Uma série de estudos e pesquisas foi disponibilizada à sociedade em formato de cartilhas, elaboradas por pesquisadores e estudantes da PUCRS, visando contribuir para o atual momento de crise sanitária.
Dentre essas cartilhas, estão as de enfrentamento do coronavírus para idosos, enfrentamento à violência contra a mulher durante a pandemia, história em quadrinhos sobre cuidados com a saúde para crianças, além dos guias para profissionais em home-office e de informações gerais para a reabertura das escolas.
Para conhecer demais cartilhas e compreender melhor cada uma delas, leia a matéria completa na Revista PUCRS (página 45).
Em pesquisa inédita com servidores públicos de nível superior do Rio Grande do Sul, 52,2% relataram já ter sofrido algum tipo de tentativa de suborno. Dos 366 participantes, 191 declararam já terem sido assediados com propostas. Destes, 49,2% receberam oferta de presentes e 33% de propina. Os dados fazem parte da dissertação de mestrado do psicólogo Felipe Vilanova, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS. O estudo, realizado com associados do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (Sintergs) entre fevereiro e maio de 2020, foi apresentado nesta quarta-feira, dia 28 de outubro, Dia do Servidor, em coletiva de imprensa virtual.
As respostas mostram que, para os trabalhadores de nível superior do Poder Executivo, as ações adotadas pelos governos nos últimos três anos são insuficientes para coibir corrupção. Para 42,2%, as medidas foram ineficientes e 22,5% indicaram que nada mudou. Em relação ao engajamento em comportamentos corruptos, a média entre os servidores foi de 1,67 – em uma escala de um a nove. O indicador é uma média das respostas para cinco perguntas da pesquisa. Em estudo realizado anteriormente pelo pesquisador com trabalhadores da iniciativa privada, a média foi de 2,29. Ou seja, a probabilidade é menor entre os associados do Sintergs.
“A pesquisa evidencia a baixíssima tendência à corrupção por parte dos servidores gaúchos, o que contrapõe as narrativas construídas contra o funcionalismo. O acesso às carreiras públicas, com concurso, estabilidade e todas as garantias, é peça fundamental para que se mantenha a boa prestação do serviço e se evite atos de corrupção, o que está em risco com a reforma administrativa”, afirma Antonio Augusto Medeiros, presidente do Sintergs.
Segundo Vilanova, “a menor disposição à corrupção entre trabalhadores do serviço público se assemelha ao verificado na Dinamarca”. A percepção é reforçada pelo pesquisador em Psicologia Social Angelo Brandelli Costa, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e orientador do trabalho de Vilanova. “A população, em geral, tem imagem contrária, mas a verdade é que os servidores públicos parecem ter menor propensão à corrupção”.
Com objetivo de contribuir para as boas práticas no serviço público, o Sintergs lançou nesta quarta-feira, dia 28 de outubro, a cartilha Diretrizes para combater a corrupção – Pesquisa desconstrói a narrativa da falta de ética no serviço público. O pesquisador Felipe Vilanova, com orientação do professor Angelo Brandelli Costa, apresenta sugestões a partir da pesquisa e de outros estudos sobre o tema. Com base nos dados, os pesquisadores propuseram cinco diretrizes:
A cartilha completa pode ser conferida neste link.
Informar e levar recomendações para a comunidade escolar sobre formas saudáveis de enfrentamento do distanciamento social é o principal objetivo de um conteúdo desenvolvido pelo Núcleo de Psicologia Escolar e Educacional da PUCRS. A equipe, que compõe o Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP), serviço-escola do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Universidade, criou a Cartilha Conversando com a comunidade escolar durante o isolamento pelo Covid-19 – material que já está sendo enviado para instituições de ensino.
