Ao longo da história muitos bens materiais e imateriais, móveis ou não, foram destruídos ou se transformaram em ruínas, sem que pudessem contar o seu legado. Por isso, os acervos remanescentes ganham ainda mais importância e, com eles, o peso da responsabilidade de manter o passado vivo. No Dia do Patrimônio Histórico Nacional, 17 de agosto, os/as professores/ da Escola de Humanidades da PUCRS Gislene Monticelli, técnica em memória cultural do Espaço de Documentação e Memória Cultura (Delfos); e Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, relembram a importância da data.
“Os patrimônios históricos permitem que tenhamos memória e identidade próprias, que nos diferenciam dos demais. A partir deles reconheçamos a importância da diversidade cultural no interior de uma população e dos demais povos”, destaca a professora Gislene, ao reforçar que garantir a permanência de instituições que conservam a história nacional deve ser uma preocupação de todas as pessoas.
A Educação Patrimonial, como a criação de roteiros culturais; visitas a museus, exposições e centros históricos; e o manuseio de acervos, como livros e documentos, ajuda a resgatar memórias. “As histórias de vida, as tradições orais, as produções materiais que sejam típicas ou até mesmo diferenciadas podem ser valorizadas pela comunidade“, conta Gislene.
“Um acervo é uma memória do futuro.” RICARDO BARBERENA.
A partir do estudo de objetos, manuscritos, datiloscritos, é possível prospectar várias chaves de entendimento para o amanhã. “Os acervos representam uma política da memória e da identidade. Tentamos construir uma narrativa que não seja baseada na ilusão da sincronicidade de um presente absoluto, como se não tivesse nenhuma conexão com o passado e o futuro. É como uma constelação historiográfica, com muitos desfechos do passado”, acrescenta Barberena.
Por mais poético que pareça, para Barberena a negligência com o patrimônio histórico representa um vazio na memória pública e coletiva. “Talvez uma das cenas mais tristes recentemente, que atravessam a nossa retina e a própria afetividade, assim como a forma de ser e sentir, seja o incêndio do Museu Nacional. Ver o acervo queimar é o fogo dos fósseis do futuro”.
“Não fomos sempre do mesmo jeito, ainda que tenhamos tradições que são cultivadas.” GISLENE MONTICELLI.
Se não houvesse os acervos, não existiria mais o acesso a grande parte do conhecimento obtido ao longo das gerações. “As pessoas que antecederam deixaram seus registros em sítios arqueológicos, livros, artes, cultura, arquitetura, até mesmo nos saberes e fazeres. E, muitas vezes, eram transmitidos apenas pela tradição oral”, enfatiza Gislene.
Em setembro de 2018 um incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruiu mais de 20 milhões de itens. O caso trouxe visibilidade para um problema recorrente: a falta de investimento na conservação de acervos. Apesar de ninguém ter se ferido, o acontecimento deixou marcas e sequelas para as futuras gerações que não poderão ter acesso as obras. A instituição, que tem mais de 200 anos de história, foi residência de um rei e dois imperadores.
Criada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão que tem como principal meta proteger e preservar os bens culturais do País, o Dia do Patrimônio Histórico Nacional é celebrado em 17 de agosto. A data foi escolhida em razão do nascimento do historiador e jornalista Rodrigo Mello Franco de Andrade, Belo Horizonte, que morreu em 1969.
A Gripe Espanhola, como ficou conhecida, tratava-se do vírus Influenza. A Espanha, com grande número de pessoas contaminadas, se encarregou de divulgar a notícia. Isso fez com que o país tenha sido associado, injustamente, à gripe, dando-lhe o nome.
Na ocasião, em 1918, houve mais mortes pela gripe do que em toda a Primeira Guerra (1914-1918). A população mundial era de 500 milhões de habitantes. Estima-se que 10% da população tenha morrido, ou seja, 50 milhões de pessoas! A epidemia1 alcançou todos os continentes, condição para ser chamada de pandemia2.
O vírus chegou ao Brasil no final daquele mesmo ano, ocasionando 36 mil mortos. Até mesmo o presidente da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848-1919), acabou vitimado, em janeiro de 1919, aos 70 anos, antes mesmo de tomar posse. Foram tantas vítimas que as valas eram coletivas. Os coveiros foram contaminados e afastados do trabalho. Transeuntes e detentos passaram a ser recrutados e obrigados a realizar os sepultamentos. “Escolas mandaram crianças para casa, hospitais ficaram abarrotados, bondes estavam vazios e tudo fechou: o comércio, as quitandas, os bares, as lojas de moda, as barbearias. O governo proibiu aglomerações, e os teatros e cinemas foram trancados e lavados com desinfetantes […]”. (SCHWARCZ, 2020)3.
