Nesta semana, o projeto Ensaios de Morar, promovido pelo Instituto de Cultura da PUCRS e o Projeto Concha, apresenta as criações em música e vídeo de poemas de Ana Martins Marques concebidas pelas artistas Paula Posada e Clarissa Ferreira. Publicados, respectivamente, nos dias 30 de junho e 2 de julho pelos canais dos realizadores do projeto, os vídeos dão continuidade à série de publicações semanais que ocorre até o dia 7 de julho. Com dez produções já disponibilizadas, o projeto explora artisticamente a experiência de “morar”, trazendo novos olhares sobre a relação entre indivíduo e casa – intensificada em razão do contexto de isolamento social.
No dia 30 de junho, terça-feira, o vídeo lançado foi de Paula Posada, musicista e graduanda em Música Popular pela UFRGS. Como DJ e produtora, a artista apresenta uma pesquisa que valoriza o minimalismo e utiliza-se da linguagem da música eletrônica como expressão máxima de sua identidade artística. É produtora e residente da festa Base, co-criadora do coletivo Arruaça e integrante da crew da label Goma rec. Em 2019, participou da residência artística do Projeto Concha. No dia 02 de julho, quinta-feira, o vídeo foi de Clarissa Ferreira, violinista xucra ciborgue, compositora, bacharela em violino pela UFPEL, mestra pela UFRGS e doutora em Etnomusicologia pela UNIRIO. Integra o grupo As Tubas, como musicista e diretora musical, realiza masterclasses e atua como professora de violino popular e criação musical. Em 2019, atuou como diretora musical dos espetáculos Pago Revisitado, Unimúsica/UFRGS, e Líricas Sulinas, Sonora Brasil/SESC. Também foi uma das residentes do Projeto Concha/Natura Musical.
Os poemas dessa semana são do livro Como Se Fosse a Casa. Lançada em 2017, a obra surgiu de e-mail trocados entre Ana Martins Marques e o poeta Eduardo Jorge, durante o período em que ela alugou o apartamento dele. Se no início as correspondências versavam sobre questões práticas da casa, depois tornaram-se poesia – passando por temas como o partir e o morar. Confira os textos selecionados para o projeto:
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
Por Paula Posada
Um caramujo
como uma caixa de fósforos
que levasse nas costas
o incêndio da casa
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
Por Clarissa Ferreira
A cura está no tempo, dizem,
mas, ela pensa, por que não
no espaço?
ou antes não há cura
a vontade de partir antecede sempre
a casa
estamos para ir
prestes, mas não prontos
só vigor e vontade
lar, ela pensa, é sempre lá
(talvez, lançar-se)
Ao final da publicação dos 14 poemas audiovisuais, no início de julho, ocorre o lançamento de um site desenvolvido especialmente para o projeto, com artes criadas por Clara Trevisan. A plataforma vai reunir os poemas escritos por Ana Martins Marques com os vídeos produzidos pelas artistas, acrescidos de um ensaio da escritora, poeta e professora de Escrita Criativa na PUCRS Moema Vilela. A construção do site vem da intenção de montar uma espécie de livro virtual que reúna todas as artes e artistas envolvidas.