Passados os 14 dias do recebimento da dose inicial da vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, os primeiros selecionados para participar do estudo retornaram ao Hospital São Lucas da PUCRS (HSL-PUCRS) nesta segunda-feira, 24 de agosto, para a segunda aplicação do possível imunizante. O voluntário Luciano Marini, que atua como médico intensivista na UTI do HSL, foi recebido pela equipe responsável pelo estudo para retomar parte do processo iniciado no dia 8 de agosto. Além de realizar novamente algumas coletas, nesta etapa ele recebeu um segundo diário para a marcação dos registros. “Desde que recebi a primeira dose passei muito bem, seguindo o trabalho normalmente e sem sintomas ou reações inesperadas”, afirma.
A técnica de enfermagem da Emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Fabiana Silva de Souza também recebeu a segunda dosagem nesta segunda-feira, em um processo que demorou aproximadamente uma hora. “Vejo de uma forma positiva não ter tido sintomas, pois isso mostra a segurança da vacina. Que o resultado saia o quanto antes e a gente tenha boas notícias”, pondera.
Atualmente em sua terceira etapa de testes, a vacina está no estágio em que é aplicada em larga escala, o que poderá comprovar em definitivo a sua eficácia e a duração da proteção. O HSL é um dos 12 Centros de Estudos do Brasil, sendo o único do Rio Grande do Sul, que aplicará o insumo e documentará os resultados junto ao Instituto Butantan, de São Paulo.
Das 9 mil pessoas que participarão da testagem no Brasil, metade receberá a vacina, enquanto a outra metade receberá placebo, ou seja, uma substância sem efeito algum. Por ser um estudo “duplo cego”, somente os farmacêuticos que recebem e acondicionam os imunizantes conseguem saber o que cada seringa contém. Porém, eles não acompanham o momento de aplicação, conduzido pelos pesquisadores junto aos voluntários, que desconhecem o conteúdo das doses em questão. A estratégia permite a análise e a comparação dos resultados pelos dois grupos, validando ou não o efeito da substância.
Na prática, o que se espera é que o sistema imunológico dos testados desenvolva anticorpos para o vírus inativado (“morto”) da Covid-19 que está presente na vacina, tornando a pessoa em questão imune ao efeito do vírus ativo caso ela tenha contato com o organismo posteriormente.
1/7 – Instituto Butantan confirma o Hospital São Lucas como um dos centros de estudo para testagem da vacina.
10/7 – Formalização do contrato entre o Instituto Butantan e o Hospital São Lucas.
20/7 – Abertura das inscrições de voluntários para a testagem da vacina.
3/8 – HSL recebe as primeiras doses do imunizante.
8/8 – Início da aplicação da primeira dose com os profissionais da saúde selecionados.
24/8 – Início da aplicação da segunda dose com os profissionais da saúde selecionados.
Outubro/2020 – Previsão de término da aplicação da vacina no Hospital São Lucas.
Dezembro/2021 – Previsão de conclusão do estudo a partir do término do acompanhamento dos voluntários.
Os Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica (Labelo) da PUCRS estão realizando testes em ventiladores pulmonares produzidos por um grupo de empresas, engenheiros e técnicos voluntários de Caxias do Sul e cidades vizinhas. Os equipamentos devem ser doados para hospitais de campanha instalados na região, que estão prestando atendimentos relacionados ao coronavírus. A iniciativa é supervisionada pelo Hospital Geral (HG) e pelo Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade de Caxias do Sul (TecnoUCS).
“O LABELO está acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro para a realização de ensaios para certificação de produtos em atendimento as resoluções da ANVISA, com escopo para a linha de produtos eletromédicos, tendo atuação reconhecida neste mercado”, conta Israel Teixeira, diretor do Labelo. A indústria também reconhece a qualidade e o nível técnico dos relatórios emitidos pelo laboratório, que conta com um completo ecossistema na área. Neste caso o apoio do Setor de Engenharia Biomédica e Clínica do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), que disponibilizou equipamentos adicionais, também foi importante.
Os equipamentos já passaram por aperfeiçoamentos para melhorar a capacidade de ventilação de urgência, necessária em ambientes hospitalares. A equipe trabalha no projeto desde o início de abril, com avaliações de pressão, volume, frequência e ciclagem dos produtos.
Ao mesmo tempo, o grupo aguarda a autorização do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para realizar teste clínicos (com pacientes) com o equipamento batizado de Frank 5010. A aprovação depende dos resultados obtidos nos testes de engenharia realizados no Labelo.
Os próximos passos, após o retorno positivo do Conep, seria firmar parcerias com fornecedores para a fase de produção industrial, conforme a necessidade e demanda da rede de saúde.
Muito utilizado em momentos de crise ou deficiência em atividades cardiorrespiratórias, o ventilador pulmonar ajuda pacientes quando o corpo não consegue realizar o movimento respiratório por contra própria. Esse tipo de complicação pode acontecer por causa de alguma doença, mas também por problemas no pulmão e coração.
Os laboratórios do Labelo realizam diversos tipos de testes, o que possibilita atender as mais diferentes indústrias. Entre eles, estão os de calibração, software, eletrodomésticos, iluminação, saúde, eficiência energética, equipamentos de uso profissional e infraestrutura, ensaios químicos, materiais e componentes e alta tecnologia.
Dentre os parâmetros avaliados, destacam-se as medições de volume, pressão e concentração de O2, fatores críticos para assegurar que o equipamento cumpre com as funções básicas para as quais foi projetado. “Todos os ensaios simulam a utilização normal do aparelho, expondo-o a condições reais, porém controladas e conhecidas. O pulmão artificial, por exemplo, permite ajustes de parâmetros que variam de pessoa para pessoa, como a complacência e a resistência – características desse órgão relacionadas a eficiência pulmonar do paciente”, explica Israel.
Outras áreas e unidades da PUCRS também participam de iniciativas de contingenciamento e combate ao coronavírus, com o apoio de empresas parceiras e a comunidade. Confira algumas ações: