O Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS será palco da exposição interativa O Sino do Monge – 1719. Sons de sinos missioneiros que ultrapassaram séculos. Inaugurada no dia 19 de dezembro, às 17h, a atração irá exibir um dos sinos mais antigos do Rio Grande do Sul, restaurado pelo professor Edison Hüttner, do Programa de Pós-Graduação em História da Escola de Humanidades, auxiliado pela artista plástica Carla Rigotti e pela pesquisadora italiana Maria Letizia Amadori, da Universidade de Urbino. O trabalho começou a ser feito em maio deste ano.
“Este é um autêntico sino missioneiro da época das reduções jesuíticas. Tem o mesmo padrão de desenhos do período de outros sinos missioneiros que identificamos em São Martinho da Serra e Caçapava do Sul, que vieram do outro lado do Rio Uruguai”, afirma Edison.
Conhecido como Sino do Monge, a peça de bronze foi fundida na redução jesuítica de La Cruz, na Argentina, em 1719, possui 58,5 cm de altura por 29 cm de largura (na parte da boca). Além disso, pesa 47,600 kg (pesando 48,904 kg com o badalo) e sua tonalidade musical é Si bemol. O criador da peça foi o padre Antônio Clemente Sepp, que viveu na localidade entre 1714 e 1730. O modelo era o padrão de sinos feitos nas reduções da Argentina e do Paraguai.
Para efeito de contextualização em relação à sua antiguidade, o imperador francês Napoleão Bonaparte nasceu apenas 50 anos depois da fundição da peça. E Porto Alegre seria fundada somente 53 anos mais tarde.
“Com a restauração, obtivemos a melhor qualidade do som, dos escritos e signos, e principalmente, a preservação do sino”, explica Hüttner, dizendo que a peça exibia sinais de ferrugem e de deterioração.
O sino missioneiro teria vindo para o Estado, saqueado por milicianos comandados por Francisco das Chagas Santos, durante a Primeira Campanha da Cisplatina, entre 1812 e 1817. Foi instalado na ermida (pequena capela em lugar ermo) do Cerro Botucaraí, em Candelária, no Vale do Rio Pardo, pelo monge João Maria D’Agostini entre 1844 e 1848. Foi doado ao Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues pela Comunidade Católica do Quilombo, de Candelária, entre os anos de 2003 e 2004. Desde então, pertence ao acervo. Trata-se de um objeto da arte sacra jesuítico-guarani do século XVIII.
“Estudando o sino, descobrimos também uma parte da história deste importante e misterioso monge, que fazia curas e deixava objetos por onde passava”, assegura o pesquisador.
Pode-se ler no sino o ano de fundição (1719), o nome S. Clemente (abreviatura de São Clemente) e a frase em latim Ora pro nobis, que significa “rogai por nós”. Também há alguns símbolos e desenhos não identificados.
Quem for na exposição, poderá badalar o sino para ouvir o som. Cartazes de outros sinos já estudados também estarão expostos na ocasião, como os de Santa Maria (1684), Caçapava do Sul (1714-1732), São Martinho da Serra (1717-1743), São Miguel (1726), Santiago (1756) e do Santuário Nacional de São José de Anchieta (1857). Haverá QR Codes para os visitantes poderem ouvir cada um deles. O material foi confeccionado por estudantes do Programa de Pós-Graduação em História e Teologia.
A exposição é uma realização do PPG de História e Teologia, do MCT e do Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues (Candelária). Os curadores são Edison Hüttner, Carlos Nunes Rodrigues e Eder Abreu Hüttner. O apoio é do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS).