As estudantes do curso de Engenharia Química da PUCRS, Marina Vicente Wizer, Myriam Bernaud Maghous e Ana Carolina Corso Minotto, formam o time Tech Girls e foram as ganhadoras da etapa brasileira do L’Oreal Brandstorm 2022. A competição universitária possibilita que estudantes proponham soluções inovadoras, ganhem visibilidade e tenham contato com especialistas de uma das maiores referências do universo dos cosméticos: a L’Oreal.
Elas criaram o Beauty Stabilizer, um pincel de maquiagem desenvolvido para pessoas com Parkinson ou Tremores Essenciais que conta com uma tecnologia de estabilização capaz de detectar e neutralizar tremores das mãos. “Acreditamos que o poder da beleza deve ser acessível para todas as mulheres e queremos trazer a visibilidade que essas mulheres merecem”, comenta uma das integrantes. Conheça mais detalhes da proposta.
Todos os anos é lançado um desafio e, nesta edição, podem participar candidatos com até 30 anos. As estudantes da PUCRS estão entre os dois times da trilha de inclusão escolhidos para seguir para a próxima etapa: a semifinal Internacional. Para celebrar as três décadas do programa, os universitários agora podem escolher entre uma das 3 trilhas:
A última etapa será em Paris, na qual apenas 9 equipes do mundo todo (três de cada trilha) apresentarão suas propostas. Para avançar no programa e ir para a final internacional, as alunas precisam do apoio da comunidade acadêmica para votar no seu projeto, neste link, até o dia 15 de maio. Para registrar o voto, basta preencher com um e-mail e confirmar.
“Já é incrível ter chegado até aqui e é agora que precisamos de vocês mais que nunca. Não seria incrível se três gurias estudantes da PUCRS realizassem o sonho de ir para Paris defender sua ideia representando o seu País?”, comentam as alunas.
O programa Brandstorm existe há 30 anos e já contou com a participação de mais de 40 mil estudantes de 65 países e regiões.
Pele hidratada, mais uma conferida no cabelo ou na maquiagem e pantufa nos pés: assim se inicia a rotina de muitas pessoas que precisaram se adaptar à pandemia da Covid-19. Mesmo com a instabilidade econômica e o distanciamento social, o mercado de beleza teve crescimento e ganhou ainda mais espaço no carrinho de compras de jovens. Isso é o que mostra a pesquisa Mercado de beleza durante a pandemia, realizada por estudantes da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS – Famecos.
“Os consumidores passaram a fazer compras mais conscientes, com marcas que dialogam com os seus valores e são ativas nas mídias sociais. Além disso, as pessoas continuaram consumindo por compreender a importância do autocuidado para a produtividade do dia a dia”, explica Vitória Petry, estudante do 8º semestre do curso de Publicidade e Propaganda que liderou a pesquisa.
Em todas as etapas do estudo a maioria dos/as participantes respondeu que considera produtos estéticos como um investimento que vai além de um mero capricho. Para o público analisado, entre 16 e 30 anos, as questões estéticas, de saúde mental e autocuidado se sobressaem. Para 83% das pessoas entrevistadas, as aquisições não são consideradas um gasto, como relatou na pesquisa Thaísa Zilli, estudante de Publicidade e Propaganda:
“Estou fazendo um curso de autoconhecimento e investindo em mim em todos os sentidos, inclusive em estética”.
As médias de frequência de compra e de valor gasto se mantiveram em comparação a antes da pandemia e também obtiveram aumentos significativos para alguns públicos. A maioria segue consumindo pelo menos uma vez por mês. Ou seja, as pessoas controlam os gastos, mas não deixam de se cuidar.
Apesar disso, o número de compras mensais caiu 12% e a quantidade de pessoas que passaram a comprar menos de uma vez por mês aumentou 16%. Já o ticket médio (valor médio de vendas no período) se manteve de R$ 50 a R$ 150.
O professor e publicitário Ilton Teitelbaum, supervisor da pesquisa, conta que o ato de comprar também é um mecanismo de recompensa. “Os consumos por autoindulgência (para compensar sentimentos negativos) e de vingança (comprar itens de desejo, em vez de produtos essenciais, para suprir o período de contenção de gastos) se concretizaram durante a pandemia”, destaca.
Mesmo com o desafio, o docente conta que as empresas ainda têm muitas oportunidades: “apesar da queda no poder aquisitivo, as marcas precisarão se adaptar aos aspectos emocionais que envolvem o processo de compra e buscar caminhos que lhes permitam seguir presentes na vida das pessoas”.
Entre as tendências, está a de seguir digital influencers. Nas entrevistas, 82% relataram que eram altamente suscetíveis a seguir recomendações feitas por microinfluenciadores. O público mais jovem, de 16 a 18 anos, é o que se mostra mais inclinado a manter os mesmos hábitos e com mais disposição para gastar mais.
É uma geração conhecida por ser crítica, exigente, dinâmica e que muda de opinião toda hora. Segundo o estudo, essas são algumas das principais implicações mercadológicas:
“As empresas que souberem se comunicar com transparência, sustentabilidade e diversidade cultural tendem a se destacar entre os jovens”.
Outra reivindicação, que não é de hoje, é a por marcas mais coerentes. O público quer que as empresas se preocupem com o meio ambiente, tragam visibilidade para homens e mulheres na indústria de cosméticos, estejam atentas aos problemas sociais, tenham mais diversidade de pessoas nas campanhas e sejam empáticas com temas sensíveis, como a pandemia.
Mesmo que muitas pessoas ainda prefiram comprar nos sites das lojas, essa é uma escolha menos frequente entre jovens, segundo dois levantamentos citados na pesquisa. A Technavio, empresa de relatórios de pesquisa de mercado, afirma que o social commerce (ou compras a partir de redes sociais) deve aumentar cerca de 34% até o final de 2021.
Já a agência Accenture prevê que esse canal deve ser um dos mais importantes para a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010). “Dos entrevistados, 69% disseram que gostariam de comprar diretamente por meio das mídias sociais e 44% usam redes como Facebook, Instagram e Twitter para encontrar informações sobre produtos”, destaca a empresa.
Segundo o provedor de pesquisa de mercado Euromonitor International, o Brasil é o 4º maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo. O País movimenta pelo menos U$$ 30 bilhões, ficando atrás apenas do Japão, da China e dos Estados Unidos.
A supervisora de vendas de um dos maiores conglomerados de beleza do Brasil, conta no estudo que as vendas não foram impactadas pela pandemia, com exceção das lojas das cidades do interior dos estados: “vendemos até mais do que no ano passado”.
Contudo, as marcas internacionais ainda são vistas como melhores e mais consumidas. Mesmo com o alto valor de produtos do exterior, eles não deixam de estar entre os mais vendidos. A pesquisa destaca que para mostrar os seus diferenciais, é importante que as empresas nacionais invistam em tecnologias como realidade virtual, inteligência artificial e outros recursos que melhorem a experiência dos usuários.
Durante a pandemia, as vendas online alavancaram 300% para algumas lojas. Mesmo assim, consumidores/as relatam sentir falta da experiência física, enquanto outros/as dizem ter receio de voltar a experimentar algo que já foi usado, por medo de contaminações.
Depois da pandemia o comportamento all-line, hábito de consumir tanto pelos meios digitais quanto presencialmente, ganhou força. Sobre a preferência, as pessoas alegam que consomem:
A psicóloga Susana Gib explica no estudo que o público deve comprar cada vez mais em casa: “a pandemia fortaleceu a compra pelo meio digital. É claro que as pessoas ainda sentem falta de olhar o produto, tocar, comparar. Mas a tendência é essa”.
O estudo foi elaborado pelos/as estudantes Eduarda Friedrich, Larisse Alves, Tamires Fetter, Victoria Bossle e Vitória Petry, da disciplina de Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda, de agosto a novembro de 2020.
Em sua etapa qualitativa, contou com um grupo focal com seis mulheres e oito entrevistas em profundidade com homens e mulheres. Depois, na fase quantitativa, foram 204 respostas válidas a uma coleta feita por meio de questionário online.
