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Professor de Escrita Criativa publica livro sobre o Ernest Hemingway na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha

terça-feira, 31 de outubro | 2023

O professor de Escrita Criativa Luís Roberto Amabile na Feira do Livro de Frankfurt. / Foto: Arquivo pessoal

O professor do curso de Escrita Criativa da PUCRS Luís Roberto Amabile participou da Feira do Livro de Frankfurt, entre os dias 18 e 22 de outubro, na Alemanha. Na ocasião, o docente lançou o livro Hemingway em Paris – Como se tornar um escritor revolucionário nos loucos anos 20 (Zouk, 2023), fruto da sua tese desenvolvida durante doutorado no Programa de Pós-Graduação em Letras, da Escola de Humanidades. A feira é um dos eventos mais importantes do mercado editorial e por ela passam diversos agentes dessa cadeia, como editores, livreiros, agentes literários, tradutores e autores. Para Luís Roberto, participar do evento foi “uma experiência cosmopolita”. 

“Frankfurt é a capital financeira da Europa e durante a feira passa a ser a capital dos livros: autores do mundo inteiro se encontram lá. Eu participei a convite do Grupo de Estudos em Escrita Criativa, do Recife, organizado pela escritora e colega do doutorado Patrícia Tenório. Neste contexto, também fiz uma palestra em inglês sobre a minha área, falando da pesquisa que conduzo aqui na PUCRS e sobre a didática da Escrita Criativa. Acredito que pelo meu livro tratar de Ernest Hemingway, um autor conhecido no mundo inteiro, a obra atraiu bastante a atenção”. 

Mesmo que o livro tenha surgido a partir de sua tese, a obra lançada em Frankfurt é direcionada a um público mais amplo. Luís Roberto explica que o livro busca contar uma história de modo analítico. A obra mostra como Ernest Hemingway se tornou escritor e a análise se foca na importância do ambiente que ele vivenciou: a Paris modernista da década de 1920. Segundo o docente, nos quatro anos em que esteve na capital da França (1922-1926), Hemingway não se tornou apenas um escritor, mas se transformou em um autor de prosa considerada revolucionária. 

“O livro foi escrito numa linguagem mais acessível e está cheio de fotos. É uma obra para quem quer escrever, pois trata de formação de escritores, analisando o caso de Hemingway. Também é uma obra para quem quer conhecer a Paris modernista, pois fala e mostra os lugares icônicos. E é, ainda, uma obra para quem se interessa em ir além dos estereótipos associados a Hemingway, pois desconstrói mitos sobre ele, mostrando a figura humana desse escritor tão conhecido.” 

Na feira, Luís Roberto também realizou uma palestra com o título The magic of creative community (A magia da comunidade criativa). O professor explica que o que ele chama de magia é o efeito que um bom curso de Escrita Criativa tem naqueles que participam dele. Como docente do curso na PUCRS, acredita que a comunidade da Escrita Criativa da Universidade agrega e integra pessoas diversas, cada qual com um percurso, cada qual com sua voz social e percepção de mundo. 

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Ensinando a escrita  

O professor também deu uma palestra sobre s magia da comunidade criativa; / Foto: Arquivo pessoal

Luís Roberto está sempre rodeado por palavras. Para ele, o que torna o curso na PUCRS tão diferente e singular no mercado é que além do tecnólogo, a Universidade oferece o curso em todos os níveis (com certificações, especialização, mestrado e doutorado). Sendo um “celeiro para escritores premiados” (como o autor vencedor do Prêmio Jabuti, Jeferson Tenório), o docente explica que estudantes podem esperar uma visão abrangente das possibilidades existentes para quem quer ser escritor ou busca desenvolver a criatividade na escrita e empregar isso em seu campo de trabalho. 

“A Escrita Criativa da PUCRS forma não só bons profissionais, mas seres humanos que gerem impacto na sociedade. Sou o coordenador da especialização “Escrita Criativa: a arte da narrativa” e posso garantir que o curso oferece tudo que se precisa saber para ser escritor, mas também prima pela diversidade. Com isso quero dizer diversidade de autores e autoras, de gêneros literários abordados sem preconceitos, de professores e professoras que também são escritores. 

