A doença é viral e se propaga por toque físico prolongado e íntimo. O tratamento disponível hoje é para alívio dos sintomas
segunda-feira, 09 de setembro | 2024A doença é viral e se propaga por toque físico prolongado e íntimo. O tratamento disponível hoje é para alívio dos sintomas
Foto: Daniel Dan/Pixabay
A doença Mpox voltou a ser uma preocupação global neste ano. Em 2022, ela havia sido declarada emergência de saúde após uma alta na proliferação de casos em diversos países, incluindo o Brasil. A enfermidade tem sido um problema de saúde pública em territórios da África há décadas, mas recebeu pouca atenção até se espalhar para outros locais e desenvolver novas cepas.
Anteriormente conhecida como Varíola dos Macacos, a doença (monkeypox em inglês) é uma zoonose viral, causada por um vírus do gênero Orthopoxvirus, com sintomas similares aos da varíola, mas menos severos. A nomenclatura da doença foi alterada para Mpox, pois na realidade os animais prováveis de transmitir aos humanos são roedores, e a nome anterior poderia levar ao assassino de primatas, como tentativa de conter a contaminação.
Em agosto deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o cenário no continente africano constitui emergência em saúde pública de importância internacional em razão do risco de disseminação global. Os casos em 2024 já superam o total registrado no ano anterior e somam mais de 14 mil, além de mais de 500 óbitos. O que mais preocupa os cientistas são as novas cepas que surgem com as mutações do vírus. O professor da Escola de Medicina e chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infeccção do Hospital São Lucas da PUCRS, Diego Falci, explica como o contágio acontece.
“É uma doença transmissível, principalmente pelo contato próximo, com as lesões na pele, sexual, com gotículas respiratórias, e geralmente precisa ser um contato prolongado. Os casos do Brasil aparentam ser da cepa anterior, e não desta nova variante mais grave que causa preocupação na África. Mas o público que precisa reforçar seus cuidados de higiene e atenção aos sintomas são as pessoas com sistema imunocomprometido, crianças, idosos e gestantes”, elucida o médico infectologista.
A infecção ainda pode acontecer por meio do contato com objetos infectados, como roupas, toalhas, roupas de cama, utensílios de cozinha e outros objetos contaminados com o vírus de uma pessoa doente. A transmissão da doença pode ocorrer desde o momento em que os sintomas começam até a cicatrização completa das feridas cutâneas. O quadro viral pode durar de duas a quatro semanas.
Ainda não existe um tratamento antiviral efetivo, apenas algumas medicações em teste, O tratamento é de suporte para aliviar os sintomas, porque com o sistema imune adequado, as lesões tendem a resolver em algumas semanas. No entanto, é possível que haja cicatrizes e marcas na pele decorrentes dessas lesões. Já o teste para a confirmação da suspeita é feito em laboratório, após a coleta de material das lesões.