A pandemia mundial da Covid-19 mudou a rotina de todos, mas impactou especialmente a vida dos idosos, mais vulneráveis à transmissão do novo coronavírus. As pessoas com mais de 90 anos (nonagenárias e centenárias) são a camada da população com maiores chances de desenvolver um quadro grave da doença e, por isso, têm adotado em maior escala medidas preventivas como o isolamento social. De acordo com dados publicados no periódico Lancet Infect Diseases a mortalidade geral, na China, foi de 0,32% para indivíduos com menos de 60 anos, 6,4% para aqueles entre 60 e 80 anos e 13,4% entre os acima de 80 anos. No Brasil, 77% dos casos são de pacientes com mais de 60. Idade avançada e males como insuficiência respiratória, doença cardíaca, hipertensão e diabetes são importantes fatores de risco.
Mas quais impactos o isolamento tem trazido à vida dos nonagenários e centenários? É o que pretende responder um projeto liderado pelo professor da Escola de Medicina, Ângelo Bós. O estudo, que busca avaliar o estado de saúde e as condições de vida de nonagenários e centenários em Porto Alegre durante a pandemia, é conduzido pelo Grupo de Pesquisa em Saúde Pública e Envelhecimento do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS.
Os idosos que participam da pesquisa são acompanhados pelo grupo desde 2016 e, neste momento, novas investigações estão em curso para avaliar os impactos da pandemia. De acordo com Bós, o principal objetivo é observar os maiores impactos da restrição social, principalmente sobre a saúde física, cognitiva, emocional e nutricional nessa faixa etária, além de identificar possíveis mecanismos que ajudem a melhorar esses problemas. A pesquisa ainda está em andamento, mas o professor adianta algumas análises: ele explica, por exemplo, que os idosos em acompanhamento estão seguindo a quarentena, mas estão menos ativos em virtude disso.
Outros participantes ressaltam o menor tempo em companhia da família, apesar de se sentirem amparados através da comunicação por telefone ou mensagem. “Muitos já tinham problema com o sono e percepção de memória ruim, mas quando questionados se repararam se a quarentena mudou as condições de saúde, a maioria afirma que não percebe mudanças”, adiciona Bós. O acompanhamento destes idosos é longitudinal, buscando observar o impacto a longo prazo. A pesquisa integra o projeto Atenção Multiprofissional ao Longevo (Ampal), que recebeu verba do Fundo Municipal do Idoso de Porto Alegre em 2016 e 2018.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância da manutenção das habilidades funcionais para um envelhecimento saudável, o que implica na relação de uma boa capacidade intrínseca em um ambiente que o favoreça. Ou seja, a avaliação e o manejo das saúdes visual, auditiva, locomotora, psicológica e vital, esta por sua vez, onde a OMS prioriza o cuidado alimentar. Seguindo esse raciocínio, o Ampal faz algumas recomendações aos longevos durante a pandemia: