Uma pesquisa desenvolvida pela Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul em parceria com pesquisadores da PUCRS e de outras três universidades identificou a origem floral do mel branco, característico do município de Cambará do Sul.
Os pesquisadores analisaram as plantas com flores utilizadas no período de armazenamento do mel nas colmeias e compararam com amostras do doce produzido por cinco espécies de abelhas sem ferrão (guaraipo, manduri, mandaçaia, mirim-guaçú e mirim-emerina).

O estudo demonstrou que a planta nativa carne-de-vaca (Clethra scabra) foi predominantemente usada para a produção de mel branco pelas abelhas sem ferrão. Dentre as amostras, o mel das abelhas guaraipo (Melipona bicolor schencki), espécie nativa da Mata Atlântica, continha a maior proporção de pólen de carne-de-vaca. Os microscópicos grãos de pólen encontrados no mel são uma pista preciosa para rastrear as flores que as abelhas visitaram para obter o néctar para a elaboração do mel.

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Preservação é essencial

De acordo com Betina Blochtein, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e coautora do estudo, a pesquisa pode auxiliar na preservação das espécies nativas, uma vez que tanto as abelhas guaraipos quanto a planta carne-de-vaca estão ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul. “Este estudo pode ser usado para fomentar a desejada combinação de conservação da biodiversidade com sustentabilidade regional. Ou seja, protegendo as espécies ameaçadas de extinção pode-se aumentar e valorizar a produção e comércio do mel branco”, destaca.

A professora também explica que as abelhas guaraipos estão ameaçadas porque constroem seus ninhos em ocos de árvores de grande porte, que são cada vez mais raras. Outro fator importante de ameaça é a coleta predatória de ninhos da abelha para comércio e obtenção de mel.

Mel branco possui características específicas

Os méis são classificados de acordo com a cor, aroma e o sabor. Estas características são determinadas pela origem floral, pois o néctar e o pólen variam nas diferentes espécies de plantas. “Este mel de Cambará, produzido pela guaraipo, é incolor e quando exposto ao frio cristaliza com uma granulação fina e coloração bem clara, por isso a denominação de mel branco”, explica Betina. Além da coloração específica, o mel branco também possui sabor delicado e aroma floral.

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Estudo mostra o impacto de agrotóxicos no desenvolvimento das abelhas

Abelhas deformadas após contato com agrotóxicos / Foto: Reprodução

Quando as larvas de abelhas sem ferrão, conhecidas como tubuna, da espécie Scaptotrigona bipunctata recebem alimentos contaminados com inseticidas organofosforados (utilizados no combate de doenças e pragas que prejudicam a produção agrícola) o seu desenvolvimento fica comprometido. É o que evidencia o estudo realizado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS (PPG-EEB), recentemente publicado como artigo na revista internacional Environmental Pollution. 

Os resultados demonstram que produtos organofosforados, a exemplo do clorpirifós, o ingrediente ativo testado, são frequentemente usados ​​na agricultura devido ao seu amplo espectro de ação. No entanto, estes produtos são tóxicos ao meio ambiente e podem causar prejuízos em insetos não-alvo, como as abelhas, incluindo alterações no desenvolvimento resultando em deformações nos adultos”, destaca a bióloga Betina Blochtein, professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. 

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A pesquisa é fruto da tese da bióloga Andressa Dorneles, junto ao PPG-EEB, onde realizou seu doutorado. O estudo identificou que a exposição de abelhas imaturas a resíduos destes agrotóxicos por meio da alimentação das larvas, reduz significativamente as chances de sobrevivência. “Além dos efeitos letais, a exposição a doses menores (subletais) durante a fase larval causou deformidades e reduziu a área das asas das operárias, tornando-as menos capazes de desempenhar suas tarefas”, destaca em sua análise.   

O PPG-EEB integra grupos de pesquisa atuando em diversas áreas das Ciências da Biodiversidade, incluindo Ecologia, Biologia Evolutiva, Sistemática, Genética, Genômica, Morfologia Comparada, Fisiologia, Ecotoxicologia, Comportamento animal, Paleontologia, Biologia do Desenvolvimento e Biologia da conservação. Saiba mais sobre os próximos editais e como ingressar no mestrado e doutorado.   

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Pesquisadora da PUCRS promove a preservação dos agentes polinizadores - No Dia Mundial das Abelhas, entenda a importância da data e o impacto no meio ambiente

Foto: David Clode/Unsplash

As abelhas são responsáveis pela polinização de 80% das culturas agrícolas em nível global. E o Rio Grande do Sul, está entre os maiores produtores de grãos de todo o País. Ameaçados pelo uso incorreto de agrotóxicos, como o Fipronil, a morte em massa dos agentes polinizadores representa uma ameaça real para agricultura, a economia global e o meio ambiente. Pensando nisso, Betina Blochtein, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, criou com parceiros um projeto que será desenvolvido no Instituto do Meio Ambiente da PUCRS para estabelecer uma plataforma online capaz de monitorar colmeias em tempo real.

