Em novembro é comemorado o mês da Consciência Negra no Brasil. O mês vai ao encontro da data, 20/11, escolhida para marcar a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, que se tornou símbolo popular da resistência negra. Além de ser um mês para refletir sobre a condição do negro e do racismo no Brasil, novembro também é um mês de celebrar a cultura afro-brasileira. Pensando nisso, separamos oito nomes de artistas negros para você conhecer, acompanhar e se inspirar.
O artista carioca nasceu no Duas Barras (RJ), em 12 de fevereiro de 1938. Cantor, compositor e escritor brasileiro, Martinho da Vila se dedica desde 1965 ao samba e atua há anos na Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. Lá, compôs grande parte dos sambas-enredo consagrados e colaborou para a criação de temas de inúmeros desfiles. Com mais de 50 anos dedicado à música e cultura brasileira, ele será homenageado pela PUCRS com Mérito Cultural 2023.
Principais trabalhos: na música, lançou seu primeiro disco Martinho da Vila em 1969. Ele coleciona outros discos de sucesso como Memórias de um sargento de milícias (1971), Canta, canta minha gente (1974), Rosa do povo (1976), O Pequeno Burguês – ao vivo (2008), Rio: Só vendo a vista (2020) e muito mais. Na literatura, já lançou mais de 20 livros, dos quais se destacam Joana e Joanes, um romance fluminense (1999), Ópera Negra (2001), e A rainha da bateria (2009).
Baiana nascida em Salvador em 1987, Luedji Gomes Santa Rita é cantora e compositora de MPB e Jazz. Filha de músico, a artista começou a escrever suas canções aos 17 anos, e na época já cantava informalmente em bares de Salvador. Suas músicas retratam o preconceito racial, feminismo, empoderamento feminino, especialmente da mulher negra. Em suas músicas, Luedji também canta sobre religiões de matriz africana, ervas e costumes brasileiros oriundo da cultura africana. Em 2023, foi uma das atrações musicais do Prêmio Sim à Igualdade Racial.
Principais trabalhos: Um Corpo no Mundo (2017) e Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água (2020) pelo qual Luedji Luna foi indicada ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.
O escritor alagoense foi vencedor do Prêmio Delfos de Literatura em 2019, com a obra TXOW. Lançado pela Editora da PUCRS, o livro é composto por quinze contos, que possuem inspiração no rap, na literatura brasileira e na fala cotidiana das ruas de Maceió. Ele também venceu o Prêmio Malê de Literatura, da Editora Malê, e foi finalista do Prêmio Oceanos de Literatura em 2021, organizado pelo Itaú Cultural. Além de escritor, Lucas é realizador cinematográfico e produtor cultural, estuda Jornalismo na Universidade Federal do Alagoas e integra os coletivos Mirante Cineclube e Pernoite.
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Alcione Dias Nazareth é cantora, compositora e multi-instrumentista. Ao longo de sua trajetória artística, lançou mais de 30 álbuns de estúdio e nove ao vivo. É a artista por trás dos sucessos Não Deixe o Samba Morrer e Você me Vira a Cabeça. Em 2021, ela recebeu o o Mérito Cultural da PUCRS. A cantora possui uma grande relação com o Carnaval, tendo fundado, em 1989, o Clube do Samba ao lado de grandes nomes como Dona Ivone Lara, Martinho da Vila e Clara Nunes. Além disso, se tornou membro destacado da Estação Primeira de Mangueira, fundou a Escola de samba mirim da Mangueira e é presidente de honra do Grêmio Recreativo Cultural Mangueira do Amanhã. Em 2024, ela será homenageada no samba enredo da escola.
Principais trabalhos: os álbuns A Voz do Samba (1975), Pra que chorar (1977), Alerta geral (1978), Da cor do Brasil (1982), Fogo da vida (1985), Fruto e raiz (1986), Nosso nome: Resistência (1987), Nos bares da vida (2000) e seu último lançamento, Tijolo por Tijolo (2020).
Falecido em 2009, Oliveira Ferreira da Silveira nasceu em Rosário do Sul em 1941. Em vida, foi um dos maiores intelectuais do Brasil, sendo um dos líderes da campanha pelo reconhecimento do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro. Poeta, escritor, e militante do movimento negro, Oliveira cursou Letras na UFRGS e foi na Universidade que começou a se entender enquanto homem negro. Com inspirações em Angela Davis, Martin Luther King, Louis Armstrong entre outros, suas obras buscavam refletir sobre a identidade afro-gaúcha.
Principais trabalhos: Geminou (1962), Poemas Regionais (1968), Banzo Saudade Negra (1970), Décima do Negro Peão (1974), Praça da Palavra (1970), Pelo Escuro (1977)
Ela é uma poetisa, jornalista, escritora, cantora e atriz brasileira, tendo sido vencedora de um Kikito no Festival de Cinema de Gramado pelo filme Por que Você Não Chora?. Em 1998, ela fundou a instituição socioeducativa Casa Poema, que utiliza a poesia falada para capacitar profissionais na sua capacidade de expressão e formação cidadã. Além disso, tem desenvolvido o projeto Palavra de Polícia, Outras Armas, junto à Organização Internacional do Trabalho, pelo qual ensina a arte da poesia falada a policiais, buscando alinhar esses profissionais aos princípios dos direitos humanos e transformar sua forma de operar em relação a questões de gênero e raça. Em 2006, ela recebeu a Ordem de Rio Branco no grau de Oficial suplementar por méritos como poetisa.
Principais trabalhos: possui os CDs de poesia O Semelhante, Euteamo e suas estreias, Notícias de Mim, Estação Trem – Música e Ô Danada. No cinema, atuou no filme Por que Você Não Chora?. Ela possui uma forte atuação alinhada aos direitos humanos em projetos educativos relacionados à arte da poesia falada.
Seu Jorge é o nome artístico de Jorge Mário da Silva, que é ator, cantor, compositor e multi-instrumentista. Ele já participou do programa No meu canto, da PUCRS Cultura. Seu trabalho mais recente é no ramo da atuação, interpretando o jornalista André no filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos. Ele foi vencedor dos prêmios Grammy Latino, MTV Video Music Brasil, Prêmio Multishow, Troféu Imprensa e Melhores do Ano. No cinema, protagonizou filmes de sucesso, como Cidade de Deus, Tropa de Elite 2 e The Life Aquatic. Já sua carreira musical destaca-se pelos sucessos Amiga da Minha Mulher, Mina do Condomínio, Burguesinha e Carolina.
Artista visual nascido em 1911 no Sergipe, Arthur Bispo do Rosário desenvolveu suas obras enquanto estava internado em uma instituição psiquiátrica. Em 1938, enquanto trabalhava como empregado doméstico, na casa do advogado Humberto Leone, afirmou ter uma revelação divina e, após perambular por dias, chegou ao Mosteiro de São Bento, no centro do Rio de Janeiro, encaminhado a um hospício. Sua arte foi construída de maneira improvisada: para os bordados, utilizava linhas azuis desfiadas dos velhos uniformes dos internos e para as demais realizações, eram usados objetos, como canecas, vassouras e garrafas e materiais como pedaços de madeira, arame, papel e fios de varal.
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Difundido pelo Brasil como símbolo da luta antirracista, o Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, foi idealizado em Porto Alegre. A data foi criada por Oliveira Silveira, professor, ativista e escritor que, em 1971, junto com o grupo Palmares, realizou um encontro para homenagear Zumbi dos Palmares. Na PUCRS, o mês de novembro contará com diferentes atividades conectadas ao tema. Confira a programação:
Promovido pela Escola de Humanidades, em parceria com o Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista, o encontro online se propõe a ser um espaço de debate sobre o racismo, a discriminação, a desigualdade social e inclusão de negros na sociedade. Tem o objetivo de reafirmar o orgulho da identidade negra, rompendo com visões distorcidas e negativas sobre a história e cultura dessa população. Inscreva-se neste link, a transmissão será pelo Zoom.
Participarão do evento: Jeferson Tenório, patrono da 66ª Feira do Livro de Porto Alegre, primeiro negro e o mais novo a ocupar a posição; o grupo Afroativos da escola Saint Hilaire, idealizador do projeto Afrobetizar; e o coletivo Pretos da PUCRS, que abordará pautas do movimento estudantil de estudantes da Universidade.
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O evento abordará os impactos do racismo na saúde da população negra e foi organizado pela Escola de Ciências da Saúde e da Vida, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. Confira a programação completa no site e inscreva-se neste link, a transmissão será pelo Zoom.
O seminário também debaterá a inclusão dos temas racismo estrutural e saúde da população negra na formação acadêmica e nos processos de educação continuada dos trabalhadores da saúde. Serão cinco talks e uma roda de conversa sobre afroempreendedorismo.
Visando analisar, sob uma perspectiva interdisciplinar, o impacto do Estatuto da Igualdade Racial na sociedade brasileira, o painel falará sobre legislação, questões jurídicas e históricas. O evento acontece pelo Zoom e as inscrições podem ser realizadas neste link.
O coletivo Pretos da PUCRS organizou uma foto coletiva para toda a comunidade negra da Universidade, assim como no ano anterior. Com adaptações, por causa do distanciamento social, nesta edição a atividade será online. Envie sua foto até o dia 19 de novembro, pelo e-mail [email protected] ou pelo direct do Instagram @pretosdapucrs e participe!
Até então, O Dia da Abolição da Escravatura, 13 de maio, era a única data simbólica relacionada ao tema. Foi em 20 de novembro de 1971 que Silveira e o Grupo Palmares organizaram uma programação em homenagem a Zumbi dos Palmares. Tudo isso em meio à ditadura militar.
O ato, que deu início à data como é conhecida hoje, foi registrado pelo jornal Folha da Tarde, da capital gaúcha, que publicou a foto tirada por Irene Santos da primeira comemoração.
Apesar de 56% da população brasileira se autodeclarar como negra, segundo o IBGE, essa proporção não é a mesma em todos os espaços. Uma pesquisa do Instituto Ethos com as 500 empresas de maior faturamento no País mostra que 58% dos cargos de aprendizes e trainees são ocupados por pessoas negras, enquanto na gerência elas são apenas 6,3% e 4,7% no quadro executivo.
Com maior nível de instrução, a ascensão no mercado de trabalho se torna mais fácil. Porém, dados recentes do IBGE mostram que só em 2019 negros e negras se tornaram maioria nas universidades públicas, mesmo que o número de ingressos tenha se mantido menor.
Já entre os professores e professoras universitárias, em geral, apenas 16% são negras.
Pesquisas mais antigas mostram que, mesmo sendo o dobro de anos anteriores, o percentual de negros entre 18 e 24 anos nas universidades era inferior a 13% no Brasil em 2015.
A Djamila Ribeiro, professora convidada do PUCRS online, dá dicas em seu livro Pequeno manual antirracista sobre como combater preconceitos e virar a chave em discursos enferrujados. Entre elas: questionar a cultura que você consome, atuar de forma prática na luta antirracista, apoiar políticas educacionais afirmativas e ler obras de autores e autoras negras são formas simples de começar.
Confira atividades recentes promovidas pela PUCRS com grandes personalidades negras:
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