Quando a transmissão do novo coronavírus começou a aumentar, tornando-se uma epidemia e, posteriormente, uma pandemia, uma das medidas tomadas em muitos países foi a quarentena. Com o distanciamento social, menos pessoas circulam pelas ruas, fazendo com que a tão falada “curva de contágio” seja “achatada”. Enquanto não há uma vacina nem um medicamento para a Covid-19, diminuir ao máximo possível o número de infectados parece ser a melhor solução para evitar o colapso do sistema de saúde, com o esgotamento dos leitos de UTI disponíveis.
Entretanto, o cálculo é mais complexo do que parece, uma vez que a distribuição desses leitos de UTI nem sempre é equilibrada em diferentes municípios e regiões. E é sobre isso que trata a pesquisa Desigualdade espacial na acessibilidade aos leitos de UTI nos municípios do Brasil, desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento (PPGE), da Escola de Negócios da PUCRS.
O estudo tem como base uma metodologia apresentada previamente pelo professor Adelar Fochezatto, que tinha como objetivo analisar a desigualdade de acesso a hospitais, de uma maneira geral. Logo que a pandemia começou, Natássia Bayer, que concluiu o mestrado em 2019, e o doutorando Paulo Uranga começaram a organizar os dados, aplicando essa metodologia.
Segundo Fochezatto, o mapeamento realizado a partir da pesquisa mostra as diferenças nessa distribuição. “Desenvolvemos um estudo mostrando onde estão os leitos em todo o Brasil, utilizando coordenadas dos municípios e dos próprios leitos. Fizemos essa análise por grupos de idade, focando na questão dos idosos, que são mais propensos a ter quadros graves da doença; e de gênero”, explica.
Para o professor, a pesquisa permite que sejam recomendadas políticas públicas mais assertivas para melhorar a infraestrutura de leitos e de profissionais onde mais precisa. “A acessibilidade de leitos no Brasil não é das melhores – o número para cada 100 mil habitantes é muito baixo”, aponta Uranga. Ele acredita que o estudo consiga apontar onde devem ser realizadas melhorias nesse setor: “Agora estamos vendo vários investimentos sendo feitos, mas parece ser sempre nos mesmos centros urbanos. E, quando as epidemias avançam no interior, as pessoas precisam se deslocar”.
Um outro estudo realizado por Natássia, sobre doenças decorrentes de inadequações no saneamento básico, chama a atenção para a importância de que o trabalho seja feito em conjunto entre as cidades. “É uma política que precisa ser pensada não individualmente no município, mas considerando uma região maior, uma vez que os problemas relacionados à falta de saneamento ultrapassam essas fronteiras”, ressalta.
Natássia conta que, no PPGE, os alunos aprendem diversos métodos e, a partir deles, conseguem aplicar à realidade e propor políticas públicas para resolver outros problemas. Para Fochezatto, desenvolvimento se trata justamente isso: “pensar em saúde, educação, segurança. As pessoas precisam ter boas condições para ter uma vida digna. E ter renda, também”, pontua, afirmando que há muitas possibilidades para um profissional da Economia do Desenvolvimento atuar na sociedade.
“Lembro de uma aula do professor em que ele falava sobre desenvolvimento regional e nós comentávamos sobre espaços no País que não tinham nenhum atrativo para mão de obra jovem. Uma das coisas que pensávamos era nos investimentos tecnológicos na área da saúde”, conta Natássia. Ela acredita que, nessa situação, seria interessante investir em estudos que possam desenvolver a região para atuar na prevenção de pandemias e pensar no desenvolvimento a longo prazo desses espaços.
“Em pequenas localidades, poucos profissionais especializados já fazem uma grande diferença. E isso, aliado a pesquisa, gera efeitos sobre outros setores da economia”, conclui Fochezatto. A pesquisa Desigualdade espacial na acessibilidade aos leitos de UTI nos municípios do Brasil já foi concluída e os resultados poderão ser conhecidos em breve.
Modelar e simular o avanço da pandemia de Covid-19 no Rio Grande do sul é o objetivo do PampaNerds, grupo formado por cientistas pesquisadores do Estado. O professor do PPGE Ely Mattos é um dos integrantes. Conforme ele explica, essa é uma iniciativa autônoma, que conta com pesquisadores de diversas áreas. “Nossa ideia é trabalhar com modelagem computacional de diferentes aspectos da pandemia, e meu papel no grupo é apresentar a visão do economista, discutindo questões que podem influenciar a dinâmica da epidemia”, diz.
Mattos acredita que toda iniciativa nesse contexto é bem-vinda e que o PampaNerds tem contribuído com o debate para buscar soluções para a atual situação. Em relação à área da Economia, diz existir um debate sobre a sua relação com a saúde no Brasil. “As pesquisas na área ajudam a situar melhor essa discussão e apontam para uma complementariedade das dimensões, ao invés de uma competição”, conclui. O professor Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, também faz parte do grupo.
O Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. Dentro das áreas de concentração Desenvolvimento Econômico e Economia Regional, abrange as linhas de pesquisa Crescimento, Inovação e Equidade e Aglomeração Produtiva, Agronegócio e Meio Ambiente, respectivamente. Interessados em ingressar ainda neste ano podem se inscrever até o dia 19 de junho. Neste edital, a entrega da documentação será feita online.
