Saúde

Câncer Infantil: conheça os possíveis sintomas da doença  

Professora da Escola de Medicina da PUCRS explica a importância de prestar atenção na frequência que os sintomas aparecem  

segunda-feira, 17 de fevereiro | 2025
Médica segurando a mão de uma paciente; câncer infantil
Entre os tipos mais comuns de câncer infantil estão: Leucemias, Tumores do sistema nervoso central e Linfomas. / Foto: Envato

De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) são registrados 8 mil novos casos de câncer infantil no Brasil por ano. A doença possui um alto índice de cura (cerca de 67%), e o estudo do Inca e do Ministério da Saúde mostra que a sobrevida de pacientes varia de acordo com localidade, sendo maior na região Sul (75%) e menor na região Norte (50%). No entanto, a doença sofre com dados precários e diagnostico tardio, o que dificulta a atuação no tratamento de crianças e adolescentes.  

O câncer infantil engloba um grupo de doenças que podem surgir em qualquer parte do corpo e afetam crianças e adolescentes de 0 a 18 anos. A professora do Núcleo de Pediatria da Escola de Medicina da PUCRS Virginia Tafas da Nobrega explica que essas neoplasias (formação anormal de tecido) se originam a partir de células imaturas e geralmente apresentam um comportamento mais agressivo.  

A docente esclarece que no Brasil e no mundo, os tipos mais comuns de câncer infantil são: Leucemias (câncer da medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas); Tumores do sistema nervoso central (principalmente tumores cerebrais); e Linfomas (neoplasias que afetam o sistema linfático, incluindo linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin). 

Quais são os sintomas? 

Virginia explica que, no geral, os sintomas de câncer infantil não são específicos e que pais e responsáveis devem observar a frequência no qual o sintoma aparece. Entre os mais comuns, podemos destacar: febre prolongada sem causa aparente, dores persistentes nos membros, fraqueza e cansaço excessivo, manchas roxas ou sangramentos inexplicáveis, e perda de peso sem motivo evidente.  

“A manifestação dos sintomas pode variar de acordo com a localização e a agressividade do tumor. Diante de sinais persistentes, é fundamental buscar avaliação médica para um diagnóstico precoce”, diz.  

Entre os fatores que podem levar ao desenvolvimento de câncer infantil estão causas genéticas e ambientais. A professora da Escola de Medicina esclarece que algumas síndromes genéticas raras podem aumentar o risco, como a Síndrome de Down e a Síndrome de Li-Fraumeni. No entanto, em aproximadamente 90% dos casos, o câncer acontece de forma esporádica, sem uma causa identificável.  

“Pesquisas também investigam fatores ambientais que possam contribuir para o aumento da incidência da doença. Já existem evidências sobre o impacto de radiações ionizantes, como a exposição frequente a tomografias computadorizadas em crianças, bem como de substâncias químicas como agrotóxicos e hidrocarbonetos aromáticos, incluindo benzeno e tolueno.” 

Tratamentos para o câncer infantil 

Crianças e adolescentes respondem diferente ao tratamento oncológico em relação aos adultos. Essa diferença se dá principalmente por conta do resultado ao tratamento e a tolerância às terapias. Nesse sentido, a professora explica que o câncer infantil geralmente apresenta um comportamento mais disseminado e agressivo, mas, por outro lado, tende a responder melhor à quimioterapia. 

“Crianças geralmente suportam melhor a quimioterapia intensiva e têm maiores taxas de cura em comparação com adultos. Além da quimioterapia, outros tratamentos também podem estar envolvidos, como as cirurgias de retirada do tumor, radioterapia, e imunoterapias, que têm se tornado uma opção cada vez mais comum, tanto em crianças quanto em adultos, estimulando o próprio sistema imunológico a combater o câncer.” 

O avanço da medicina  

Apesar dos desafios enfrentados pela subnotificação da doença, a medicina tem avançado na pesquisa e no desenvolvimento de terapias personalizadas ou tratamentos menos agressivos para o câncer infantil. A professora Virginia explica que devido aos estudos do genoma do câncer e às pesquisas translacionais, tornou-se possível identificar alterações genéticas específicas nas células tumorais e desenvolver medicamentos que atuam diretamente sobre essas mutações. 

“Essas terapias podem bloquear mecanismos que promovem o crescimento do câncer ou tornar as células tumorais mais visíveis para o sistema imunológico. Alguns tipos de câncer, que no passado eram extremamente agressivos e associados a alta mortalidade, hoje podem ser tratados com medicamentos orais, proporcionando menos efeitos colaterais e melhor qualidade de vida”, sintetiza.  

Outro avanço significativo é a terapia CAR-T Cell, uma abordagem inovadora para casos que antes não tinham perspectiva de cura. A docente esclarece que, nesse tratamento, as células de defesa do próprio paciente são geneticamente modificadas para reconhecer e destruir células cancerígenas, como se fossem vírus.  

“Essa é, atualmente, uma das terapias mais promissoras e já está sendo implementada no Brasil. No entanto, no Rio Grande do Sul, essa tecnologia ainda não está disponível”, finaliza.   

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