A segunda etapa da 30ª edição do Porto Alegre em Cena – Festival Internacional de Artes Cênicas começa dia 13 de março com o espetáculo O Circo Preto da República Bantu e encerra no dia 24 com o espetáculo <Tx[@]be/t_a | |=* Txabeta. A programação completa contempla sete espetáculos nacionais e internacionais. Além disso, conta com uma ampla programação paralela, com programa educativo, pontos de encontro para trocas de saberes, mostras de filmes e muito mais. O festival é financiado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura/Ministério da Cultura e da Prefeitura de Porto Alegre. A PUCRS assina a correalização do evento, que tem o patrocínio da Petrobras, BB Asset, Itaú e Zaffari.
Nesta etapa, o festival oferece três espetáculos brasileiros, são eles: Área Suspensa (RS), da Cia Municipal de Dança de Porto Alegre, trazendo uma cartografia dançada dos corpos que habitam Porto Alegre, com uma proposta de manifesto contra intolerâncias; Brenda Lee e o Palácio das Princesas (SP), dirigido por Zé Henrique de Paula, homenageando a ativista Brenda Lee e sua luta pelos direitos LGBTQIAP+ e O Avesso da Pele (SP), do Coletivo Ocutá, uma adaptação do livro homônimo de Jeferson Tenório que trata sobre o racismo estrutural brasileiro a partir de um recorte de Porto Alegre nos anos 80.
Quatro espetáculos internacionais compõem a programação: O Circo Preto da República Bantu (África do Sul), com direção e produção de Princess Rose Zinzi Mhlongo, expõe o violento legado dos zoológicos humanos. Fronte[i]ra Fracas[s]o (Brasil e Bolívia), da parceria entre os grupos Companhia Clowns de Shakespeare e Teatro de Los Andes, evidencia e entende as relações em territórios fronteiriços a partir de uma pesquisa na região em que Brasil e Bolívia se separam apenas por um rio. Un Buen Morir (Bolívia), do Teatro de Los Andes, mostra a intimidade de um café da manhã de um casal, mas não um café da manhã qualquer, nem um casal qualquer. <Tx[@]be/t_a||=* / Txabeta (Cabo Verde), da House of Onix, traz uma viagem alucinante através da sabedoria ancestral do Batuku, gênero de música e dança tradicional cabo-verdiana.
“O conceito curatorial proposto em 2022 segue atual e potente: seremos um Porto Provocação, um Porto Palco que coloca em cena o que fomos e somos, e o que podemos ser. Abertos para balanço, atentos ao que vem.”, conta a equipe de direção artística, composta por Adriane Azevedo, Adriane Mottola, Airton Tomazzoni, Antônio Grassi, Juliano Barros, Renato Mendonça, Ricardo Barberena e Thiago Pirajira, se referindo a diversidade de espetáculos estrangeiros e nacionais que compõe a agenda de apresentações.
Os ingressos variam entre R$ 5,00 e R$ 60,00 e parte da bilheteria dos espetáculos contará com entradas gratuitas, destinados a grupos e coletivos de projetos sociais, culturais e educacionais.
“O Porto Alegre em Cena construiu passo a passo sua história com a cidade, trazendo os grupos mais relevantes da cena brasileira e mundial, mas também abrindo caminho para o novo, o diferente, o que desacomoda”, é grifado no site do festival. Para isso, será promovida uma sólida programação paralela aos espetáculos, como o Circuito Evoé, cortejo que homenageia Zé da Terreira e Zé Celso Martinez, dois expoentes do teatro; o programa educativo, com seminários, bate-papos, mostra de filmes e oficinas e, ainda, foi escolhido o Espaço Cultural 512 para ser o ponto de encontro oficial, onde ocorrerá uma programação “pensada para reunir o povo do festival e o público que o acompanha”, de acordo com Bebe Baumgarten, assessora de imprensa do POA em Cena.
Você pode acompanhar as informações sobre o evento no site ou pelas redes sociais do festival (Instagram e Facebook).
Em novembro é comemorado o mês da Consciência Negra no Brasil. O mês vai ao encontro da data, 20/11, escolhida para marcar a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, que se tornou símbolo popular da resistência negra. Além de ser um mês para refletir sobre a condição do negro e do racismo no Brasil, novembro também é um mês de celebrar a cultura afro-brasileira. Pensando nisso, separamos oito nomes de artistas negros para você conhecer, acompanhar e se inspirar.
O artista carioca nasceu no Duas Barras (RJ), em 12 de fevereiro de 1938. Cantor, compositor e escritor brasileiro, Martinho da Vila se dedica desde 1965 ao samba e atua há anos na Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. Lá, compôs grande parte dos sambas-enredo consagrados e colaborou para a criação de temas de inúmeros desfiles. Com mais de 50 anos dedicado à música e cultura brasileira, ele será homenageado pela PUCRS com Mérito Cultural 2023.
Principais trabalhos: na música, lançou seu primeiro disco Martinho da Vila em 1969. Ele coleciona outros discos de sucesso como Memórias de um sargento de milícias (1971), Canta, canta minha gente (1974), Rosa do povo (1976), O Pequeno Burguês – ao vivo (2008), Rio: Só vendo a vista (2020) e muito mais. Na literatura, já lançou mais de 20 livros, dos quais se destacam Joana e Joanes, um romance fluminense (1999), Ópera Negra (2001), e A rainha da bateria (2009).
Baiana nascida em Salvador em 1987, Luedji Gomes Santa Rita é cantora e compositora de MPB e Jazz. Filha de músico, a artista começou a escrever suas canções aos 17 anos, e na época já cantava informalmente em bares de Salvador. Suas músicas retratam o preconceito racial, feminismo, empoderamento feminino, especialmente da mulher negra. Em suas músicas, Luedji também canta sobre religiões de matriz africana, ervas e costumes brasileiros oriundo da cultura africana. Em 2023, foi uma das atrações musicais do Prêmio Sim à Igualdade Racial.
Principais trabalhos: Um Corpo no Mundo (2017) e Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água (2020) pelo qual Luedji Luna foi indicada ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.
O escritor alagoense foi vencedor do Prêmio Delfos de Literatura em 2019, com a obra TXOW. Lançado pela Editora da PUCRS, o livro é composto por quinze contos, que possuem inspiração no rap, na literatura brasileira e na fala cotidiana das ruas de Maceió. Ele também venceu o Prêmio Malê de Literatura, da Editora Malê, e foi finalista do Prêmio Oceanos de Literatura em 2021, organizado pelo Itaú Cultural. Além de escritor, Lucas é realizador cinematográfico e produtor cultural, estuda Jornalismo na Universidade Federal do Alagoas e integra os coletivos Mirante Cineclube e Pernoite.
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Alcione Dias Nazareth é cantora, compositora e multi-instrumentista. Ao longo de sua trajetória artística, lançou mais de 30 álbuns de estúdio e nove ao vivo. É a artista por trás dos sucessos Não Deixe o Samba Morrer e Você me Vira a Cabeça. Em 2021, ela recebeu o o Mérito Cultural da PUCRS. A cantora possui uma grande relação com o Carnaval, tendo fundado, em 1989, o Clube do Samba ao lado de grandes nomes como Dona Ivone Lara, Martinho da Vila e Clara Nunes. Além disso, se tornou membro destacado da Estação Primeira de Mangueira, fundou a Escola de samba mirim da Mangueira e é presidente de honra do Grêmio Recreativo Cultural Mangueira do Amanhã. Em 2024, ela será homenageada no samba enredo da escola.
Principais trabalhos: os álbuns A Voz do Samba (1975), Pra que chorar (1977), Alerta geral (1978), Da cor do Brasil (1982), Fogo da vida (1985), Fruto e raiz (1986), Nosso nome: Resistência (1987), Nos bares da vida (2000) e seu último lançamento, Tijolo por Tijolo (2020).
Falecido em 2009, Oliveira Ferreira da Silveira nasceu em Rosário do Sul em 1941. Em vida, foi um dos maiores intelectuais do Brasil, sendo um dos líderes da campanha pelo reconhecimento do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro. Poeta, escritor, e militante do movimento negro, Oliveira cursou Letras na UFRGS e foi na Universidade que começou a se entender enquanto homem negro. Com inspirações em Angela Davis, Martin Luther King, Louis Armstrong entre outros, suas obras buscavam refletir sobre a identidade afro-gaúcha.
Principais trabalhos: Geminou (1962), Poemas Regionais (1968), Banzo Saudade Negra (1970), Décima do Negro Peão (1974), Praça da Palavra (1970), Pelo Escuro (1977)
Ela é uma poetisa, jornalista, escritora, cantora e atriz brasileira, tendo sido vencedora de um Kikito no Festival de Cinema de Gramado pelo filme Por que Você Não Chora?. Em 1998, ela fundou a instituição socioeducativa Casa Poema, que utiliza a poesia falada para capacitar profissionais na sua capacidade de expressão e formação cidadã. Além disso, tem desenvolvido o projeto Palavra de Polícia, Outras Armas, junto à Organização Internacional do Trabalho, pelo qual ensina a arte da poesia falada a policiais, buscando alinhar esses profissionais aos princípios dos direitos humanos e transformar sua forma de operar em relação a questões de gênero e raça. Em 2006, ela recebeu a Ordem de Rio Branco no grau de Oficial suplementar por méritos como poetisa.
Principais trabalhos: possui os CDs de poesia O Semelhante, Euteamo e suas estreias, Notícias de Mim, Estação Trem – Música e Ô Danada. No cinema, atuou no filme Por que Você Não Chora?. Ela possui uma forte atuação alinhada aos direitos humanos em projetos educativos relacionados à arte da poesia falada.
Seu Jorge é o nome artístico de Jorge Mário da Silva, que é ator, cantor, compositor e multi-instrumentista. Ele já participou do programa No meu canto, da PUCRS Cultura. Seu trabalho mais recente é no ramo da atuação, interpretando o jornalista André no filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos. Ele foi vencedor dos prêmios Grammy Latino, MTV Video Music Brasil, Prêmio Multishow, Troféu Imprensa e Melhores do Ano. No cinema, protagonizou filmes de sucesso, como Cidade de Deus, Tropa de Elite 2 e The Life Aquatic. Já sua carreira musical destaca-se pelos sucessos Amiga da Minha Mulher, Mina do Condomínio, Burguesinha e Carolina.
Artista visual nascido em 1911 no Sergipe, Arthur Bispo do Rosário desenvolveu suas obras enquanto estava internado em uma instituição psiquiátrica. Em 1938, enquanto trabalhava como empregado doméstico, na casa do advogado Humberto Leone, afirmou ter uma revelação divina e, após perambular por dias, chegou ao Mosteiro de São Bento, no centro do Rio de Janeiro, encaminhado a um hospício. Sua arte foi construída de maneira improvisada: para os bordados, utilizava linhas azuis desfiadas dos velhos uniformes dos internos e para as demais realizações, eram usados objetos, como canecas, vassouras e garrafas e materiais como pedaços de madeira, arame, papel e fios de varal.
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Gal Costa, ainda criança, aprendia a cantar escutando o retorno da própria voz numa panela. E foi com uma panela, posicionada ao lado do rosto, que Adriana Calcanhotto subiu ao palco do Salão de Atos da PUCRS na última quinta-feira, 27 de abril, diante de um público de mais de mil pessoas. A artista entoava Recanto Escuro, música à qual pertence o verso que dá nome à turnê: coisas sagradas permanecem. “Noite de fortes emoções”, disse Adriana, que também afirmou que Porto Alegre foi escolhida de propósito para a realização da estreia nacional: “Porque é a minha terra”.
O último show de Gal Costa na capital gaúcha (As várias pontas de uma estrela) ocorreu também na PUCRS, em dezembro de 2021, encerrando um ciclo que, pela voz de Adriana, pôde ser retomado ainda uma vez, fazendo com que, em tempos diversos, ambas as artistas dividissem o mesmo palco.