“A iniciativa Sim Abelhas parte da situação alarmante da mortandade de abelhas registrada nos últimos anos no RS. A nossa proposta permitirá diagnosticar as principais causas desse problema e promover o diálogo entre os representantes dos setores envolvidos para o estabelecermos ações e normativas de proteção”, explica a bióloga e também pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS.

Botando a mão na massa

O monitoramento das abelhas será realizado em diversas regiões do Estado, a partir de três abordagens:

Betina Blochtein é uma referência no estudo sobre abelhas sem ferrão

Betina Blochtein / Foto: Bruno Todeschini

As informações e resultados do projeto serão abertos ao público por meio da plataforma interativa Sim Abelhas, o Sistema de Informação e Monitoramento sobre Abelhas do RS. A iniciativa surgiu a partir de uma demanda do Ministério Público, que, conjuntamente com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam), a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) e universidades busca soluções para combater a mortandade de abelhas no Estado. Estiveram presente na apresentação do projeto, que ocorreu em 30 de julho, representantes do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais da SEAPDR, da Federação da Agricultura do Estado do RS e das empresas que produzem e comercializam produtos com o ingrediente Fipronil.

Meio bilhão de abelhas mortas no Brasil

Entre o final de 2018 e o começo de 2019, meio bilhão de abelhas morreram em alguns estados do País. Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 7 milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e 45 milhões em Mato Grosso do Sul, segundo estimativas de Associações de apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por universidades, conforme o levantamento divulgado pela Repórter Brasil, em parceria com a Agência Pública, uma agência de Jornalismo investigativo.

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Pesquisadora da PUCRS promove a preservação dos agentes polinizadores - No Dia Mundial das Abelhas, entenda a importância da data e o impacto no meio ambiente

Foto: Anthony Vela/Unsplash

“Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora. Sem flora, não há animais. Sem animais, não haverá raça humana”, alerta a frase atribuída a Albert Einstein, um dos físicos mais famosos do mundo e criador da teoria da relatividade geral, um dos pilares da física moderna. Apesar de não existirem evidências de que o cientista realmente tenha dito isso, afinal, qual o real papel das abelhas e o impacto do seu sumiço para o meio ambiente? Entre as consequências, estão efeitos negativos na economia, na agricultura e na natureza como ela é conhecida hoje. 

Meio bilhão de abelhas mortas no Brasil 

Nos Estados Unidos e na Europa, os relatos de casos de mortes e desaparecimentos de abelhas começaram a surgir com mais força no início do século 21. No Brasil, desde 2005. Porém, nos últimos anos, esse problema preocupa especialistas pelos números alarmantes. Entre o final de 2018 e o começo de 2019, meio bilhão de abelhas morreram em alguns estados do País. Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 7 milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e 45 milhões em Mato Grosso do Sul, segundo estimativas de Associações de apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por universidades, conforme o levantamento divulgado pela Repórter Brasil, em parceria com a Agência Pública, uma agência de Jornalismo investigativo.

“Esse momento que estamos vivendo nos faz refletir sobre questões maiores da natureza e da biodiversidade. Como o homem está se relacionando com o meio ambiente? Quando começamos a ter um contato com a natureza que extrapola, isso nos faz pensar sobre a convivência das espécies”, destaca a bióloga Betina Blochtein, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS. 

As abelhas têm um papel muito importante para a manutenção da biodiversidade. Os agentes polinizadores propiciam que numerosas espécies de plantas com flores gerem frutos e sementes. “Se diminuirmos a abundância ou a diversidade de espécies de abelhas existentes, a reprodução das plantas muda e as paisagens também. São situações relacionadas que levam à mudança das comunidades de organismos”, conta Betina sobre uma reação em cadeia. 

Impacto global e econômico 

Pesquisadora da PUCRS promove a preservação dos agentes polinizadores - No Dia Mundial das Abelhas, entenda a importância da data e o impacto no meio ambiente

Foto: David Clode/Unsplash

As abelhas são responsáveis pela polinização de 80% das culturas agrícolas em nível global. A produção de frutos silvestres, maçãs, amêndoas e laranjas, entre tantos outros exemplos, se tornaria mais escassa e com preços elevados caso houvesse redução drástica dos agentes polinizadores. A macieira, por exemplo, depende da presença de abelhas para carregar o pólen de uma flor para outra, diferentemente de outras plantas que espalham seus grãos de pólen com a força do vento, como o trigo. 

