Pesquisa

Pesquisadores da PUCRS alcançam destaque com publicação em importante revista chinesa

Estudo analisa como alianças geopolíticas e regimes políticos influenciaram votações da ONU sobre a guerra na Ucrânia

terça-feira, 01 de julho | 2025
Destroços carbonizados de uma aeronave não identificada espalham-se por uma área residencial em Kiev, capital da Ucrânia. Em primeiro plano, os restos da fuselagem e estrutura metálica da aeronave estão completamente queimados e retorcidos. Ao fundo, uma casa de dois andares, também severamente danificada pelo fogo, exibe paredes chamuscadas e janelas com grades de ferro. Árvores sem folhas e outras casas intactas compõem o cenário, contrastando com a destruição. O céu está nublado, reforçando o tom sombrio da cena.
Destroços de aeronave não identificada que colidiu em área residencial em Kiev, capital da Ucrânia. / Foto: Umit Bektas/Reuters

A guerra entre Rússia e Ucrânia já ultrapassa três anos de duração, e segue sem perspectivas de acabar, com episódios recentes de escalada militar. No início de junho de 2025, a capital ucraniana, Kiev, voltou a ser alvo de intensos ataques aéreos russos. Enquanto isso, a frente de batalha no leste permanece ativa e com confrontos sangrentos. 

Um estudo realizado pelos professores e pesquisadores da Escola de Humanidades da PUCRS Augusto Neftali e Luana Geiger, em parceria com o pesquisador sul-africano Edmund Terem Ugar, foi recentemente publicado na revista Chinese Political Science Review, uma das publicações científicas mais importantes em ciência política na Ásia. O artigo, intitulado “The United Nations General Assembly in a Multipolar World Order” analisa os padrões de votação da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) sobre as ações militares da Rússia na Ucrânia. 

O estudo investiga como diferentes variáveis geopolíticas e institucionais influenciaram o comportamento dos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) durante a 11ª Sessão Especial de Emergência, entre 2022 e 2023. 

A publicação adota uma abordagem quantitativa, com modelos estatísticos que analisam os votos das delegações na Assembleia Geral das Nações Unidas e o impacto de várias características econômicas, políticas e militares dos países. Países do Sul Global, principalmente os membros do G77 – organização intergovernamental de países em desenvolvimento, que conta com 134 países mais a China –, mostraram-se menos propensos a apoiar as resoluções condenatórias, ao contrário de democracias liberais que seguem o modelo de segurança ocidental. 

Prédio residencial em Kiev, atingido depois do começo da invasão russa. / Foto: Umit Bektas/Reuters

Segundo a professora Luana Geiger, ao aplicar métodos quantitativos, o estudo conecta elementos centrais do campo das Relações Internacionais e fortalece o ensino oferecido pela Universidade. 

“Elaborada no Brasil, a pesquisa representa uma interpretação do Sul Global a respeito das transformações em curso no mundo e informa sobre como as alterações na distribuição de poder entre os países impacta comportamentos estatais no âmbito das instituições internacionais. A consciência sobre estes processos apresenta implicações importantes para a elaboração de pesquisas subsequentes e para informar tomadores de decisão”, destaca.  

O artigo também contribui para a compreensão das transformações na ordem mundial contemporânea. Os padrões de votação na ONU refletem o enfraquecimento da liderança liberal ocidental e o avanço de uma estruturação em torno das grandes potências. O professor Augusto Neftali destaca que é preciso entender melhor esse período de instabilidade que o mundo está passando.  

“É importante que a sociedade, com o apoio da academia, consiga refletir sobre essas mudanças. A guerra na Ucrânia é um exemplo marcante, mas também a disputa por liderança nas tecnologias de inteligência artificial, a imposição de tarifas que afetam toda a economia mundial, entre outros.” 

O estudo conclui que a construção de compromissos internacionais em um mundo multipolar requer o reconhecimento da autonomia estratégica e dos interesses plurais dos Estados soberanos. 

Acesse o artigo aqui

PUCRS como liderança em ciência e internacionalização

Sendo a melhor universidade privada do Brasil e uma das principais da América Latina, a PUCRS reafirma seu compromisso com a produção científica de excelência e com o debate internacional sobre os grandes temas da atualidade. Ao inserir a pesquisa brasileira em uma revista acadêmica globalmente reconhecida, a Universidade colabora com a construção de análises críticas que dialogam com os desafios de um mundo em transformação.  

“Essa publicação é um passo relevante na consolidação da área de Relações Internacionais na PUCRS. Nosso curso de bacharelado está completando cinco anos e tem sido recebido muito positivamente na comunidade acadêmica e na sociedade”, destaca Augusto.

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