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Crises sociais são tema de debate durante congresso sobre comunicação organizacional e relações públicas

quinta-feira, 22 de maio | 2025

Debate foi organizado pelo Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp)

A programação do XIX Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp) contou com uma mesa de debate promovida pelo Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp), intitulada “Relações Públicas e Crises Sociais: experiências e soluções de comunicação”. A atividade reuniu a Dra. Ilana Trombka, diretora-geral do Senado Federal; o Dr. Jones Machado (UFSM/RS); e Érika Pessoa, conselheira do Conferp.

Ilana Trombka destacou cinco crises marcantes em sua trajetória profissional:

  • Crise organizacional, relacionada ao acidente com a equipe de TV do Senado;
  • Crise política, envolvendo disputas entre os poderes ou mudanças abruptas no cenário nacional, como os processos de impeachment presidencial (1992 e 2016);
  • Crise mundial, com destaque para a pandemia de Covid-19, que exigiu rapidez nas votações e adaptações no funcionamento da instituição;
  • Crise nacional, referindo-se aos eventos de 8 de janeiro de 2023, que impactaram a segurança, a economia e a governabilidade do país;
  • Crise externa, relacionada às campanhas de sensibilização em apoio às vítimas das enchentes do RS.

Érika Pessoa abordou o papel do RP Intelligence na neutralização de ameaças reputacionais, destacando que “a crise não destrói a reputação; ela revela como você lidou com o invisível”. Ela enfatizou as crises como oportunidades de evolução, citando o caso da Boate Kiss e as transformações decorrentes dessa tragédia.

Segundo Érika, “as crises nos ajudam na transformação; não devemos ter medo delas, pois são inevitáveis — o despreparo, não”. Ela ressaltou a importância de, mais do que apenas “apagar incêndios”, saber ler os sinais antes da fumaça. Para isso, defendeu o uso da análise de dados para prever cenários, a adoção de uma cultura preventiva como vantagem competitiva e a agilidade na tomada de decisões mais seguras.

A gestão da comunicação no contexto da Sociedade de Risco foi a temática abordada pelo professor Dr. Jones Machado (UFSM), coordenador do Observatório Brasileiro de Comunicação de Crises (OBCC). O professor destacou que o diagnóstico feito pelo sociólogo alemão Ulrich Beck há poucas décadas representa o retrato da sociedade atual. No entanto, a concepção de Sociedade de Risco é muito mais complexa, não se tratando apenas de um diagnóstico apocalíptico.

Ele caracterizou a Sociedade de Risco como um estado de desconfiança, um contexto de incertezas, de riscos reais e potenciais, de estado de alerta permanente, de conjuntura de policrises, de cenário de mudanças, de situação de permacrise e de estado de crise.