O envelhecimento é um fenômeno mundial e Porto Alegre expressa com nitidez essa mudança demográfica. De acordo com dados do Observatório da Cidade de Porto Alegre, a capital gaúcha apresenta a maior proporção de idosos na população em relação às demais capitais brasileiras. Os idosos representam 15,04% da população, contra 14,89% da população do Rio de Janeiro e 12,61% de Belo Horizonte. O percentual de pessoas com mais de 60 anos na capital gaúcha é o triplo da capital com menor percentual – Palmas (TO), com 4,37%.
Com este contexto, diversas entidades e pesquisadores se dedicam em atender esta realidade desenvolvendo novas propostas de políticas públicas, projetos e iniciativas de pesquisa. Na PUCRS, destaca-se a atuação do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG), que atua com diferentes ações interdisciplinares relacionadas à pesquisa na área do envelhecimento. Para isso, o Instituto conta com um corpo docente multidisciplinar e uma estrutura que abrange laboratório de pesquisa básica e clínica.
O IGG realizou seu lançamento oficial em 1975, por meio de um intercâmbio médico-científico entre os governos do Brasil e do Japão, via Japan International Cooperation Agency (Jica). Atualmente, o IGG é coordenado pelo professor e pesquisador da Escola de Medicina Douglas Kazutoshi Sato, que dedica sua trajetória científica nas áreas de medicina, neurociências e envelhecimento. O trabalho realizado ao longo destes anos recebeu o reconhecimento da Câmara Municipal que condecorou o Instituto com o Diploma de Honra ao Mérito, em 2018.
Dentre os principais projetos desenvolvidos pelo IGG, estão o Programa de Envelhecimento Cerebral (PENCE) e o Atenção Multiprofissional ao Longevo (AMPAL). Além desses, o Instituto realizou o Estudo Multidimensional dos Idosos de Porto Alegre (EMIPOA), em 2006, e o Estudo Epidemiológico e Clínico dos Idosos Atendidos pela Estratégia Saúde da Família (ESF) do Município de Porto Alegre (EMI-SUS).
A PUCRS em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre desenvolveu um programa assistencial para monitoramento e assistência da saúde mental de indivíduos a partir dos 55 anos do Sistema Único de Saúde (SUS). Estabelecido em 2012, o Programa de Envelhecimento Cerebral (PENCE) foi criado priorizando a capacitação de profissionais da atenção básica de saúde para a saúde mental de indivíduos a partir da meia-idade tendo o Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS como referência.
O objetivo geral deste programa foi gerar um fluxo de transferência de conhecimento do centro de alta especialização (Hospital terciário e Universidade) para as equipes de saúde da família das unidades de assistência primária do SUS. A partir disso, com a implementação local de medidas decentralizadas de saúde e a geração de indicadores tornaram possíveis o aperfeiçoamento dessas ações. O foco prioritário foi direcionado para as patologias mais prevalentes e incapacitantes, como a demência e a depressão em que a identificação do risco para o seu desenvolvimento assim como o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais.
Como resultados deste projeto, até o final de 2016, foram capacitados 39 médicos, 54 enfermeiros e 194 agentes comunitários de saúde. Aproximadamente 4 mil indivíduos foram avaliados por meio da iniciativa do PENCE. Desses, 1.500 com suspeita de demência ou depressão receberam avaliação ambulatorial complementar no HSL da PUCRS.
Em 2012, o professor e pesquisador da Escola de Medicina Angelo José Gonçalves Bós coordenou a criação do ambulatório que observou a grande dificuldade dos idosos, principalmente pessoas com 90 anos ou mais, ao se deslocarem ao HSL da PUCRS, gerando a transformação em um projeto de acompanhamento domiciliar: o Atenção Multiprofissional ao Longevo (AMPAL).
Os estudos realizados no projeto apontam que as pessoas nessa etapa da vida apresentam uma diminuição na velocidade da caminhada, alteração no equilíbrio corporal, com mais riscos de quedas, diminuição da força de respiração e muscular, erros alimentares, dificuldades de comunicação, seja por perda auditiva ou distúrbios cognitivos e sintomas depressivos, e diminuição do suporte social dos longevos avaliados.
Outro resultado apresenta as doenças mais prevalentes no grupo estudado. Assim, foram encontrados hipertensão, cardiopatia, colesterol elevado, diabetes e fragilidade, ou seja, enfermidades que necessitam de um acompanhamento a longo prazo por uma equipe multiprofissional.
Um avanço importante para o projeto, aconteceu em abril de 2016, com recursos do Fundo Municipal do Idoso de Porto Alegre, quando se tornou possível expandir o projeto para toda a cidade, assim ampliando a rede de pessoas nessa etapa da vida disponíveis para estudos no projeto. O AMPAL é um dos poucos projetos dedicados a pesquisas com e para esta população com mais de 90 e 100 anos, conta Douglas.
Até então, já foram realizadas novas iniciativas de acompanhamento com mais de 240 nonagenários (mais de 90 anos) e centenários (mais de 100 anos). Os resultados iniciais do projeto da comprovaram a efetividade de diversos instrumentos como a Escala de Depressão Geriátrica, utilizada em uma Dissertação de Mestrado do IGG. Com o estudo foi feita a avaliação da funcionalidade através do grau de facilidade ou dificuldade do idoso em executar atividades relacionadas à vida diária (AFASII – tópico de Tese de Doutorado também em conclusão).
Com mais de 46 anos de atuação, o Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS já participou das Pré-conferências dos Direitos da Pessoa Idosa também em parceria com o Conselho Municipal do Idoso, em 2018.
Atualmente o IGG desenvolve uma pesquisa coordenada pelo professor da Escola de Medicina Newton Luiz Terra em parceria com o Hospital de Pronto Socorro, Detran e EPTC, onde acontecerá uma avaliação da funcionalidade dos idosos atropelados no Município de Porto Alegre. O objetivo é divulgar os resultados sobre a funcionalidade dos idosos atropelados bem como iniciar uma campanha de prevenção de atropelamentos de idosos na capital gaúcha.
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