Saúde

Passaporte da vacina: professor da Escola de Direito responde 5 questões sobre o assunto

quinta-feira, 16 de setembro | 2021

Passaporte da vacina: entenda o que é

Passaporte vacinal tem sido discutido em diversos países./Foto: Frank Meriño/Pexels

Assim que as vacinas contra a Covid-19 começaram a ser testadas, a discussão sobre a obrigatoriedade do certificado de imunização ganhou força. Impasses éticos e questões sociais dividiram a população de diversos países, inclusive, do Brasil. Hoje, algumas cidades brasileiras já adotaram a utilização do passaporte da vacina, como o Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Salvador (BA). Para quem ainda tem dúvidas sobre a medida, convidamos o professor da Escola de Direito Cristiano Heineck Schmitt para esclarecer algumas questões. Confira! 

1) O que é o passaporte da vacina e como ele impacta no dia a dia das pessoas? 

O passaporte da vacina é uma medida que busca estimular a população a obter a imunização contra a Covid-19. Com um controle maior sobre a contaminação pelo vírus e com a redução de óbitos e internações hospitalares, as cidades brasileiras têm passado a flexibilizar regras sanitárias, permitindo shows, feiras, jogos e maior acesso a bares e restaurantes, por exemplo. 

Outro ponto importante é que ele poderá ser obrigatório em alguns eventos e facultativo em outros. Ao nível mundial, há estabelecimentos que têm garantido benefícios, como descontos àqueles que comprovam terem realizado a vacinação de forma correta.  

Por outro lado, segundo estimativas do Ministério da Saúde, em torno de 8,5 milhões de brasileiros não tomaram a segunda dose da vacina, o que dificulta a imunização coletiva e mantém o risco de contaminação. O ideal, contudo, é que no atual estágio seja preservado também o uso de máscaras. A polêmica se estende também a ramos como o Direito do Trabalho, sobre a possibilidade ou não de demissão por justa causa ao empregado que se nega a fazer a vacina. 

2) Qual a importância, benefícios e possíveis contrapontos a esse tipo de medida? 

A importância do passaporte da vacina é que ele funciona como um estímulo na busca pela vacinação, imunizando as pessoas, especialmente agora quando se pensa em se poder recompor a vida como ela era. Quanto mais pessoas imunizadas, menos chances de propagação da Covid-19. 

Embora os dados mostrem a grande eficácia da vacinação, existem pessoas contrárias à mesma, pelos motivos mais variados, no que se inclui eventual receio de sequelas negativas da vacina. 

Para aqueles que não desejam se vacinar, um dos argumentos mais usados é o disposto no artigo 5º, inciso XV da CF/88, que trata do direito fundamental à liberdade de locomoção dentro do território brasileiro, o sagrado direito de ir e vir. Contudo, no Brasil, não existem direitos absolutos, os quais passam pelo crivo de um juízo de proporcionalidade.  

A vacinação, no caso, é uma forma de preservar a vida, e algo focado no sujeito e no coletivo. E, para participar deste coletivo, há que se adotar medidas que preservem a vida de todos. 

Drive-Thru, vacinação, Covid-19

Foto: Cristine Rochol/PMPA

3) Existem ações que podem complementar essa medida ou alternativas ao passaporte da vacina? 

Para complementar, há que se manter o uso da mascará, assim indicado pela classe médica. No caso da Covid-19, não há remédio milagroso, nem vacina eficiente por completo. São estruturas agregadas de cuidados sanitários que, somadas, vão controlar a dissipação do vírus. Mesmo pessoas vacinadas tiveram registro de óbito, o que mostra que não serve como medida isolada. 

4) Como o Brasil está em relação a outros países nessa questão? 

Estados e municípios têm realizado movimentação parlamentar para aprovar o passaporte da vacina, dispondo quando ele será obrigatório, ou facultativo, acerca de evento e estabelecimentos. 

No mundo, países como Itália, Portugal, França, Israel, Japão e Dinamarca já adotaram o passaporte, o que, a meu ver, serve para mostrar que o Brasil está agindo bem ao cobrar o referido passaporte. 

5) O passaporte da vacina pode se tornar algo permanente? 

Vai depender da permanência da Covid-19 entre nós. A meu ver, foi uma doença repentina, de grande potencial de contaminação, com um poder lesivo bastante elevado, especialmente por, ao afetar vários sujeitos ao mesmo tempo, levar a óbito milhares deles em face da falta de tratamento, diante de hospitais superlotados. 

O coronavírus sofre contínuas alterações, gerando novas cepas, e isso será uma constante preocupação mundial que deve perdurar alguns anos, até se ter melhores informações de combate eficaz ao mesmo. 

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