Os avanços da tecnologia proporcionam diversas facilidades para o cotidiano das pessoas. Uma delas é a internet, cada vez mais presente nos lares e dispositivos móveis da população brasileira. Porém, se todo mundo pode produzir conteúdo e postar a qualquer momento, como saber quais informações são verdadeiras e quais fontes são confiáveis? Confira algumas dicas do professor Marcelo Crispim da Fontoura, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, e como você pode evitar compartilhar conteúdos falsos:
1. Sempre identificar a fonte: a procedência da informação diz muito sobre sua natureza. Textos e imagens recebidos via aplicativos de troca de mensagens podem não possuir uma autoria identificada. Desconfie nesses casos. Se alguma informação for verdadeira, ela terá respaldo em veículos de imprensa profissionais e na mídia. Informações divulgadas sem fonte são a principal forma de gerar desinformação. Suspeite também de mensagens “assinadas” em nome de órgãos governamentais. Se forem verídicas, elas podem ser encontradas facilmente nos sites das instituições.
2. Confira as datas das notícias: ao receber e enviar informações para amigos e familiares é importante conferir qual a data de publicação e/ou atualização das matérias. Mesmo sendo verdadeira, uma notícia publicada há alguns anos pode ser inválida para discussões atuais. Lembre-se que, na internet, muitas vezes as notícias antigas têm a mesma cara das novas.
3. Olhe o outro lado: para não acreditar em uma notícia que se encaixa perfeitamente na sua visão de mundo, é importante considerar que quase tudo tem um contraponto. Um acontecimento, por exemplo, tem muitos lados. Se uma matéria expressa exatamente o que alguém pensa, ela pode ter sido feita justamente para confirmar uma opinião. Isso tem a ver com o chamado viés cognitivo: a tendência é a acreditar no que condiz com um ponto de vista prévio.
GRADUAÇÃO PRESENCIAL
4. Fique atento à ortografia: conteúdos e informações inventados costumam ter erros de português. Normalmente, são deslizes perceptíveis de ortografia e concordância, além de frases que parecem não se encaixar.
5. Grupo da família não é fonte: para não cair na tentação de confiar em alguma informação com base em quem a enviou, e não na fonte, é fundamental lembrar das dicas já citadas: conferir a origem, os contrapontos e a data da publicação. Não é só porque um parente querido enviou alguma informação que ela se torna verdadeira. Lembre-se que a fonte da informação é quem a publicou, não quem a enviou a você. Pesquise em associações e conselhos profissionais, como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde.
Dica bônus: seja proativo e vá atrás das informações você mesmo. Na dúvida, procure no Google. Você provavelmente vai encontrar alguma checagem feita por um órgão confiável de imprensa. O mais importante é não passar algo adiante sem saber se é verdade.
O Ministério da Saúde recebeu 9.900 mensagens solicitando a checagem de informações a respeito do coronavírus entre os dias 21 de janeiro e 12 de março. Apenas 495 eram verdadeiras, e 8.910 eram falsas. Esse comportamento tem se tornado cada vez mais comum e, segundo o Massachussetts Institute of Technology (MIT), uma informação falsa se espalha 70% mais rápido do que a verdadeira.
Marcelo Crispim é professor de Jornalismo Digital e Mídia Digital na Famecos. Leciona disciplinas relacionadas a Jornalismo de Dados, Jornalismo Online e Cultura Digital. Foi fellow do International Center for Journalists em 2015. Pesquisa sobre futuro do Jornalismo e concluiu o período de doutorado-sanduíche na Northwestern University, em Chicago.
O novo currículo do curso de Jornalismo da Famecos conta com uma disciplina exclusiva sobre Dados e Fact Checking (checagem de fatos). Assim como Empreendedorismo, Sustentabilidade, Cultura Digital e Jornalismo Online, as aulas correspondem às atuais demandas da área e do mercado, que exige cada vez mais capacidade de apuração e credibilidade dos novos profissionais de comunicação.