O emocionante repertório do espetáculo atravessou diferentes momentos da carreira da homenageada, que faleceu em novembro do último ano. De Baby, canção de Caetano Veloso que jamais saiu dos shows de Gal, passando por Esquadros (de Adriana Calcanhotto) e indo até o bis com Noite de Domingo (de Michael Sullivan e Paulo Massadas) e Dê um rolê (de Moraes Moreira e Luiz Galvão), foram contemplados diversos outros compositores, como Roberto e Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Lupicínio Rodrigues, Mallu Magalhães e a própria Gal Costa – que, com Gil e Caetano, compôs Quando. A presença da artista baiana foi convocada por cada elemento do show, seja pelo cenário de Omar Salomão, que fez de seus icônicos lábios vermelhos uma pétala de rosa, seja pelos músicos da banda, que tocaram com ela em seus trabalhos mais recentes: Limma nos teclados, Fabio Sá no baixo e Vitor Cabral na bateria e nas percussões.
Dando um tom intimista e afetivo ao espetáculo, Adriana Calcanhotto costurou as canções com histórias sobre a vida e a trajetória artística de Gal Costa. Falou, por exemplo, sobre Sim, foi você, música que Caetano ensinou para Gal na primeira vez em que se encontraram, em 1963, após descobrirem a adoração comum por João Gilberto.
Falou sobre Caras e Bocas, música com melodia de Caetano e letra de Bethânia, feita para a voz de Gal e falando sobre a voz de Gal. Além disso, trouxe relatos pessoais: “Quando ouvi Gal Costa cantando Lupicínio Rodrigues, mais especificamente Volta, no piano, nunca mais minha vida foi a mesma”, disse Adriana, antes de entoar a canção, também ao som do piano. Volta, vem viver outra vez ao meu lado, diz um verso da letra, uma entre as tantas canções do repertório que falam de saudade, numa noite em que a saudade de Gal Costa se fez tributo e oração, podendo ser cantada, compartilhada e profundamente sentida por cada uma das pessoas presentes.
Estirada em uma poltrona no centro do palco, Adriana cantou, brincando com as palavras: I am the laziest gal in town, […] é que eu sou a moça mais va-Gal. De momentos de langor até a euforia do rock and roll, que pôs em destaque a performance da banda, a artista gaúcha soube equilibrar a memória de Gal Costa com as marcas de seu próprio estilo. Surpreendeu com elementos originais, como ao tocar gaita de boca ao final de Negro Amor, mas também repetiu gestos da homenageada, como ao desabotoar a camisa em Dê um rolê, ecoando a ousadia de Gal em seu show O sorriso do Gato de Alice, de 1994.
Marcus Preto, que assina a direção do espetáculo junto de Adriana Calcanhotto, conta que a turnê nasceu a partir do desejo da equipe de Gal de homenageá-la, em um show com os mesmos músicos, a mesma iluminadora, o mesmo roadie: “E Gal amava Adriana”, afirmou, ao explicar, para além de outras afinidades artísticas, o porquê de ter pensado imediatamente na gaúcha para estar à frente do projeto. “Gal, eu te amo”, falou Adriana nos agradecimentos da noite de estreia, com a banda ainda tocando Bloco do prazer para um público arrebatado, que permaneceu de pé, cantando e dançando ao longo das canções finais e também do bis.
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Adriana Calcanhotto é compositora, cantora, escritora, ilustradora, professora e embaixadora da Universidade de Coimbra. Desde o início de sua trajetória como artista de palco e estúdio, demonstrou paixão pela palavra, pelos livros e pela poesia. Musicou alguns de seus poetas prediletos, fez parcerias com poetas contemporâneos, realizou saraus e performances.
Ganhou dois Grammy Latino e lançou algumas antologias de poesia para adultos e para crianças. Suas canções têm enorme apelo popular, tocam nas rádios do mundo todo e nas telenovelas brasileiras. Suas composições vêm sendo gravadas pelos maiores intérpretes da música popular brasileira.
A descoberta de pesquisadores da PUCRS liderados pelo professor da Escola de Humanidades, Ir. Edison Huttner, foi capa da primeira edição de 2023 da revista científica Visioni LatinoAmericare com sua pesquisa acerca do Manuscrito jesuíta de 1730, descoberto em 2017, na cidade de Panambi, no Rio Grande do Sul. O docente apresentou, em um dos periódicos mais importantes da Europa, suas recentes descobertas no Manuscrito – descrevendo a presença de conteúdos interdisciplinares, em versão bilíngue espanhol e latim – escrito por jesuítas e indígenas Guarani em papel fabricado em Gênova, na Itália.
O Manuscrito foi identificado quando Liane Janke, de Panambi, entrou em contato com Ir. Edison, relatando a existência da obra por herança familiar. Desde então, o docente e outros pesquisadores da PUCRS vêm realizando estudos para analisar o conteúdo e a estrutura física do Manuscrito. De acordo com o professor, a riqueza da obra está em suas temáticas agora explicadas e catalogadas, relatando em várias mãos a identidade de mais de 140 mil pessoas que viveram entre os séculos de XVII-XVIII nas 30 Reduções jesuítas da Província do Paraguai, cujas ruínas se encontram ainda hoje na Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
“Os jesuítas e indígenas tinham em mãos um Manuscrito com conhecimentos de teologia, de cultura geral, das missões dos jesuítas na China e Japão, sobre os santos católicos, de astronomia e signos do zodíaco. Além disso, foram identificados importantes estudos de astronomia elaborados por Buenaventura Suárez, o primeiro astrônomo nascido na América”, destacou Ir. Edison.
Por meados de 1607, no início da implementação das 30 Reduções, os ensinamentos eram transmitidos na catequese e nas escolas, por livros vindos da Europa. Conforme explica o pesquisador, a criação artesanal de manuscritos foi uma alternativa no aspecto pedagógico, proporcionando aprendizagem e incentivando a prática da caligrafia, assim como possibilitou a produção de temas variados em um só livro, em formato conceitual de manuscrito.
Desta forma, o Manuscrito se destaca por sua perspectiva didático-pedagógica e de transmissão de conhecimentos, destinado para os mestres jesuítas que utilizavam o conteúdo para sua formação teológica, de magistério e de estudos como astronomia para a localização da redução. Os indígenas também eram leitores nas escolas das missões em sua formação de cultura geral. As pesquisas, realizadas pelo grupo da PUCRS composto por Ir. Edison, Eder Abreu Hüttner, Fernanda Lima Andrade e Rogerio Mongelos, revelaram que a astronomia e os 12 signos do zodíaco chegaram nas escolas das Reduções para fazer parte do conhecimento e do cotidiano já naquele período.
Em outras páginas analisadas, foram encontradas a descrição do Reino do Japão e da China, citações sobre o cientista italiano Matteo Ricci e o jesuíta irlandês Richards Archdekin. Constam também estudos do famoso matemático e astrólogo alemão Cristovão Clávio, responsável por reformar o calendário gregoriano, ainda usado atualmente no mundo todo. Em outras partes do Manuscrito, também é citado Clemente XII, que foi Papa de 12 de julho de 1730 até 1740, demonstrando o conhecimento global que aquela população tinha na época e contexto.
“Outro elemento importante do Manuscrito é a boa caligrafia. Os jesuítas ensinaram caligrafia para os indígenas das missões, tendo em mãos alguns livros trazidos da Espanha. Com isso, o Manuscrito é legível em todas as páginas, escrito por várias mãos, essa confecção artesanal é resultado da prática da boa caligrafia aprendida nas escolas das missões. Modificando algumas percepções, os indígenas escreviam bem e a escrita se tornou arte no período das Reduções jesuítas”, conta Ir. Edison.
O pesquisador da PUCRS contextualiza que Buenaventura Suárez é responsável pelo primeiro telescópio construído em solo americano com materiais locais e com auxílio de indígenas missioneiros. Com os estudos em astronomia, tornou-se possível ter conhecimento sobre cada localização das Reduções no mapa, bem como ter ciência da localização de outras cidades famosas no mundo. Graças a disseminação dos estudos do pioneiro Buenaventura Suárez, as 30 Reduções se situavam no tempo e espaço, além disso seus estudos foram referência para matemáticos e cartógrafos que projetaram os melhores mapas daquele período.
Na época de publicação do Manuscrito, Suárez era referência para matemáticos e cartógrafos que projetavam mapas precisos e confiáveis, assim como era o astrônomo de confiança para as 30 Reduções. Sua participação na obra corresponde a 128 páginas sobre astronomia nunca publicados antes, ou seja, uma prova verídica dos estudos de transferência de conhecimento de astronomia realizado por Buenaventura Suárez.
Com a análise dos pesquisadores da PUCRS, foi possível confirmar que as coordenadas presentes no Manuscrito foram utilizadas para o desenho dos primeiros mapas da região da época. Além disso, pela primeira vez na história, um manuscrito jesuíta apresenta símbolos da astrologia, como planetas e signos do horóscopo, graças aos estudos de Buenaventura Suárez, concluindo que indígenas e jesuítas das Reduções sabiam qual eram seus signos a partir de sua data de nascimento. Para Ir. Edison, estes conteúdos da Astronomia de Buenaventura Suárez alcançam uma nova visão de mundo daquele tempo, em plena ação e ideias de modernidade.
“Os estudos e a prática da astronomia presente no Manuscrito revelam a consciência de espacialidade missioneira presente nas Reduções. Foram revelados conhecimentos de arquitetura de construção de observatório astronômico, relógios solares, torres (campanários), assim como a construção de mapas cartográficos. Desta forma conseguimos concluir que indígenas e jesuítas se moviam pelas matas para estabelecer novas reduções unindo conhecimentos ancestrais com noções de astronomia”, explica o docente. Leia o artigo na íntegra
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As inscrições para o processo seletivo do tradicional Coral da PUCRS e para o novo Cora de Câmara da PUCRS estão abertas. Os/as interessados/as podem realizar a inscrição até o dia 21 de fevereiro. A participação em ambos os grupos é voluntária e gratuita. As audições ocorrem no 2º andar do Salão de Atos Ir. Norberto Rauch, na PUCRS, entre os dias 22 de fevereiro e 7 de março, conforme agendamento online.
As vagas para participar dos processos seletivos são abertas a pessoas internas e externas à Universidade, desde que sejam maiores de 18 anos, residentes em Porto Alegre ou Região Metropolitana e preencham os pré-requisitos especificados nos itens a seguir.
O Coral da PUCRS, atualmente regido pelo maestro Marcio Buzatto, é um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul. Com 67 anos de história, foi e ainda é protagonista de shows, musicais, óperas, oratórios e concertos sinfônicos, com destaque para sua participação no show dos Rolling Stones em 2016. Possui um repertório diversificado em estilos, línguas e períodos da história, tendo como base a música de concerto. Saiba mais aqui.
A audição para o Coral da PUCRS consiste em uma entrevista de aproximadamente 20 minutos sobre a experiência vocal de cada candidato, com realização de exercícios vocais para verificação de extensão e a tessitura vocal, assim como afinação, ritmo, volume, timbre e musicalidade.
O Coro de Câmara da PUCRS, que também será regido pelo maestro do Coral da PUCRS, Marcio Buzatto, é um grupo novo e pequeno, voltado para a prática do solfejo e da leitura musical em coro. Quem fizer parte deste grupo participará automaticamente do Coral da PUCRS como parte do trabalho. Além da leitura musical, será realizado repertório com foco na música erudita ocidental.
A audição consiste em uma entrevista de aproximadamente 20 minutos. Cada candidato precisa trazer seu diapasão pessoal (diapasão de garfo em lá) para pegar o tom sozinho e fazer a leitura à primeira vista de 3 solfejos simples, cada um com 4 compassos. Também serão propostos exercícios vocais para verificar extensão e tessitura vocal, assim como musicalidade.
O festival internacional de artes cênicas Porto Alegre em Cena encerrou, na última semana, a primeira etapa da sua 29ª edição, que começou no dia 1º de dezembro e contou com um total de 15 espetáculos em diferentes locais da cidade. Em março de 2023, será realizada a segunda etapa da programação.
O evento teve realização da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em parceria com a PUCRS e o Pacto Alegre, e a presente edição do festival ganhou Direção Artística compartilhada. A equipe é composta por artistas, jornalistas, professores e gestores, responsáveis pela curadoria e montagem da programação: Adriane Azevedo, Adriane Mottola, Airton Tomazzoni, Antônio Grassi, Juliano Barros, Renato Mendonça, Ricardo Barberena e Thiago Pirajira. A produtora encarregada da 29ª edição, selecionada via edital, é a Voz Cultural.
