Professora do curso de Psicologia explica os processos pelos quais passam as pessoas que perderam alguém

Foto: Envato

A morte de uma pessoa amada é considerada uma das experiências mais difíceis de serem superadas, individualmente e pelo núcleo familiar. A dor gerada pelo rompimento de um vínculo afetivo produz a necessidade de reorganização em uma nova realidade a ser experimentada sem a pessoa que faleceu.

“A perda desencadeia o chamado processo de luto, que pode se evidenciar de diferentes formas e intensidades, conforme o vínculo e o significado de quem nos deixou”, explica Ângela Seger, professora do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS.

A docente explica que o luto se manifesta por meio de uma série de reações que envolvem respostas emocionais (sentimentos de tristeza, culpa, raiva, autocensura, ansiedade, saudade), cognitivas (pensamentos de descrença, confusão, preocupação) e comportamentais (distúrbios do sono, do apetite, isolamento social, agitação, choro, evitação de lembranças).

“Essas manifestações são reações naturais e esperadas, e esse processo precisa ser vivido para as transformações necessárias serem efetivadas”, pontua.

Comportamentos podem contribuir para lidar com o luto 

A professora também destaca que, no contexto atual, algumas ações que atuam como facilitadoras para o luto, como acompanhar a pessoa em seus últimos dias, ter a sensação de que fez tudo que podia e realizar os rituais formais de despedida, ficaram comprometidas. “O distanciamento físico, as perdas secundárias e a dificuldade para receber apoio podem tornar este processo mais doloroso e as reações podem se intensificar, exigindo maior atenção do enlutado e sua família”, aponta Ângela.

No entanto, alguns comportamentos podem auxiliar a lidar com as perdas. Confira: 

1) Acolha suas emoções e as observe

Após uma perda é esperado que sentimentos como medo, tristeza, culpa, raiva e insegurança sejam potencializados e, com isso, alguns comportamentos se evidenciem, como o desejo de ficar só e a sensação de falta de energia ou de motivação, por exemplo. É importante observar que, durante o período de luto, suas emoções são respostas às mudanças ocorridas a partir da falta que a pessoa faz em sua vida. Procure acolher seus sentimentos, sem evitá-los ou suprimi-los.

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Procure não se cobrar ou exigir de outros familiares e amigos que as mesmas emoções sejam expressas de igual maneira, pois cada pessoa acessa e demonstra seus sentimentos de forma diferente. Lembre-se que o luto necessita de um período para ser vivido, mas que com o passar do tempo a dor da perda poderá se transformar em saudade.

2) Fortaleça o contato com as pessoas significativas, construindo uma rede de apoio

As relações com pessoas afetivamente significativas são uma importante fonte de suporte emocional. Reforçar as estratégias de contato virtual, aumentando sua frequência, não substitui a relação presencial, mas minimiza a tendência ao isolamento, uma reação que, aliada a tristeza e ao desânimo, pode potencializar o afastamento e o sofrimento.

Manter contato com pessoas com quem você se sente confortável para falar sobre sua experiência e pedir auxílio nas atividades cotidianas que estão mais difíceis de serem realizadas são algumas das estratégias que podem ser utilizadas para que você se sinta acolhido/a.

3) Estabeleça novas rotinas, no seu tempo

Construir novas rotinas, preferencialmente que contemplem períodos de atividade mais organizadas (trabalho e estudos) e períodos de descanso e relaxamento, pode contribuir para que você se reestabeleça. Você também pode buscar diversificar as atividades, identificando novas possibilidades de interesse e desenvolvimento de habilidades que gerem satisfação e prazer. Fazer um planejamento objetivo dessas atividades permite que elas sejam “concretizadas” no papel, o que facilita a implementação prática.

Para algumas pessoas, a retomada das atividades pode ocorrer de forma mais rápida, como uma maneira de se conectar com outras pessoas e se ocupar de modo saudável, mas há quem necessite de um tempo maior para isso. Entenda seu próprio tempo e não se culpe.

4) Cuide da saúde física, mental e espiritual

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Durante o processo de luto, há a necessidade de ampliar o autocuidado, pois os impactos produzidos pela perda podem fazer com que sejam alterados hábitos como sono, alimentação e cuidado na manutenção de tratamentos de saúde prolongados. A saúde mental também pode ser afetada, pois o sofrimento desencadeado pode levar ao uso de respostas não adaptativas e à busca de estratégias pouco saudáveis. A identificação e realização de atividades que gerem bem-estar e satisfação podem ser utilizadas e incrementadas conforme o interesse do enlutado.

Algumas pessoas podem encontrar esta sensação de bem-estar, mesmo que de maneira temporária, na leitura de um livro, na música, em uma caminhada, em uma conversa com alguém, na pintura, entre outras. A espiritualidade também pode exercer uma função significativa de conforto e proteção nestes momentos. É importante assinalar que cada pessoa deve se observar e descobrir qual ou quais estratégias respondem melhor a sua necessidade e estão de acordo com seus valores e crenças.

