Institucional

PUCRS integra estudo que prevê impactos da pandemia na atividade econômica do RS

quarta-feira, 22 de julho | 2020

Síntese do estudo sobre atividade econômica do RS feito pelo professor Adelar Fochezatto

Síntese do estudo sobre atividade econômica do RS feito pelo professor Adelar Fochezatto

Mensurar ou prever os reais impactos da pandemia na atividade econômica tem sido um desafio em todos os cantos do mundo. No Rio Grande do Sul, um estudo desenvolvido pelo Comitê de Dados do Governo do Estado no enfrentamento da Covid-19 prevê que os efeitos sejam superiores ao pico da recessão vivida em 2015.

O professor da Escola NegóciosAdelar Fochezatto, é um dos colaboradores deste Comitê, órgão responsável por elaborar análises e reunir dados para embasar decisões. Ele atua junto ao grupo de trabalho (GT) de Atividade Econômica, coordenado pela economista Vanessa Neumann Sulzbach, do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Rio Grande do Sul (Seplag).

O estudo, que já foi apresentado ao Gabinete de Crise com a presença do governador Eduardo Leite, reuniu, a partir de uma série de indicadores sobre o consumo e a circulação das pessoas, dois modelos distintos, mas complementares, para fazer projeções de crescimento da economia gaúcha em 2020. Um deles foi conduzido por Fochezatto e o outro pelo professor Régis Augusto Ely, do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

O trabalho iniciou em março e, segundo Fochezatto, o maior desafio foi reunir informações e dados estatísticos para a realização das análises. “Os próprios estudos fazem projeções sobre um futuro que não sabemos bem como será. Até que ponto o novo normal será diferente do anterior? A pesquisa científica, assim como a participação da Universidade, é crucial em momentos como este. O trabalho de pesquisa tem sido fundamental para a tomada de decisões em todas as áreas”, ressalta.

Mesmo em cenários menos pessimistas, os modelos utilizados mostram que 2020 será pior do que 2015, quando o País viveu o pico de uma recessão. Em uma das análises de curto prazo, a retração do IBCR-RS (Índice de Atividade Econômica do Banco Central para o RS) seria na ordem de 10%, isso na hipótese de se retomar gradativamente os índices de atividade pré-pandemia. 

Projeções pautadas pelo desempenho dos principais segmentos produtivos 

O modelo de estudo utilizado por Fochezatto desenvolveu estimativas sobre os impactos da pandemia se valendo de projeções de cenários agregados e setoriais para o Valor Adicionado Bruto (VAB) e em termos de arrecadação do ICMS. Ele avaliou o desempenho dos principais segmentos produtivos do RS por meio de indicadores como o choque de demanda de energia em cada setor, os níveis de recolhimento do principal imposto estadual e a queda de oferta de produtos primários por conta da forte estiagem que atingiu o Estado.

A partir disso, o modelo trabalhou em dois cenários: um deles com a crise perdurando quatro meses e o segundo, se prolongando por nove meses. Mesmo quando sofre por menos tempo, a economia gaúcha pode variar negativamente entre 6,5% e 8,1%. As perdas, em termos de arrecadação do ICMS, devem ficar entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,3 bilhões e entre R$ 21,7 bilhões e R$ 27,1 bilhões em termos de VAB.

Na situação mais extrema, a queda na cobrança do imposto ficaria entre R$ 4,1 bilhões e R$ 5,1 bilhões (variação negativa entre 14,6% e 18,2%), no mínimo o dobro do volume de repasses com o socorro que o Estado receberá da União em quatro parcelas. Nessa situação mais extrema, as perdas de VAB ficariam entre R$ 48,8 bilhões e R$ 61,1 bilhões. Nos cenários analisados, o setor automobilístico, a agropecuária, a indústria metalúrgica e a fabricação de aço são os que apresentam maiores variações negativas, tanto no VAB como na arrecadação de ICMS.