“Lave bem as mãos com água e sabão ou higienize-as com álcool gel”. Essa é uma das recomendações que mais se tem escutado desde o início da pandemia da Covid-19. Mas você já parou para pensar como esses simples hábitos são capazes de evitar a contaminação tanto desse quanto de outros vírus?
Por trás dessas recomendações, está uma verdadeira aliada da nossa saúde: a química. Existem vários agentes químicos usados para combater diferentes tipos de micro-organismos, sejam eles vírus, fungos ou bactérias. Eles fazem parte de processos como o de desinfecção, que elimina agentes infecciosos de superfícies e artigos hospitalares; e de esterilização, que extermina todas as formas de vida de um material ou ambiente. O Museu de Ciências e Teconologia da PUCRS (MCT) desenvolveu um conteúdo aprofundado sobre o assunto, que você pode conferir na íntegra clicando aqui.
Outra ação importante é o uso de antimicrobianos, que são medicamentos que matam ou inibem o crescimento de algum microrganismo patogênico específico. Trata-se dos antibióticos (usados contra bactérias), antifúngicos (contra fungos) e antivirais (contra vírus).
Diferentes tipos de sabão e de álcool estão entre alguns dos agentes químicos comumente utilizados – e são os mais eficientes no combate à Covid-19. Conforme o conteúdo divulgado pelo MCT, os Coronaviridae são uma família de vírus patogênicos, que possuem uma camada lipídica que os envolve. Essa camada é chamada de envelope e tem como função protegê-los do ambiente e reconhecer as células hospedeiras que costuma infectar.
O sabão se mostra eficaz no combate à doença porque sua molécula possui uma parte hidrofílica, que tem afinidade com a água, e outra parte hidrofóbica, que prefere se ligar a óleos e gorduras. Quando lavamos as mãos, a parte hidrofóbica se liga com o envelope lipídico dos vírus, rompendo-a. Assim, eles perdem sua proteção e são eliminados.
Já os álcoois etílico e isopropílico na concentração de 70% a 92% desidratam os vírus quase que imediatamente. Porém, esses agentes químicos não têm nenhuma ação residual e ressecam a pele se utilizados em excesso. Além disso, para uso como antisséptico (para higienizar as mãos e outras superfícies do nosso corpo), apenas o etanol 70% é recomendado.
Outra alternativa bastante eficaz contra o coronavírus é o hipoclorito de sódio, produto obtido a partir da reação do cloro com uma solução de soda cáustica. Frequentemente usado como desinfetante e agente alvejante, ele faz com que as proteínas do vírus se “desmontem”, eliminando-os. Entretanto, este composto deve ser utilizado apenas para a desinfecção de ambientes e superfícies inanimadas, e nunca como antisséptico.
A química é uma área ampla, e uma das possibilidades de atuação do profissional pode estar profundamente relacionada com a área da saúde. Conforme explica a coordenadora do curso de Química da Escola Politécnica, professora Lisandra Catalan do Amaral, associada à Medicina, por exemplo, a química possibilita o estudo e o reconhecimento da estrutura dos tecidos do corpo, dos ossos e de líquidos internos, como a composição do sangue. Interligando‐se com a Biologia (bioquímica), possibilita o estudo de doenças, formulação e análises de medicamentos e vacinas, que nos permitem combater as doenças e epidemias.
Quanto à higiene e prevenção, a química é responsável pela formulação dos produtos de limpeza e de cuidado pessoal, como os citados acima. Ainda nesse campo, profissionais da área realizam pesquisas voltadas para o desenvolvimento de exames e vacinas, para a manipulação de equipamentos e para a detecção de vírus, bactérias e fungos, no mapeamento das doenças.
“Também há estudos para buscar materiais para o desenvolvimento de equipamentos como máscaras, testes e protetores para os profissionais da saúde”, complementa Lisandra. Segundo professora, as áreas de análises clínicas e toxicologia são relativamente novas no mercado de trabalho para o químico, mas estão crescendo.
Lisandra acredita que, com a pandemia de Covid-19, o campo de trabalho para as pesquisas na área será ampliado em todo o mundo. “Assim, o mercado para pesquisa estará bastante aquecido. Da mesma forma, as empresas privadas estão cada vez mais investindo no departamento de pesquisa e desenvolvimento. A situação é complexa e ampla, e é emocionante perceber que nossa profissão pode contribuir de diversas maneiras e que há tantos profissionais da química envolvidos no combate à pandemia”, diz a professora.
No curso de graduação em Química Bacharelado – Linha de Formação em Química Industrial da PUCRS, os estudantes têm a oportunidade de conhecer todas as áreas. “Leva-se em consideração que um químico que trabalhará com materiais também precisa conhecer um pouco de química ambiental, por exemplo”, pontua Lisandra.
O curso tem duração de oito semestres e habilita os estudantes para as atividades químicas da indústria, dos centros de pesquisa e dos órgãos públicos; além de preparar para atividades em caráter individual e autônomo, como consultoria, assistência e correspondente responsabilidade técnica, entre outras possibilidades.
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