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Dia da Amazônia: maior floresta tropical do mundo contribui para a regulação do clima 

A perda líquida de cobertura de floresta na Amazônia foi de 67,4 milhões de hectares 

quinta-feira, 05 de setembro | 2024

A perda líquida de cobertura de floresta na Amazônia foi de 67,4 milhões de hectares 

Maior bioma do Brasil, a Amazônia contribui para a regulação do clima e abriga uma vasta biodiversidade. / Foto: Juvenal Pereira/WWF Brasil

Representando dois terços das florestas naturais do Brasil e cobrindo quase 50% do território brasileiro, a Amazônia é o maior bioma do País. Com extensão aproximada de 421 milhões de hectares, sendo a principal floresta tropical do mundo, o ecossistema concentra uma vasta biodiversidade.  

Celebrado nesta quinta-feira, 5 de setembro, o Dia da Amazônia busca alertar para a necessidade de preservação do bioma, um dos mais valiosos patrimônios naturais da humanidade. Apenas em agosto de 2024, a floresta registrou mais de 38 mil focos de incêndio. A fumaça decorrente das queimadas na Amazônia tem afetado diversos municípios do norte do país.   

O professor da Escola de Ciências e Saúde da Vida Pedro Maria de Abreu Ferreira explica que a Amazônia é essencial para o equilíbrio climático e a floresta contribui para a manutenção e distribuição da umidade em todo o continente.  

“As árvores da floresta retiram água da terra para uso no metabolismo em todas as partes da planta. A água é levada até as folhas, onde é liberada na atmosfera em forma de vapor. Esse vapor concentrado acima das copas das árvores, aliado à umidade que vem dos oceanos, forma o que conhecemos como ‘rios voadores’, responsáveis pela distribuição da umidade acumulada. Esse fenômeno cria situações interessantes, como a ausência de desertos ao leste da Cordilheira dos Andes, por exemplo, onde se esperaria que ocorressem formações desérticas semelhantes às dos demais continentes” 

Impacto Ambiental  

Apenas em agosto de 2024, a floresta registrou mais de 38 mil focos de incêndio. / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A redução contínua de área florestal, provocada pelo desmatamento, pode levar a consequências catastróficas, além de gerar alterações na dinâmica de umidade. O professor explica que com a redução do número de árvores, o efeito de translocação da umidade do solo para a atmosfera será reduzido, bem como o efeito de atração de umidade oceânica que a floresta como um todo promove.  

“O aporte de chuva proveniente dos rios aéreos, principal fonte de umidade para muitas áreas importantes para as atividades de agricultura, por exemplo, reduzirá ou até mesmo cessará. Não sabemos quando isso acontecerá, ou o quanto de floresta pode ser removida sem que isso ocorra. Mas, quando ocorrer, estaremos possivelmente em um ponto sem retorno, com consequências continentais”, alerta.  

De acordo com levantamentos do Mapbiomas, entre 1985 e 2022, a perda líquida de cobertura de floresta na Amazônia foi de 67,4 milhões de hectares (15,2%).  

Conhecer é fundamental para preservar 

O professor da Escola de Ciências e Saúde da Vida enfatiza que a produção científica é primordial para expandir o conhecimento sobre o ecossistema e a biodiversidade. 

“As reduções drásticas no financiamento à pesquisa que estão ocorrendo sistematicamente no Brasil só contribuem para a perda cada vez mais acelerada de áreas naturais, incluindo a Floresta Amazônica. Para utilizarmos o potencial dos ecossistemas, precisamos conhecê-los. Para conhecê-los, precisamos pesquisá-los.” 

Segundo Pedro, a ciência conhece apenas uma pequena fração de toda a biodiversidade amazônica. Ele também destaca muitas das espécies que estão neste momento sendo extirpadas da natureza pelo desmatamento ou pelas queimadas relacionadas não são conhecidas, ou seja, nunca foram coletadas e formalmente descritas.   

“Além de seu valor intrínseco, esta biodiversidade desconhecida tem um valor potencial inestimável no sentido de uso pela sociedade humana. Novos fármacos, cosméticos, e materiais de interesse para a engenharia são apenas alguns exemplos dos potenciais de aplicação”, aponta.   

Além da atuação científica, a ação e participação da sociedade é indispensável para a preservação. A PUCRS conta com pesquisadores que realizam estudos sobre o bioma, além de também possui iniciativas voltadas para sustentabilidade, como o Instituto do Meio Ambiente (IMA): criado em 1998, ele tem como objetivo desenvolver projetos de pesquisa e extensão voltados para a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos 

“Há diversas organizações nacionais e internacionais que têm como principal objetivo a conservação da biodiversidade da Floresta Amazônica. Participar ativamente destes grupos é um caminho. Mas, antes disto, penso que o mais importante seja buscar informação. Só se conserva o que se conhece” 

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