Além do apoio institucional ao Porto Alegre em Cena, a PUCRS recebeu três apresentações no campus: as peças Sísifo e Embarque Imediato, no Salão de Atos Irmão Norberto Rauch, além de um recital de violoncelo e piano, na Igreja Universitária Cristo Mestre.
Sísifo, monólogo de Gregório Duvivier, cativou as 1600 pessoas que lotaram o espaço. Por meio da recriação do famoso mito grego do homem que, como castigo divino, carrega uma pedra todos os dias até o topo de uma montanha, o texto traça um paralelo com a contemporaneidade. Utilizando-se de sátiras e recursos metalinguísticos, aproxima o mito à vida cotidiana do século XXI, apresentando questões existenciais que acabam se tornando pedras a serem carregadas ao longo da vida. Ao final da peça, Gregório ressaltou a importância de festivais como o Porto Alegre em Cena, prestes a completar três décadas, apesar das adversidades – tendo atravessado, inclusive, a pandemia de Covid-19, que restringiu e alterou as formas possíveis de fazer teatro.
Embarque Imediato, que reuniu no palco Antônio e Rocco Pitanga, propôs discussões e perspectivas geracionais sobre o racismo. A abordagem do tema foi realizada a partir do embate de ideias entre dois personagens que se encontram em uma sala de aeroporto: um senhor africano impedido de viajar e um jovem doutorando negro brasileiro, que perdeu seus documentos a caminho da Alemanha para defender uma pesquisa sobre Brecht. O incômodo sonoro que ambienta a peça transmite o conflito entre a suposta evolução da discussão racial no mundo e a permanente violência contra pessoas negras. Ao fim do espetáculo, os atores conversaram com o público sobre os atravessamentos de suas vidas pessoais na construção e idealização da peça.
Por fim, o recital que juntou o violoncelista francês Romain Garioud e a pianista brasileira Liliana Michelsen levou o público da Igreja Universitária Cristo Mestre a uma viagem sentimental por obras clássicas, de músicos como Fauré e Villa Lobos. A apresentação alternou entre solos de violoncelo e piano e composições que contemplam os dois instrumentos. O evento, que ocorreu no dia 7 de dezembro, marcou o encerramento da primeira etapa do festival.
A segunda parte da 29ª edição do Porto Alegre em Cena já está em construção: será realizada de forma presencial na Semana de Porto Alegre, entre os dias 16 e 26 de março. Para além das atrações convidadas para o festival, estão abertas inscrições para espetáculos e grupos gaúchos que queiram integrar a programação. O processo seletivo será julgado pela Direção Artística no período de 10 a 20 de janeiro de 2023, com divulgação dos resultados no dia 24 de janeiro. Para saber mais, clique aqui.
Com um carisma sem igual, o pernambucano Alceu Valença subiu ao palco do Salão de Atos Ir. Norberto Rauch nesta quinta-feira, dia 18 de novembro, para apresentar o show Anunciação – Tu vens, eu já escuto os teus sinais e receber o Mérito Cultural PUCRS em 2022, honraria que simboliza o reconhecimento da instituição a uma personalidade do meio artístico.
O prêmio foi entregue pelo reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, que não poupou palavras para descrever a importância da obra de Alceu para a cultura brasileira e para o contexto da música mundial. Neste mesmo dia, o artista também foi homenageado com o Grammy de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, com o disco Senhora Estrada, lançado em 2021, durante a pandemia de Covid-19.
A apresentação histórica contou com muito xote, baião e histórias sobre a vida do cantor e a origem de cada canção. Do sertão ao litoral, da folia ao pop, Alceu apresentou grandes sucessos, como Belle de Jour, Girassol, Cavalo de Pau, Como Dois Animais, o hino Anunciação e Morena Tropicana, que encerrou a apresentação com o público efervescido.
“Alceu Valença é um artista com 50 anos de carreira e que consegue transformar o cotidiano em poesia. Somente um apaixonado transforma o ordinário em poesia extraordinária, somente um artista pleno de inspiração enxerga os sinais através das brumas que fazem emergir sensações de felicidade, anunciando que a vida precisa de beleza”, disse Ir. Evilázio durante a entrega da honraria.
O evento, que faz parte das celebrações de Aniversário da PUCRS, trouxe para Porto Alegre um panorama das diversas vertentes de sua obra. O artista aliou temas de sua autoria a clássicos de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, cantando ao lado de Leo Lira (guitarra), Tovinho (teclados), André Julião (sanfona), Nando Barreto (baixo) e Cassio Cunha (bateria).
De acordo com o diretor do Instituto de Cultura, professor Ricardo Barberena, a homenagem a Alceu Valença compõe uma galeria de notáveis da Cultura Brasileira, considerados verdadeiros mestres pela nossa Universidade.
“Ontem a gente teve uma verdadeira aula sobre a música e a cultura nordestina, de um grande artista brasileiro. Foi um momento de celebração de uma Universidade que fez questão de colocar a cultura em seu cerne. Um polo cultural não é apenas feito de grandes eventos, mas tem o objetivo também de ser formador de melhores cidadãos, de promover educação e arte como meios de aprendizagem sobre a vida, a história, sensibilização, de garantir uma formação para a empatia”, destaca Barberena.
Júlia Medeiros cresceu ouvindo o avô cantar os sucessos de Alceu Valença. O gosto pela obra do artista se intensificou quando, aos oito anos, ela precisou se despedir do avô. A partir deste dia, a música do pernambucano passou a ser um elo de conexão entre a jovem de 26 anos e a memória do avô.
“O Alceu é meu ídolo e desde pequena eu coleciono show e vinis. Meu avô cantava Anunciação pra mim e me ensinou a admirar o Alceu como artista. Agora, ele é como um ponto de contato meu com meu avô. Hoje, inclusive, seria aniversário dele e esse show é o melhor presente que eu poderia ter”, conta emocionada.
Apenas nesse ano, Júlia já assistiu a três shows do músico, tem todos os discos lançados e coleciona shows desde os 12 anos. “Ele é uma pessoa que eu admiro muito na educação, na saúde, nas opiniões e na música. É definitivamente muito importante pra mim”.
