Visita do Cônsul do Paraguai, reitoria

Foto: Bruno Todeschini

A PUCRS recebeu na tarde desta terça-feira, dia 19 de junho, o cônsul-geral do Paraguai em Porto Alegre, embaixador José Martínez Lezcano. À frente do Consulado desde 2017, Lezcano foi recebido no Salão Nobre da Reitoria pelo reitor Ir. Evilázio Teixeira. A autoridade paraguaia destacou o interesse de aproximação com o Estado do Rio Grande do Sul, especialmente em movimentos ligados à Educação Superior via mobilidade acadêmica entre universitários dos dois países.

Durante a visita, Teixeira falou sobre sua recente participação na 3ª Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres 2018), onde diversas autoridades da América Latina se reuniram em Córdoba, na Argentina. De acordo com o reitor, as temáticas apresentadas na ocasião reforçaram a necessidade de cooperação urgente e emergente entre os países latino-americanos. Além disso, reafirmou o desejo de aproximação com países da América Latina, buscando união e soluções conjuntas.

Foto: Flavia Polo

Foto: Flavia Polo

Além da recepção no Salão Nobre, o embaixador também visitou o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, onde conheceu a estrutura e as pesquisas desenvolvidas no local, incluindo o Centro de Produção de Radiofármacos, onde viu de perto a produção de substâncias utilizadas nos exames de imagem feitos no próprio InsCer. Lezcano foi recebido pela enfermeira e supervisora administrativa e assistencial do Instituto, Cristina Friedrich.

O encontro na Reitoria também contou com a presença da assessora-chefe da Assessoria de Cooperação Internacional, Heloísa Orsi Koch Delgado, e do chefe do gabinete da Reitoria, Alexander Goulart.

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, CRES,Maria Inês Côrte Vitória

Professora Maria Inês Côrte Vitória
Foto: Bruno Todeschini

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc teve nesta quinta-feira, 10 de maio, seu encerramento. O painel intitulado Propostas para a Educação Superior no marco dos 100 anos da reforma universitária de Córdoba foi apresentado pelos professores Maria Inês Côrte Vitória, gestora de avaliação da Assessoria de Planejamento e Avaliação (Asplan), e Alexandre Anselmo Guilherme, da Escola de Humanidades, com mediação da professora Adriana Kampff, diretora de Graduação. Ocorrida no 6º andar da Biblioteca Central Ir. José Otão, a atividade contou com a presença do reitor, Ir. Evilázio Teixeira, e do professor da Universidade Santiago de Compostela, Miguel Zabalza, que preside a Associação Ibero-americana de Docência Universitária e, no próximo mês de outubro, será contemplado com o título de Doutor Honoris Causa pela PUCRS.

No primeiro momento do evento, a professora Maria Inês apresentou uma síntese retrospectiva dos 100 anos de reforma universitária de Córdoba. O objetivo foi expor elementos que contribuíssem na elaboração de propostas e reflexões, valorizando o legado de educadores, cientistas e investigadores dedicados ao tema. Na reconstrução histórica, a docente destacou as “ideias-força” do reformismo universitário de 1918, sintetizadas em duas dimensões, Programática e Utópica. A primeira, trazia o princípio de participação estudantil, em paridade com a docente, nas decisões das universidades, bem como e autonomia dessas instituições como forma de soberania. Também incluía o aprofundamento da democratização, com uma reforma pedagógica, tendo o estudante no centro das iniciativas. Já na dimensão utópica, o desejo dos estudantes de mudar a sociedade ficou latente na valorização do latino-americanismo e anti-imperialismo, juvenilismo e velha geração. Na avaliação da docente, a dimensão Programática acabou sendo a mais presente ao longo do tempo.

A Educação Superior na AL dos anos 1960 aos anos 2000

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, CRES

Professor Alexandre Anselmo
Foto: Bruno Todeschini

Seguindo uma linha do tempo, Maria Inês apresentou os ideais que movimentaram os anos 1960 e 1970, as contradições entre expectativas e realidade de mudança frente aos EUA e Europa, e recordou autores como Darcy Ribeiro, no Brasil, e Risieri Frondizi, na Argentina, que refletiram sobre o legado reformista. Graficamente, a professora ilustrou com fotos das revoltas universitárias de 1968, na França e no Brasil, a forma de expressão dos estudantes naquele contexto.

Nas décadas de 1980 e 1990, com as novas problemáticas, categorias e atores no cenário latino-americano, houve a recuperação do debate sobre a universidade num formato diferente das décadas anteriores. Crises política e econômica, transição democrática, globalização e diminuição da força do ambiente acadêmico como espaço laboral concentraram as discussões nas Cres, alinhadas com órgãos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento. A Cres de Havana (Cuba), em 1996, trouxe novas perspectivas e mostrou desigualdades e carências da Educação Superior, a aumento dos estabelecimentos privados e do ensino a distância, bem como os desafios do novo contexto mundial.

Nos anos 1990, novos marcos legais, fundos de financiamento e o estreitamento da relação entre as Instituições de Ensino Superior o mercado produtivo mostraram um novo ambiente, também mais exigente à academia.  Na primeira década do século 21, houve o esgotamento do modelo neoliberal e o neo-intervencionismo estatal, mais pessoas ingressaram no Ensino Superior e, também, ocorreu a ampliação do movimento de internacionalização e de regionalização, voltando o olhar do continente para o continente. Também foram citadas as restrições financeiras e a ampliação de mecanismos de avaliação. No manifesto da Cres de 2008, em Cartagena das Índias (Colômbia), destacaram-se tópicos como a Educação Superior como direito humano e bem público social, além do debate universidade, democratização e inclusão educativa. Tratou-se, ainda, da revisão de políticas de ciência e tecnologia latino-americanas.

Propostas para Córdoba 2018   

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, CRES, Miguel Zabalza

Professor Miguel Zabalza
Foto: Bruno Todeschini

O professor Alexandre Anselmo, em sua intervenção, contextualizou as demandas e proposições do ano de 1918, manifestadas pelos estudantes na Conferência de Córdoba, avaliando que muitos dos aspectos se mantém atuais, como a importância da qualidade na relação docente-discente como forma de permanência do aluno; a coerência entre ensino e aplicação do saber; e a assistência social aos universitários, bem como autonomia das instituições.

O docente da Escola de Humanidades criou uma síntese com propostas a partir da fala dos onze painelistas nos seis encontros anteriores do Ciclo Preparatório, conforme segue:

1º Eixo – Desafios da Educação Superior

– Compromisso com a qualidade do Ensino Superior, combinando a missão institucional com as necessidades demandadas pela sociedade.
– Articulação da Educação Superior com a Educação Básica.

2º eixo – Desafios sociais

– Enfatizar o compromisso com a questão social, colocando o conhecimento a serviço da comunidade.
– Promover conhecimentos, visando resolver problemas relacionados ao desenvolvimento humano como a equidade nas dimensões social, econômica e científica e cultural.

3º eixo – Diversidade cultural e multicultural

– Desenvolver projetos educativos para incluir e aceitar as diferenças e a diversidade.
– Desenvolver projetos educativos visando educar para o mundo globalizado e preparar para interagir com a América Latina.

4º eixo – Tecnologia e Inovação

– Visar à integração universidade – sociedade – empresa.
– Desenvolver projetos educativos para a nova sociedade na nova economia.

5º eixo – Desenvolvimento Sustentável

– Desenvolver programas educativos voltados à sustentabilidade ambiental para professores, estudantes de graduação e de pós-graduação.
– Desenvolver projetos de pesquisa com foco no desenvolvimento sustentável com impacto local e regional (e global).

6º eixo – Internacionalização

– Enfatizar a importância da Internacionalização em Casa (IaH) e da Internacionalização do Currículo (IoC), visando a uma internacionalização completa da Universidade.
– Desenvolver projetos e conhecimentos conectados ao cidadão global, preparando-o para a nova sociedade e economia.

Uma análise de internacional

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, CRES

Ir. Evilázio Teixeira
Foto: Bruno Todeschini

Ao final das apresentações, o professor Miguel Zabalza foi convidado a fazer uma manifestação. Em sua fala, lamentou a redução do ambiente universitário como espaço de pensar, educar e investigar, enquadrando-se na lógica dos governos, que muitas vezes desvalorizam os pesquisadores e suas biografias. “Um investigador, hoje, somente é visto a partir dos conceitos que lhe são atribuídos pelas agências de fomento, independentemente de suas contribuições acadêmicas”, criticou. Em seu país de origem, a Espanha, disse que há um “stand by” emocional, no qual a universidade não é vista como um ambiente de alegria e entusiasmo, não sendo mais possível desfrutar o ato de ser professor. “Um dos trabalhos que temos pela frente é o de recuperar a alegria e a emoção dos professores. A universidade precisa retomar sua importância para a sociedade”, enfatizou Zabalza, repercutindo o sentimento de quem tem uma atuação voltada à formação de professores.

No desfecho das atividades, o Ir. Evilázio Teixeira pontuou que “o Cres é um posicionamento relevante do continente latino-americano frente ao cenário internacional que se apresenta”. Ainda complementou que existem aproximações importantes das IES locais com a Europa e os EUA, mas é preciso ampliar o relacionamento com os países da região (América Latina). Por fim, disse que “precisamos retomar os conceitos fundantes de uma universidade, como  comunidade e espaço de seres aprendentes”.

Sobre o Cres

O Ciclo Preparatório PUCRS ao Cres configurou-se num espaço de reflexão na comunidade acadêmica, entre novembro de 2017 e maio de 2018, abordando os temas centrais da Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc de 2018. O evento será realizado na Cidade de Córdoba, Argentina, em junho de 2018, a partir do qual serão levadas contribuições à Conferência Mundial de Educação Superior, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), prevista para 2019, em Paris (França). A comissão organizadora do Cres, agora, irá elaborar uma carta manifesto com as contribuições e reflexões da PUCRS sobre a Educação Superior.

