Escutar é acolher. É com foco nessa premissa que, há dez anos, o Centro de Atenção Psicossocial (CAP) da PUCRS auxilia professores e alunos da Universidade por meio da escuta e do acompanhamento de situações que interfiram no crescimento pessoal e profissional. No ano de inauguração, 2006, foram atendidas 368 pessoas. Já no registro anual de 2015, foram contabilizadas 1180 consultas, representando um aumento de 320%. Para a Coordenadora de Relacionamento Psicossocial e psicóloga do CAP, Dóris Helena Della Valentina, a tecnologia mudou significativamente a vida das pessoas. “Apesar dos benefícios, ela empobreceu a capacidade de enfrentar situações, causando ansiedade e estresse”.
O olhar voltado ao ser humano ao longo de uma década reforça a preocupação em oferecer uma formação integral para a comunidade acadêmica, o que abrange não só os conhecimentos científicos, mas também a preparação física, mental, social e espiritual. Atualmente, o CAP conta com a atuação interdisciplinar da psicóloga Dóris, do psicopedagogo Rafael Iassin Abdalla Maihub, do psiquiatra e psicanalista Edgar Chagas Diefenthaeler e do assistente social Francisco Arseli Kern.
A psicóloga ressalta a importância da entrevista de acolhimento, método desenvolvido para o amparo inicial de todos os que buscam o Centro. Quando a procura é por aconselhamento psicológico, Dóris identifica a demanda a nível individual, contextual e grupal. Após a escuta, ela ajuda a lidar com o sofrimento de maneira autônoma. Eles recebem apoio para enfrentar períodos de transição, de transformação e de adaptação a novas realidades, como ocorre com estudantes recém-saídos do Ensino Médio, por exemplo. Os atendimentos também auxiliam com dificuldades de interação social, sexualidade, términos de relacionamentos, conflitos familiares e problemas decorrentes de dificuldades financeiras.
Ao longo de dez anos, demandas relacionadas à dificuldade de aprendizado também se tornaram frequentes. Segundo o psicopedagogo Rafael Maihub, os temas recorrentes envolvem estresse antes de avaliações, pressões pré-prova e desafios do início e do final dos cursos. Após a acolhida, o profissional auxilia, de maneira personalizada, na resolução dessas questões. Dentre as práticas, estão a confecção de tabelas para a organização do tempo e dos estudos, além de dicas de técnicas para o aprimoramento do aprendizado. “É indescritível o que sentimos ao saber que ajudamos a transformar a vida de uma pessoa”, reflete. Ele salienta que a vitória dos alunos é o que recarrega suas energias.
Muitas vezes, as emoções podem interferir no rendimento acadêmico e na vida pessoal dos estudantes e dos professores. O apontamento é do médico psiquiatra e psicoterapeuta Edgar Chagas Diefenthaeler, que ressalta a atuação multiprofissional da equipe. “Não há psicoterapia ou prescrição de medicamentos no CAP, mas nos preocupamos com a atenção psicossocial e, se necessário, com a condução da pessoa a serviços especializados internos ou externos”, explica. Casos mais graves podem ser encaminhados para hospitais. Já a atuação do assistente social Francisco Arseli Kern envolve a identificação das necessidades e o estabelecimento de um processo de mediação dos conflitos sociais que os cercam. Se for preciso, pode haver reuniões com o estudante e com pessoas do seu círculo familiar, por exemplo. Também é fornecido apoio aos alunos estrangeiros que optam por estudar na PUCRS. A intervenção é individualizada, podendo ocorrer, se necessário, o deslocamento do profissional até o paciente.
Mudança de demanda
Ao longo dessa década de funcionamento, a rotina de atendimentos mudou. À frente do CAP há oito anos, Dóris diz não haver mais épocas de pico, como início ou final de semestre, por exemplo. “Atualmente, nossos acompanhamentos são contínuos; muitas vezes auxiliamos os estudantes desde sua entrada na Universidade até a formatura”. Ela comemora a qualidade da equipe interdisciplinar, que, muitas vezes, se reúne para atender um paciente e a sensibilidade que todos possuem para ajudar aqueles que necessitam de apoio em períodos de fragilidade. “Acolher as pessoas e ajudá-las a encontrar seu caminho é um desafio e é fascinante”, vibra.
O Centro de Atenção Psicossocial fica localizado na sala 803 do prédio 40 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre) e funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 21h. As consultas são destinadas a professores e alunos da Universidade e são gratuitas. O agendamento pode ser feito pelo e-mail [email protected], pelo telefone (51) 3320-3703 ou pessoalmente.