Alceu Valença nasceu em São Bento do Una, interior de Pernambuco, em 1946. Formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, surgiu como expoente da geração da música nordestina nos anos 70 e foi um dos primeiros a promover a união do som do agreste nordestino com a guitarra elétrica. Com Geraldo Azevedo, em 1972, lançou o disco Quadrafônico.
Iniciou sua carreira solo em 1974 com o disco Molhado no Suor e já lançou mais de 30 álbuns. Em 2014, dirigiu o filme musical Luneta do Tempo, que ganhou prêmios de trilha sonora e direção de arte no 42º Festival de Cinema de Gramado. Em 2021, lançou seu último álbum, intitulado Saudade.
A honraria Mérito Cultural PUCRS simboliza o reconhecimento institucional de uma personalidade do meio cultural. A pessoa homenageada é alguém que tenha transformado a sua vida artística numa trajetória de defesa da cultura enquanto instrumento de humanização e educação.
Com entrega anual, o Mérito Cultural PUCRS integra o Estatuto e Regimento Geral da Universidade e está inserido nas diversas ações que buscam transformar a Instituição em um polo cultural. Nos últimos quatro anos, homenageou a atriz Fernanda Montenegro que apresentou a leitura dramática Nelson Rodrigues por ele mesmo e a cantora Maria Bethânia que, na ocasião, apresentou seu espetáculo Claros Breus, ambas cerimônias aconteceram no Salão de Atos Ir. Norberto Rauch.
Em 2020, Lima Duarte foi homenageado em cerimônia online, na qual relembrou sua história e fez a leitura de excertos de João Guimarães Rosa e Padre Antônio Vieira. Em 2021, Alcione recebeu o reconhecimento em cerimônia transmitida ao vivo pelo YouTube em que relembrou momentos marcantes de sua carreira artística.
Prestes a completar 30 anos de existência, o Porto Alegre em Cena assume a vocação da cidade que o sedia. Em sua 29ª edição, que terá parte da programação em dezembro de 2022 e parte em março de 2023, o festival se assume porto de troca. Será palco do que vai e do que vem, de novidades e de memórias compartilhadas. Em cena, corpos, conflitos, estéticas, paixões, espaços, gentes. Observatório e espelho. Empatia humana, alumbramento estético e sentido político, tudo no mesmo porto. Porto Alegre e o Mundo em Cena.
Passadas as águas turbulentas da pandemia, o festival respira renovado. Nesse novo horizonte, desponta fortalecendo as artes cênicas, propondo inclusão, diversidade, espetáculos descentralizados e arte nas ruas. Numa realização da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em parceria com a PUCRS e o Pacto Alegre, esta edição, produzida em tempo recorde, ganhou direção artística compartilhada para pensar o Em Cena daqui para a frente. Integram a equipe artistas, jornalistas, professores, gestores, que estão responsáveis pela curadoria e montagem da programação: Adriane Azevedo, Adriane Mottola, Airton Tomazzoni, Antônio Grassi, Juliano Barros, Renato Mendonça, Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, e Thiago Pirajira.
“Tomamos a ideia de porto como um entre-lugar, onde novas histórias começam e terminam, contraem e se dilatam, nascem e morrem, pulsam. Nesse sentido, o Porto Alegre em Cena, nesta edição que inaugura uma formação coletiva em sua direção artística, amplia os traços que compõem sua narrativa, fortalecendo a potência plural e diversa que todo e qualquer festival pode e deve oferecer”, afirma Thiago Pirajira, em nome da equipe curadora. O futuro aponta para diversos olhares, enfoques, pautas, discussões, reflexão e transformação.
Em evento de lançamento realizado na manhã do dia 8/11, o professor Ricardo Barberena ressaltou a aproximação entre cultura e educação. “Existe uma frase guia para o Instituto de Cultura da PUCRS, que foi proferida pela Fernanda Montenegro quando entregamos o Mérito Cultural. Ela disse que cultura é educação. Nos últimos cinco anos, realizamos mais de 100 eventos culturais, e agora recebemos, dentro dessa parceria, o grande Porto Alegre em Cena. Queremos celebrar a educação e a cultura, e essa união que é fundamental como instrumento de empatia e sensibilização”.
Na grade de programação desta primeira etapa, em dezembro, estão os espetáculos Palácio do fim, da Cia. Incomode-te; Sambaracotu, do Canoas Coletivo de dança; Maria, seus filhos e suas filhas, espetáculo de rua do grupo Levanta Favela; Terra Adorada, criado a partir da pesquisa de Ana Luiza da Silva; Sísifo, de Gregório Duvivier e Vinícius Calderoni; Ilha, do Coletivo Grupelho; Atravessamentos, do Circo Híbrido; Restinga Crew, com apresentação de rua na orla do Guaíba; Novos velhos corpos 50 + de um grupo de bailarinos de Porto Alegre; Embarque imediato, comemorando os 80 anos de Antônio Pitanga, numa montagem de Márcio Meirelles; Medeia, um solo de Tânia Farias, do Ói Nós Aqui Traveiz; Ítaca – Nossa Odisseia I, um espetáculo híbrido de Christiane Jatahy, em vídeo, na Cinemateca Capitólio; a apresentação da Cia Municipal de Dança de Porto Alegre e, por fim, o Recital de violoncelo e piano com Romain Garioud e Liliana Michelsen, que une Brasil e França numa noite de música erudita, na Igreja Universitária Cristo Mestre, no Campus PUCRS.
As produções englobam as áreas propostas pela equipe curadora e incluem teatro de sala, teatro de rua, dança, circo, performance de rua, música, em linguagens híbridas e temas que conversam com os anseios da sociedade. Como já é tradição, o Em Cena promoverá atividades formativas oferecendo oficinas e workshops com artistas, coletivos e arte-educadores, bem como atividades de rua e descentralizadas. Essas atividades serão divididas entre a primeira etapa, em dezembro de 2022 e a segunda etapa, em março de 2023, durante as comemorações da Semana de Porto Alegre. Também está previsto um grande encontro de realizadores e incentivadores de festivais cênicos nacionais e internacionais, intitulado Beijo de Língua, numa referência ao recorte geográfico dos países de língua portuguesa. E ainda, para celebrar este novo momento, o Em Cena terá o tradicional Ponto de Encontro, sediado no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, onde artistas e público se reunirão para ampliar as histórias, as emoções e a vivência potente de um festival de teatro em nossa cidade.
