Sua Santidade atuou durante doze anos como autoridade máxima da Igreja Católica
segunda-feira, 21 de abril | 2025Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril, o Papa Francisco faleceu aos 88 anos. Reconhecido pelo seu testemunho e sua missão nos últimos anos como Sumo Pontífice, o Papa Francisco foi eleito em 2013 e se dedicou por doze anos à frente da Igreja Católica para aproximar ainda mais as pessoas da fé, construindo um diálogo mais próximo com a comunidade. A PUCRS decretou luto oficial de sete dias, com a manutenção das atividades acadêmicas, e, na quarta-feira, 23 de abril, às 18h, será realizada uma celebração eucarística em memória do Santo Padre na Igreja Universitária Cristo Mestre, na PUCRS.
Nascido Jorge Mario Bergoglio na cidade de Buenos Aires (Argentina), o Papa Francisco teve uma longa trajetória antes de se tornar a autoridade máxima na Igreja Católica. Entrou na Companhia de Jesus em 1958, foi ordenado sacerdote em 1969, nomeado bispo em 1992, promovido a arcebispo em 1997, tornou-se cardeal em 2001, e foi eleito Papa (substituindo Bento XVI) em 2013.
Conhecido por sua humildade, o Papa Francisco acreditava na fraternidade e na amizade social e reforçava sempre em suas falas a importância do cuidado com a nossa casa comum e, sobretudo, no poder transformador da educação. Reconhecida como Pontifícia em 1951, distinção outorgada pelo Papa a uma universidade católica, a PUCRS recebeu o título pela sua contribuição, enquanto instituição universitária, ao bem da Igreja e da formação superior, tanto nas ciências, quanto nas artes.
Conforme o reitor da PUCRS, Ir. Manuir Mentges, a educação é esse norteador que impulsiona todas as ações da Universidade. Ao lamentar a perda do Papa Francisco, já tendo conhecido o pontífice, o reitor explica que tinha o Papa como um grande mentor da sua jornada enquanto irmão Marista.
“O Papa Francisco é uma referência por sua visão de uma educação que acolhe, dialoga e transforma. Sua inspiração reflete-se na missão da PUCRS, alicerçada nos direitos humanos e nos princípios do cristianismo, onde, por meio de uma educação integral, geramos e transformamos conhecimento em desenvolvimento. Com esse compromisso, aliamos inovação, inclusão e escuta para gerar impacto e valor para a sociedade, contribuindo para a construção de um mundo mais justo e fraterno”, afirma o reitor.
Para o chanceler da PUCRS, o cardeal Dom Jaime Spengler, o Papa Francisco não era somente um líder religioso, mas uma liderança mundial que deixa legados e ensinamentos. “As indicações por ele propostas para o tempo presente apontam para um modo de viver e anunciar a fé, marcado pela simplicidade, proximidade, respeito pelas diferenças, alegria e empenho de uma Igreja pobre e com os pobres”, comenta.
E complementa: “Ele foi capaz não somente de provocar a comunidade eclesial a um empenho maior em favor de sua missão específica, como também trouxe para o centro dos debates questões candentes: a necessidade de um pacto global em prol da educação; os desafios da ecologia integral e a necessidade urgente de cuidado para com a Casa Comum, pois a vida do planeta, e consequentemente, o próprio futuro da vida humana estão ameaçadas; a urgência de repensar a economia e suas dinâmicas. Talvez se poderia sintetizar seu legado como uma paixão extraordinária pela vida; vida vivida na alegria, na simplicidade e incansável no anúncio de sua dignidade, e denúncia de tudo aquilo que de algum modo a diminui ou ameaça”.
As contribuições que o Papa deu para a teologia a partir de uma ótica franciscana também são destacadas pelo coordenador do curso de Teologia da Escola de Humanidades da PUCRS, padre Rafael Martins Fernandes.
“A teologia mais próxima do povo mais simples, isso se percebe pela própria linguagem que busca ser bastante compreensível. Também uma proximidade e uma valorização dos problemas das pessoas e as esperanças delas. Uma teologia do povo, dos pobres. Nesse sentido ele afirmou, mais de uma vez, que os pobres nos evangelizam, eles evangelizam a própria igreja”, pontua.
Com uma extensa trajetória é difícil elencar todos os feitos do Papa Francisco. No entanto, é possível destacar algumas de suas ações que com certeza deixaram um impacto e um legado para uma nova geração. Tudo começa e termina na educação integral, e foi nessa perspectiva que o Papa Francisco lançou, em 2020, o Pacto Educativo Global. Esse acordo é um chamado para que todas as pessoas no mundo, instituições, igrejas e governos priorizem uma educação humanista e solidária como modo de transformar a sociedade.
Outro aspecto que merece ser destacado do seu pontificado é o modelo de uma Igreja missionária e descentrada. “O principal sentido da Igreja é estar a serviço da implantação do Reino de Deus; ela não é o fim, ela é meio, instrumento de Deus”. Para isso, Papa Francisco recordava: “Cada cristão e comunidade há de discernir qual o caminho que o Senhor lhe pede […] sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”.
A fraternidade e a amizade social eram questões sempre presentes no ensinamento do Papa Francisco. Ele sempre reforçava o projeto onde todos somos irmãos, onde a fraternidade e amizade social são o caminho para a recuperação da dignidade de cada pessoa humana:
“Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar nossa vida uma bela aventura. Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente […] precisamos de uma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar para frente. Como é importante sonhar juntos. Sozinho corre-se o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é junto que se constroem sonhos”.
Atento a problemas que tangem o nosso planeta, Papa Francisco fazia um alerta sobre ecologia e nos pedia para cuidar da Casa Comum. Para ele, não podemos falar sobre ecologia e o cuidado da Casa Comum enfrentarmos as desigualdades a que estão submetidos os homens e as mulheres mais vulneráveis.
“A ecologia humana é inseparável da noção de bem comum, princípio este que desempenha um papel central e unificador na ética social. É o conjunto das condições da vida social que permite, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição.”
Ao ser questionado sobre o que o Papa Francisco deixa de legado para seus fiéis, o coordenador da Pastoral da PUCRS, Ir. Donavan Farias, acredita que, como seguidor de Jesus de Nazaré, o Papa Francisco foi ao encontro daqueles que mais necessitavam ser ouvidos, daqueles que mais necessitavam do cuidado e da misericórdia.
“Francisco relembra o nosso compromisso basilar com Deus quanto à sua Criação. Não somos “donos”, mas cuidadores da obra de Deus, pois também somos parte da obra divina. Assim, a “linha” que trança todas as frentes do trabalho apostólico do Papa Francisco é o amor. O amor à humanidade, o amor à Criação, o amor à Igreja e aos seus fiéis. Jesus amou até o fim. Francisco amou até o fim. O legado, portanto, é seguirmos nesse amor incondicional ao propósito deixado por Jesus de Nazaré, assim como Francisco o fez.”
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