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, CRES, Marília Morosini

Foto: Bruno Todeschini

O tema Ensino Superior, internacionalização e a integração regional pautou o sexto encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc de 2018, realizado no dia 26 de abril, no 6º andar da Biblioteca Central. A apresentação foi desenvolvida pelas O painel foi apresentado pelas professoras Marília Morosini, coordenadora do Centro de Estudos em Educação Superior (CEES/PUCRS), e Heloisa Delgado, assessora-chefe da Assessoria para Assuntos Internacionais e Interinstitucionais (AAII), com mediação da professora Magda Cunha, coordenadora de Pesquisa da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos.

Na abertura do evento, a professora Marília expôs uma panorâmica da internacionalização do Ensino Superior ao redor do mundo, com foco especialmente na América Latina. Trouxe dados sobre a evolução de jovens matriculados e comparativos com outros continentes. No caso do Brasil, mostrou que deficiências no Ensino Médio barram o avanço do Ensino Superior, algo que não ocorre em outras nações latino-americanas. Citando a edição anterior do Cres, promovida no ano de 2008, na cidade de Cartagena das Índias (Colômbia), afirmou, com base no documento final daquele evento, que é preciso fortalecer a cooperação da América Latina e do Caribe com as outras regiões do Mundo, particularmente a cooperação Sul-Sul e, dentro desta, com os países africanos. “A internacionalização na América Latina e Caribe está baseada no princípio de cooperação solidária e partilha do conhecimento, para fortalecer as capacidades científicas e tecnológicas locais”, frisou a docente. “Na medida em que nos fortaleçamos com os conhecimentos do Global Norte (Hemisfério Norte), podemos nos tornar um hub (ponto de conexão) com as redes em nosso continente”, completou.

Integração regional e internacionalização at home

Atualmente, com base em informações do Banco Mundial e da Unesco Iesalc compiladas pelo Centro de Estudos em Educação Superior da PUCRS (Cees), foi realizado um mapeamento dos estudantes internacionais pelo mundo. Mesmo sendo vista como uma questão fundamental ao desenvolvimento acadêmico, de acordo com o estudo, apenas 5,6% dos universitários no mundo usufruem da possibilidade de mobilidade. Porém, “na sociedade do conhecimento, a internacionalização é fator importante nos rankings e avaliações realizadas pelos governos” lembrou a professora.

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, CRES, Heloísa Delgado

Foto: Bruno Todeschini

A Europa e os Estados Unidos permanecem como os principais destinos dos estudantes, mas o cenário mudou nos anos 2000, incluindo países como Austrália, China e Índia entre as preferências. A América Latina, porém, tem participação muito pequena nesse cenário. A professora também destacou um movimento surgido na União Europeia: a internacionalização at home (em casa), na qual o universitário passa a ter experiências como ensino a distância ou o currículo torna-se mais internacional. O estudo online e de bibliografias além das fronteiras é fundamental nesse contexto, segundo Marília Morosini. De acordo com a painelista, os aspectos global, regional, institucional, além da interculturalidade, devem ser bem observados pelas IES ao promoverem a internacionalização. Para o caso das latino-americanas, reforçou a necessidade de as universidades serem abertas a essa possibilidade, de se estabelecer conexão por redes e de ampliar a integração regional.

O avanço da internacionalização

Durante sua explanação, a professora Heloísa salientou aspectos como o aumento da mobilidade acadêmica nos últimos anos, com diferentes formas de internacionalização, conforme dados da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). No entanto, há necessidade de se aprimorar essa iniciativa. Entre os pontos de sua fala, frisou que grande parte dos universitários, ao conquistarem seus diplomas, não tem preparo para o mercado global. Essa carência, que afeta o mundo corporativo, é detectada também em países desenvolvidos. As organizações necessitam, cada vez mais, de cidadãos adaptados a diferentes realidades, tolerantes e com habilidades mistas, características normalmente desenvolvidas com experiências internacionais.

Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, CRES, Heloísa Delgado, Magda Cunha, Marília Morosini

Foto: Bruno Todeschini

A professora pontuou sobre entraves em políticas públicas que acabam dificultando a expansão desse movimento. Para ela, é necessário que sem ampliem possibilidades durante a Graduação e que as lideranças se sensibilizem para essa necessidade. Numa abordagem local, destacando o Campus da Universidade, defendeu que essa cultura de internacionalizar o Ensino Superior esteja presente em todos os espaços. “Se quisermos nos internacionalizar, isso deve ser feito de forma horizontal, em todo o Campus, para todos os níveis de trabalhadores”, asseverou. Ao final das apresentações a mediadora, professora Magda Cunha, convidou a plateia a contribuir. Professores e pesquisadores trouxeram experiências pessoais e profissionais, reiterando a riqueza dessas vivências para alunos e suas repercussões no desenvolvimento econômico, científico e tecnológico.

