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Diálogo sobre comunicação na e para a sociedade de risco pauta a abertura de congresso de comunicação organizacional e relações públicas

terça-feira, 20 de maio | 2025

A mesa foi composta pelo Dr. Fernando Schuler (Insper), pela Dra. Eloisa Beling Loose (UFRGS) e pelo Dr. Francisco Eliseu Aquino (UFRGS), com mediação do Dr. Juremir Machado da Silva (PUCRS)

“Onde estávamos no dia 20 de maio de 2024?” Foi com essa inquietação que a presidente da Associação Brasileira de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp), professora Drª. Cleusa Strofernecker, iniciou a abertura do XIX Congresso da associação, nesta terça-feira (20/5). Ao trazer uma reflexão sobre as inundações ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, Strofernecker destacou que, nesse contexto, o que mais se evidenciou foi o amor pelo outro, acrescentando: “Que bom seria se não precisássemos de tragédias para fazer emergir o amor e o afeto.”

Nesse contexto, a decana da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, da PUCRS, professora Drª. Rosângela Florczak, lembrou que, no Brasil, a comunicação de risco ainda soa como novidade, impulsionada por acontecimentos danosos ao meio ambiente e às pessoas. Ela propôs o diálogo em espaços coletivos, como este congresso, para que o lugar da comunicação e as pesquisas contribuam para uma sociedade em profunda metamorfose, diante dos contextos sociais e ambientais que nos cercam. Destacou também a necessidade de assumirmos responsabilidade como pesquisadores, lutando para que as práticas de comunicação sejam efetivas na transformação das sociedades: “Trata-se de um frágil lugar, o de compreender a comunicação em nosso tempo, buscando caminhos possíveis e viáveis para alcançar esses espaços e fortalecer as práticas.”

Após o momento de abertura, realizou-se a mesa de debate composta pelo Dr. Fernando Schuler (Insper), pela Dra. Eloisa Beling Loose (UFRGS) e pelo Dr. Francisco Eliseu Aquino (UFRGS), com mediação do Dr. Juremir Machado da Silva (PUCRS).

O climatologista da UFRGS, professor Dr. Francisco Eliseu Aquino, destacou que os desastres socioclimáticos impactam toda a humanidade, o ambiente atmosférico e as massas de ar responsáveis por gerar eventos extremos, apontando os desafios que a humanidade enfrentará nas próximas décadas. Ressaltou, ainda, que a natureza oferece o melhor caminho para enfrentar a crise climática e que a comunicação sobre mudanças climáticas deve educar, informar, alertar, persuadir, mobilizar e contribuir para a resolução desse problema crítico.

A professora e pesquisadora Dra. Eloisa Beling Loose (UFRGS) destacou que a comunicação de risco surgiu no início dos anos 1980 como resposta à necessidade de diálogo entre governo, indústria e público, devido à disparidade existente entre os riscos reais e os percebidos. Ressaltou, ainda, que o desafio da comunicação de risco envolve a construção de estratégias para comunicar adequadamente dados científicos, considerando os elementos da percepção pública. Entre os fatores que atravessam a comunicação de riscos, a pesquisadora destaca: mensagens inconsistentes, excessivamente complexas, confusas ou incompletas; reportagens seletivas pela mídia; fatores psicológicos e sociais que afetam o processamento das informações; e a participação — ou a falta dela — da sociedade nas políticas de saúde pública, meio ambiente e governança climática.

O Dr. Fernando Schuler, professor do Insper, em São Paulo, destacou os desafios da comunicação, especialmente no que diz respeito a transmitir informações às pessoas. Trouxe reflexões a partir do limite da empatia humana, ressaltando que, quanto mais distante o objeto estiver dos nossos afetos e emoções, menor será a nossa empatia. Nesse sentido, citou exemplos como o terremoto na China, caracterizando a distância geográfica. Mencionou, ainda, a perspectiva da irrelevância na esfera pública, exemplificando que, quanto mais incerto o evento e o risco, menor é a probabilidade de engajamento.