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Reconhecido e aclamado mundialmente por ser uma referência em ideias políticas conservadoras e polêmicas, o pensador e escritor britânico Roger Scruton foi moderado ao falar para uma plateia lotada na terceira noite de conferências do Fronteiras do Pensamento, em 1º de julho. Deu pinceladas em alguns temas controversos contemporâneos, mas se ateve em refletir de forma profunda sobre os sentidos da vida, o tema de sua palestra e também do ciclo de eventos deste ano.
“Somos criaturas ávidas por sentido. Sem sentido é quase impossível aceitar viver. Buscamos significados até onde ninguém os implantou, como nas flores”, refletiu. Tendo como fio condutor a história de sua mãe, Scruton, 75 anos, um dos mais importantes filósofos da atualidade, membro da Royal Society of Literature, condecorado com a medalha da Ordem do Império Britânico e professor da Universidade de Buckingham, relatou um convívio familiar difícil na infância e juventude.
Em busca de sentido
Afeto e acolhimento não eram demonstrados por seus pais, o que o levou a fugir de casa aos 16 anos. A mãe, tímida e reclusa, submissa ao marido, um operário sindicalista de personalidade opressora, sofria calada. Vítima de câncer de mama, no fim da vida, no leito, confidenciou aos filhos: “Minha vida foi um fracasso, nunca admiti isso. Mas agora eu sei. Olho para trás e vejo que nunca disse o que queria: que eu amava vocês”. Scruton revelou que carregou as palavras e o desespero da mãe por 50 anos. “Ela buscou o sentido da vida e não encontrou nenhum”, avaliou.
Autor de best-sellers sobre filosofia, política e estética, além de produções acadêmicas e um documentário para a BBC sobre Por que a beleza importa?, escreveu A alma do mundo e A natureza humana, onde diz que o sentido da vida não é o significado que cada um atribui a ela. “É o significado que os outros lhe conferem, através do reconhecimento da minha vontade, da compaixão pelo meu sofrimento e do perdão pelos meus defeitos.”
A redenção, na análise de Scruton, é uma solução para as falhas do passado. Ele questionou por que as pessoas agem, sentem e reagem de certa forma. Segundo o filósofo, a redenção não vem do ego, vem do outro. “Reconhecemos, em nosso ser, que não estamos sozinhos. Que o que importa para nós, a nossa salvação, é o amor, a compaixão e o perdão que os outros nos concedem.” E foi além: “Mais promissor é buscar o sentido da vida não nos acontecimentos que a compõem, mas na visão que a redime”. Acrescentou que o fundamental para uma vida de relações pessoais é o sacrifício. “O pensamento de que os outros poderiam se sacrificar por mim é um pensamento que muda o mundo”, vaticinou.
Em busca da beleza
Diante da relação somente instrumental com o mundo, Roger Scruton defende o papel da beleza. Diz que ela está intimamente ligada ao sagrado, ao contrário da sociedade materialista, que vê todas as coisas como algo que pode ser comercializado e consumido. O estético, enraizado nas comunidades desde tempos ancestrais, em sua percepção, foi construído “no espírito do amor, voltado para os outros”.
Citou que o principal exemplo quando se fala em estética são as cidades, decoradas e ornamentadas, em cada detalhe, para se oferecerem aos olhares e julgamentos. “A vida já me apresentou vários exemplos, mas nenhum como Veneza e a Basílica de São Marcos, com sua cúpula dourada e ordem estética meticulosa”, observou.
Por que a beleza importa? O escritor diz que contemplar o belo é compreender a alma do mundo, tocar o sentido profundo das coisas através do olhar. “Por meio da beleza, implantamos em nosso entorno o sentido de pertencimento que nos vem dos outros; quando a relação eu-você floresce, o outro é trazido para nossas vidas.”
O papel da beleza e do amor nos sentidos da vida leva em conta, de acordo com Scruton, que a condição humana, como a conhecemos, é cheia de tragédias e mistérios. Uma das tarefas da arte seria reconciliar os seres humanos com isso. “É mostrar que, na profundeza do desespero, existe uma beleza que nos liberta”, concluiu.