Ensino Superior na América Latina e Caribe

43% dos jovens entre 18 e 24 anos têm acesso à Educação Superior
10 mil instituições de Ensino Superior
20 milhões de alunos estão matriculados

Outros continentes e territórios
América do Norte: 77% dos jovens entre 18 e 24 anos têm acesso à Educação Superior
Europa Central e Leste: 69% dos jovens entre 18 e 24 anos têm acesso à Educação Superior

Sobre o Cres

O Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 é um espaço de reflexão na comunidade acadêmica da Universidade que aborda os temas centrais da Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc de 2018. O evento será realizado na Cidade de Córdoba, Argentina, em junho de 2018, visando a Conferência Mundial de Educação Superior que acontecerá no ano de 2019, em Paris (Unesco).

Em sete encontros, os temas são discutidos por integrantes da comunidade acadêmica e, ao final do Ciclo Preparatório, será elaborada uma carta manifesto com as contribuições e reflexões da PUCRS sobre a Educação Superior.

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Professora Betina Blochtein – Foto: Camila Cunha

O mais recente encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc de 2018 teve como tema A Educação Superior no desenvolvimento sustentável. Ocorrido no dia 12 de abril, no 6º andar da Biblioteca Central, o evento teve como painelistas os professores Betina Blochtein, diretora do Instituto do Meio Ambiente (IMA), e Júlio César Bicca-Marques, da Escola de Ciências, com mediação da Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Carla Bonan.

Conceito de desenvolvimento sustentável

Primeira a se apresentar, a professora Betina expôs uma breve linha do tempo do conceito de desenvolvimento sustentável e as iniciativas promovidas com a chancela da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1972, em Estocolmo (Suécia), a Assembleia Geral criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. No ano de 1987, o relatório Nosso futuro comum, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, trouxe a definição “o desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. No ano de 1992, a conferência Eco 92, ocorrida no Brasil, com 179 países representados, consolidou o compromisso público internacional com diversas formas de respeito ao meio ambiente e aos recursos naturais.

Engajamento da PUCRS

No ano de 2005, teve início a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, criando datas como o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho. A PUCRS, além de ter esse tema presente em sua Visão de Futuro, mantém o Instituto do Meio Ambiente (IMA) e do Comitê de Gestão Ambiental (CGA). Ambos desenvolvem atividades de formação, assessoria e conscientização, voltadas a estudantes, professores, técnicos administrativos e lideranças. Eventos, exposições e capacitações têm ocorrido frequentemente, a fim de manter a questão ambiental em evidência e partilhar conhecimento. Betina também apresentou um vídeo sobre o Centro de Preservação e Conservação da Natureza – Pró-Mata, área de 3,1 mil hectares no município de São Francisco de Paula (RS). O projeto, com o apoio da Universidade de Tübingen (Alemanha) e da empresa Stihl, foi inaugurado em 1996. A enumerar as ações da PUCRS, a professora destacou que “as universidades devem funcionar como catalizadoras do desenvolvimento sustentável”.

Desenvolvimento sustentável x sustentabilidade ambiental

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Professor Júlio César Bicca-Marques – Foto: Camila Cunha

A exposição do professor Bicca-Marques foi aberta com a afirmação de que “todas as profissões têm um papel importantíssimo em trabalhar em prol do desenvolvimento sustentável e da preservação da natureza como um todo”, alertou. Com isso, procurou comprometer a todos sobre o assunto, especialmente em sala de aula e nos hábitos cotidianos. Na sequência, esclareceu à plateia algumas diferenças filosóficas. “Embora a expressão desenvolvimento sustentável seja predominante, ela remete à uma visão antropocêntrica e utilitária”, ressaltou, valorizando sobretudo o ser humano. Em contrapartida, o conceito de sustentabilidade ambiental, “está relacionado ao valor intrínseco da biodiversidade, é uma visão biocêntrica”, ou seja, na qual todas as formas de vida são respeitadas.

Carta Encíclica Laudato Si’

Grande parte das citações da palestra tiveram como base a Carta Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, da qual Bicca-Marques extraiu diversas citações alinhadas à sustentabilidade. A explanação apresentou uma série de slides com as manifestações do Sumo Pontífice, como o item 159, no qual Francisco afirma que “a noção de bem comum engloba também as gerações futuras. Já não se pode falar de desenvolvimento sustentável sem uma solidariedade intergeracional. Se a terra nos é dada, não podemos pensar apenas a partir dum critério utilitarista de eficiência e produtividade para lucro individual. É um empréstimo que cada geração recebe e deve transmitir à geração seguinte”.

O professor também apresentou as raízes psico-comportamentais da crise da biodiversidade na qual vivemos, as quais ilustrou com uma pandorga (pipa), que permanece subindo. São elas: o individualismo – com pessoas pensando sobretudo em si; o sentimento de insignificância – perante os 7,3 bilhões de habitantes do Planeta; a desconexão com a natureza – olhando-a de forma utilitária; e a adaptabilidade – tolerância crescente e inerte às situações negativas. Como antídoto, ele propôs “a sensibilização e o amor pelo exemplo, pois não adianta sabermos, temos que sensibilizar as pessoas à nossa volta, para que protejam o que conhecem e amam”, defendeu. Por fim, destacou seu lema em sala de aula “pense localmente, mas aja”, para que o saber se transforme em atitudes.