No Rio Grande do Sul, de outubro a dezembro de 1918, houve 3.971 óbitos decorrentes da gripe4. Na ocasião, havia menos de 2 milhões de habitantes no estado. Para que possamos avaliar o impacto do contágio e a mortalidade: somos atualmente cerca de 11 milhões de pessoas. Isso equivaleria, proporcionalmente, a 22 mil mortos!
Em Porto Alegre, a Influenza chegou a contaminar mais de 80 pessoas em um só dia, conforme reportagem em jornal existente no acervo Benno Mentz, no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural, do Instituto de Cultura da PUCRS5. Segundo censo populacional do período (1910), a capital gaúcha tinha menos de 200 mil habitantes. Foram mais de 12 mil mortos, em 3 meses, sendo destes pelo menos 1.319 mortes atribuídas diretamente à gripe. Os números, no entanto, devem ter sido subestimados.
Foram adotadas medidas de isolamento, remédios foram especulados como cura, houve corrida às farmácias, recomendavam-se medidas de higiene, usavam-se máscaras em ambientes públicos, proibiram-se cultos religiosos e velórios. Houve desabastecimento de alguns produtos, foi necessário fazer tabelamento de preços e restrição da quantidade de produtos a adquirir. Hospitais e postos de saúde foram improvisados. Tal como vemos agora!
Outras epidemias já assolaram o mundo, como cólera, varíola, febre amarela, peste bubônica, tifo, malária, sarampo, tuberculose, ebola, HIV, SARS. Por isso, podemos afirmar que o COVID-19 ou o novo coronavírus, que nos ataca neste momento (2020), não é a primeira e nem será a última pandemia que a humanidade está (des)preparada a enfrentar, com grande número de vítimas. Infelizmente…
A boa notícia é que, em todos os casos, tal como na Gripe Espanhola há 102 anos, cada epidemia, com o passar do tempo, perde força, sofre mutações ou desaparece, seja com a adoção de tratamentos de saúde mais adequados, seja pela descoberta de vacinas, capazes de imunizar a população, ou, ainda, com a contenção da propagação do vírus, mediante obediência às medidas sanitárias, por recomendação de cientistas e autoridades médicas.
O que aprendemos com a História? Nada é para sempre… Isso tudo vai passar!
Há vários livros sobre a história das doenças e epidemias no mundo ao longo do tempo. A editora da PUCRS (EDIPUCRS) publicou, em 2009, a dissertação de mestrado (PPGH/PUCRS), de autoria da professora Janete Silveira Abrão: Banalização da Morte na cidade calada: a Hespanhola em Porto Alegre, 19186.
Outras pesquisas históricas, de cunho acadêmico, trataram do impacto da gripe em municípios como Pelotas (FERREIRA, 2002)7, Rio de Janeiro (GOULART, 2003, 2005), São Paulo (BERTUCCI, 20008; BERTOLI FILHO, 20039; SOUZA, 200510) e em estados como Bahia (SOUZA, 2010) e Espírito Santo (2016)11. Algumas obras encontram-se disponíveis para consulta em meio digital.
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1 “Epidemia representa a ocorrência de um agravo acima da média (ou mediana) histórica de sua ocorrência. O agravo causador de uma epidemia tem geralmente aparecimento súbito e se propaga por determinado período de tempo em determinada área geográfica, acometendo freqüentemente elevado número de pessoas” conforme MOURA, Alexandre S.; ROCHA, Regina L. Endemias e Epidemias:… Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2012. P. 15.
2 Quando uma epidemia atinge vários países de diferentes continentes passa a ser denominada pandemia.
3 SCHWARCZ, Lilia. Literatura em tempos de pandemia: quando a realidade imita a ficção. Nexo Jornal, 23 mar. 2020.
4 De acordo com o Relatório da Diretoria de Higiene do Rio Grande do Sul (1919 apud ABRÃO, 2009, p. 94).
5 O local reúne quase 50 acervos, disponíveis para pesquisa local.
6 Livro disponível à venda pela loja virtual em http://livrariaedipucrs.pucrs.br/. Email: edipucrs@pucrs,br
7 FERREIRA, Renata Brauner. Epidemia e Drama: a gripe espanhola em Pelotas, 1918. Porto Alegre: UFRGS, 2002. Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.
8 BERTUCCI, Liane Maria. Influenza, a medicina enferma: ciência e práticas de cura na época da gripe espanhola em São Paulo. Campinas: Ed. Unicamp, 2000.
9 BERTOLII Filho, Cláudio. A gripe espanhola em São Paulo, 1918: epidemia e sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
10 SOUZA, Christiane Maria Cruz de. As dimensões político-sociais de uma epidemia, a paulicéia desvairada pela gripe espanhola, 2005.
11 FRANCO, Sebastião Pimentel; LOPES, André Fraga; FRANCO, Luiz Felipe Sias. Gripe Espanhola no Espírito Santo: alguns apontamentos. Dimensões, Vitória, v. 36, jan/jun. 2016, p. 404-26
Em 23 de maio de 1937, nasceu o médico e escritor Moacyr Scliar (1937-2011), que conta com um acervo no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS. Filho de imigrantes europeus, passou a maior parte de sua infância no Bairro Bom Fim, em Porto Alegre. No ano de 1962, formou-se médico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e lançou seu primeiro livro (Histórias de um médico em formação), marcando o entrelaçamento dessas duas áreas que seguiriam juntas ao longo de sua vida: a escrita e a medicina.
Em sua carreira médica, Scliar dedicou-se principalmente ao trabalho na área da Saúde Pública, como médico sanitarista. Já na trajetória literária, publicou mais de 70 livros, entre gêneros como o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil e infanto-juvenil e o ensaio. Recebeu inúmeros prêmios de literatura, a exemplo dos quatro prêmios Jabuti (1988, 1993, 2000 e 2009). Além disso, muitas de suas criações foram publicadas em países como Inglaterra, Rússia, República Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Holanda, Espanha e Portugal.
Nos primeiros anos da década de 2000, Moacyr Scliar entrou em tratativas com a PUCRS para que o Centro de Memória Literária da Faculdade de Letras fosse depositário de parte dos documentos que constituíam seu espólio. Entregou, na época, caixas com tais documentos, que posteriormente foram acondicionados em envelopes, classificados e catalogados. O acervo, atualmente, encontra-se sob os cuidados do Delfos (localizado no 7º andar da Biblioteca Central) e conta com 2.582 documentos catalogados, como manuscritos, datiloscritos, correspondências e recortes de jornal. Além disso, parte do acervo pode ser acessado online, através da plataforma Delfos – Digital.
Em sua crônica Juventude e Literatura, Scliar diz “O jovem escritor deve se humanizar. Aprender a conhecer e amar as pessoas”, fortalece sua opinião ao propor a mudança do lema “arte pela arte” por “arte pelo homem”. O conselho dado aos novos escritores foi levado a sério em sua própria produção, que demonstra um grande interesse por questões humanas, em diálogo constante com suas memórias, seu cotidiano como médico e sua condição de judeu e filho de imigrantes.
Sua sensibilidade estendeu-se também ao olhar que conservou, e que transmitiu através de seus escritos, da cidade de Porto Alegre. Declaradamente apaixonado pela capital gaúcha, explorou os mistérios e encantos da cidade. Em alguns casos, narrou situações reais, como na crônica A arte e a ciência dos boatos, que tem como pano de fundo de seu início os leões de bronze situados em frente ao prédio da Prefeitura da cidade. Em outros, criou narrativas ficcionais que se passam em Porto Alegre, como em seu primeiro romance, A guerra no Bom fim (1972), que conta com versões datiloscritas e com correções do próprio autor no Delfos – Digital.
Quer presente melhor para um escritor do que ser lido? Acesse a plataforma online do Delfos e confira a coleção do Moacyr Scliar sem precisar sair de casa.
Em comemoração ao aniversário de Porto Alegre, que neste dia 26 de março completa 247 anos, será inaugurada na próxima sexta-feira, 29, a exposição SobrePOA, que reflete a evolução da Capital através de uma série de fotografias históricas. Imagens do acervo Benno Mentz, abrigadas no Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS (Delfos), integram o projeto. A série de 20 fotos atribuídas ao italiano Luiz Terragno, condecorado por Dom Pedro II como fotógrafo imperial, foram obtidas a partir de um ponto de vista inusitado: as torres da antiga Catedral – no mesmo local da atual, na Praça da Matriz, entre 1865 e a década de 1870. As imagens foram reinterpretadas pelas lentes dos profissionais da Prefeitura de Porto Alegre. A mostra, na Pinacoteca Aldo Locatelli (Paço dos Açorianos, Praça Montevidéu, 10), ficará aberta até 18 de maio. A visitação é gratuita, de segunda à sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30min às 17h30min. Mais informações pelo e-mail, [email protected] ou pelo telefone (51) 3289-3735.
