Estamos no dia 15 de outubro, período em que costuma mobilizar diferentes frentes no reconhecimento e valorização de uma profissão que contribui com tantas outras: Dia das Professoras e Professores.
Em 1994 a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) versou sobre o Estatuto dos Professores e reconheceu o dia 5 de outubro como Dia Mundial dos Professores. Já, no Brasil, o dia 15 de outubro está relacionado às decisões tomadas desde o período Imperial com a criação do Ensino Elementar por D. Pedro I.
A pandemia de coronavírus veio reforçar os desafios enfrentados na constituição de milhares de docentes do país. Evidencia-se que as discussões sobre as incertezas e o destino da educação tornaram-se presentes nas diferentes regiões. No entanto, cabe destacar alguns aspectos que nos aproximam e nos distanciam em nossa própria profissão.
As condições do trabalho docente estão relacionadas com os fatores paradigmáticos, históricos, políticos, socioculturais e econômicos que envolvem a educação. Ou seja, se associam às concepções sobre o papel, valor e função da profissão às políticas públicas da educação, infraestrutura das instituições, formação, salários, gestão escolar, esferas pública e privada, modalidades de ensino, gênero, classe, identidades e questões socioafetivas.
Tanto tem se falado sobre o Burnout (FREUNDENBERG, 1974), a exaustão física e emocional, incentivando o debate sobre a saúde mental e o adoecimento de milhares de profissionais. Nesse sentido, é possível destacar o fenômeno do “mal-estar docente” cada vez mais presente no país e em seus diferentes contextos.
O “mal-estar docente” tornou-se objeto de estudo entre as décadas de 70 e 80 no Brasil. A natureza de seus fatores e indicadores fazem da temática uma questão complexa, das quais diferentes áreas podem contribuir com a reflexão sobre suas causas e possibilidades de enfrentamento. No entanto, é primordial a escuta e reconhecimento da pessoa-docente pela sociedade. Afinal, tratam-se de vidas, trajetórias, lutas, resistências e escolhas diárias que traçam como é ser, estar e tornar-se docente no Brasil.
As pesquisas realizadas pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação, Fernanda Silva do Nascimento, sob orientação da Dra. Bettina Steren dos Santos e parceria com o Grupo de pesquisa Promot (PUCRS) apontam que determinadas concepções de educação e das ciências têm reunido os aspectos afetivos, emocionais e psicológicos às questões cognitivas e sócio-históricas mostrando a necessidade de superar o pensamento disjuntivo e fragmentado por ideias mais abrangentes e dialógicas.
Os principais resultados apontam que o fenômeno do mal-estar docente está presente em escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul, assim como foram identificados elementos que contribuem com a promoção do bem-estar docente.
Observou-se que há uma correlação entre as esferas no que tange: a sobrecarga de trabalho, a percepção de desvalorização da profissão por parte da sociedade e os desafios relacionados às exigências e excesso de dedicação. Ademais, verificou-se que as relações interpessoais negativas, autoritárias e abusivas em certas instituições e os conflitos ideológicos contribuem com o desenvolvimento do mal-estar docente. Já os baixos salários, apontados com frequência, fazem com que docentes busquem mais de uma escola para trabalhar a fim de complementar suas rendas resultando em sobrecarga e estafa profissional.
Alguns desafios foram potencializados tendo em vista o ensino remoto emergencial: dificuldades no uso das tecnologias digitais, falta de recursos para melhor acessibilidade de docentes e estudantes e as incertezas e inseguranças geradas pelos altos índices de mortalidade, riscos de contaminação, precarização do trabalho, desigualdade econômica-social, negacionismo e medidas adotadas pelo atual governo do país.
As principais estratégias empregadas para enfrentamento pelos profissionais envolveram: o autoconhecimento (autoconceito, autoimagem, autoestima, imagem profissional), uso de recursos financeiros próprios ou familiares, exploração de metodologias de ensino criativas, formação continuada, parceria entre colegas de trabalho e apoio de profissionais da área médica e psicológica.
Enfatiza-se que o corpo docente deve ser escutado para que se possa compreender suas reais necessidades, os projetos pedagógicos e investigativos precisam ser construídos com a colaboração da comunidade educativa que somos convidadas a construir legitimando as propostas pedagógicas das instituições e reduzindo o distanciamento entre o que se diz, se inscreve nos textos normativos e o que se faz em nossa sociedade.
Além disso, o bem-estar docente se destacou orientado pela satisfação e valorização profissional, motivação e autorrealização. Não envolve somente às questões de saúde mental e deixa em evidência a necessidade de investimento das diferentes frentes e a relevância dos aspectos da resiliência, formação permanente, afetividade (do afetar-se), trabalho colaborativo e reconhecimento das iniciativas e instituições que contribuem com a promoção do bem-estar. Ainda que se considere seus traços subjetivos, se exibe o caráter político e a importância das relações dialógicas e coletivas em assegurar os direitos do professorado. O que temos feito?
Estamos diante de uma situação que envolve uma mudança de cultura, que implica o envolvimento de toda a sociedade para poder transformar a Educação e consequentemente a qualidade de vida dos cidadãos, milhares de professoras e professores.
Ma. Fernanda Silva do Nascimento (Doutoranda em Educação) e a Dra. Bettina Steren dos Santos.
2020 é um ano de muitos desafios para todos. Para os educadores, os impactos foram muitos. Foi preciso se reinventar da noite para o dia, aprender o uso de novas ferramentas, manter a conexão com os estudantes e a qualidade da aprendizagem mesmo com as aulas remotas. Para marcar o Dia do Educador, comemorado em 15 de outubro, a universidade promoveu um encontro online.
