O grande entusiasmo da professora Clarice Alho, da Faculdade de Biociências, pela área de genética fica evidente em poucos minutos de conversa. Dedicada ao tema há 30 anos, a pesquisadora coordena o Laboratório de Genética Humana e Molecular da PUCRS, com foco especial em genética forense, área em que é considerada referência no país. “O uso das informações de DNA para esse fim é o nosso principal objetivo. Dentro desse tema, temos diversos projetos”, aponta. O grupo de pesquisa que coordena tem vários estudos publicados na Forensic Science International, a mais importante publicação da área. Entre eles destaca-se a identificação de mutações nas porções do cromossomo 2 que são de interesse forense, divulgado em 2015.
A principal pesquisa trabalhada no momento envolve a identificação de marcadores para características externas visíveis, e conta com o fomento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Por meio do estudo, será possível identificar, através do DNA, características como a pigmentação de pele, cabelo e olhos, usando materiais genéticos para fins forenses criminais, civis ou históricos. O trabalho conta com a participação de mestrandos, doutorandos e pós-doutores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular, além de estudantes em estágio formal, em Iniciação Científica da Graduação e até do Ensino Médio (Iniciação Científica Júnior).
Para desenvolver esse e outros projetos, o laboratório mantém parcerias com a International Centre of Forensic Sciences da University of Florida, Forensic Chemistry Department da Florida International University, Instituto de Criminalística do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade Católica de Brasília e Instituto de Medicina Legal e Criminalística de São Paulo. “Temos aproximado pessoas para trabalhar conosco especialmente nesses fins”, salienta. Desde o ano passado, o espaço também abriga a divisão de Genética Forense para Investigação Criminal, uma parceria com a Polícia Federal do Rio Grande do Sul. É o primeiro laboratório do gênero na Polícia Federal fora de Brasília e possibilita análises de casos envolvendo vestígios biológicos, como fios de cabelo, ossadas ou sangue coletados nos locais de crimes.
Além da dedicação à pesquisa, Clarice também está presente na sala de aula, lecionando as cadeiras de Genética na Faculdade de Biociências. Para o futuro, um dos desejos é continuar unindo teoria à prática, possibilitando que as descobertas sejam usadas para a solução de problemas no dia a dia. “Não adianta descobrirmos uma nova forma de identificação de material genético se ela não for colocada em prática em benefício da sociedade”, conta. Outro plano é continuar trabalhando com o projeto Pai Presente, realizado pelo Ministério Público, em parceria com o Laboratório, que faz identificação de paternidade. “Em cerca de 30 dias, resolvemos a situação de uma criança, ajustando a vida e o futuro dela. É muito importante essa presença na sociedade, dando esse auxílio com as ferramentas que estão ao nosso alcance”, finaliza.