5) Busque ajuda

Busque ajuda caso perceba que seu sofrimento está muito intenso, se prolongando ou mesmo impedindo que consiga manter suas atividades, causando muito impacto na sua vida e em suas relações. Outro sinal de que é preciso buscar suporte emocional pode surgir quando as pessoas a sua volta sinalizam que estão preocupadas com sua saúde mental. Esses sinais podem significar que as perdas vivenciadas neste período estejam lhe sobrecarregando e, neste caso, pode ser necessário o auxílio de um profissional qualificado para não haver agravamento das dificuldades.

Apoio à comunidade acadêmica 

O Núcleo de Apoio Psicossocial realiza atendimentos a estudantes e professores/as com orientações sobre os cuidados com a saúde mental e seus impactos nos processos de ensino e aprendizagem. O acolhimento está sendo feito por profissionais da Psicologia com apoio da equipe multidisciplinar.

Atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, mediante agendamento pelo e-mail [email protected], pelo telefone (51) 3320-3703 ou diretamente na sala 301 do Centro de Apoio Discente (no 3º andar do Living 360°, prédio 15).

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Paula Puhl é professora e pesquisadora da Famecos. / Foto: Felipe Ribeiro

Inspirada na boneca alemã Bild Lilli, a Barbie foi criada por Ruth Handler e lançada pela empresa Mattel em 1959, nos Estados Unidos. Antes disso, as bonecas existentes no mercado eram bebês, produzidas com materiais como pano e papel. Com uma proposta inovadora, Barbie foi apresentada ao mercado como uma boneca adulta feita de plástico que utililizava roupas desenhadas por estilistas. Ela também se destacava por ter diferentes profissões, pois, já naquela época, sua criadora acreditava na importância de meninas entenderem que poderiam ser o que quisessem. Nestes 64 anos, já foram vendidas mais de 50 milhões de Barbies, o que a tornou a boneca mais famosa do mundo e o brinquedo mais lucrativo da história da Mattel.  

Além de ser uma referência em moda, comportamento e estilo, a Barbie está há mais de seis décadas presente no imaginário popular e vem pautando discussões sobre feminismo, diversidade e empoderamento da mulher. A professora Paula Puhl, da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da PUCRS, explica que embora a Barbie fosse originalmente loira, branca, magra e de olhos azuis, a boneca passou por diversas mudanças ao longo do tempo para acompanhar as transformações comportamentais da sociedade. 

“Hoje há uma maior representatividade de corpos e diversidade nas bonecas Barbie, além de uma ampla gama de profissões que antes eram mais associadas ao público masculino. Acredito que a Barbie contribuiu para empoderar as mulheres, pois acompanhou e incorporou as discussões e diálogos da nossa sociedade. A boneca conseguiu manter sua essência (de brinquedo sintético feito para brincar), ao mesmo tempo que buscou manter seu posicionamento e engajamento. A Mattel soube como manter o diálogo com o público para evoluir de acordo com as demandas exigidas”, destaca.  

Consumo cor de rosa 

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Margot Robbie é a protagonista do filme Barbie (2023). / Foto: Warner Bros/Mattel/Divulgação

Para além da boneca, a marca conseguiu expandir o que era originalmente apenas um brinquedo para um universo de objetos colecionáveis e produtos audiovisuais em diversos formatos. A representação mais recente da Barbie, lançada este ano nos cinemas, mostrou que a boneca continua, mais do que nunca, pautando discussões sobre comportamento e feminismo. O filme de 2023 apresenta dois mundos ao telespectador: a Barbielândia, um lugar de protagonismo majoritariamente feminino, onde as Barbies, Kens e outros personagens criados pela Mattel convivem em harmonia; e o mundo real, onde a desigualdade de gênero ainda é uma realidade e elas são apenas bonecas. 

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Considerado um sucesso de crítica e bilheteria, Paula Puhl explica que o frenesi em volta da Barbie não aconteceu de repente: é algo que foi sendo construído coletivamente. A docente relembra que na moda o estilo Barbiecore já vinha dominando as plataformas digitais e alguns estilistas já estavam apostando na cor rosa em seus últimos desfiles. Ao falar sobre consumo, Paula enfatiza que a nostalgia que existe em relação à Barbie e outros produtos culturais é um fator essencial e que não pode ser deixado de lado na análise de um sucesso.  

