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Coral da PUCRS emociona gerações

segunda-feira, 18 de abril | 2016

Concertos Especiais | Magnificat, de John Rutter | Comemorações dos 60 anos do Coral

Concertos Especiais | Magnificat, de John Rutter | Comemorações dos 60 anos do Coral
Foto: Camila Cunha – Ascom/PUCRS

Em um palco, 24 cantores entoam a música You Can’t Always Get What You Want para 50 mil pessoas, que lotam o Estádio Beira Rio. A poucos metros, cantando a mesma música, estava uma das bandas de maior sucesso no mundo todo: The Rolling Stones. A experiência vivida pelos participantes do Coral da PUCRS em março ficará na história do grupo e na memória de cada integrante para sempre. Mas teve também um gostinho mais especial ainda, de celebração aos 60 anos do grupo, comemorados em 2016: “Foi o maior presente que poderíamos ter recebido de aniversário. Uma experiência incrível para todos nós, uma grande honra e algo inesquecível em nossas vidas”, afirma o regente do grupo, maestro Márcio Buzatto. Flávio Kiefer, diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, é categórico: “Estamos vivendo um grande momento”, diz. No último dia 13 de abril, um concerto especial com a Orquestra Filarmônica da Universidade celebrou a data, no Salão de Atos. Mais de 150 cantores e instrumentistas apresentaram a obra Magnificat, de John Rutter, na versão original para orquestra de câmara, coro e soprano solista.

Para chegar ao resultado tão aplaudido nos palcos, os 45 componentes do grupo se reúnem duas vezes por semana para os ensaios. Também fazem parte da agenda aulas de técnica vocal com a professora Cíntia de Los Santos, e de teoria musical com o preparador e pianista Leandro Faber. O Coral é aberto para pessoas da Universidade e também de fora, de forma voluntária, sem vínculo empregatício. “Hoje temos no grupo alunos, professores, moradores de Porto Alegre e cidades vizinhas, todos com algo em comum: o amor pela música”, sinaliza o maestro. Somente em 2015 foram 20 apresentações, e entre as de maior destaque estão o concerto com o Harvard-Radcliffe Collegium Musicum – o Coral da Universidade de Harvard (USA), e o show Letra e Música, de Kleiton&Kledir.

Kiefer atribui o sucesso destes 60 anos do grupo ao prazer que as pessoas sentem em cantar em conjunto: “Por mais que nossa sociedade se foque no indivíduo, paradoxalmente, a comunhão faz parte da essência do indivíduo. Realizá-la na forma de canto coral é uma prática simples e milenar”, lembra. O Coral está sempre aberto à novos componentes, e a seleção ocorre todo o início de ano. As inscrições são abertas em janeiro e fevereiro. É necessário somente ter a disponibilidade para os horários de ensaios semanais. “Ouvimos os interessados individualmente, assim podemos conhecer a sua voz. Além disso, avaliamos se tem afinidades com as vozes que já estão no grupo e se o número de cantores ficará equilibrado com o ingresso dos demais integrantes”, complementa Buzatto. Conversamos com ele sobre passado, presente e futuro do grupo. Confira:

Concertos Especiais | Magnificat, de John Rutter | Comemorações dos 60 anos do Coral

Concertos Especiais | Magnificat, de John Rutter | Comemorações dos 60 anos do Coral
Foto: Camila Cunha – Ascom/PUCRS

No ano em que completa 60 anos, o Coral subiu ao palco para cantar com uma das principais bandas do mundo, The Rolling Stones. Como foi a experiência?

Todos os momentos foram intensos, o profissionalismo da produção é impressionante e o carinho dos integrantes dos Rolling Stones conosco foi algo muito especial. O ensaio que tivemos com eles em um estúdio dentro do Beira-Rio foi um dos momentos mais marcantes, onde estávamos bem próximos, lado a lado, e pudemos fazer música juntos sentindo a energia que eles têm e que faz deles uma das maiores bandas de todos os tempos!

No palco foi só alegria e encantamento, 50 mil pessoas à frente, uma megaprodução atrás, e simplesmente os Rolling Stones ao nosso lado. Ficamos também lisonjeados por sermos o elo de encontro entre a PUCRS e os Rolling Stones; isso teve repercussão mundial e ficará registrado na nossa história.

 

Como foi a preparação para este momento?

Foram ensaios com grande expectativa, motivação e foco. Realizamos seis encontros com o grupo que subiu ao palco, para ajustar todos os detalhes de notas, pronúncia, afinação, voz, dinâmica e postura corporal. A preparação iniciou-se em dezembro, quando recebemos da produção a notícia de que tínhamos sido selecionados para acompanhar a banda em Porto Alegre.

 

Os ensaios ocorrem sempre em conjunto com a orquestra?