A ideia de produzir conteúdos para auxiliar a comunidade escolar surgiu durante uma reunião do Núcleo, formado por 18 estagiários de Psicologia que atuam em cinco escolas (sendo quatro da rede pública e uma escola social Marista). Supervisionado pela psicóloga Berenice Moura da Roza, o grupo busca auxiliar as escolas a lidar com os desafios que envolvem a educação, no âmbito da Psicologia Escolar e Educacional. Ao discutir o contexto de distanciamento social e a falta de contato com os alunos e com os demais sistemas das escolas, uma das equipes do Núcleo, formada por sete estagiários que atuam na escola parceira que compõe o Centro de Extensão Universitária Vila Fátima da PUCRS, no SAPP, refletiu sobre os possíveis impactos que a suspensão das aulas presenciais de forma abrupta poderia causar nos alunos.
Segundo Berenice, o grupo começou a pensar em uma forma de acessar a comunidade escolar nesse contexto. “Inicialmente, fomos inspirados em outros materiais e postagens em redes sociais, em que foram criados vídeos com cartazes e frases de afeto com a mensagem de #fiqueemcasa. Assim, partimos para esse projeto, em uma perspectiva de acolhimento, dentro dos pressupostos científicos que sustentam a formação em Psicologia”, conta. O vídeo foi enviado para uma das escolas de atuação dos estagiários e o retorno positivo estimulou que o projeto não parasse por aí.
Após o sucesso do primeiro material desenvolvido, o grupo decidiu produzir conteúdos semanais, no formato de cards informativos sobre saúde mental em tempos de crise. Conforme Berenice, a premissa foi a de que, além de informar, os materiais tivessem um caráter afetivo e acolhedor. “À medida que os estagiários enviavam suas produções para a supervisão, entendíamos ser prioritário criar um local para compilar tudo e que permitisse que trabalhássemos junto o material. Criamos, então, uma pasta, na qual começamos a contribuir virtualmente. Em algumas semanas, durante outra reunião de equipe, nasceu a cartilha”, conta.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Psicologia Escolar e Educacional, professora Renata Plácido Dipp, por conhecer a realidade das escolas atendidas, o grupo entende que elas têm um papel que vai além do ensino de conteúdos formais nas comunidades em que estão inseridas. “Elas são referências em formação e informação. Orientam sobre hábitos saudáveis, saúde emocional e sobrevivência, pois de alguma forma, auxiliam essas comunidades das mais variadas formas de (sobre)vivência em seus contextos”, aponta.
A ideia é que, com o intermédio das escolas, as recomendações da cartilha alcancem a comunidade de uma forma geral. Por isso, o material traz informações referentes a diversos assuntos, que incluem hábitos de higiene, dicas de saúde mental, sugestões de brincadeiras e até um passo-a-passo para meditar. “Para a manutenção da saúde física e mental, é essencial que todos possam estar alimentados, com acesso a informações confiáveis e que estabeleçam um diálogo entre os moradores da casa e seus vizinhos – sempre mantendo o distanciamento seguro”, destaca Berenice.
A questão do diálogo recebe uma atenção importante, uma vez que, segundo as gestoras do núcleo, entende-se que a possibilidade de falar e de escutar contribui para diminuir as angústias e inseguranças cotidianas: “Salientamos, também, que por vezes, essas práticas não são suficientes. Por isso, sugerimos na cartilha práticas de relaxamento, de respiração, assim como brincadeiras de fácil acesso para as crianças e seus familiares”. O material esclarece ainda que, se o sentimento de angústia e de ansiedade persistirem, a recomendação é procurar ajuda nos postos de saúde da região de moradia, “para que a pessoa possa receber o devido acolhimento e encaminhamento”, reforça Renata.
Assim que a cartilha foi concluída, começou a ser trabalhada pela equipe do Núcleo. Inicialmente, o link do material foi enviado para as coordenações das instituições, com o objetivo que fosse divulgado em suas redes sociais. “A proposta foi muito bem recebida por todos. Assim, também formalizamos que a equipe de estagiários de cada uma das escolas parceiras iria trabalhar, semanalmente, por meio de postagens nas redes sociais destas, um dos tópicos da cartilha”, conta Berenice. Conforme a supervisora, o objetivo é explorar mais os temas abordados e responder questões que possam surgir da comunidade escolar.
Agora, a intenção é divulgar a cartilha para o maior número de comunidades escolares do município. “Assim, entendemos ser possível avançarmos os muros das escolas, hoje sustentados pelo necessário contexto de isolamento social, como forma de preservação da saúde e da vida”, concluem. A cartilha está disponível no site do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul.
Professores, pesquisadores e alunos da PUCRS têm se envolvido na produção de cartilhas com conteúdos relacionados ao enfrentamento da Covid-19. Saúde mental, atividades físicas e dicas para pessoas idosas são alguns dos temas desses materiais.
As cartilhas estão disponíveis neste link.
Organizado pela força-tarefa PsiCOVIDa, a cartilha Como “achatar a curva” em casa apresenta dicas de exercícios físicos que podem ser feitos durante o distanciamento social causado pela Covid-19. A prática é importante para prevenir e ajudar no tratamento de doenças crônicas como diabetes, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares e infecções. Além disso, também ajuda a aumentar a eficácia de vacinas, como a contra a gripe, bastante procurada neste período.
Mas não é apenas a saúde física que se beneficia desse tipo de atividade. Praticar exercícios ou esportes é importante para a mente, no combate ao estresse, e auxiliando no tratamento de transtornos graves, como a esquizofrenia. Da mesma forma, tem a capacidade momentânea de gerar a sensação de bem-estar e de diminuir a tristeza, atuando na regulação emocional (por exemplo, conseguir manter-se calmo em situações difíceis) e na qualidade de sono.
Isso não significa que quem se exercita regularmente não irá contrair a Covid-19, porém, ser uma pessoa fisicamente ativa pode contribuir no combate a diferentes infecções.
A atividade física é todo movimento corporal que produz alguma mudança no seu corpo (por exemplo, aumento do batimento cardíaco), independentemente da intensidade e da duração dessas mudanças.
O exercício físico é a prática que possui regularidade semanal e é sistematizada. Ou seja, existe uma variação na intensidade do exercício, para que ocorram mudanças a médio e longo prazo no seu condicionamento físico.
Cada pessoa reage de forma diferente aos exercícios físicos. Respeite o seu ritmo e acompanhe a sua evolução à medida em que for praticando. Conforme a intensidade, que pode ser leve, moderada ou vigorosa, fique atento aos sinais do seu corpo. Acesse a cartilha para saber como identificar essas mudanças.
Produzida pela força-tarefa PsiCOVIDa, a Cartilha de enfrentamento do coronavírus para idosos(as) reúne informações importantes sobre o impacto da pandemia da Covid-19 na vida de pessoas idosas. O material foi organizado por Tatiana Quarti Irigaray, pesquisadora e professora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia e decana associada da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, com apuração conjunta de outros(as) profissionais da área da saúde.
“Trabalho com o tema de envelhecimento nas minhas pesquisas e também atendo muitos idosos no consultório. Foi assim que surgiu a ideia”, conta Tatiana. A pandemia está associada a uma mortalidade relativamente maior entre idosos. Os órgãos oficiais de saúde têm aconselhado essas pessoas a terem mais cuidados. Porém, essas situações causam preocupações em boa parte dessa população.
“Muitos deles dependem de outras pessoas para auxílio em atividades diárias e o distanciamento social faz com que se sintam ainda mais isolados, especialmente aqueles que não têm acesso ou não dominam muito as tecnologias e a internet. Além disso, o isolamento social coloca os idosos em maior risco de depressão e ansiedade”, explica a pesquisadora.
O material apresenta dicas, recomendações e estratégias para enfrentar esse momento de pandemia. Para facilitar a leitura, a cartilha foi dividida em tópicos sobre as formas que o coronavírus pode impactar a vida das pessoas idosas:
A ideia é que essas orientações possam auxiliar no manejo dos sintomas de solidão e outros sentimentos que possam surgir nesse período. Além disso, ajuda idosos(as) a se manterem cognitivamente e fisicamente ativos e com bem-estar psicológico.