Próximo encontro

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Pró-Reitora Carla Bonan foi a mediadora – Foto: Camila Cunha

No dia 26 de abril, ocorre próximo encontro na PUCRS, que terá o tema Educação Superior, internacionalização e integração regional. O painel será apresentado pelas professoras Heloisa Delgado, assessora-chefe da Assessoria para Assuntos Internacionais e Interinstitucionais (AAII), e Marília Morosini, coordenadora do Centro de Estudos em Educação Superior (CEES/PUCRS), com mediação da professora Magda Cunha, coordenadora de Pesquisa da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. A programação completa do ciclo pode ser acessada neste link. Já os textos relacionados aos encontros na Universidade podem ser consultados pelo Portal PUCRS.

Sobre o Ciclo Preparatório

O Ciclo Preparatório PUCRS conta com sete encontros, que se configuram em um espaço de reflexão na comunidade acadêmica. Cada evento busca discutir algum dos temas centrais abordados pela CRES. Ao final da programação, será elaborada uma carta manifesto sobre a Educação Superior, com as contribuições e reflexões dos representantes da Universidade. A CRES será realizada em junho, na Cidade de Córdoba (Argentina), promovido pelo Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc-Unesco).

 

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Arquiteto Chefe do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da HP Brasil, Antônio Gomes,
Foto: Camila Cunha

A pesquisa científica, tecnológica e a inovação como motor do desenvolvimento humano, social e econômico. Este foi o tema debatido em mais um encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc de 2018. O evento ocorreu no dia 21 de março, no 6º andar da Biblioteca Central. Os painelistas foram o Arquiteto Chefe do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da HP Brasil, Antônio Gomes, e o Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Jorge Audy. O mediador foi o professor Éder Henriqson, Decano da Escola de Negócios da PUCRS.

Foco em experiências

O executivo da HP iniciou a palestra comparando as linhas de transmissão de dados de 20 anos atrás com as atuais. “Hoje em dia, muitos usuários tem a possibilidade de terem 200 megabytes, a um custo aceitável, para assistir filmes em casa”, exemplificou. Devido à velocidade de inovação, fez possíveis projeções de lembranças de um futuro próximo. “Poderemos ter ao invés da foto do primeiro cachorro a do primeiro robô. Ao invés da primeira viagem, uma primeira viagem espacial. Num passado recente, não imaginávamos viver tão a frente do que estamos agora. Logo, precisamos saber como trabalhar com essas mudanças”, comentou.

Gomes enfatizou que, para o desenvolvimento de produtos, a HP foca nas experiências de vida. “É preciso observar as megatendências, que estão moldando a sociedade e economia, que são a rápida urbanização, a mudança demográfica, a hiper globalização e a aceleração da inovação”, disse.  Dentro dessa realidade, a parceria entre HP e CriaLab tem sido um lugar que entende e resolve esses problemas, permitindo a criação de soluções.

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Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Jorge Audy
Foto: Camila Cunha

Impacto do futuro do trabalho

“Recentemente, me perguntaram sobre as tendências do futuro do trabalho. Na verdade, já mudou e muita gente não se deu conta”, foi dessa maneira que Audy iniciou a sua palestra. O executivo da PUCRS salientou que vivemos na era exponencial, na qual o crescimento é muito mais veloz. “São 7,5 bilhões de pessoas no mundo, sendo que 4 bilhões são usuários internet e 3,2 bilhões são ativos em redes sociais. Além disso, são realizadas 3,5 milhões pesquisas no Google por minuto. Isso demonstra que a transformação já aconteceu”, frisou.

Outros dados mostram essa mudança global. Nos Estados Unidos, em 1917, as dez maiores empresas eram do ramo de petróleo, telefonia e alimentação. Já em 2017, quase todas são relacionadas à tecnologia, sendo que as cinco mais importantes (Apple, Google, Amazon, Microsoft e Facebook) surgiram dentro dos ambientes de inovação de universidades. A publicidade também teve os mesmos efeitos. No ano passado, as mesmas cinco empresas de tecnologia foram as maiores anunciantes.

Audy também comentou que, apesar do grande desenvolvimento de parques tecnológicos espalhados pelo Rio Grande do Sul, ainda faltam incentivos financeiros no país, principalmente na formação de pesquisas. “Para termos uma noção, se o Canadá não formasse mais doutores em pesquisa, o Brasil teria 20 anos para conseguir empatar com aquele país”. Além disso, o superintendente de inovação alertou a queda em índices de inovação e transferência de conhecimento para a indústria no Brasil.

Conclusões do ciclo

No encerramento, o mediador, o professor Eder Henriqson destacou que os painelistas mostraram o grande potencial de sinergia que existe entre empresas, parques tecnológicos e universidades. Principalmente, com a consolidada parceria estratégica entre a PUCRS e a HP, que formou diversas pessoas e pesquisadores, além de ser uma peça fundamental dentro ecossistema de inovação.