O Porto Alegre em Cena tem o afeto dos gaúchos e visitantes desde os anos 90, quando se iniciou. Muitos carregam em suas memórias as aberturas das bilheterias do festival e suas filas culturais e festivas, a cidade repleta de luzes e cores, as salas lotadas, a rua pulsando. Em quase três décadas, o festival que começou tímido, tateando os espaços, mas já com uma programação apontando para o futuro, consolidou-se e abriu caminhos inimagináveis. Trouxe a Porto Alegre espetáculos de Peter Brook, Ariane Mnouchkine, Pina Bausch, Berliner Ensemble, Eimuntas Nekrosius, Patrice Chereau, Sankai Juku, Marianne Faithfull, Philip Glass, Goran Bregovic, Bob Wilson, entre tantas outras produções internacionais de peso.
Apresentou ao longo de sua existência as grandes companhias brasileiras, como o Teatro Oficina, a Armazém Companhia de Teatro, Grupo Galpão, Cia de Dança de São Paulo, importantes companhias vizinhas dos países do Prata, novidades cênicas dos quatro cantos do Brasil. O festival foi impulsionador da efervescência nas artes cênicas locais, movimentando a produção das artes na cidade e no Brasil, promovendo debates, conversas, trocas de saberes. Fomentou a produção local em premiações, oficinas, intercâmbios. Hoje, o Porto Alegre em Cena segue seu caminho, fortalecido e plural, desdobrando-se excepcionalmente em dois momentos distintos, encerrando 2022 e abrindo 2023 em grande estilo.
A Voz Cultural é a produtora responsável pela 29ª edição. A empresa foi selecionada em edital promovido pela Prefeitura em julho deste ano e foi homologada em agosto. Os responsáveis técnicos da empresa, os gestores culturais Vítor Ortiz e Denise Viana Pereira assinam a coordenação geral do festival.
19h – Palácio do fim – Sala Álvaro Moreyra
21h – Sambaracotu – Teatro Renascença
18h – Maria, seus filhos, suas filhas – Espetáculo de Rua – Esquina Democrática
19h – Terra Adorada – Sala Álvaro Moreyra
21h – Sísifo – Salão de Atos da PUCRS
18h – Ilha – Pedro Alvim – IAPI
19h – Sobrevivo – Sala Álvaro Moreyra
21h – Atravessamentos – Teatro Renascença
19h – Restinga Crew – Apresentação de dança – Orla do Guaíba, na pista de skate
19h – Novos velhos corpos – Sala Álvaro Moreyra
19h – Embarque imediato – Salão de Atos da PUCRS
20h – Medeia / solo de Tânia Farias – Terreira da Tribo
16h e 20h – Ítaca – Nossa Odisseia I – Cinemateca Capitólio
20h – Cia Municipal de Dança – Teatro Renascença
20h – Recital de violoncelo e piano com Romain Garioud e Liliana Michelsen – Igreja Universitária Cristo Mestre – Campus PUCRS
De 1 a 7 de dezembro de 2022 (primeira etapa)
Teatro, dança, circo, música, performances e espetáculos de rua
Direção artística: Adriane Azevedo, Adriane Mottola, Airton Tomazzoni, Antônio Grassi, Juliano Barros, Renato Mendonça, Ricardo Barberena e Thiago Pirajira
Coordenação geral: Vítor Ortiz, Denise Viana Pereira e Michel Flores
Produção: Adriane Azevedo e Bruno Mros
Comunicação: Bebê Baumgarten, Aline Gonçalves, Luiza Rabello, Cláudia Rodrigues
Equipe de produção da SMC: José Miguel Ramos Sisto Junior, Claudia Pinto Alves, Ilza Maria Praxedes do Canto, Breno Ketzer Saul, Rosangela Broch Veiga e Adriana Mentz Martins
Hospedagem oficial: Rede Master Hotéis
Apoio: TVE e FM Cultura 107,7
Patrocínio: Zaffari e Panvel
O Porto Alegre em Cena é uma realização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – SMCEC, PUCRS e PACTO ALEGRE
Poetas são reconhecidos como artistas escritores, que utilizam sua criatividade, imaginação e sensibilidade para escrever, em versos, aquilo que aborda o cotidiano, a vida urbana, o amor, a solidão, as relações humanas e assuntos do momento. No Brasil, o mês de outubro celebra estes profissionais com o Dia do Poeta (20 de outubro) e com o Dia Nacional da Poesia (31 de outubro). Em Porto Alegre, neste mês também acontece a tradicional Feira do Livro da cidade, já em sua 68ª edição.
Na PUCRS, pesquisadores e professores do Programa de Pós-Graduação em Letras e do Curso de Escrita Criativa se dedicam ao gênero lírico da literatura, como o pesquisador da Escola de Humanidades Altair Teixeira Martins. O docente é autor dos livros Labirinto com linha de pesca (Diadorim, 2021) e A paisagem presa na coleira (Patuá, será publicado em 2023), além de ter publicado diversos contos, romances e peças de teatro, como o espetáculo Hospital-Bazar, em cartaz nos dias 19, 20 e 21 de novembro no Teatro Bruno Kiefer, com o apoio do Instituto de Cultura da PUCRS.
Martins coordena o Grupo de Pesquisa “Intersemioses criativas”, onde são exploradas as possibilidades de criação entre a Literatura e as outras artes, combinando campos semânticos distintos. Os alunos e pesquisadores desenvolvem projetos que buscam leitura e compreensão dos diversos campos artísticos, a fim de fomentar a criação literária.
De acordo com o professor, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Hilda Hilst, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Manuel Bandeira e Murilo Mendes foram as vozes poéticas do período áureo da lírica brasileira nos anos de 1950. Para Martins, foram eles os que melhor conjugaram a alternância de tom e de silêncio tão caras à poesia. Além disso, foram capazes de converter, no verso, a interpretação de seus tempos – o que, convenhamos, é uma bela forma de contemporaneidade.
