Pesquisa

Sustentabilidade cresce entre os jovens brasileiros, aponta estudo

sexta-feira, 23 de agosto | 2019

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Foto: Camila Cunha

Cresceu o interesse dos jovens brasileiros por temas como sustentabilidade, tecnologia e inovação (40,4% e 51,1%), percentuais que, desta vez, superam os obtidos por assuntos relacionados à política e a conteúdos acadêmicos. Este é um dos dados do estudo que traçou o perfil de pessoas entre 18 a 34 anos em relação à sustentabilidade e aos 17 objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU). Os resultados foram apurados pelo projeto 18/34, uma pesquisa que realiza investigações pelo Laboratório de Pesquisa da Escola de Comunicação da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS. A etapa final e quantitativa contou com a participação de 1.610 respondentes de 18 a 34 anos, em todas as regiões do Brasil, uma amostra dividida de forma proporcional, seguindo os padrões registados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento também aponta que os jovens seguem priorizando assuntos relacionados a cultura e entretenimento (54,3%).  Diante do cenário atual, no qual existe um frequente uso das redes sociais, os jovens de 18 a 34 anos seguem usando de forma acentuada meios digitais para buscar informações (73,9%). Além disso, levando em conta a grande quantidade de fake news, a maior parte do público afirma “sempre checar as fontes do que é noticiado” (88,3%).  Segundo o coordenador da pesquisa, o professor Ilton Teitelbaum, este ponto, no entanto, merece uma análise especial. “Na era das bolhas, aquele que compartilha notícias nas redes sociais, sejam elas verdadeiras ou falsas, também é uma fonte – e, como é uma pessoa conhecida, muitas vezes merece a confiança do receptor”, enfatiza.

No que se refere à relação aos jovens com a sustentabilidade, 70% afirmam ter pelo menos algum conhecimento sobre o tema. E, do mesmo modo, dizem praticar algumas atitudes sustentáveis. “No entanto, principalmente nas questões ambientais, nota-se que o segmento 18/34 executa apenas atos mais simples, aqueles que envolvem menor esforço e menos tempo”, analisa o professor. Além disso, o público-alvo do estudo acredita que as pessoas passariam adotar mais atos sustentáveis apenas quando percebessem que suas atitudes são efetivamente capazes de trazer benefícios para o coletivo da sociedade e para as gerações futuras (47,8% e 44,8%).

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Foto: Camila Cunha

Assuntos de interesse

Cultura, entretenimento, tecnologia e inovação são temas de maior interesse do público 18/34. A sustentabilidade é um tema que cresceu muito desde o ano passado, indo de última a terceiro lugar, superando assuntos como Política, Esporte e Economia.

Mais de 70% dos jovens de 18 a 34 anos, buscam se informar através de redes sociais e, apesar da grande quantidade de fake news, a maior parte do público afirmou “Sempre checar as fontes do que é noticiado”, algo que foi analisado pela equipe do projeto como algo que significa “aquele que compartilha notícias (falsas ou não) no meu feed, também é considerado como uma fonte”.

Mais de 50% ainda utilizam a televisão como um dos principais meios de comunicação, o que pode ser analisado como caracterizar a TV como uma fonte confiável e uma maneira de escapar das Fake News (por exemplo, quando nos deparamos com notícias online e depois as confirmamos através da TV).

Desenvolvimento sustentável e dimensão ambiental

70% dos jovens afirmam ter algum conhecimento sobre sustentabilidade, mas dizem praticar apenas algumas atitudes sustentáveis – ou seja, eles executam apenas atos mais simples e que envolvam menor tempo e menos esforço.

O segmento 18/34, acredita que as pessoas somente passariam adotar mais atos sustentáveis quando percebessem que suas atitudes seriam capazes de trazer benefícios para o coletivo da sociedade e para as gerações futuras (47,8% e 44,8%, respectivamente).

Dimensão econômica

Os jovens, quando questionados sobre assuntos relacionados ao lado econômico, que seria mais um dos vieses da sustentabilidade, afirmam que o maior responsável por problemas relacionados a essa dimensão é a falta de envolvimento das organizações (65,5%), pois elas visam apenas aos lucros, deixando de lado a transparência de suas ações e a atuação mais significativa junto às comunidades nas quais estão inseridas.

Dimensão sociopolítica

O segmento acredita que precisamos de um governo mais envolvido e dedicado (68%), já que devido à falta de foco do governo, os maiores responsáveis por suprir as necessidades dessa dimensão acabam sendo grupos coletivos que agem em prol de objetivos próprios (38,4%).

Dimensão cultural

Na dimensão cultural, a educação é o aspecto mais importante. Os jovens acreditam que é através da educação, formal ou informal, que surgirá a redução de preconceitos raciais (44,2%) e de gênero (45,8%), além do aumento de oportunidades para aqueles que sofrem para entrar no mercado de trabalho (73%).

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Foto: Camila Cunha

Os 17 objetivos da ONU e futuro

Um mercado com viés mais tecnológico (28,6%), com mais oportunidades de trabalho (26,1%) e baseado em energias sustentáveis (32,2%) são aqueles temas, entre os propostos pelos 17 objetivos da ONU, que, segundo o segmento 18/34, têm maiores possibilidades de cumprimento dentro agenda de 2030.

Eles também acreditam que isso somente será possível através de maior comprometimento do governo, mas não deixam de lado a necessidade de compromisso e conscientização das próprias pessoas para tornar esses objetivos factíveis.

Quando questionados sobre quais são os problemas do Brasil que merecem mais atenção, a resposta fica em torno de temas já conhecidos e básicos, como segurança, educação e saúde.

Ações ambientais e culturais, tão inerentes à sustentabilidade, acabam ficando em segundo plano na pauta dos jovens, talvez por conta mesmo da falta de capacidade do país em resolver seus problemas mais crônicos, ainda que básicos.

Projeto 18/34

O projeto 18/34 é realizado desde 2012, sendo essa a quinta edição nacional do levantamento. Esta ação busca descrever e caracterizar a relação dos jovens brasileiros com diversos temas, desde perfil comportamental até aspectos de consumo.