A Cartilha foi traduzida para o inglês e para o espanhol. Uma segunda cartilha para idosos(as) será disponibilizada pela EdiPUCRS em breve, com dicas, orientações e exercícios sobre:
Sobre a pesquisadora
Além de pesquisadora, a decana Tatiana Quarti Irigaray é professora especialista em Psicologia Clínica com ênfase em Avaliação Psicológica e Neuropsicologia. Também é Coordenadora do Grupo de pesquisa Avaliação, Reabilitação e Interação Homem-Animal (ARIHA), e do Projeto de cooperação Biopsychosocial aspects related to the individual’s health in adult life, no Programa Institucional de Internacionalização da PUCRS (CAPES-PrInt).
Leia também: PsiCOVIDa: conhecimento científico a favor do bem-estar
Durante o período de isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus foi registrado, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aumento nos casos de violência contra crianças, adolescentes e mulheres em vários países. Para auxiliar na prevenção e identificação de situações de risco, o grupo de pesquisa em Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas (GPeVViC) do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida lançou a cartilha de orientação Isolamento durante a Covid-19 e violência dentro de casa.
O projeto foi desenvolvido por alunos de graduação, mestrado e doutorado, sob coordenação da professora Luísa Habigzang e da doutoranda Júlia Zamora. De acordo com Luísa, o objetivo da cartilha é auxiliar as pessoas a identificar situações de violência, compreender os efeitos para saúde e qualidade de vida e acessar serviços que possam auxiliar em termos de proteção e atendimento. “O público principal são mulheres em situação de violência pelo parceiro íntimo, mas pode ser útil para familiares e vizinhos de pessoas expostas a violência”, adiciona.
O afastamento do convívio presencial com outros familiares, amigos e vizinhos, necessário neste momento, bem como acesso reduzido à serviços de saúde, assistência social, segurança e Justiça aumentam o isolamento da pessoa em situação de violência, tornando-se um importante fator de risco para violência doméstica e familiar. “Pode inclusive contribuir para o agravamento da violência, pois gera sensação de impunidade para o autor”, comenta Luísa.
Na cartilha, explicações sobre como a atual situação tem influenciado no aumento de casos, dividem espaço com informações sobre o que configura como cada tipo de violência, assim como exemplos comuns que as caracterizam. Como nas formas na violência contra crianças e adolescentes, que vão muito além do abuso físico, mas também psicológico e sexual. Além disso, ações ou omissões que causem prejuízos à própria sobrevivência, como a negligência, é conceituada no material seguindo as diretrizes internacionais do que configura esses crimes.
Para as mulheres, a cartilha traz as formas de violência sofrida e suas características, conforme determinado na Lei Maria da Penha (Lei Nº 11.340). Para esclarecimento, também se inclui atos que a OMS considera violência contra as mulheres durante a atual pandemia: como disseminar informações falsas como forma de controle ou impedir a correta higienização preventiva das mãos.
Mecanismos para notificação e denúncia dos casos identificados são disponibilizados na cartilha. “A própria pessoa em situação de violência ou outros familiares e vizinhos podem notificar os casos. Existem diversos serviços que podem atuar na proteção, entretanto, os casos precisam chegar a estes serviços. Pedir ajuda é fundamental! Romper o silêncio é muito difícil pela vergonha, medo de ameaças ou sensação de solidão, mas é o passo inicial para proteção e garantia de direitos”, afirma Luísa.
O grupo também faz questão de discutir algo fundamental na cartilha: a não culpabilização da pessoa que sofre violência. Luísa reforça que a culpa nunca é da pessoa que sofreu a violência. “Isso é importante porque a responsabilização das vítimas pela sociedade é um fator que contribui imensamente para que as pessoas não peçam ajuda. Precisamos mudar essa cultura para promover saúde e garantir direitos de quem está em situação de violência”, completa a docente.