A acessibilidade universal, a mobilidade urbana e o direito à cidade são temas fundamentais na atualidade. As principais tendências discutidas na área de Arquitetura e Urbanismo estão ligadas à busca por relações mais equilibradas entre humanidade e ambiente, à proposição de soluções inspiradas na natureza e no conceito de biofilia (o amor à vida), e à forte conexão com o mundo natural, incluindo a dimensão humana e o uso de tecnologias. Esses são apenas alguns dos aspectos das chamadas cidades inteligentes, que devem revolucionar a vida em comunidade.
Dentre as estratégias difundidas nos projetos arquitetônicos, paisagísticos e urbanísticos estão o uso consciente dos recursos. “Nesse sentido, podemos destacar: o uso de recursos renováveis, o sequestro de carbono pelo uso da madeira certificada (que absorve a poluição) e a autogeração de energia nas edificações; a instalação de infraestruturas verdes (com plantas e integração com a natureza), principalmente nas soluções de drenagem urbana e na gestão dos recursos hídricos”, explica a professora Maria Alice Medeiros Dias, coordenadora da graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUCRS.
Para desenvolver projetos com essa lógica são necessários anos de estudo, pesquisa e aprofundamento. Letícia Sebben, que está no 9º semestre da graduação na área, afirma que “a formação acadêmica fornece o conhecimento necessário para embasar tal processo, conferir segurança e valor para a prática profissional, bem como nos preparar para os possíveis caminhos que o futuro revelará para esta profissão”.
Para quem também sonha em atuar no setor, o curso de Arquitetura e Urbanismo está com inscrições abertas para ingresso por meio do Vestibular de Inverno (com prova de redação online, aproveitamento da nota do Enem ou a modalidade que houver o melhor desemprenho), até o dia 6 de junho. Também é possível solicitar Transferência (para estudantes de outras instituições) e Ingresso de Diplomado (para quem já se formou no ensino superior, com desconto).
Maria Alice pontua que a ideia principal é promover a qualidade de vida das pessoas, criar condições dignas de habitação, trabalho e lazer para que, de forma ampla, possam realizar suas atividades e explorar potenciais:
“Uma cidade inclusiva e pensada para as pessoas impacta positivamente a saúde física e mental da população, contribui para o desenvolvimento humano, abrangendo as diversas demandas da sociedade”.
Ela também destaca que o respeito ao patrimônio ambiental, cultural e histórico dos espaços deve estar presente na concepção de cidades inteligentes.
As cidades inteligentes do futuro deverão priorizar o bem-estar das pessoas por meio do uso criterioso de recursos tecnológicos. De acordo com a professora, o importante é assegurar que as novas ferramentas e inovações possam contribuir para que as cidades sejam mais humanas, seguras e eficientes nos serviços que oferecem aos cidadãos e cidadãs.
“As discussões nesse sentido têm envolvido a academia, as comunidades e os órgãos da administração pública em estudos, atividades e propostas para cidades mais sustentáveis, inteligentes e circulares”, acrescenta.
Afinal, quem já perdeu a paciência esperando para poder atravessar a rua em uma avenida movimentada e mal sinalizada, ou se encantou com a beleza convidativa de um ambiente ao ar livre planejado para a convivência, consegue entender brevemente qual é a importância prática da área.
Os espaços passaram a exercer funções ainda mais importantes na vida das pessoas nos últimos anos, e isso foi intensificado pelo período de distanciamento social causado pela pandemia da Covid-19, salienta a aluna Letícia. Já a professora Maria Alice reforça que os futuros bons arquitetos e arquitetas serão profissionais que estão preparados/as para propor inovações de acordo com as necessidades do momento, tendo também uma visão empreendedora:
“Será necessário atuar como agente de inovação e transformação, dedicado a colaborar na solução e na gestão das demandas sociais. Criatividade, compartilhamento de ideias e trabalho colaborativo são competências essenciais no perfil de arquitetos e urbanistas”.
Letícia diz ainda que após a formação espera exercer a sua função com base em valores humanos: “A área de Arquitetura e Urbanismo tem muito potencial para modificar a nossa sociedade, que é o que eu acredito e acho coerente como futura profissional”.