O questionamento professor foi em relação aos 15 anos desta aliança. Gomes enfatizou que o capital humano é raro no país e, praticamente, só existe por meio das universidades e o desafio está na geração de novas tecnologias. Já Audy lembrou que, inicialmente, o foco dos parques tecnológicos era de atrair grandes empresas para que, em torno delas, outras menores e startups pudessem crescer. O momento atual é de consolidar essas parcerias com empresas estratégicas, bem como alavancar fortemente a geração de startups em um curto prazo de tempo.

Próximo evento

No dia 12 de abril, ocorre próximo encontro na PUCRS, que terá o tema O papel estratégico da educação superior no desenvolvimento sustentável. Como palestrantes estarão a diretora do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais, a professora Betina Blochtein e o coordenador da Iniciação CientíficaJúlio Bicca Marques. A medicação será com a Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq), Carla Bonan.

A programação completa do ciclo pode ser acessada neste link. Já os textos relacionados aos encontros na Universidade podem ser consultados pelo Portal PUCRS.

Sobre o Ciclo Preparatório

O Ciclo Preparatório PUCRS conta com sete encontros, que se configuram em um espaço de reflexão na comunidade acadêmica. Cada evento busca discutir algum dos temas centrais abordados pela CRES. Ao final da programação, será elaborada uma carta manifesto sobre a Educação Superior, com as contribuições e reflexões dos representantes da Universidade. A CRES será realizada em junho, na Cidade de Córdoba (Argentina), promovido pelo Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc-Unesco).

3º Encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a CRES

Encontro ocorreu na Biblioteca Central – Foto: Camila Cunha

O tema Educação Superior, diversidade cultural e interculturalidade norteou, no último dia 8 de janeiro, no 6º andar da Biblioteca Central, o mais recente encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc de 2018. Os palestrantes dessa edição foram o professor Draiton Gonzaga de Souza, decano da Escola de Humanidades, e a professora Jane Prates, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. A atividade teve a mediação da professora Bettina Steren dos Santos, da Escola de Humanidades.

 

Conceito de cultura

Durante sua manifestação, o decano Draiton Gonzaga de Souza apresentou um conceito de cultura citando do livro Antropologia filosófica, de Edvino Rabusque, para o qual “cultura é a transformação que o ser humano, consciente e livremente, realiza na natureza, tanto na própria quanto na alheia, visando ao aperfeiçoamento dessa mesma natureza”. O autor falava tanto de transformações na natureza humana quanto na do outro. Referindo-se a Georg Hegel, Souza sintetizou um pensamento do filósofo alemão ao tratar da primeira natureza, “material”, e da segunda natureza, “que o ser humano faz, constrói, ou seja, a História, a cultura que promovemos ao nosso entorno”, destacou. Essas foram as bases que dividiram, entre os séculos 18 e 19, as Ciências Naturais das Ciências Humanas, explicou o docente.

Utilizando-se de exemplos concretos, ele ilustrou a distinção entre natureza e cultura, esta última tida como algo que sofreu alguma influência do ser humano. Recorrendo mais uma vez a Hegel, o professor disse que “o ser humano é profundamente marcado pela cultura na qual está inserido, algo que fica claro quando este se depara com outra cultura, ao ver algo que não é ele, identificando na diferença quem ele realmente é”, refletiu. Levando o raciocínio para a interculturalidade, Souza destacou aspectos da globalização e das interações geradas por “culturas que coabitam justapostas e que entram em contato”, citando exemplos como as ondas migratórias motivadas por países em conflito na África e Oriente Médio. Lembrou, também, de situações de intolerância nesse mesmo contexto.

 

Interculturalidade na América Latina

3º Encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a CRES

Professora Jane Prates – Foto: Camila Cunha

Ao abordar a interculturalidade, a partir de um olhar direcionado à América Latina, a professora Jane Prates procurou traçar um histórico. A docente destacou o atraso de 300 anos da implantação do Ensino Superior no Brasil, em relação aos demais países do continente. Em relação ao nosso País, afirmou que, no século 20, “um conjunto de reformas verticalistas, que não escutaram nem atenderam aos interesses da sociedade” contribuíram para moldar uma “formação subalternizadora no cenário acadêmico brasileiro”. Essa forma de abordagem, enfatizou, “infelizmente nunca contemplou a diversidade cultural existente no País”. De acordo com a pesquisadora, a inclusão de negros, mulheres, indígenas e comunidade LGBT são pressupostos para o desenvolvimento social da nação, visando à formação universitária abrangente e cidadã.

A minimização da participação do Estado, a defesa do individualismo, o privilégio de uma lógica de mercado e de interesses capitalistas, na opinião da professora, conformaram a formação superior no continente. Como resultado, há uma desvalorização das relações entre os países que compõem a América Latina e o Caribe e, em especial, do Brasil com as nações vizinhas.