Outra exposição, sob curadoria da professora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bruna Fetter, propõe um Exercício de Convivência” entre nove artistas contemporâneos com diferentes abordagens do fazer artístico. A ideia é perceber o espaço urbano de diferentes maneiras com materiais e simbologias de convivência. As duas exposições se completam ao propor o pensamento do espaço de Porto Alegre com pontos de vista diversos e divergentes, utilizando como ferramentas técnicas artísticas.
O Acervo Benno Mentz abriga coleções de documentos, jornais, almanaques, revistas, fotografias, mapas e materiais diversos que servem como fonte de pesquisa para a compreensão da trajetória dos imigrantes alemães e de seus descendentes no sul do Brasil. Começou a ser organizado na década de 1920, e se estendeu até os anos 60. Os documentos são um fichário genealógico de 25 mil famílias de origem alemã no RS, jornais e almanaques em língua alemã, além de livros, revistas, arquivos pessoais de personalidades da política gaúcha e ainda arquivos de empresas e material iconográfico.
Incluem-se, também, alguns jornais em língua alemã posteriores à Segunda Guerra Mundial editados em São Paulo (Brasil-Post e Deutsche Nachrichten), além de jornais em língua portuguesa de alguma forma ligados ao tema colonização alemã, como Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, e jornais eclesiásticos e de associações diversas. A coleção foi doada à Universidade em setembro de 2009, pelos familiares de Raul de Oliveira Santos – antigo detentor das coleções. Confira mais informações no site do Delfos.
SobrePOA
Exercícios de Convivência
Data: de 29 de março a 18 de maio de 2019
Visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30min às 17h30min
Informações: [email protected] ou (51) 3289-3735
Entrada franca
Expoentes da literatura brasileira contemporânea compartilham suas tardes com estudantes e professores, falando sobre dados biográficos nas obras, feminismo e questões de gênero, produções na periferia, erotismo e bairrismo, entre outros temas inquietantes. De pano de fundo, painéis com grandes nomes da cultura sulina: Caio F. Abreu, Cyro Martins, Moacyr Scliar, Luiz Antonio de Assis Brasil, Lila Ripoll e Dyonélio Machado. E não menos visíveis no ambiente, manuscritos, datiloscritos e cartas dos 30 acervos de escritores e jornalistas que estão sob os cuidados da PUCRS. Esse é o Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural, que, além de reunir relíquias, arquivos históricos e coleções, se transformou em um polo cultural.
Sampaulo é o primeiro artista gráfico
Charges sobre política e futebol ou esses temas misturados, desenhos feitos na infância e uma autobiografia escrita em dezembro de 1986 são alguns dos materiais do artista gráfico Paulo Gomes de Sampaio, o SamPaulo, à disposição no Delfos para pesquisas. Trata-se do primeiro acervo desse tipo no espaço.
Os documentos e as fotos contam detalhes da sua trajetória. Mostram o aluno que se saía bem só na disciplina de Desenho e exaltam o adulto que fez do talento sua forma de vida. Ou o uruguaianense que participou da 1ª Convenção Internacional de Chargistas, em 1970, em Londres, representando a Companhia Jornalística Caldas Jr., e chegou a Cidadão Emérito de Porto Alegre.
Leia a reportagem completa na Revista PUCRS nº 184.
O Projeto Cultural Entreatos, da Escola de Humanidades, promove o Sarau Literário Caio F. Abreu. No dia 18 de maio, às 17h30min, a atriz Deborah Finocchiaro vai ler textos do escritor, cujo acervo está no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS.
Materiais como manuscritos, datiloscritos e objetos pessoais (como a máquina de escrever e um lenço) serão expostos durante o evento, que ocorrerá no hall da Biblioteca Central. Haverá a participação especial do maestro Roberto Pinheiro, que apresentará o tango Nostalgias, de Carlos Gardel, citado por Caio. Entrada franca.
Conversa com Ricardo Aleixo
No dia 22 de maio, haverá outra oportunidade na área da cultura. O Delfos promove Conversa com Ricardo Aleixo, das 14h às 17h. Poeta, músico, produtor cultural, artista plástico e editor (foto), o mineiro publicou Mundo palavreado, Modelos vivos, pelo qual foi finalista dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti, e Trívio, entre outros livros. Curador de diversas exposições e festivais, Aleixo procura integrar a poesia ao teatro, à música e à dança.
Inscrições gratuitas para o evento pelo [email protected]. Vale horas complementares. As vagas são limitadas.
Desenhos publicados ao longo da carreira – e inclusive da infância, livros de referências visuais, fotos e documentos pessoais do chargista Paulo Gomes de Sampaio, o SamPaulo, estão guardados no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural, onde ficarão disponíveis para pesquisa. O material foi previamente organizado por iniciativa da viúva, Eneida Sampaio, e da sobrinha Maria Lucia Pereira de Sampaio, filha do também cartunista Sampaio.
Em 2012, Maria Lucia começou um blog para expor o trabalho do tio. “Treze anos após a sua morte, o blog foi um sucesso! Esse foi o grande estímulo para voltarmos a pensar na entrega do acervo para a PUCRS. Consideramos que seria a melhor forma de preservá-lo e, ao mesmo tempo, possibilitar sua consulta”, destaca a arquiteta, que mora em Florianópolis (SC).
No dia 15 de maio, às 14h, os familiares do cartunista serão recebidos no Delfos pelo Reitor Ir. Evilázio Teixeira, pelo coordenador-geral do espaço, Luiz Antonio de Assis Brasil, e pelo coordenador executivo, Ricardo Barberena. Materiais do acervo estarão expostos no local durante o evento.
Biografia
SamPaulo nasceu em Uruguaiana em 1931. Iniciou sua carreira no jornal Clarim, de Porto Alegre, quando adotou o pseudônimo. Trabalhou na Revista do Globo e nos jornais Diário de Notícias, Folha da Tarde, Correio do Povo, Folha da Manhã e Zero Hora. Na TV Piratini, dos Diários Associados, desenhava ao vivo no programa semanal SamPaulo e seus bichões. Criou o Sofrenildo, seu personagem mais famoso, em 1966. Entre seus livros publicados estão De Pedro a Collor, Os pecados da língua (com Paulo Ledur, em quatro volumes) e Sofrenildo, até um dia. Morreu em 1999.
O acervo do historiador e folclorista Antonio Augusto Fagundes, mais conhecido como Nico Fagundes, foi doado para a PUCRS na manhã desta quarta-feira, 21 de setembro. Objetos pessoais como palas, a máquina de escrever que utilizou para fazer o Canto Alegretense, chapéu, anotações e livros ficarão no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural, localizado no 7º andar da Biblioteca Central da Universidade, prédio 16 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). A assinatura do contrato ocorreu no Salão Nobre da Reitoria da PUCRS, com a presença do Reitor, Joaquim Clotet, e de familiares do tradicionalista.
“Estamos muito contentes e satisfeitos por termos as obras do Nico e sobretudo muito agradecidos, em nome de todos os gaúchos que terão acesso a esse material”, destacou Clotet. Emocionada, a viúva Ana Lúcia Piagetti Fagundes falou sobre a preocupação que Nico Fagundes tinha com o futuro do seu acervo. “Hoje ele está revivendo. Fico muito feliz que o acervo dele ficará para a prosperidade, pois não seria justo deixar os livros apenas enfeitando as paredes”, disse ela ao ressaltar a futura digitalização das obras, que será feita no Delfos. O sobrinho Ernesto Fagundes afirmou que a doação do material para a PUCRS é “uma das grandes vitórias” do seu tio e recitou trecho da música Origens, por acreditar que descrevia o momento: “Eu sei que não vou morrer, por que de mim vai ficar o mundo que eu construí, o meu Rio Grande o meu lar, campeando as próprias origens, qualquer guri vai achar”.
O coordenador geral do Delfos, professor Luiz Antonio de Assis Brasil, disse que a visão múltipla do ponto de vista cultural do Estado é o grande diferencial das obras de Nico Fagundes. Os livros e anotações serão armazenadas com luz e temperatura adequadas, catalogados e digitalizados para que fiquem à disposição de pesquisadores. Estiveram presentes também o filho de Nico, André Taquari Fagundes, a sogra, Maria Salete Silva, e a diretora da Biblioteca Central da PUCRS, Ana Benso.
Antonio Augusto Fagundes faleceu em junho de 2015, com 80 anos. Aos 16 anos, trabalhou como cronista e repórter na Gazeta do Alegrete e na Rádio Alegrete, onde apresentou programas humorísticos e gauchescos. Em Porto Alegre, trabalhou no jornal A Hora e na TV Piratini. Ficou marcado por apresentar o programa Galpão Crioulo, na RBSTV. Nico é autor da letra do Canto Alegretense, uma das músicas mais conhecidas do Estado. Ele se formou em Direito, fez uma especialização em História do Rio Grande do Sul e concluiu um Mestrado em Antropologia Social. Pesquisou a formação, a identidade e os costumes do Estado e transformou o que descobriu em livros e canções.
A PUCRS recebeu o acervo do romancista gaúcho Sinval Medina nesta terça-feira, 30 de agosto. A cerimônia de entrega, que ocorreu no Salão Nobre da Reitoria, teve a presença do Reitor, Joaquim Clotet, do professor Ricardo Barberena, coordenador do Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural, onde ficarão os manuscritos e datiloscritos do escritor, e do próprio romancista Sinval Medina. Segundo o Reitor, é um dia especial para a PUCRS que certifica a qualidade da Universidade no âmbito da criação literária. Também estavam presentes os professores da Faculdade de Letras Luiz Antonio de Assis Brasil e Maria Eunice Moreira e a diretora da Biblioteca Central Irmão José Otão, Ana Cristina Benso.
Assis Brasil salientou que o autor trata de temas nacionais e internacionais, mas suas obras sempre estão vinculadas à cultura do Rio Grande do Sul. Ele também ressaltou que o acervo servirá para estudo de alunos, professores e pesquisadores. Maria Eunice definiu Medina como um grande ficcionista e historiador. “Estamos em frente a um manancial de pesquisa que será aproveitado por todos. Será uma base de pesquisa muito forte”, pontuou a professora. A diretora da Biblioteca explicou que o Delfos é um espaço de documentação e memória, e que as obras de Sinval enriquecerão o local. A jornalista e esposa do escritor, Cremilda Medina, frisou que um escritor é a antena sensível de uma sociedade, e que qualquer profissional precisa estar perto da arte. Além disso, ela disse que é admiradora das obras do marido e que é “impossível escolher uma favorita”.
Clotet questionou Medina sobre o segredo para ser um bom escritor. O romancista esclareceu que existem caminhos individuais. “Eu costumo brincar que escrever não é algo que se ensina, mas algo que se aprende”, disse. Para o autor, o caminho é o exercício e o trabalho constantes, além de um bom controle de qualidade do que é produzido. Ele afirmou ainda que está muito feliz com o momento e com a existência de um espaço como o Delfos, que permite que a voz dos escritores seja ouvida mesmo depois da morte. “A nossa voz continua a ecoar mesmo depois que a gente se vai”, declarou. O Reitor complementou: “e eu lhe garanto que a sua obra será transcendente”. O Delfos conta com mais de 40 acervos e, ao lado de Luiz Antonio de Assis Brasil e Luiz de Miranda, Medina é o terceiro autor vivo com suas obras no espaço de memória cultural.
A PUCRS recebe nesta terça-feira, 30 de agosto, o acervo do romancista Sinval Medina, nascido em Porto Alegre no ano de 1943. Os manuscritos e datiloscritos dos romances do escritor ficarão no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural, localizado no 7º andar da Biblioteca Central da Universidade, prédio 16 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). O Delfos conta com mais de 40 acervos e, ao lado de Luiz Antonio de Assis Brasil e Luiz de Miranda, Medina será o terceiro autor vivo com suas obras no espaço de memória cultural. A cerimônia de entrega do material será às 15h30min, no Salão Nobre da Reitoria, com a presença do Reitor Joaquim Clotet.
Jornalista com pós-graduação em Ciência da Comunicação e Ciências Sociais, Medina foi colaborador da Editora Globo. Além disso, foi professor e pesquisador da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde foi pioneiro na implementação do curso de Editoração na instituição. Trabalhou em empresas jornalísticas como Diários Associados, Editora Abril e Editora Azul. Entre seus romances estão Liberdade Condicional; Cara, Coroa, Coragem; Memorial de Santa Cruz; O Herdeiro das Sombras; A Face e o Mandarim e Tratado de Altura das Estrelas. Com o último, recebeu o Prêmio Passo Fundo de Literatura em sua primeira edição, no ano de 1999.