“Acredito que em todas as matérias que lemos sobre o assunto a questão da nostalgia se faz presente, por isso é preciso entender esse fenômeno partindo dessa lógica. A meu ver, cada pessoa que vê o filme também ressignifica para sua época o valor daquela boneca. Quem conheceu a Barbie nos anos 2000 vai ter uma visão diferente de quem brincava com a boneca no final dos anos 1970, 1980, ou até antes. O novo filme da Barbie consegue se comunicar com diversos públicos. E quem vai assistir mostra essa conexão com a boneca ao utilizar alguma peça rosa”. 

O sucesso sempre vem acompanhado de críticas, e no caso da Barbie, a Mattel tem colecionado polêmicas desde a criação da boneca. Feita para o público infantil e feminino, a Barbie foi acusada de transmitir uma imagem corporal feminina irreal, que reforça um padrão inatingível e que poderia contribuir para o desenvolvimento de distúrbios alimentares em crianças e adolescentes. Atualmente, a empresa conta com uma série de outras bonecas que representam mulheres com corpos diversos, mas a professora acredita que dificilmente será possível separar a imagem da Barbie de uma boneca loira e magra, visto que a construção de marca promovida pela Mattel durante todos esses anos foi muito forte.  

“A Barbie estereotipada sempre vai ser o carro-chefe de consumo da marca, mas é muito importante que a Mattel mantenha esse diálogo trazendo a questão plural que ela tem feito nos últimos anos. É importante, principalmente, por uma questão social, que a marca proporcione um pouco mais de visibilidade às suas outras bonecas. Já existe um imaginário formado sobre a Barbie, mas a Mattel poderia agregar mais ainda à sua comunicação ao mostrar que ela tem, sim, Barbies que são mais parecidas com suas consumidoras”, defende. 

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O futuro será rosa?  

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Ruth Handler, criadora da Barbie. / Foto: Mattlel/Divulgação

Nos últimos anos, franquias de super-heróis têm tomado conta da indústria cultural, com produções audiovisuais de grande sucesso. A pesquisadora explica que esses filmes, em geral, focam no lado mais humano dos heróis, e que são as questões mais profundas, como dilemas éticos e morais, que acabam aproximando o público dessas obras, criando um engajamento emocional. Para a docente, o filme da Barbie traz um pouco disso ao transportar a boneca para o mundo real. No futuro, a professora espera que os outros filmes da boneca tratem de mais questões relacionadas ao papel da mulher na sociedade.  

“Esse filme abriu um universo de possibilidades. Eu gostaria de talvez acompanhar a Barbie dos anos 1959 entrando em contato com um mundo em transformação sem perder sua questão sintética de ser uma boneca. Mas eu acredito que podemos esperar para ver o que vai vir a seguir. Será que a Barbie e o Ken vão ter um relacionamento? Como será que ela se comporta em relações sociais diferentes? Como ela se relacionaria fora da Barbielândia? Seria interessante termos outros filmes da Barbie explorando essas questões sociais e relacionais”, reflete. 

Devido ao volume expressivo de ações de marketing, patrocinadas ou não pela Mattel, a professora acredita que o filme já pode ser considerado um case de sucesso. Diversas marcas aproveitaram o alvoroço em relação ao longa-metragem para divulgar seus produtos atrelados à cor rosa. Para Paula, essa campanha é excepcional e pode ser comparada, guardadas as proporções, com a ação realizada pela empresa de leite Parmalat em 1996. Na época, a campanha fez tanto sucesso que acabou durando quatro anos. A docente acredita que será preciso se afastar um pouco desse fenômeno para entendê-lo em sua totalidade, mas que o case Barbie ainda poderá ser estudado nas universidades e empresas de comunicação.  

“É bom nos distanciarmos para estudar a Barbie um pouquinho mais adiante, até para entender o quanto essa percepção que estamos tendo agora, de que o filme é um sucesso, vai ajudar a reposicionar a marca. Daqui a um tempo, conseguiremos ter um olhar mais crítico sobre as ações, sobre o faturamento, e conseguir entender se esse imaginário sobre a Barbie vai continuar, seja na moda, seja na compra dos produtos”.  

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Participe da pesquisa que compara hábitos de japoneses e brasileiros na pandemia

Foto: Zydeaosika/Unsplash

Após meses lidando com uma inimiga silenciosa e invisível, as populações de diferentes partes do mundo aprenderam, mesmo que com adaptações, a conviver com a pandemia da Covid-19 no dia a dia. Para entender e comparar os hábitos entre pessoas japonesas, descendentes e não descendentes de japoneses neste período, a PUCRS está realizando uma pesquisa. Se você tem idade superior a 21 anos e reside no Brasil ou no Japão, pode participar da pesquisa em português ou japonês. 