 

Formação humanista e sensível à diversidade

3º Encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a CRES

Professor Draiton Gonzaga de Souza – Foto: Camila Cunha

No que diz respeito à formação, a pesquisadora acredita que “o processo de educar contemplando o multuculturalismo não ocorre sem contradições. O debate da interculturalidade envolve questões sobre a cultura, mas também sobre diversidade”, lembrou. Essas são questões-chave, no olhar da docente, especialmente no Brasil. Isso, segundo Jane, “pressupõe um olhar atento para relações de poder entre culturas e a valorização de identidades – especialmente algumas desvalorizadas historicamente”. Retomando o pensamento do professor Draiton Ganzaga de Souza, destacou que a “valorização de outras culturas depende de um diálogo, que requer participação e o reconhecimento do outro, superando o patrimonialismo, o colonialismo e escravismo”, mazelas históricas no Brasil.

Concluindo sua apresentação, a coordenadora do PPG em Serviço Social defendeu “uma formação humanista com profissionais críticos, densos em suas interpretações, propositivos e comprometidos eticamente com seu tempo histórico, reconhecendo a diversidade humana e o direito de acesso de todos nos mais diversos níveis de educação”. Para a plateia, formada predominantemente por professores, disse que “precisamos formar pessoas para circular pela América Latina, gerando trocas e relações, qualificando as políticas de internacionalização”, incentivou.

 

Conteúdos sobre o Cres

3º Encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a CRES

Docentes contribuíram ao final das apresentações – Foto: Camila Cunha

No desfecho do evento, alguns dos presentes fizeram intervenções, interpretando o tema central a partir de diferentes áreas do conhecimento. A mediadora Bettina Santos convidou todos a acessarem o conteúdo disponível na biblioteca on-line do site do Cres 2018, bem como a participar do próximo encontro na PUCRS, agendado para o dia 21 de março, com o tema A pesquisa científica, tecnológica e a inovação como motor do desenvolvimento humano, social e econômico. A programação completa do ciclo está disponível neste link, e os textos sobre os encontros ocorridos na Universidade podem ser acessados no Portal PUCRS.

 

Sobre o Ciclo Preparatório

O Ciclo Preparatório PUCRS conta com sete encontros, que se configuram em um espaço de reflexão na comunidade acadêmica. Cada evento busca discutir algum dos temas centrais abordados pela CRES. Ao final da programação, será elaborada uma carta manifesto sobre a Educação Superior, com as contribuições e reflexões dos representantes da Universidade. A CRES será realizada em junho, na Cidade de Córdoba (Argentina), promovido pelo Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc-Unesco).

cicli preparatório pucrs 2017-2018, cres, Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc, unesco, conselho regionalNa próxima segunda-feira, 8 de janeiro, ocorre o terceiro encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, que visa preparar os representantes da Universidade para a Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (CRES) – Unesco Iesalc de 2018. Para a discussão do tema Educação Superior, diversidade cultural e interculturalidade, os palestrantes serão o professor Draiton Gonzaga de Souza, decano da Escola de Humanidades, e a professora Jane Prates, coordenadora de Pós-Graduação em Serviço Social. A atividade, mediada pela professora Bettina Steren dos Santos, decana associada da Escola de Humanidades, será realizada no 6º andar da Biblioteca Central (Avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), às 18h, e é voltada para toda a comunidade acadêmica.

Sobre o Ciclo Preparatório

O Ciclo Preparatório PUCRS conta com sete encontros, que se configuram em um espaço de reflexão na comunidade acadêmica. Cada evento busca discutir algum dos temas centrais abordados pela CRES. Ao final da programação, será elaborada uma carta manifesto sobre a Educação Superior, com as contribuições e reflexões dos representantes da Universidade. A CRES será realizada em junho, na Cidade de Córdoba (Argentina), promovido pelo Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc-Unesco).

O primeiro encontro, em 16 de novembro, abordou o contexto do sistema educativo, sua relação com a qualidade e os desafios postos para fortalecer a capacidade institucional de ser responsável por aumentar os níveis de qualidade em suas funções e tarefas. No segundo encontro, realizado em 29 de novembro, foi discutido o papel da universidade como espaço de formação de agentes transformadores, aplicando o conhecimento acadêmico na resolução de problemas sociais. Para mais informações e a programação completa do Ciclo, é possível acessar este link.

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Marcelo Bonhemberger
Foto: Bruno Todeschini

Pensar a universidade como espaço de formação de agentes transformadores, aplicando o conhecimento acadêmico na resolução de problemas sociais. Esse foi o foco das palestras do Marcelo Bonhemberger, diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade, e do professor Hermílio Santos, da Escola de Humanidades, durante o segundo evento do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para a 3ª Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres), marcada para Córdoba (Argentina), em junho de 2018. A atividade, mediada pelo Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Ir. Manuir Mentges, ocorreu no dia 29 de novembro, no saguão da Biblioteca Central. Participaram decanos, diretores, gestores e docentes de diversas Unidades Universitárias.

