Em menos de uma década, o câncer deve ser a principal causa de morte em Porto Alegre, uma das cidades que lidera os casos na América Latina. Medicamentos novos, especialmente baseados em imunoterapia (que usam o sistema imune para combater o inimigo), estão revolucionando o tratamento.
Pacientes do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital São Lucas (HSL) participam de programas com o que há de mais eficiente contra a doença, ainda não disponível comercialmente. Eles têm acesso aos mesmos protocolos de grandes centros mundiais. Como nem todos respondem satisfatoriamente à terapia e a evolução dos tumores ainda é um desafio para a ciência, a PUCRS investe também em pesquisas, tornando-se referência nacional e internacional na área.
Para potencializar os resultados e gerar novos projetos, profissionais dos mais diversos ramos – oncologistas, cirurgiões, patologistas, químicos, físicos, farmacêuticos e biólogos – estão reunidos no Núcleo de Pesquisa em Câncer (NP-Câncer), estruturado pela Escola de Medicina, pelo Serviço de Oncologia do Hospital e pelo Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB).
A intenção é que, em alguns anos, esse contexto interdisciplinar contribua com o desenvolvimento científico. “Nossos alunos e professores terão a oportunidade de circular nos mais renomados ambientes acadêmicos”, destaca o chefe do Serviço de Oncologia e professor da Escola de Medicina, André Fay.
“Estou tão bem agora que não sinto que tenho isso.” A corretora de imóveis Suzana Caberlon, 59 anos, recebeu diagnóstico de câncer no rim em 2015 e lhe deram de três a seis meses de vida. Insatisfeita com o tratamento em São Leopoldo, recorreu ao urologista, que a encaminhou ao oncologista André Fay.
A paciente está sendo acompanhada no Serviço de Oncologia do Hospital São Lucas, pelo SUS, onde participa de um protocolo de pesquisa de acesso expandido e recebe gratuitamente o medicamento imunoterápico nivolumabe. Desde então, o tumor diminuiu pela metade. Ela continua trabalhando e não se abate com as sessões quinzenais de quimioterapia.
Outro caso é o do arquiteto Ricardo D’Ávila, 52 anos, tratado há um ano e meio no Hospital. Quando chegou, ele não conseguia mais caminhar, sentia muita dor e tinha dificuldade para respirar. Portador de câncer de rim metastático, começou tratamento no Centro de Pesquisas Clínicas e, desde então, os tumores no quadril e no pulmão apresentaram redução de 60%. “Praticamente não sofro de limitação física. Daqui a um ano estarei melhor”, afirma. “O fato de ele ter apresentado uma resposta tão importante é um bom sinal de que seja duradoura”, observa o seu médico, André Fay.
Formado em 1988, o Serviço de Oncologia avalia e trata todos os tipos de câncer. A nova Unidade de Quimioterapia, inaugurada em 2016, atende mais de 2 mil pacientes por mês pelo SUS e por convênios. No local, são realizados os tratamentos quimioterápicos, com drogas biológicas e de administração oral. “A Oncologia da PUCRS cresce a cada dia e deve assumir espaço relevante em âmbito local e nacional, vinculada às atividades de pesquisa”, destaca Fay.
Em 20 anos, o Centro de Pesquisas Clínicas rastreou mais de 2,5 mil pacientes na área de oncologia, dos quais 1,5 mil participaram de estudos, gratuitamente. “A pessoa é tratada da mesma maneira que se estivesse no Memorial de Nova York ou no MD Anderson, em Houston”, afirma o professor Carlos Barrios. O tratamento básico é muitas vezes superior ao oferecido pelo SUS.
A reportagem completa, Uma revolução contra o câncer, é tema de capa da edição 183 da Revista PUCRS.