Geralmente os agricultores fazem altos investimentos na correção do solo, na qualidade das sementes, entre outros aspectos, mas pouco observam sobre a necessidade da polinização, explica a pesquisadora. Este fator pode aumentar a produtividade, a partir de um trabalho adequado à necessidade de cada cultura. “O custo benefício com a inclusão da polinização com abelhas é favorável, mas é necessário mudar práticas. Neste caso a conservação da biodiversidade claramente está vinculada ao ganho de produtividade”, enfatiza. A polinização dirigida à agricultura, com o uso de colmeias, também tem crescido globalmente. Um exemplo do Rio Grande do Sul é a cultura da canola, responsável por 70% do grão produzido no Brasil, utilizado na produção de óleo de cozinha e, com as flores de canola, as colmeias produzem o mel. Essas vantagens são abordadas nos livros Abelhas na Polinização da Canola – benefícios ambientais e econômicos e As abelhas e a agricultura, da EdiPUCRS

Agrotóxico, o vilão 

Faz parte da agricultura convencional no Brasil o uso de agrotóxicos. Diversos estudos evidenciam que esses produtos são prejudiciais não só as abelhas, mas em humanos também. Para reduzir a exposição de abelhas aos agrotóxicos, Betina elenca alguns cuidados que podem ser tomados: 

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao consumir alimentos rotulados com a identificação do produtor, você contribui para o comprometimento dos mesmos com a qualidade de seus produtos. “A aquisição de alimentos orgânicos ou provenientes de sistemas agroecológicos também é uma opção. Recomenda-se adquirir os alimentos da ‘época’ (safra), que costumam receber, em média, carga menor de agrotóxicos”, informa o portal oficial da agência. 

Uma startup do bem 

Pesquisadora da PUCRS promove a preservação dos agentes polinizadores - No Dia Mundial das Abelhas, entenda a importância da data e o impacto no meio ambiente

Foto: Aaron Burden/Unsplash

É possível fazer o manejo de colmeias para aumentar o número de abelhas nativas nas áreas agrícolas e também nas urbanas. Assim surgiu a startup Mais Abelhas, criada por Betina Blochtein e pelo biólogo Charles Fernando dos Santos, que produz colmeias de abelhas sem ferrão em larga escala, sem risco de ferroadas e de fácil manutenção. A empresa fica localizada no Tecnopuc, em Viamão. 

O desafio é a baixa produção de rainhas para poder multiplicar essas colônias, situação contornada com a sua produção em laboratório. A ideia não é produzir mel, mas aumentar as populações de abelhas nativas com as colônias que não oferecem riscos. Quem adquire uma colmeia recebe um pacote de informações no momento da entrega técnica. 

Sobre a pesquisa 

Pesquisas com a produção de abelhas rainhas, por exemplo, são realizados no Laboratório de Entomologia da PUCRS. O trabalho faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade.

O Dia Mundial das abelhas 

A data foi criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) para lembrar a importância da polinização para o desenvolvimento sustentável. Insetos podem visitar cerca de sete mil flores por dia, atuando como agentes fundamentais ao equilíbrio dos ecossistemas. Os insetos também são fonte de mel e outros produtos que dão oportunidade de sustento para agricultores. 

Abelha doméstica em visita a flores de canola

Abelha doméstica visitando flores de canola
Foto: Fernando Dias/Divulgação

Uma pesquisa com participação da PUCRS recebeu espaço na Revista Science em janeiro de 2016. O artigo Mutually beneficial pollinator diversity and crop yield outcomes in small and large farms faz parte de um projeto internacional que envolve 18 países, entre eles o Brasil, de três continentes: África, Ásia e América do Sul. Durante cinco anos, um grupo de pesquisadores de diversas instituições e nacionalidades foi convidado a testar um protocolo de polinização e desvendar a grande questão: quais são as deficiências de polinizadores e quanto o rendimento das safras pode ser aumentado com a adequada gestão dos serviços de polinização, ou a partir disso, será que os polinizadores nativos estão dando conta de polinizar suficientemente as culturas para resultar em boas safras? A Universidade foi representada pela professora da Faculdade de Biociências e diretora do Instituto do Meio Ambiente, Betina Blochtein.