Se você já ouviu o termo “cidades inteligentes” deve ter uma ideia dos impactos desse conceito na forma como nos relacionamos com o espaço em que vivemos. O projeto Cap4city tem o objetivo de desenvolver a capacidade de governança em cidade inteligentes e sustentáveis. Financiado pelo fundo da Europeu Comission Erasmus, o projeto opera em consórcio com 12 Instituições de Ensino Superior, de diversos países.
Para intensificar essa atmosfera de debate sobre o tema, o evento Construindo Capacidades de Governança em Cidades Inteligentes e Sustentáveis: compartilhando experiências de ensino e pesquisa aconteceu no Campus da PUCRS, nos dias 6 e 7 de julho, e contou com dez palestrantes internacionais, de oito países diferentes. O momento trouxe um apanhado de todas as vivências que o Cap4City construiu, a partir do objetivo de transformar as cidades por meio da educação.
A programação contou com apresentação de casos, painéis com diferentes perspectivas, metodologias e formas do assunto na inserção curricular. Lucy Temple, pesquisadora da Danube University Krems, na Áustria, e coordenadora do projeto explicou que, desde 2018, o projeto vem atuando de forma ativa.
“O Cap4city busca encontrar caminhos para ajudar cidades a se capacitarem para serem mais sustentáveis, além proporcionar todo o material que eles precisarão para implementar e criar um currículo o qual as universidades poderão usar no mundo todo”.
Eventos como esse são importantes para a promoção de diálogos e ações que potencializam a qualidade de vida das pessoas nas cidades. Vanessa Daniel, doutora em Administração e professora universitária, participou do evento e acredita que esse é um fator fundamental.
“Todo espaço que nós possamos discutir e trazer ideias diversas acerca do assunto é importante e ajuda a abrir o pensamento de diversos fatores. Aqui, temos atores das mais diversas áreas, com visões mais progressistas, outros mais críticas, e essas pessoas precisam dialogar para, de fato, pensarmos sobre esse fenômeno.”
A herança da pesquisa do Cap4city vai para além do estudo. Para corroborar com isso, a proposta também visa lançar um curso gratuito com 31 disciplinas, com temas técnicos, como gestão, gestão pública e governança, por exemplo. As aulas ministradas pelos participantes internacionais estão legendadas em português, inglês e espanhol. O projeto também tem o objetivo de criar uma biblioteca de materiais gratuitos para quem quiser saber mais sobre cidades inteligentes.
“A ideia é que professores possam usar nas suas aulas, e até nas disciplinas do Novo Ensino Médio, mas pessoas interessadas no assunto também”, afirma a professora Edimara Mezzomo Luciano, coordenadora do Cap4City na PUCRS, pela Escola de Negócios.
O projeto transcendeu o campus e, na disciplina de Projeto Integrador I, os/as estudantes de Graduação em Administração aplicaram a metodologia na sua visita ao Centro Marista da Ilha Grande dos Marinhos, identificando os problemas e traçando soluções. O mesmo movimento ocorreu nos municípios de Picada Café e Ivoti. “Esse tipo de projeto faz os/as alunos/as perceberem o mundo, com pautas sociais e as escolhas dos governantes. Eles fazem uma parte da cidade que ainda não recebe tanta atenção”, afirmou Edimara, professora coordenadora do projeto.
Para responder às aspirações da população por melhores serviços, cada vez mais os governos têm sido transformados pela revolução digital e por estratégias e ações de governança inteligentes. Essa é uma das premissas das cidades inteligentes, que envolvem ainda questões relacionadas a território, mobilidade e cidadania, além das tecnologias da informação e comunicação. Esse novo conceito de cidades, tema da Maratona da Inovação deste ano, segue sendo debatido dentro da Universidade dentro do projeto Cidades, Ideias e Ideais, promovido pela Escola de Negócios.
A iniciativa consiste em uma série de eventos de curta duração abordando diferentes temas dentro do conceito cidades inteligentes, com o objetivo de conectar a graduação à pesquisa, proporcionando ao público uma oportunidade de aprendizado com caráter multidisciplinar e inclusivo. O primeiro encontro, que acontece nesta quarta-feira, 7 de outubro, irá debater a dimensão cidadão inteligente. A palestra será proferida pelo professor Marcos Diligenti, da Escola Politécnica, e a mediação será da professora Edimara Luciano, da Escola de Negócios. As inscrições podem ser feitas neste link.
