Laboratório de Farmacologia Aplicada, Farmácia, câncer, pesquisa

Foto: Camila Cunha – PUCRS

Tomar chimarrão pode ter relação com a alta incidência de câncer de esôfago no Sul do País? Ao tentar responder a essa pergunta, uma pesquisa da Faculdade de Farmácia, em parceria com a Engenharia, avaliou os efeitos específicos da erva-mate. Para surpresa do grupo, alguns compostos da bebida típica do gaúcho reduzem as células tumorais. “O efeito benéfico está relacionado ao extrato como um todo e não com a cafeína presente na erva”, esclarece a professora Fernanda Morrone, do Laboratório de Farmacologia Aplicada, líder do estudo. O Laboratório de Operações Unitárias, do curso de Engenharia Química, é o responsável por extrair os compostos. Estão sendo feitas infusões de erva-mate com e sem cafeína e ricas em outras substâncias, como flavonoides e testadas no tratamento das células de câncer de esôfago.

A próxima etapa será o teste das substâncias em células normais do esôfago para avaliar se contribuiriam para a prevenção do câncer. Estão em andamento estudos epidemiológicos sobre o consumo de chimarrão e incidência da doença. Também haverá o acompanhamento de pacientes para verificar fatores de risco, tratamentos e interações medicamentosas. O grupo pretende ainda testar os compostos em células cancerígenas de bexiga.

Na região Sul, o câncer de esôfago é o quinto tipo mais frequente em homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer (2016), sem considerar os tumores de pele não melanoma. O alto índice pode estar associado ao consumo de bebidas quentes. Deve-se evitar água fervida no chimarrão. A temperatura que não traz riscos é menor do que 70 graus (ao chiar a chaleira).

 

Biobanco estimula pesquisas

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Foto: Bruno Todeschini – PUCRS

As pesquisas na área da oncologia são estimuladas com a organização do Biobanco, composto por material biológico humano. A PUCRS tem a primeira coleção do Estado regularizada na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Até 2011, essas amostras apenas podiam ser armazenadas para estudos de execução imediata. “Nem sempre o pesquisador tem um projeto no momento da coleta das amostras, com hipótese, cronograma e orçamento definidos, e é uma lástima descartar um material raro ou difícil de se encontrar. Agora se torna possível guardá-lo para uso futuro. As tecnologias também mudam, permitindo novos estudos”, afirma a professora Clarice Alho, da Faculdade de Biociências, que, representando a Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, elaborou o projeto do Biobanco.

O chefe do Serviço de Oncologia do Hospital São Lucas e professor da Escola de Medicina, André Fay, diz que a iniciativa coloca a Universidade numa posição diferenciada, proporcionando um avanço científico e assistencial. “Em um trabalho colaborativo, estabelecemos o Biobanco, que permitirá a realização de protocolos de pesquisa ao longo das gerações.”

Os materiais da oncologia ficam no Instituto de Pesquisas Biomédicas. Tecidos de câncer de cólon estão armazenados por iniciativa dos professores Henrique Fillmann e Lúcio Fillmann. E, em dezembro de 2016, começaram a ser reunidas amostras de pacientes submetidas a biópsia da mama no Hospital. O projeto-piloto avalia as condições de captação do material e armazenamento.

A reportagem completa, Uma revolução contra o câncer, tema de capa da última Revista PUCRS, pode ser acessada aqui.