Além de seu livro sobre Ernest Hemingway, Luíz Roberto também lançou recentemente o livro organizado em conjunto com Luiz Antonio de Assis Brasil e Andrezza Postay, chamado Como animar uma oficina literária – orientações para professores de Escrita Criativa. Destinado aos professores da área, o livro surgiu da pesquisa conduzida pelo Luís Roberto na PUCRS, em Didática da Escrita Criativa, com foco em Educação Transformadora. Luís explica que a pesquisa visa suprir a carência de material sobre Escrita Criativa, sendo o primeiro livro sobre didática de oficina literária.  

“A pesquisa é vinculada ao Núcleo que o professor Assis Brasil coordena e do qual a Andrezza faz parte como doutoranda. Nós pedimos a reconhecidos professores de oficinas literárias para escreverem ensaios sobre a metodologia que usam. Então o leitor pode esperar relatos de experiências, o que funciona e o que não funciona, como planejar uma oficina, isto é, reflexões sobre o ofício de professor de Escrita Criativa, sugestões sobre como conduzir os encontros e de exercícios a serem utilizados para estimular a escrita”, comenta o professor.

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Professor, escritor e leitor 

O professor também autografou cópias do seu novo livro “Hemingway em Paris – Como se tornar um escritor revolucionário nos loucos anos 20”. / Foto: Arquivo pessoal

Antes de começar a sua vida de docente, Luís Roberto já era aficionado por livros. Leitor desde criança, o escritor estava sempre lendo, mas inicialmente não pensava em escrever. Ele acredita que a vontade começou durante a adolescência, mas a decisão de ser escritor aconteceu quando, em 2010, mudou-se de São Paulo para Porto Alegre para cursar a Oficina de Criação Literária da PUCRS.  

“Eu trabalhava num grande jornal paulistano, pedi demissão, mudei de cidade, cursei a oficina, descobri o mestrado em Escrita Criativa, depois fiz dois doutorados (um em Teoria da Literatura, outro em Escrita Criativa) e virei professor. Isso tudo me proporcionou contato frequente e sistemático com a criação literária. Ser escritor para mim vai além de descrever, também envolve pensar, refletir, estudar literatura.” 

Há 13 anos, Luís Roberto está em contato direto com estudantes, escritores e amantes da literatura. A sua orientação, enquanto professor, é que os/as estudantes tenham uma “nutrição estética”, isto é, a ampliação do repertório cultural.  

“A partir disso, estímulo os/as alunos/as a encontrar seu próprio jeito de escrever, a serem protagonistas de seu processo formativo para se tornarem os escritores que querem ser. Ver isso acontecer, ser parte disso, ter esse contato diário com a arte literária, é muito recompensador, tanto que hoje para mim os ofícios de escritor e professor se complementam”.  

Conheça os gostos literários do autor 

Livro preferido?  

Acredito em livros preferidos, no plural. É uma lista que só aumenta. Neste momento estou sob o impacto de Os anos, de Annie Ernaux, que li há alguns meses. 

Autor/a preferido?  

Tampouco conseguiria dizer somente um, mas como “convivo” com Hemingway já faz bastante tempo, não tenho como não o citar. 

Qual livro você levaria para uma ilha deserta?  

Um Kindle, porque dá para botar muitos e muitos livros nele, mas se tivesse de ser um livro físico, levaria os contos completos da Lygia Fagundes Telles. 

Que livro brasileiro você levaria para o exterior para representar a literatura brasileira? 

Certamente levaria um dos muitos livros premiados surgidos no ambiente da Escrita Criativa da PUCRS, como o recente Mikaia, da Taiane Santi Martins. 

Em uma palavra, como você define sua a literatura? 

Inquieta. 

Se você pudesse dar apenas uma dica para estudantes que querem aprender a escrever, qual seria?   

Procure um ambiente estimulante, onde haja pessoas apaixonadas pela literatura, que achem o assunto importante e, claro, entendam dele.  

Conheça o curso de Escrita Criativa da PUCRS