1) As impurezas do branco, por Carlos Drummond de Andrade
Publicado pela primeira vez em 1973, As impurezas do branco é um livro singular na vasta e aclamada carreira do autor mineiro. O poeta se mostra atento aos acontecimentos do seu tempo, observando, com ironia e até alguma malandragem carioca, o cotidiano do Brasil e do mundo. Grandes notícias, fait divers, o verão na Cidade Maravilhosa, papel da publicidade em nossas decisões – nada escapa ao olhar crítico do autor.
2) Poemas esparsos, por Vinícius de Moraes
O livro apresenta uma longa e minuciosa pesquisa em livros, jornais, revistas, arquivos e manuscritos que revelam esboços, exercícios, textos inacabados ou recusados pelo autor. No final, o leitor encontrará também, agrupados na seção “Arquivo”, um estudo do percurso poético de Vinicius de Moraes assinado por Ferreira Gullar, crônicas de Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade que festejam e recordam o amigo, bem como um longo depoimento, inédito em livro, de Caetano Veloso.
3) Viagem, por Cecília Meireles
O livro é composto por 99 poemas, sendo que 13 deles são epigramas (poema curto originário da Antiguidade Clássica, e caracterizado por ser mordaz, picante ou satírico). Os temas tratados nos poemas são o amor, a felicidade, a morte, e o próprio fazer poético.
Além destes autores, o professor também indica os livros “Cantares do sem nome e das partidas”, da Hilda Hilst; “Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima; “Estrela da vida inteira”, do Manuel Bandeira e “Janela do caos”, de Murilo Mendes.
O espetáculo Hospital-Bazar esteve em cartaz entre 8 e 12 de outubro, no Teatro Bruno Kiefer, na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre. O texto foi assinado pelo pesquisador Martins e contou com direção de Isaque Conceição. As próximas datas em cartaz são nos dias 19, 20 e 21 de novembro. A primeira edição recebeu o reconhecimento de Melhor Texto Original, Ator Coadjuvante (o professor Altair Martins) e Trilha Sonora Original no 16º Festival de Teatro da Região Carbonífera (FestCarbo).
Hospital-Bazar propõe uma visão crítica acerca do desmanche da educação pública e da conversão da saúde em mercadoria. A partir de um projeto distópico, salas de aula deficitárias são realojadas em hospitais lucrativos. Se uma Professora-Mestra, que se mantém lecionando sozinha, torna-se o bastião da resistência, o Interventor e o Desmontador, em nome da Higiene, precisam desmontá-la. Todos os recursos mais sórdidos são disponibilizados para que a professora se renda e a escola, à força, se transforme num hospital: acusações falsas, chantagem emocional, assédio, machismo e manipulação da justiça e do próprio sistema educacional.
Que universo se esconde por trás de um nariz de palhaço? O que é necessário para dar vida a ele, a menor máscara do mundo? Quem tem respostas para essas perguntas é Gabriella Argento, convidada da PUCRS Cultura para dois eventos: a apresentação aberta ao público e gratuita de um solo cômico nomeado Insolação e o Workshop Degustação – O palhaço de cada um.
Nascida em Santos e radicada em São Paulo, Gabriella tem formação em Teatro e se dedica às artes cênicas e à palhaçaria. Com sua personagem, a palhaça Du’Porto, ela percorreu uma trajetória diversa: passou pelos palcos, tendo atuado com importantes grupos de teatro, como o Jogando no Quintal; por corredores de hospitais, com organizações como Doutores da Alegria; por salas de aula, ministrando oficinas de palhaço e até mesmo em cruzeiros turísticos.
Em meio a tudo isso, para coroar sua carreira, veio a conquista de se tornar a primeira palhaça brasileira a entrar para o elenco do Cirque du Soleil. Hoje, Gabriella atua como atriz, palhaça, palestrante e professora. Seu maior foco é entender a profundidade e a filosofia por trás do nariz de palhaço, a menor máscara do mundo.
No dia 25 de agosto, às 20h, no Teatro da PUCRS (prédio 40), ocorre a apresentação do solo cômico Insolação, seguido de um bate-papo entre Gabriella e o escritor e jornalista Fred Linardi, autor do livro Onze Estreias –obra que fala sobre a trajetória da artista e que será lançada nessa mesma noite. A conversa será mediada por Gisela Rodriguez, escritora e doutoranda em Escrita Criativa da PUCRS. O evento acontece no Teatro da PUCRS – Prédio 40, com entrada gratuita, mediante retirada de ingresso no Ateliê PUCRS Cultura (Prédio 30, Escola Politécnica) entre os dias 22 e 24 de agosto, das 12h às 17h, ou na bilheteria do Teatro a partir das 18h, no dia do evento. A distribuição é limitada a 2 ingressos por pessoa.
Em Insolação, Gabriella Argento retorna aos palcos na pele da palhaça Du’Porto para dividir com o público poesia, música, cenas, impressões do mundo e das pessoas, além de causos da sua trajetória e dos bastidores do maior circo do mundo. A história de vida da atriz e as reflexões acerca da arte circense e da palhaçaria também são o enfoque do livro Onze Estreias, de Fred Linardi. Mesclando o método da investigação íntima com a prosa literária, a narrativa mostra que o riso e o abismo são mais próximos do que se imagina. Gabriella e suas estreias, altos e baixos da bipolaridade, assim como a solitude circense, ajudam a entender o lado mais humano de alguém que vive em busca da risada alheia.
Já nos dias 26 e 27 de agosto, das 14h às 18h, Gabriella ministra o Workshop Degustação – O palhaço de cada um, no Ateliê PUCRS Cultura, localizado no térreo do prédio 30. Ao longo de dois encontros, os participantes serão apresentados ao universo do palhaço e ao trabalho interno necessário para dar vida à menor máscara do mundo: o nariz de palhaço. Por meio de exercícios práticos e lúdicos, a atividade abordará questões como o autoconhecimento, a aceitação de si e do outro, a empatia e a quebra de paradigmas sociais, percebendo o brincar como meio de redescobrir o prazer de ser quem se é.
Nos dias da oficina, os alunos devem levar toalha de rosto e vestir roupas confortáveis, sem estampa e preferencialmente de cores neutras: branco, preto, cinza ou bege. Haverá tolerância máxima de 15 minutos de atraso para acesso às aulas. Para participar, é necessário ter, no mínimo, 18 anos – compre seu ingresso por meio do link.