Com o tema Santidade e responsabilidade pública, o 2° Congresso Internacional de Teologia teve início nesta segunda-feira, 7 de outubro, no Auditório do prédio 9 da PUCRS (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre/RS). O evento, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUCRS, tem a proposta de promover uma reflexão teológico-pastoral sobre a vivência da santidade no espaço público da sociedade contemporânea, iluminada pela Exortação Gaudete et exsultate, documento escrito pelo Papa Francisco. A programação segue até o dia 9 de outubro.
A abertura contou com a presença do cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu, doutor em Direito Canônico pela Academia Pontifícia Eclesiástica, nomeado prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, em 2018. O cardeal ministrou a conferência Gaudete et exsultate: uma resposta às aspirações humanas. O cardeal apontou que o tema Santidade e responsabilidade pública é um grande desafio atualmente. “Trabalhar isso dentro de uma Universidade demonstra amor e coragem”, afirmou. Em sua conferência, Giovanni Angelo Becciu ainda destacou a vivência eclesiástica. “A santidade não nos separa da vida humana, mas nos integra a ela para torná-la mais bonita por meio da luta pelo bem comum. A santidade está nos pequenos gestos do dia a dia”.
Em sua fala, o Ir. Evilázio Teixeira, reitor da Universidade, ressaltou o compromisso católico da PUCRS. “Uma universidade católica assume o compromisso com a formação ética e responsável. É uma satisfação e uma honra sermos espaço para reflexão sobre um tema que fala da responsabilidade pública do cristão”, afirmou.
Também estiveram presentes na abertura, compondo a na mesa principal, o arcebispo católico italiano e atual núncio apostólico no Brasil, Dom Giovanni d’Aniello, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e chanceler da PUCRS, Dom Jaime Spengler, o bispo auxiliar de Porto Alegre, Dom Leomar Brustolin, e o Decano da Escola de Humanidades, Draiton Gonzaga de Souza. No período manhã, as autoridades foram recepcionadas pelo reitor e pelo vice-reitor Jaderson Costa da Costa.
Com a presença de juristas, religiosos e acadêmicos, o Seminário sobre o acordo entre o Brasil e a Santa Sé tem como objetivo de refletir questões tributárias, serviços de saúde e educação, o reconhecimento do casamento religioso com efeito civil e da homologação do Estado, a índole própria do sacerdócio católico, do seu exercício e da vida religiosa consagrada. O evento ocorrerá nos dias 16 e 17 de outubro, no Auditório do Prédio 9 da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre). A programação completa pode ser conferida aqui. A inscrição é aberta ao público em geral, no valor de R$ 50,00. Alunos e Alumin PUCRS (diplomados) têm acesso a valor diferenciado. Todas as inscrições podem ser feitas no link, mediante preenchimento do formulário.
Confira os palestrantes:
Sobre o acordo entre o Brasil e a Santa Sé
Firmado em 2008, o acordo prevê o tratamento a ser dado às organizações eclesiásticas que, além dos seus fins religiosos, também têm objetivos de assistência e solidariedade social; ao patrimônio histórico, artístico e cultural da Igreja e aos lugares de culto. Prevê ainda a liberdade de prestar assistência religiosa e espiritual aos doentes ou pessoas privadas de liberdade e da educação religiosa nas escolas.
Há 50 anos, no mês de março de 1969, ingressava na PUCRS a primeira turma do então Instituto de Teologia e Ciências Religiosas. Na celebração do seu cinquentenário, agora integrada à Escola de Humanidades, a Teologia conta com cursos de Graduação e de Pós-Graduação, nos níveis de mestrado e doutorado, com mais de 1.000 egressos. Para marcar a data, foi organizada uma programação especial na manhã nesta terça-feira, 12 de março, com relatos de memória, conferência com o monsenhor Urbano Zilles, missa em ação de graças e almoço de confraternização, na Paróquia São Judas Tadeu, próxima ao Campus.
Com a presença do arcebispo emérito de Porto Alegre e ex-professor do curso de Teologia Dom Dadeus Grings e do arcebispo metropolitano de Porto Alegre e chanceler da PUCRS, Dom Jaime Spengler, além de alunos e do corpo docente, a abertura das atividades ocorreu no auditório do prédio 9. Na primeira apresentação, com o título Breve memória da história da Teologia na PUCRS, o professor Geraldo Borges Hackmann expôs a evolução do curso. Lembrou que os movimentos sociais de 1968 ao redor do mundo repercutiram na Igreja, motivando os bispos locais a retirarem a formação de sacerdotes do Seminário de Viamão (RS), trazendo para a Universidade, também aberta a leigos. “Os bispos assumiram o compromisso de enviar todos os seminaristas para a PUCRS”, destacou, realidade que se manteve até os anos 1980, quando começaram a surgir outras Faculdades no interior do Estado.
A Teologia da PUCRS foi pioneira no Brasil a ser visitada oficialmente pelo Ministério da Educação e a conquistar o reconhecimento de curso universitário, em 2002. O primeiro reconhecimento, por decreto presidencial, havia sido obtido em 1970. Neste mesmo ano, foi criada a Revista Teocomunicação, pelo Diretório Acadêmico da Teologia, mantida até os dias atuais, pelo curso. Entre os fatos históricos, em 1997, teve início o Mestrado em Teologia; em 2010 houve a afiliação à Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma; e, em 2016, começou o curso de Doutorado.
Monsenhor Urbano Zilles, conferencista do evento, integrou o corpo docente do curso, foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS e é professor emérito pela Universidade. Com o tema História da Teologia Cristã, ele resgatou aspectos como a origem do termo Teologia, afirmando que não é católico ou cristão, mas, sim, provém dos filósofos gregos para contrapor o discurso metafísico dos deuses. “Teologia tornou-se sinônimo de filosofia primeira, de metafísica”, afirmou. Na Idade Média, passou-se a falar da Teologia como explicação racional da fé. “Se a fé vem de ouvir a palavra de Deus, a Teologia Cristã está em sua base”, mencionou o monsenhor. “O mistério se reconhece, se aceita e se respeita. O mistério está em Deus. A fé, a esperança e o amor circulam nesse nível. Não requerem prova científica”, complementou.
De acordo com o professor emérito, no século 12, passou a se desenvolver a Teologia Crítica no ambiente das universidades, tratando dos grandes problemas da época. Foi considerada a “rainha das ciências”. Traçando um paralelo com os tempos atuais, Zilles disse que “a Teologia deve falar das coisas importantes para a nossa vida, dos fiéis, no dia a dia”. Ele acrescenta que o discurso acadêmico deve ser diferente do episcopado, e que “o teólogo deve buscar a plausabilidade racional”. Por fim, destacou que há espaço para uma pluralidade de teologias, e que esta ciência “tem uma missão linda de unir os cristãos para entender o que nos une”, concluiu.