Nesta terça-feira, dia 24 de março, é celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data tem como objetivo conscientizar sobre a doença, considerada um problema de saúde pública. Com a pandemia do novo coronavírus, a OMS pede às autoridades que não descuidem do tratamento das vítimas dessa doença, que têm risco aumentado.
“O COVID-19 está destacando quão vulneráveis as pessoas com doenças pulmonares e sistemas imunológicos debilitados podem ser”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em seu pronunciamento ontem, dia 23.
E um importante aliado na luta contra a tuberculose está sediado, desde 2008, no Centro de Pesquisas em Biologia Molecular da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, no Parque Tecnológico e Científico da PUCRS (Tecnopuc): trata-se do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB).
Coordenado pelo professor Luiz Augusto Basso, o instituto vem desenvolvendo pesquisas de excelência, com cooperação de centros de pesquisa de diversas partes do mundo. Vinculado aos Programas de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular e Medicina e Ciências da Saúde, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e professores desenvolvem estudos com o objetivo de encontrar soluções para a doença
Formado por cerca de 40 pesquisadores de 22 centros de pesquisa distribuídos em nove estados brasileiros, o INC-TB tem o objetivo de consolidar o desenvolvimento de fármacos e vacinas para tuberculose no Brasil, bem como desenvolver e validar um diagnóstico rápido e confiável para a detecção da doença. Por ser infecciosa e transmissível, a tuberculose atinge cerca de 8,8 milhões de pessoas, provocando 1,1 milhão de mortes por ano no mundo.
Segundo Basso, “o INCT-TB tem um importante papel na coordenação de esforços no Brasil para o desenvolvimento de agentes quimioterápicos para o tratamento de cepas de M. tuberculosis sensíveis e resistentes aos fármacos atualmente utilizados no tratamento”. O instituto também atua no desenvolvimento de uma vacina de maior eficácia na prevenção e no desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico para rápida detecção do agente causador da TB.
Entre as principais conquistas do INCT-TB, está a vasta produção científica desenvolvida, com artigos publicados em periódicos de alto impacto, e pedidos de proteção de propriedade intelectual. Além disso, é importante destacar que estratégias experimentais modernas são corriqueiramente introduzidas nos laboratórios do INCT-TB que possibilitam o avanço da pesquisa científica no País, assim como a formação de profissionais em ciência de nível internacional.
No Rio Grande do Sul, existem nove INCTs, sendo que a PUCRS sedia dois deles: o INCT-TB e o INCT Forense. O INCT Forense é coordenado pelo professor Roberto Esser dos Reis. Os institutos têm como objetivo agregar, de forma articulada, os melhores grupos de pesquisa na fronteira da ciência e em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do País, estimulando o desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica de ponta.
Entre os sintomas da tuberculose, estão emagrecimento, fadiga, febre baixa no final do dia, suor à noite e tosse com expectoração. Podem também existir gânglios no pescoço. A prevenção deve ser feita através da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) para garantir a proteção de crianças contra formas graves da doença, como TB meníngea ou infecção disseminada. No entanto, a vacinação contra cepas sensíveis ou resistentes de M. tuberculosis não é eficaz na prevenção da TB pulmonar em adultos e apresenta limitada proteção em alguns países, como, por exemplo, na Índia. Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até quatro anos, 11 meses e 29 dias.
Outra maneira de prevenir a doença é a avaliação de contatos de pessoas com tuberculose, que permite identificar a infecção latente pelo M. tuberculosis, o que possibilita prevenir o desenvolvimento de tuberculose ativa. Em outras situações específicas, pessoas que são diagnosticadas com a infecção latente da tuberculose também têm indicação de receber tratamento para prevenir o adoecimento. Neste caso, é necessário procurar uma unidade de saúde para avaliação.
A data foi uma homenagem aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da tuberculose, ocorrida em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch. Este foi um grande passo na luta pelo controle e pela eliminação da doença que, na época, vitimou grande parcela da população mundial. No Brasil, são 50 milhões de infectados e uma média anual de aproximadamente 100 mil casos novos e 6 mil óbitos pela enfermidade. Cada paciente pulmonar bacilífero (BK+), se não tratado, pode infectar em média 10 a 15 pessoas por ano.