O projeto realizado pelo Grupo de Pesquisa em Epidemiologia, Neurologia e Imunologia (Genim), é coordenado por Douglas Kazutoshi Sato, diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS (IGG), e tem como instituições parceiras: 

A pesquisa será útil não apenas neste momento, mas também para futuras emergências de saúde pública que possam acontecer. “Acreditamos que os resultados serão informativos e contribuirão para a revisão de medidas preventivas diante da pandemia, bem como para a saúde da população e hábitos comportamentais preventivos”, destaca o grupo que elaborou o estudo. 

Um Japão no Brasil 

A história da imigração japonesa no Brasil começou há 112 anos, em 18 de junho de 1908. Estima-se que pelo menos 1,5 milhão de nikkeis – como são conhecidas as pessoas com origem japonesa vivam no País, de acordo com o Consulado Geral do Japão em São Paulo. 

Dessas pessoas, 400 mil vivem em São Paulo. Já no Rio Grande do Sul, a cidade de Ivoti é marcada pelas tradições nipônicas, onde fica o Memorial da Colônia Japonesa. 

Pandemia em números 

Até 7 de outubro deste ano o Japão registrou cerca de 1.500 mortes e pouco mais de 82 mil casos, segundo dados oficiais. A taxa de mortalidade foi de um a cada 100 mil habitantes, enquanto nos EUA chegou a 64 e, no Brasil, passou de 70. 

Participe da pesquisa

Fé e CulturaO tema Mídia e comportamento ou Comportamentos da mídia será o foco dos debates da segunda edição de 2017 do projeto Fé e Cultura, nesta terça-feira, 23 de maio.  O evento, que ocorre das 18h às 19h15min, no auditório do prédio 9, será ministrado pelo jornalista e professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS, Juremir Machado da Silva. O interlocutor será o diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade, Marcelo Bonhemberger.

A entrada é gratuita e aberta ao público. Não é necessário realizar inscrição antecipada, mas as vagas são limitadas à capacidade do auditório. Alunos da PUCRS devem apresentar o cartão de estudante para contabilizar a presença e aproveitar as horas complementares.

Fé & Cultura

Promovido e coordenado pelo Centro de Pastoral e Solidariedade, o Fé & Cultura constitui-se em uma série de palestras que priorizam a formação, a reflexão e a discussão de temas atuais, relacionando-os com a fé. A iniciativa tem o objetivo de reforçar, na Universidade, a importância do diálogo sobre o desenvolvimento da ciência e suas implicações sociais e éticas.

Pessoas, Compras, Shopping

Foto: stevepb/pixabay.com

Pesquisas do Grupo de Estudos do Comportamento Disfuncional do Cliente, da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS (Face), revelam que a intenção do consumidor de se comportar de maneira antiética aumenta quando ele se depara com um erro de uma empresa. Além disso, quanto mais produtos na loja, maior a sensação de proteção para praticar uma ação disfuncional. O contrário ocorre em relação à quantidade de pessoas. Os resultados mostram que quando o indivíduo está cercado, fica menos propício a agir de tal forma. As atitudes imorais analisadas envolvem furtos, fraudes, ameaças ao vendedor, assédios verbais, reclamações indevidas, compra de produtos ilegais e vandalismo, entre outros.

O coordenador do Grupo e professor da Face, Lélis Espartel, explica que, no momento de praticar a ação antiética, a pessoa leva em consideração o dano que pode causar ao comerciante. “Por isso, os consumidores respeitam mais os pequenos varejistas”, analisa ele. Em relação às grandes empresas, o professor menciona a distância psicológica entre o cliente e a organização, o que facilita o impulso do comprador de praticar um furto, por exemplo. “Isso traz importantes consequências para o varejo, uma vez que são comportamentos difíceis de identificar ou evitar”, alerta Lelis.

Os pesquisadores também querem entender o porquê da realização de determinadas ações disfuncionais. O professor utiliza o exemplo de um consumidor que recebe duas comandas por engano em um bar. Ao longo de sua estada no estabelecimento, o indivíduo entrega para o garçom as comandas alternadamente para que ele registre menos do que realmente foi consumido. No final, paga a conta mais barata e esconde a outra comanda. Mesmo que os limites morais levem à ideia de que esse cliente possa se sentir culpado ou com vergonha, o professor alerta: “estudos recentes indicam que esse comportamento pode causar sensações e emoções positivas nas pessoas”. Ele salienta que os consumidores com comportamentos disfuncionais visam uma vantagem financeira, mas também são envolvidos por um sentimento de oportunismo e de se dar bem em uma situação de compra e consumo.

Lélis destaca que o tema estudado pelo Grupo é pouco explorado no Brasil e que, normalmente, as pesquisas são voltadas para a perspectiva da ética das empresas. O objetivo da equipe é ampliar o olhar também para os clientes. “Para a relação ser funcional, os dois lados precisam ser éticos e cada um deve fazer a sua parte”, salienta ele. A proposta para o futuro é aprofundar os mecanismos que explicam esses comportamentos disfuncionais e como evita-los.