Dentre as definições de cidades inteligentes, a que Edimara prefere é a de “cidades com melhor qualidade de vida para todos”. A professora explica que o conceito envolve dimensões como mobilidade, viver inteligente, governança inteligente e cidadão inteligente. “Sempre que se pensa em cidades inteligentes, se pensa em uma cidade tecnológica, digital. Mas cidade digital é uma etapa anterior, pois não necessariamente ela é inteligente, apesar de ser mais efetiva em alguns projetos“, explica.
Para a mediadora do evento, é importante trabalhar esse assunto para agrupar os diversos saberes da universidade e dar espaço a eles. “Esse é um tema multidisciplinar por natureza, por isso é importante debatê-lo em na universidade. Além disso, refletir sobre as questões que envolvem iniciativas de cidades inteligentes é também uma forma de exercer a cidadania”, completa.
O professor Diligenti aponta ainda que, a partir desses diálogos, é estimulada uma postura curiosa, que pode incentivar um avanço na conscientização das pessoas enquanto cidadãs: “A universidade, como um espaço reconhecido de construção de conhecimento, é fundamental nesse processo. A meu ver, a sociedade necessita tanto da universidade quanto esta necessita da sociedade, para que, neste caminho de ‘mão dupla‘, seja estimulado o avanço humanitário de ambas”.
Leia também: Qual o papel da universidade na construção de cidades inteligentes?
O encontro desta quarta-feira, que irá abordar a dimensão cidadão inteligente, acontece em um momento oportuno: pouco mais de um mês antes das eleições municipais. Comumente o exercício da cidadania é relacionado ao ato de votar, e o evento irá lembrar que ser um cidadão vai além disso, pois envolve uma preocupação constante com o seu papel na sociedade e com o uso que faz da cidade, do local onde vive.
Para Diligenti, cidadão inteligente é aquele que procura buscar a essência dos fenômenos para exercitar a plenitude da sua cidadania. E o desafio está justamente em desenvolver um pensamento crítico: “Essa postura exige conhecimento e o exercício de uma práxis cidadã, que muitas vezes é desestimulada e até mesmo cerceada na sociedade por confrontar interesses específicos de determinados grupos”.
O professor aponta que a democracia representativa que anuncia uma “pseudo” participação cidadã com o voto a cada quatro anos é um modelo de cidadania esgotado. Para realmente exercer o papel de cidadão e exercitar um projeto político no sentido genuíno da palavra, ele sugere buscar uma participação direta e cotidiana nos rumos da cidade por meio de ferramentas efetivas de participação e “deliberação” cidadã.
Confira mais informações sobre o primeiro encontro do projeto Cidades, Ideias e Ideais aqui.
Nesta quarta-feira, 16 de novembro, foi assinado na Espanha um convênio de cooperação entre o Centro de Cidades Inteligentes da PUCRS e o Centro de Internet das Coisas da Universidade La Salle Ramon Llull, de Barcelona. O acordo visa à conjugação de esforços para incentivar a cooperação, o intercâmbio tecnológico e científico e o desenvolvimento de recursos humanos nas áreas do ensino, da pesquisa e do empreendedorismo ligado a cidades inteligentes e humanas.
A cerimônia contou com a presença do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, da diretora de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Gabriela Ferreira, do coordenador do Centro de Cidades Inteligentes da Universidade, Fabiano Hessel, e do coordenador da universidade espanhola, Josep Piqué.
A partir de agora, os dois Centros de Inovação passam a atuar como atores globais na promoção de projetos comuns, na identificação de fontes de financiamento para pesquisa e promoção conjunta de relações com empresas, na entrada de novas companhias com produtos desenvolvidos a partir de tecnologias criadas por grupos de pesquisa e outros mecanismos de conexão entre empresários e cidades.
Segundo Gabriela, a parceria é um reconhecimento ao trabalho da PUCRS nessa área, além de uma importante conexão internacional. “É também uma oportunidade de trabalharmos ainda mais na busca de impacto positivo na cidade a partir da nossa pesquisa”, comentou.