Durante sua fala, o Marcelo expôs a importância de a PUCRS ter clareza sobre a própria identidade, pautada tanto no legado do fundador São Marcelino Champagnat, quanto na necessidade permanente de atualização. Destacou documentos maristas voltados à Educação Superior, nos quais a palavra evangelização pode ser interpretada como educação “para a transformação social, científica, cultural. A educação é nossa atividade fim”, afirmou. No entendimento do Irmão, esse compromisso vai além do conhecimento, envolvendo a dimensão ética para a construção de cidadãos comprometidos e capazes de trazer transformações para a sociedade. “O aspecto do servir também deve ser destacado. Todo conhecimento aqui produzido e discutido deve estar a serviço da comunidade”, enfatizou.

Em uma chamada à reflexão, perguntou à plateia: “Como formar um ser humano moralmente bom? Quais as bondades que a Universidade irá fazer para o nosso entorno, no RS, no Brasil e além de nossas fronteiras geográficas?”, indagou. Para ele, esses são desafios que a comunidade acadêmica precisa responder. No seu entendimento, “nossa missão é resolver problemas, com uma vida de aprendizagem baseada na resolução de questões sociais. Temos esse dever”, ressaltou.

 

A universidade em ação

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Professor Hermílio Santos apresenta pesquisa do Ceas
Foto: Bruno Todeschini

Na segunda apresentação, o professor Hermílio Santos, coordenador do Centro de Análises Econômicas e Sociais da PUCRS (Caes), apresentou características complexas das sociedades contemporâneas para introduzir o tema central de seu painel: as pesquisas sobre a violência sofrida por crianças em três grandes capitais brasileiras. Santos abordou a continuidade de heranças culturais da sociedade medieval, como os modelos de centralização da Justiça, das finanças e das forças armadas, bem como a sobrecarga das famílias. Sobre a construção de políticas públicas na atualidade, observou que deixaram de ser uma atribuição exclusiva do Estado. “São formuladas com atores dos mais distintos, como governos, partidos políticos, sindicatos, associações de empresários, ou seja, nem políticas públicas são mais exclusividade do Estado, por que o conhecimento está espraiado na sociedade, e isso é bom”, avaliou.

Na compreensão do pesquisador, o protagonismo acadêmico é fundamental para propor soluções em conjunto, desde que todos tenham consciência de seu papel nesse cenário. “A universidade não é o lugar de gente sabida, mas o lugar das pessoas que querem saber coisas”, afirmou. “O que temos de singular é nossa capacidade de trabalhar o conhecimento de maneira metódica e sistemática, de formar pessoas, fazer intervenções e propor respostas. Isso sem colocar nossas profissões de fé no lugar dos resultados de pesquisa”. Na sequência, expôs os resultados de duas pesquisas multidisciplinares e interinstitucionais do Ceas: Infância e Violência: cotidiano de crianças pequenas em favelas do Rio de Janeiro e Recife e Cotidiano de crianças em cortiços e favelas de São Paulo. Ambos estudos foram patrocinados pela Fundação Bernard van Leer (Holanda), envolvendo a PUC-SP, a PUC-Rio e Universidade Federal de Pernambuco, entre outros parceiros. Entre 2013 e 2015, professores e estudantes liderados pelo professor visitaram 15 favelas nas três cidades, utilizando metodologias inovadoras e treinando pessoas para aplicá-las junto a 3 mil crianças, adolescentes e adultos.

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Foto: Bruno Todeschini

A partir dos dados coletados, foi possível mapear alguns fatores indutores da violência, como a frustração por ciclos de formação escolar incompletos, a falta ou a má qualidade da iluminação pública e a ausência de banheiros entre os cômodos das casas – visto que são considerados o único espaço de intimidade de uma residência nas comunidades desfavorecidas economicamente. Esse problema, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está presente em 3 milhões de habitações em todo o Brasil. Todos esses fatores, se bem interpretados, podem repercutir em novas políticas públicas, de acordo com Hermílio Santos.

Ao final, o pesquisador destacou a importância de tornar públicos os resultados de pesquisas, a fim de mostrar a universidade como parceira para a construção de novas realidades. Também foi exibido um trailer do documentário sobre os trabalhos desenvolvidos, que será disponibilizado em 2018.

 

Sobre o Ciclo Preparatório

O Ciclo Preparatório PUCRS conta com sete encontros, que se configuram em um espaço de reflexão na comunidade acadêmica. Cada evento busca discutir algum dos temas centrais abordados pela Cres. Ao final da programação, será elaborada uma carta manifesto sobre a Educação Superior, com as contribuições e reflexões dos representantes da Universidade. A Cres será realizada em junho, na Cidade de Córdoba (Argentina), promovido pelo Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc-Unesco).

O primeiro encontro, em 16 de novembro, abordou o contexto do sistema educativo, sua relação com a qualidade e os desafios postos para fortalecer a capacidade institucional de ser responsável por aumentar os níveis de qualidade em suas funções e tarefas. A agenda completa está disponível no site do Cres.