Pesquisa

Pesquisa analisa crise econômica e política na vida dos jovens

segunda-feira, 08 de janeiro | 2018

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Foto: Camila Cunha

As atitudes dos jovens foram transformadas com a crise econômica e política com que o Brasil convive desde 2014. Deste modo, nota-se, de um lado, a busca por estabilidade em termos profissionais e, por outro, a ideia de que o futuro do País não passa por uma ditadura (apenas 5,9% são a favor), mas, isso sim, por uma reforma política e por um presidencialismo dotado de mais representatividade e democracia (59,8% dos jovens se manifestam neste sentido). Este estudo intitulado Modelo de País é a 4ª edição nacional do Projeto 18/34, conduzido pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa do Espaço Experiência, vinculado à Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS.

Coordenada pelo professor Ilton Teitelbaum, a pesquisa teve início em março de 2017 com a busca de dados disponíveis e a etapa qualitativa, sendo concluída em outubro do mesmo ano. Após a coleta de dados secundários, foram realizadas cinco entrevistas com especialistas, sendo eles das áreas de administração, comunicação e psicologia. Em uma segunda etapa, dois jovens de 18 a 24 anos e quatro jovens de 25 a 34 anos participaram de entrevistas de profundidade. A etapa final e quantitativa contou com a participação de 1.620 respondentes de 18 a 34 anos, separados proporcionalmente pelas regiões brasileiras, de acordo com as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Estabilidade financeira

Segundo o estudo, a estabilidade financeira é uma das ambições da juventude, trabalhar mais cedo acabou se tornando uma necessidade. Isso se deve a outros fatos demonstrados pela pesquisa: a diminuição da faixa salarial da amostra e o aumento na quantidade de jovens desempregados (que subiu 6 pontos percentuais desde a pesquisa de 2013). Assim, como o jovem precisou ir trabalhar, também, para ajudar nas contas de casa, o reflexo de tudo isso é o aumento da quantidade de jovens que trabalham e estudam em 5,7 pontos percentuais.

A crise também gera certa insegurança a respeito do futuro, fazendo com que 72,7% prefiram trabalhar com carteira assinada para garantir seus direitos. Além disso, 75% deles se sentem sobrecarregados, principalmente devido aos estudos, ao trabalho e aos projetos pessoais. E, deste modo 36% fazem ou já fizeram tratamento psicológico, enquanto outros 36% gostariam de fazê-lo. Já com relação ao uso de medicamentos, ainda que os números sejam menores, a ansiedade mostra seus efeitos: mais de 17% recorrem ou já recorreram a este recurso.

 

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Foto: Camila Cunha

Contexto econômico

O contexto econômico atual tem forte influência neste resultado, uma vez que as dificuldades geradas pela crise de 2014 impactaram e conscientizaram os jovens. Assim, a necessidade gera mudanças e, no pós-crise, ser feliz no trabalho perdeu importância para uma ideia de trabalhar e ganhar bem. Neste sentido, é possível observar uma visão mais ampla de felicidade, com o jovem compreendendo que ela se encaixa em diversas áreas da vida e que a estabilidade financeira, por sua vez, tem grande importância, inclusive no futuro. Aliás, mais de 50% aceitam se aposentar mais tarde, mesmo renunciando a alguns direitos, para garantir a manutenção do sistema previdenciário.

Neste sentido, nota-se que mais de 80% dos jovens estão preocupados com o futuro do Brasil, e, para eles, os maiores culpados são os políticos. Para melhorar a situação do país, a reforma política imediata e o investimento em educação são vistos como fundamentais. Falando de interesses e comunicação, a política continua em terceiro lugar, com uma pequena baixa de 3 pontos percentuais de 2016 para 2017. Com base em seus interesses, os jovens buscam informações principalmente através da internet e as debatem on-line e off-line.

 

Finanças pessoais

Outro item que chamou atenção nesta edição foi a atitude quanto às finanças pessoais – com relação às despesas, mais de 65% dos jovens se consideram moderados, alguém que equilibra os gastos e ganhos. E, ao serem questionados sobre por que economizam, dizem ser para ter uma reserva financeira no futuro, bem como para ter dinheiro para emergências e para as contas do dia a dia.

Além passarem até 8h por dia online, os “bebês digitais” estão cada vez mais realizando compras nesse meio, com um aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2013. Os itens de consumo preferidos deles são streaming, livros e eletroeletrônicos – ficando clara a importância da tecnologia para eles.