No Dia Mundial do Meio Ambiente e Dia Nacional da Reciclagem, 5 de junho, a sociedade é mais uma vez alertada para a importância da coleta, separação e destinação de materiais. Este ano, o foco será o lixo marinho, somando-se à campanha #MaresLimpos da ONU Meio Ambiente. Se todo mundo concorda com a importância de reciclar, também se faz necessário compreender que muita gente vive dessa atividade. Mas enquanto a indústria que transforma o lixo só cresce e lucra, os catadores têm uma renda familiar menor do que um salário mínimo, moram em áreas de risco, muitas vezes trabalham em lugares insalubres e mais de 80% precisam levar junto os filhos.
Entre suas principais demandas está a coleta solidária, sistema pelo qual, através de contrato com a prefeitura, eles podem recolher papéis e embalagens plásticas diretamente nas residências. A meta vai mais longe: querem preparar os materiais para a industrialização, quando atingem maior valor, o que chamam de reciclagem popular.
Em 2016, esse setor da economia rendeu, em Porto Alegre, R$ 60 milhões. A coleta também evita o gasto de um expressivo volume de recursos, o que, na Capital, naquele ano, foi de R$ 14 milhões. Quando se fala em ganhos ambientais, os números seguem impressionantes. São 995.290 árvores não cortadas em 365 dias. Isso que a crise afeta a produção de lixo e se recicla menos de dois terços do potencial. Os dados são de pesquisa realizada pelo Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais, Direitos e Políticas Sociais (Movidos), do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social.
“Essa indústria gera ganhos significativos que não chegam aos catadores”, destaca a coordenadora da pesquisa e líder do Movidos, assistente social Mari Aparecida Bortoli, que faz estágio pós-doutoral na PUCRS. O objetivo do estudo é entender as condições dos trabalhadores em Porto Alegre. Mari cita que as demandas por saúde e assistência social são grandes, pois muitos não utilizam equipamentos de segurança. A maioria recebe auxílios permanentes ou eventuais em programas sociais. Alguns integram grupos sobre autogestão, cooperativas e economia financeira. Mas grande parte tem acesso restrito a informações.
Confira como está a vida de três catadores na reportagem completa da Revista PUCRS, além de mais números sobre a indústria da reciclagem.
1, 2, 3, 4, 5 mil, estamos defendendo a natureza do Brasil!
Não, não, não à incineração!
Entoando frases de luta, durante o Seminário Defesa de Direitos – Catadoras e Catadores na Resistência, na PUCRS, dia 10 de novembro, os trabalhadores aprovaram carta reivindicando o direito de gerar trabalho e renda a partir dos materiais recicláveis. O documento, entregue à superintendente-geral da Assembleia Legislativa, Mari Perusso, e à assessora da Presidência, Karen Lose, traz uma série de demandas, incluindo a retomada do Conselho Estadual de Economia Solidária e seus programas, além de uma posição definitiva contra métodos de incineração de resíduos e a favor da coleta seletiva solidária realizada por associações e cooperativas de catadoras e catadores de materiais recicláveis e de baixa renda, como ocorre em Uruguaiana, Santa Cruz do Sul e Gravataí.
Trezentos e cinquenta trabalhadores estiveram reunidos no seminário, realizado pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, em parceria com a Universidade e a Fundação Luterana de Diaconia, que incluiu debate sobre conjuntura e direitos sociais, relatos de experiências de mulheres e outras discussões. Participaram as professoras do curso de Serviço Social da Escola de Humanidades Jane Prates e Berenice Rojas Couto, Aline Souza, da Comissão Nacional do movimento, Maria Tugira Cardoso, da Comissão Estadual, e Cibele Kuss, da fundação.
Maria Tugira, da Associação de Catadores de Lixo Amigos da Natureza, de Uruguaiana, foi homenageada no evento. Há 38 anos nessa ocupação, participa do movimento nacional desde sua criação, em 2000. Criou os sete filhos indo para o lixão buscar material reciclável. Lutou para que os 22 netos e o bisneto tenham melhores condições de vida.
À tarde, grupos de discussão trataram de temas como protagonismo das catadoras, condições de trabalho e saúde, violência doméstica e familiar, controle social, Política Nacional de Resíduos Sólidos e identidade de classe. Catadores e pesquisadores da PUCRS fizeram a mediação. Enquanto os pais participavam do evento, seus filhos puderam se divertir na Brinquedoteca da Escola de Humanidades e no Museu de Ciências e Tecnologia. Houve a isenção dos ingressos.
No dia 10 de novembro, das 8h às 17h, a PUCRS sedia o Seminário Defesa de Direitos – Catadoras e Catadores na Resistência, no auditório térreo do prédio 50. Atividades culturais, debate sobre conjuntura e direitos sociais, relatos de experiências de mulheres e outras discussões farão parte do encontro promovido pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, em parceria com a Fundação Luterana de Diaconia e a PUCRS. Participam as professoras do curso de Serviço Social da Escola de Humanidades Jane Prates e Berenice Rojas Couto, além de Mari Aparecida Bortoli, estagiária de pós-doutorado da Universidade e líder do grupo de pesquisa Movimentos Sociais, Direitos e Políticas Sociais (Movidos).
À tarde, grupos de discussão vão tratar de temas como protagonismo das catadoras, condições de trabalho e saúde, violência doméstica e familiar, controle social e Política Nacional de Resíduos Sólidos e identidade de classe. Catadores e pesquisadores da PUCRS farão a mediação.
No final do seminário, os participantes realizarão marcha do Largo Zumbi dos Palmares à Assembleia Legislativa para pressionar contra a instalação de indústrias de incineração de resíduos no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, existe lei que proíbe essa prática danosa ao meio ambiente. Porém, os gestores municipais indicam a construção de usinas como alternativa para o aumento da produção de resíduos na cidade. “Catadores, organizados em associações e cooperativas, contribuem para que o lixo passe a ser tratado como insumo com valor econômico, social e ambiental, atuando de forma decisiva para a implementação de um dos pressupostos da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, afirma Mari.
O evento é aberto a interessados, mas, em função do espaço físico, há limite de vagas.