Desde 2014 o Coral da PUCRS tem uma programação independente da Orquestra, então podemos realizar eventos somente do coral e ainda participar de concertos da Orquestra e outros grupos musicais. Os ensaios são independentes e acontecem todas as terças e sextas-feiras à noite, no Salão de Atos da PUCRS.

 

Está nos planos produzir alguma ópera novamente?

Sim, temos sempre planos de produções operísticas em mente, pois é um dos gêneros artísticos mais completos que existem, e que fez história na PUCRS projetando o nome do nosso Coral e Orquestra internacionalmente. Os planos são de promovermos uma ópera ao ano e, para tanto, temos projetos para captar recursos. Óperas requerem muitos preparativos e muitos setores de produção, naturalmente exigem um bom investimento, e é em busca destes recursos que estamos indo para possibilitar produções futuras.

 

Como é feita a seleção das músicas?

Cada evento tem sua temática, e por sua vez exige músicas diferentes. Por exemplo, o show com os Rolling Stones exigia uma música específica, o show com Kleiton&Kledir outras, com o Coral de Harvard eram outras, e assim por diante. Como fio condutor, e para construir um repertório didático, procuramos compor um concerto anual somente do coral, com músicas de estilos e épocas distintas e variadas, como: renascença, barroco, classicismo, romantismo, século 20, contemporâneo, rock, temas de filmes, músicas étnicas, folclóricas, brasileiras, entre outras. Cada repertório básico anual é composto por cerca de 15 músicas abrangendo diversos estilos, e simultaneamente com esse repertório a cappella, somamos os shows que nos convidam e adequamos as músicas para os festivais de coros e demais apresentações de acordo com cada evento.

 

Quais os planos para o futuro?

Em primeiro plano é a busca incessante por elevar a qualidade musical e produzir concertos com repertórios cada vez mais exigentes e bem-acabados. Com isso, vem as participações em eventos cada vez mais importantes, surgem mais convites e podemos realizar concertos mais expressivos. Neste ano temos concertos com a Orquestra Filarmônica da PUCRS, que sempre impulsionam a motivação do grupo, como o Concertos Especiais com a obra Magnificat,de John Rutter, abrindo as comemorações dos 60 anos. Temos também o Sonhos de Uma Noite de Verão, de Mendelssohn, alusivo aos 400 anos da morte de Shakespeare. A Federação de Coros do RS realizará um evento em parceria com o Instituto de Cultura, também alusivo aos 60 anos do Coral da PUCRS, em forma de um musical com nossa participação; e participaremos de um Festival Internacional de Coros na cidade de Santa Maria/RS, a convite do Coral da Associação dos professores Universitários de Santa Maria. Também, acabamos de receber um convite de Nova Iorque para participarmos de um concerto no Lincoln Center em maio de 2017, que estamos ansiosos por poder confirmar. Nos alegram muito essas oportunidades que temos recebido seguidamente, o mostra que nosso trabalho está sendo bem visto por aí afora e que estamos produzindo bons frutos.

 

Qual o segredo de sucesso do Coral?

Para mim, o sucesso de qualquer grupo está na energia positiva que seus integrantes produzem, no empenho de cada um pelos objetivos e pela estrutura que dá espaço para que os resultados venham. Nosso Coral é privilegiado nestes quesitos. Temos uma ótima estrutura para desenvolver as atividades, ótimos profissionais trabalhando intensamente para que tudo aconteça com a melhor qualidade possível, e um grupo de coristas que tem um ótimo convívio e dedicação. A expressividade da Universidade PUCRS nos abre muitos caminhos, o Instituto de Cultura, ao qual o Coral é ligado, nos dá todos os insumos para progredirmos e para que desenvolvamos nossa atividade com tranquilidade e, por fim, creio que toda a bagagem dos 60 anos de atividades do Coral da PUCRS impulsiona sobremaneira os novos integrantes, novos maestros, novos preparadores, conferindo uma trajetória de sucesso desde sua fundação, em 1956.

 

O início

O Coral da PUCRS nasceu em 1956, no Clube de Línguas Vivas, ligado à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da PUCRS. O clube era destinado à prática do uso das línguas estrangeiras estudadas e, inicialmente, eram executadas canções folclóricas e populares de diversos países. No dia 30 de outubro de 1956 o Coral fez sua primeira apresentação, sob a regência da maestrina Dinah Nery Pereira. Desde então, o grupo foi regido por Ernesto Dewes (Irmão Fidêncio), Charlotte Kahle, Gilia Gerling e Frederico Gerling Júnior, que comandou o grupo entre 1972 e 2010. Durante essas décadas, o Coral emocionou o público em inúmeras óperas, concertos, oratórios e ballets. Gerling também foi o responsável pela formação da Orquestra Filarmônica da PUCRS, em 2004.