Formada por alunos do curso de Engenharia Mecânica da PUCRS, a equipe Feng Eco Racing obteve resultados expressivos com o Tordilho – veículo de eficiência energética movido a biocombustível (etanol). Com modificações representativas no projeto, o time alcançou o 2º lugar, na categoria Etanol, na Shell Eco-Marathon Brasil, competição ocorrida entre os dias 6 a 9 de novembro, no Rio de Janeiro. Com essa evolução, a equipe já se prepara para desafios internacionais programados para o próximo ano.
Durante a competição, o protótipo obteve uma melhora de 20% de consumo de combustível, além evoluir em dirigibilidade e redução de atrito. O veículo atingiu a marca de 250 Km/L. “Cada integrante teve um papel fundamental, especialmente no quesito emocional. Mesmo com as adversidades, o controle emocional de cada um foi importante, além da bagagem técnica. Essa combinação foi a chave para mantermos o equilíbrio e atingir esses resultados”, celebra o professor Bruno de Rosso Ribeiro, coordenador do curso de Engenharia Mecânica.
O Tordilho voltará às pistas nacionais em novembro de 2018.
O próximo desafio Feng Eco Racing já está marcado. Nos dias 19 a 22 abril de 2018, a equipe vai participar de um evento urban concept, o Shell Eco-Marathon Americas, em Sonoma, nos Estados Unidos. Nessa competição, – que contará várias universidades norte-americanas – o time já prepara um novo protótipo. “É um veículo de conceito urbano, projetado para ser um carro de uso diário, com dois lugares, quatro rodas e espaço para bagagem. Será o primeiro deste modelo na competição da Shell na América Latina. Outro desafio fundamental será a busca por patrocinadores que estão dispostos a ajudar a equipe na confecção deste novo veículo, além dos custos com viagens e logística”, frisa o professor.
O novo veículo deve contar com uma série de elementos de projeto que devem estar de acordo com as regras de urban concept. “Vai exigir análises de esforços e aerodinâmica por meio de ferramentas computacionais; além de um motor adequado, também movido a etanol. Em breve, ainda neste mês de novembro, o projeto sairá do papel para a construção do chassi e elementos da carroceria”, comenta.
Os primeiros testes do protótipo estão programados para o início do ano que vem.
A equipe Feng Eco Racing já foi premiada no País e no exterior. Recentemente, neste ano, com o Tordilho, conquistou o pódio na Shell Eco-Marathon Americas, em Detroit, nos EUA. O projeto também foi apresentado em Buenos Aires, a convite do Volkswagen Group Argentina e da Shell.
Em 2012, com a criação da lei 482, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estimulou a utilização de energias renováveis, pois possibilitou que os consumidores também fossem produtores de energia. Um exemplo deste processo funciona da seguinte forma: as pessoas que possuem módulos fotovoltaicos, que convertem a energia solar em eletricidade, podem consumir o que o módulo produz e, ao mesmo tempo, descontar o excesso de energia produzida diretamente da própria conta de luz. Este é um dos motivos que levam a coordenadora do curso de especialização em Energias Renováveis da PUCRS, Aline Cristiane Pan, a afirmar que o mercado de energias alternativas está crescendo. Em sua 4ª edição, o curso, ofertado pela Faculdade de Física em parceria com o Instituto do Meio Ambiente, teve a maior procura da história, e começa com 41 alunos de todo o Brasil, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “A formação é ampla e completa, porque vislumbra todas as necessidades do mercado”, salienta a professora.
As aulas trabalham com cinco energias renováveis: solar fotovoltaica; solar térmica; eólica; biomassa e biocombustível; e energia hidrelétrica – pequenas centrais. Além disso, há disciplinas de legislação e de viabilidade econômica. “Na disciplina de Viabilidade Econômica de Projetos Ambientais, a proposta é montar planos de negócio pequenos para entender a viabilidade para a instalação de determinada energia renovável em uma empresa”, explica a professora. Para ela, não existe no Brasil um curso tão completo, e isso se reflete no grupo de docentes, que inclui doutores em fotovoltaica, em eólica, em biomassa e biocombustível, advogados, biólogos e economistas.
Para complementar a teoria vista em sala de aula, o curso inclui atividades práticas e visitas a parques de energia. Na PUCRS, os alunos têm aulas especiais no laboratório do Centro de Energia Solar no Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc), no Centro de Energia Eólica da Faculdade de Engenharia e na Faculdade de Química, onde produzem biocombustível. Após o curso, os alunos estarão aptos a trabalhar com consultorias em empresas de energias renováveis, e a planejar parques eólicos e solares. Além disso, eles serão capazes de legitimar processos de implementação de painéis fotovoltaicos na casa dos consumidores, por exemplo.
“O desenvolvimento incessante da sociedade humana necessita de energia”, afirma a professora. Por isso, ela acredita que, para reduzir os impactos negativos de sua produção sobre o planeta, é essencial investir em energias renováveis. Aline analisa que não se pode suprir a necessidade energética com apenas um tipo de fonte alternativa, porque ela não dará a mesma reposta que uma grande termoelétrica movida a carvão, por exemplo. “O segredo é a união de diversas fontes renováveis”, finaliza.