No canal do YouTube da PUCRS, o reitor, Irmão Evilázio Teixeira, fez um resgate das conquistas que, mesmo em tempos difíceis, só foram possíveis graças a professores, pesquisadores, técnicos-administrativos e estagiários que fazem a educação possível todos os dias. Colaboradores que estão trabalhando presencialmente no Campus acompanharam o momento por meio de telas distribuídas em diferentes áreas.
“Fomos capazes de reorganizar nosso modo de trabalho, o jeito de dar aulas, de fazer pesquisa em tempo recorde. Como fruto de todos os esforços empreendidos não apenas pela gestão, mas por cada um de vocês ao se readaptarem e encontrarem formas criativas para a solução de problemas e enfrentar com coragem fatores externos que não dominamos, retomamos um bom nível de estabilidade. Chegarmos bem até aqui por si só já é motivo de darmos graças. Recebam o meu agradecimento e desejo de que permaneçamos firmes e engajados nessa nobre causa que é a educação universitária”, destacou.
Entre as conquistas de 2020 o reitor citou, além da ágil e eficiente adaptação do presencial ao online nas aulas e da adaptação ao home office, a conclusão da Fase 2 do InsCer, o lançamento de um novo curso de graduação e um Centro de Pesquisa em Ciências de Dados e Inteligência Artificial, o reposicionamento do Hospital São Lucas que também está fazendo parte do estudo da vacina Sinovac, o desenvolvimento de testes diagnóstico da Covid, a fabricação de milhares de máscaras protetivas entregues a centenas de instituições e, mais recentemente, a idealização de um projeto que vai mudar o cenário do combate à fome em Porto Alegre com a distribuição de alimentos por supermercados e restaurantes. “A solidariedade também floresce em tempos difíceis, assim como a criatividade e a inovação”, ressaltou.
Após um momento de silêncio em homenagem à memória do professor Emílio Jeckel, que contribuiu com a PUCRS por mais de 30 anos em diversas áreas e projetos, o reitor destacou que o trabalho na educação exige dedicação, afeto e perseverança.
“A educação é feita através de pessoas e não através de métodos. Os métodos ajudam, mas não são tudo. A educação é essencialmente relação. De todos os lados as instituições humanas se abalam e se transformam. Transforma-se a família, transforma-se a vida econômica, transforma-se a vida industrial, a Igreja, o Estado. Transformam-se todas as instituições, as mais rígidas, as mais sólidas e de todas as transformações chegam um eco e uma exigência: a universidade tem que dar ouvidos a todos e a todos servir. Será o teste de sua flexibilidade, da inteligência de sua organização e da inteligência dos seus servidores, que transformando a si mesmos, são capazes de transformar a universidade”, destacou.
O Pe. Gustavo Haas, capelão da PUCRS, fez uma oração aos educadores e propôs que todos possam olhar para o futuro com esperança. No encerramento, o Coral da PUCRS entoou a canção “Com que Roupa?”, de Noel Rosa.
A gravação, para quem não conseguiu acompanhar simultaneamente, está disponível neste link.
Até o final deste mês, o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCT) realiza o Outubro Genial. São várias ações educativas, com diversas datas e horários, para cientistas de todas as idades. As vagas são limitadas e pagas, com exceção do museu itinerante, que é gratuito.
Entre as atividades, está a Uma Noite no Museu, na qual as crianças desvendam mistérios.
Os participantes também poderão conferir curiosidades científicas nos Minutos da Ciência: Ciência? E eu com isso? e trilhar os caminhos da evolução passando pelas exposições A Viagem do Beagle até Marcas da Evolução. Além disso, ocorrerão encontros com pesquisadores internacionais no Connecting Museums (UK-BR) sobre liderança, inovação e educação em museus de ciências.
O MCT funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e sábados e domingos, das 10h às 18h. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected]. Mais informações pelo telefone (51) 3320-3697.
Uma Noite no Museu faz parte do Maristas em Rede
Para marcar essa data e deixar um legado à sociedade, foi lançado o projeto Maristas em Rede, que propõe a realização de 200 ações para comemorar o bicentenário. Irmãos, profissionais, estudantes, famílias e sociedade estão engajados na realização de ações sociais que estejam relacionadas aos seguintes eixos: educação, cidadania, direitos humanos, arte e cultura, esporte, espiritualidade, sustentabilidade e inovação. Todas as iniciativas a comunidade está convidada a contribuir, seja como voluntária ou com sugestões. Basta acessar o site e participar dessa corrente do bem.
Até o dia 27, o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCT) realiza o Outubro Genial. Durante o mês, acontecerão diversas ações educativas para comemorar datas especiais, como: Dia da Criança, Dia do Professor e Dia C da Ciência. Com diversas datas e horários, as atividades são para cientistas de todas as idades. As vagas são limitadas e pagas, com exceção do museu itinerante, que é gratuito. Entre as ações, está o Espaço Jovem Cientista, que propicia a alunos do Ensino Fundamental e Médio uma oportunidade para expor as suas pesquisas, e Uma Noite no Museu, uma atividade na qual as crianças desvendam mistérios. Os participantes também poderão conferir curiosidades científicas nos Minutos da Ciência: Ciência? E eu com isso? e trilhar os caminhos da evolução passando pelas exposições A Viagem do Beagle até Marcas da Evolução. Além disso, ocorrerão encontros com pesquisadores internacionais no Connecting Museums (UK-BR) sobre liderança, inovação e educação em museus de ciências. O Museu de Ciências e Tecnologia fica localizado na Avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre e funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e sábados e domingos, das 10h às 18h. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected]. Outras informações pelo telefone (51) 3320-3697.