Os países em questão possuem um objetivo em comum: aumentar a possibilidade de produzir alimentos em maior quantidade e com mais qualidade. O trabalho busca verificar a relação dos polinizadores com os ganhos da produção e propõe caminhos para solucionar esse déficit e contribuir com aumentos sustentáveis, especialmente para uma comunidade de 2 bilhões de pessoas que dependem de pequenas fazendas. Betina explica que o trabalho foi desenvolvido por meio de um roteiro, que avaliou o déficit de polinização em diferentes regiões. Os pesquisadores foram desafiados a monitorar 334 lavouras comerciais pequenas (com até 2 hectares, equivalente a dois campos de futebol) e grandes. Observaram o número e a diversidade de agentes polinizadores e o rendimento de 33 cultivos, entre eles maçã, caju, café, algodão, canola, tomate, melão, feijão e pepino. Os polinizadores avaliados são insetos visitantes florais, principalmente abelhas.

A pesquisa identificou que o rendimento agrícola cresce à medida que a densidade destes polinizadores aumenta. “Constatamos que é necessário conciliar produção de alimentos com conservação da biodiversidade para se obter aumento da produtividade agrícola. Nessa relação os dois lados saem ganhando”, garante Betina. O estudo também abre uma janela de oportunidades de mudanças para o novo paradigma da sustentabilidade, por meio da intensificação ecológica da agricultura. O objetivo é tornar os ambientas mais próximos do natural. “Preservar áreas seminaturais no entorno de lavouras, com florestas, campos e solos não manejados; ambientes mais conservados com a redução do uso de produtos químicos, ou com um uso mais cuidadoso, respeitando as doses e horários; eventual plantio de cercas vivas para alimentar as abelhas durante todo o ano e fazer a manutenção de áreas mais conservadas são algumas das ações possíveis”, relata a professora.

 

Diversidade no mundo

A presença de abelhas nos ambientes agrícolas está diretamente relacionada às safras, tanto em plantios de pequena escala (densidade) quanto de larga escala (densidade e diversidade de polinizadores). Segundo a professora, existem mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo: as abelhas domésticas (que produzem o mel e ferroam), as mamangavas (conhecidas como zangões – que polinizam o maracujá), abelhas-sem-ferrão (se desenvolvem em colônias – com milhares de indivíduos e podem ser manejadas), entre outras.

E porque elas estão diminuindo? De acordo com a pesquisadora, a diminuição das populações de abelhas está diretamente relacionada com a perda de hábitats, a exemplo dos desmatamentos; a falta de alimentos (floradas); a utilização de agrotóxicos, especialmente inseticidas, e as mudanças climáticas entre outros. No entanto, a professora defende: “O Brasil tem uma diversidade de abelhas imensa. Devemos protegê-las assim como é necessário conservar ecossistemas naturais e a biodiversidade. Por outro lado, também é nosso dever desenvolver tecnologias para a criação de polinizadores nativos, que possam ser usados efetivamente em grande escala em sistemas agrícolas mais sustentáveis resultando em melhores safras”.

 

A canola gaúcha

Pesquisadores em campo de canola Foto: Fernando Dias/Divulgação

Pesquisadores em campo de canola
Foto: Fernando Dias/Divulgação

A canola foi o cultivo pesquisado no Rio Grande do Sul pela PUCRS, com a participação da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária RS (Fepagro) e a Universidade de Caxias do Sul (UCS). Ela produz sementes pequenas, de onde se extrai o óleo comestível de canola (de alta qualidade), biodiesel e ração animal. A dependência da canola de polinizadores para a produção de grãos é considerada média. Sendo assim, a ação dos insetos polinizadores é essencial para o aumento da produção. “Se tivermos lavouras próximas a áreas conservadas produziremos mais canola do que em áreas distantes destas áreas seminaturais. Diante dessas condições, pode-se identificar um aumento médio de 30% no resultado final da safra”, constata Betina.

 

O que é polinização?

Desenho esquemático da polinizaçãoPara que ocorra a fecundação das flores e o desenvolvimento dos frutos, a maioria das plantas necessita da transferência de grãos de pólen da parte masculina da flor para uma parte feminina. As maçãs, por exemplo, dependem em até 90% da visita de uma abelha para a produção de um fruto bem desenvolvido e simétrico. “Outro exemplo clássico é o maracujá: as flores que não receberem a visita de uma abelha nativa (mamangava) levando pólen, não se desenvolvem e não há frutos. Em Santa Catarina, devido à escassez de abelhas esse trabalho que tem sido realizado manualmente, com custos elevados e menor eficiência. Ou seja, se próximo dessas lavouras, que são dependentes de polinização, tivermos abelhas voando – abelhas adequadas para a polinização da planta – o serviço ocorre naturalmente”, explica Betina.

As pesquisas sobre canola no RS foram financiadas pelo projeto Rede Brasileira para a polinização da Canola, aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), bem como pelo projeto Conservação e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentável, através da Abordagem Ecossistêmica, financiamento do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), no período de 2010 a 2015.