Mestre pelo Programa de pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Escola de Humanidades, Marcelli Cipriani Rodrigues recebeu o prêmio de melhor dissertação do Brasil em concurso realizado pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpoc), que selecionou a melhor tese e dissertação em Ciências Sociais em 2020. Sob orientação do professor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, Marcelli estudou a relação entre o aumento dos homicídios em Porto Alegre e a queda desses crimes na Cadeia Pública da capital.
A dissertação intitulada Os coletivos criminais de Porto Alegre: entre a “paz” na prisão e a guerra na rua já havia sido premiada na etapa regional do concurso , em dezembro, representando o Sul e o Centro-Oeste. Posteriormente, foi escolhida por um júri internacional como a melhor dissertação do Brasil na área.
“O prêmio conquistado por Marcelli é consequência direta da excelência do trabalho da pesquisadora. Isso também evidencia a qualidade do trabalho desenvolvido pelo nosso PPG – representado aqui pelo professor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, orientador de Marcelli – na formação de mestres e doutores. Finalmente, cabe destacar que essa conquista é mais um indicador consistente da presença da PUCRS no âmbito da pós-graduação brasileira”, afirma o coordenador do PPGCS Rafael Madeira.
Movimentos de guerra e paz
Em sua pesquisa, Marcelli teve o objetivo de investigar a coexistência entre a progressiva redução dos índices de mortes, motins e rebeliões ocorridos na Cadeia Pública de Porto Alegre – a “pacificação” – e o considerável aumento de homicídios ocorridos nas ruas, durante o período que ficou conhecido como “a guerra das facções”. “Pude apurar que a guerra resultou de uma reordenação das dinâmicas do crime no município, que passou a se articular não meramente em grupos criminais, mas mobilizando suas ações, primordialmente, de duas formas: frentes de aliança compostas por vários grupos e redes de favores e serviços que marcam, por oposição, quem são os inimigos.
Com isso, os confrontos adquiriram outra dimensão, passando da escala micro local – enfrentamentos pontuais entre um e outro grupo – para outro nível, que agrega uma gama de aliados e inimigos. Além disso, como conta Marcelli, a guerra não estava associada, inicialmente, a disputas territoriais, mas à afirmação do poder e à necessidade de desqualificar os rivais, o que fez com que os homicídios adquirissem um caráter simbólico, tornando-se um meio de possível provocação ao rival.
“Apurei, também, que, para consolidarem-se nas ruas, os coletivos lançam mão do espaço prisional, onde grandes trocas comerciais são firmadas e alianças estratégicas são estabelecidas. Durante o conflito, esse recurso possibilitou a entrada de novos adeptos às organizações das facções fora da prisão, projetando essas alianças no território urbano”, explica Marcelli.
Entretanto, para assegurar a autonomia e o controle das galerias prisionais, os presos devem contribuir na manutenção do sistema em “paz”, além de serem incorporados em inúmeras funções e atividades necessárias à operacionalização cotidiana do presídio. Assim, a “pacificação” tornou-se vantajosa tanto aos grupos criminais quanto à administração: os primeiros se fortalecem e expandem cada vez mais suas alianças, enquanto a segunda assegura o funcionamento da prisão com tranquilidade, apesar do baixo investimento no sistema prisional e do índice galopante de aprisionamentos.
A mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Escola de Humanidades Marcelli Cipriani Rodrigues conquistou o prêmio de melhor dissertação das regiões Sul/Centro-Oeste/DF no Concurso Brasileiro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) de melhor Tese e Dissertação em Ciências Sociais 2020. A dissertação, defendida no PPGCS em 2019, intitula-se Os coletivos criminais de Porto Alegre entre a “paz” na prisão e a guerra na rua e foi orientada pelo professor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo.
A ANPOCS é a principal associação acadêmica da área das Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia e Ciência Política) no Brasil. Após ter sido escolhida como a melhor dissertação em Ciências Sociais das regiões Sul/Centro-Oeste/DF, o trabalho de Marcelli competirá com as melhores dissertações das regiões Norte/Nordeste e Sudeste pelo prêmio de melhor dissertação em âmbito nacional (prêmio a ser definido por um júri internacional), que será divulgado no mês de março de 2021.
A dissertação de Marcelli aborda uma análise entre o crescente número de homicídios em alguns bairros de Porto Alegre e a queda destes crimes dentro da Cadeia Pública da capital. Analisando o universo social da prisão, bem como o cenário de alguns dos bairros do município, buscou-se compreender o caldo de relações sociais que possibilitou a coexistência entre um processo de “pacificação” da prisão e a recente emergência de um ciclo de mortes do lado de fora de suas muralhas – investigando, nesse interim, a presença da violência como recursivamente reproduzida nas ações de integrantes de agrupamentos.
A egressa do PPGCS realizou entrevistas com um conjunto de atores sociais: presos, policiais, atores do sistema de justiça, adolescentes cumprindo medida socioeducativa em meio fechado e aberto e moradores de regiões de periferias. Ainda, utilizou dados advindos da observação de bocas de venda de drogas e de grupos online de moradores de bairros com forte presença de coletivos criminais, da sistematização de conversas informais e da análise documental.
“Vencer essa premiação é uma satisfação muito grande e que representa não só o reconhecimento do meu trabalho, mas também da excelência do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS, cujo papel na minha qualificação como socióloga e pesquisadora foi imprescindível”, conclui Marcelli.
Em cada canteiro de obra, um elevado volume de resíduos é gerado. E se esses detritos fossem reaproveitados, com a potencial reutilização em concretos ou argamassas? Esse é o conceito da pesquisa coordenada pelo professor da Faculdade de Engenharia da PUCRS, Jairo Andrade. A proposta do estudo visa minimizar o descarte inadequado desses produtos, além de tentar agregar valor aos mesmos. A pesquisa já foi publicada na revista científica internacional Construction and Building Materials.
Segundo o professor, devido à normalização técnica, tal material ainda não pode ser utilizado como elemento estrutural para a construção de prédios, mas sim em outras aplicações não estruturais, como: meios-fios, vergas e contra vergas e blocos para pavimentação. “Estamos verificando a potencialidade de uso em argamassas de revestimento, conhecido como reboco”, explica.
O estudo já está em testes na Universidade, sendo dissertação de mestrado defendida recentemente pelo engenheiro civil, Sérgio Roberto da Silva no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais (PGETEMA) da PUCRS. Apesar de várias de pesquisas sendo desenvolvidas em relação ao reaproveitamento dos resíduos de obra, o professor alerta que ainda há muito por se fazer. “Existem vários aspectos que têm que ser estudados antes de saber até que ponto o material pode ser efetivamente empregado, como o comportamento do mesmo ao longo do tempo e as suas possíveis interações ambientais, até porque se trata de um resíduo”, comenta.