadas por professores, escolas e organizações que tenham a educação como foco.

Segundo Diana Engel Gerbase, diretora executiva da Mobis, em 2015, a organização fez sua primeira atuação em campo, produzindo 50 horas de material didático em educação para cidadania, em parceria com a Escola Estadual Florinda Tubino Sampaio, em Porto Alegre. “A ideia agora é continuar fazendo parcerias para o desenvolvimento de novos conteúdos e disponibilizá-los gratuitamente para qualquer professor do País. Além disso, queremos abrir a plataforma para que os profissionais da área possam compartilhar seus materiais didáticos e tornar essa troca ainda mais rica”, explica a idealizadora da Mobis.

Ela acrescenta que a educação para a cidadania é um termo amplo que inclui conhecimentos sobre política, direito constitucional, economia, administração pública, além de habilidades para a vida em sociedade. Ainda conforme Diana, todos os anos o Brasil forma 2,1 milhões de estudantes no Ensino Médio que chegam à vida adulta sem conhecimentos e habilidades básicas para participar de um sistema político que depende fortemente deles para que funcione de modo mais satisfatório. “Nos EUA, por exemplo, existem iniciativas como o iCivics, que todo ano auxilia mais de 150 mil professores no ensino do funcionamento da democracia. Precisamos preencher essa lacuna por aqui também”, completa.

Quem quiser contribuir com a causa, pode acessar a página da campanha no site de financiamento coletivo www.benfeitoria.com/mobis.

 

Foto: Camila Cunha

Foto: Camila Cunha

Multiculturalidade, qualidade de vida e incentivo à pesquisa. O Canadá oferece diversos benefícios a seus estudantes, além de ser extremamente receptivo a imigrantes. Quem decide passar uma temporada de estudos por lá é contemplado com muita inovação e pode contar com as diversas bolsas de estudos que são oferecidas pelo país. Estes e outros aspectos da região, como governo, estrutura e vistos foram abordados durante palestra conduzida pela representante do escritório oficial do Canadá no Brasil, Paula Manozzo, e pela vice-diretora de mídia social da rede Alumni Canada Brasil, Juliana Torres. O evento, que faz parte da International Week, ocorreu às 18h do dia 27 de setembro, no saguão da Biblioteca Central Irmão José Otão.

“O Canadá tem muitas similaridades com o Brasil, mais do que imaginamos”, iniciou Paula Manozzo. Dentre as maiores semelhanças, citou a diversidades dos povos e o tamanho dos países. “O Brasil é o quinto maior país em extensão, e, o Canadá, o segundo. A diferença é que o número de canadenses é muito menor: são cerca de 35 milhões de habitantes. Isso faz com que eles sejam muito abertos à imigração”, explicou. Quanto à diversidade, Paula relembrou que o Canadá foi o primeiro país a estabelecer um ato oficial de multiculturalidade, tendo um dia oficial para celebrar isto.

Cinema IMAX, BlackBerry e lousa interativa começaram no Canadá

Ao longo da palestra, o empreendedorismo dos canadenses também foi destacado. “Muitas empresas tiveram início por lá, inclusive tecnologias como a lousa interativa, o formato de filme IMAX e o BlackBerry, este desenvolvido na Universidade de Waterloo”, argumentou Paula. Ela ressaltou ainda as áreas de destaque da região: negócios, administração, engenharia e tecnologia, TI, mídias digitais, ciências e biotecnologia. “O Canadá é um dos países que mais investe na educação superior. As instituições são muito valorizadas, e há muito destaque à pesquisa”, concluiu.

De acordo com Juliana Torres, há três maneiras de estudar e conseguir bolsas nas terras canadenses: através de cursos de idiomas, universidades e colleges, que oferece cursos semelhantes aos tecnólogos, com durações menores e foco no mercado de trabalho. As bolsas de estudo são oferecidas pelas próprias universidades, por institutos de pesquisa ou pelo governo. Uma das mais abrangentes é a Emerging Leaders of the Americas Program (ELAP), oferecida pela mobilidade acadêmica da PUCRS através da Assessoria para Assuntos Internacionais e Interinstitucionais (AAII).

A International Week continua até o dia 29 de setembro e oferece diversas palestras sobre temas como carreira, negócios e cultura. Confira a programação completa aqui.