No passado a humanidade enfrentou outras situações desafiadores causadas por doenças como a Peste Negra e a Gripe Espanhola. Porém, a pandemia da Covid-19 tomou proporções nunca vistas antes no Brasil e no mundo, não somente na área da saúde, mas também economicamente, socialmente e psicologicamente, despertando diversos gatilhos emocionais em muitas pessoas.
Pensando nisso, o grupo PsiCOVIDa criou uma cartilha para ajudar a identificar e minimizar as consequências de duas das principais armadilhas da mente nesse período: subestimar riscos e tentar controlar o incontrolável. Confira algumas dicas:
1. Perceba que o medo e a ansiedade são emoções bastante comuns e razoáveis neste contexto: ou seja, o mundo está diante de um perigo invisível, porém real. E, por vezes, letal. Temer este perigo é sinal de que você está dimensionando a realidade do problema e os riscos existentes.
2. Quando não há medo, esta pode ser a primeira armadilha da mente: é a lógica do “não dá nada”, sabe? Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Não é pra tanto”, “Quanta histeria” ou “Que exagero”. Contudo, antes de julgarmos quem adere à tal lógica, é preciso entender que ela está ligada a um mecanismo de defesa do ser humano: a negação. Ele age como um elemento de manutenção da “zona de conforto”.
3. A brincadeira sadia, o bom humor e o autocuidado podem ser importantes aliados para ajudar a aliviar um pouco a tensão: com compromisso e amor, frequentemente relembre que cada gesto de cuidado é vital e demonstra importante compromisso com a saúde, além de representar um ato de amor para consigo e com quem você gosta.
4. Nenhum extremo é positivo, nem a ausência de medo, nem o medo excessivo: como essas reações emocionais são, em geral, padrões automatizados, é preciso esforço para conseguir perceber qual a sua maneira de lidar. Se a maioria dos seus pensamentos são negativos, suas emoções e reações refletirão isso. É a consciência que possibilita educar a mente.
5. De sentido às dificuldades: encontrar sentido em situações desafiadoras leva as pessoas a valorizar mais o presente e a vida. Por outro lado, não dar o devido valor ao que acontece hoje frequentemente gera sofrimento psicológico.
Segundo o grupo PsiCOVIDa, diante de uma situação de estresse ou medo, faça duas perguntas: “Há algo útil, que eu possa fazer agora diante disso?” e “O que eu poderia fazer agora que me aproximaria das coisas mais importantes para mim, para a minha família, para as pessoas que amo, para a minha comunidade, para o meu país, ou para o mundo?”. Estas duas simples perguntas ajudam a trazer a mente para o que é possível ser feito no momento presente, sempre na direção da saúde, do amor próprio e do respeito aos demais.
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Em um contexto de mudança de rotina, distanciamento físico, excesso de notícias e consequências econômicas e sociais, é comum que surjam sentimentos como emoções negativas, medo, tristeza, raiva, solidão, estresse e ansiedade. Pensando nessa realidade, pesquisadores e estudantes de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS e da PUC-Campinas se uniram com o objetivo de ajudar as pessoas a lidarem com esse desconforto emocional, dando origem à Força-Tarefa PsiCOVIDa.