Pesquisa

Pesquisadora portuguesa debate a missão das universidades sob a perspectiva da comunicação

terça-feira, 20 de maio | 2025

Teresa Ruão, pesquisadora da Universidade do Minho, palestrou durante o Colóquio do XIX Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e de Relações Públicas

A missão das universidades sob a perspectiva da comunicação foi tema da palestra “Comunicar – a 4ª missão das universidades? Uma missão de responsabilidade, envolvimento e participação”, conduzida pela professora Dra. Teresa Ruão, da Universidade do Minho (Portugal). A atividade contou também com a participação dos professores Dr. Daniel Reis (UFMG), Dra. Ivone de Oliveira (PUC Minas), Dra. Margarida Kunsch (ECA/USP), Dra. Cláudia Peixoto de Moura (Intercom/Alcar/Conferp), Dra. Fábia Lima (UFMG), Dr. Luiz Alberto Farias (ECA/USP) e Dr. Adriano Sampaio (UFBA). A mediação foi realizada pela Dra. Isaura Mourão Generoso (UFV).

Segundo Ruão, a internet alterou profundamente os interesses públicos, fazendo com que a maioria das instituições de ensino não alcançasse um impacto comunicacional compatível com o de empresas, celebridades e influenciadores. Diante disso, a autora propõe uma reflexão sobre como as universidades podem competir com todo o ruído presente nas sociedades contemporâneas, ressaltando a importância de reconhecer a comunicação como uma quarta missão comunicacional dessas instituições.

Ruão considera que esse foco na comunicação é fundamental para melhorar a percepção social do papel das instituições de ensino superior como atores-chave para um futuro democrático e sustentável no atual cenário geopolítico. Ela sugere que, além de manterem um posicionamento tradicional por meio de canais de divulgação, as universidades também devem adotar uma postura afirmativa, como um pilar estratégico sustentado por razões éticas e políticas. Essa atuação deve visar a defesa da verdade científica e dos valores democráticos, constituindo-se como um contraponto ao populismo e à anti-intelectualidade.

Ao descrever as características dessa comunicação, o autor destaca aspectos como a proatividade — não se limitando a respostas reativas em momentos de crise —, a transparência, com prestação de contas, informação e formação, e o alinhamento estratégico com a visão e os objetivos institucionais. Como recomendações práticas, menciona o empoderamento dos departamentos de comunicação estratégica e a oferta de formação em comunicação científica e institucional para todos os níveis da universidade.

A mesa, composta por professores da área, trouxe reflexões que podem fortalecer práticas comunicacionais mais consistentes nas universidades, destacando a importância da integração entre ensino, pesquisa e extensão, o incentivo a projetos extensionistas e uma formação teórica ampla e crítica. Discutiu-se a necessidade de uma comunicação atenta às exigências da sociedade contemporânea, marcada por um contexto capitalista que tem inserido as universidades em uma lógica produtivista. Nesse cenário, ressaltou-se a urgência de uma reorientação ética e crítica da comunicação no ambiente acadêmico.