As primeiras editoras universitárias do mundo foram criadas na Inglaterra, nas Universidades de Cambridge (1534) e Oxford (1586), sendo ainda hoje consideradas símbolos de distinção e qualidade da produção acadêmica desenvolvida por essas instituições ao longo dos seus quase cinco séculos de existência. Esta informação foi apresentada na pesquisa Formação e produção acadêmica: o papel das editoras universitárias, do pesquisador e professor da Escola de Humanidades Luciano de Abreu, que também atua como editor-chefe da Editora Universitária da PUCRS (EDIPUCRS).
A EDIPUCRS, criada em 1988, se destaca por sua atuação na publicação de obras de relevância científica, cultural, social, literária e didática em diversos campos do conhecimento. Atualmente vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ), a editora tem como objetivo disseminar e divulgar livros e periódicos científicos sobre temas contemporâneos e resultantes de pesquisas acadêmicas em diversos formatos.
Em sua pesquisa, Abreu propõe uma reflexão sobre o papel e o sentido acadêmico de uma editora universitária em relação ao projeto institucional de formação, produção e divulgação científica, que se constituem nos eixos de ensino, pesquisa e extensão das universidades brasileiras, tendo como base o processo de constituição da EDIPUCRS. “O papel da EDIPUCRS como editora universitária está se consolidando em sintonia com a Universidade na busca pela redefinição de forma mais integrada e transversal os seus modelos de formação e produção científica nos diversos campos do conhecimento”, destaca o editor-chefe.
No Brasil, em contraponto ao contexto europeu, as editoras universitárias têm uma história bem mais recente. As primeiras editoras universitárias surgiram em 1961, nas Universidades de Brasília (UnB) e de São Paulo (USP), justamente para assumir um papel mais ativo e integrado às universidades e seu projeto político, de formação e produção acadêmica. Desta forma, como explica Abreu, as editoras universitárias foram surgindo no Brasil para desenvolver, por meio da sua política editorial, um projeto intelectual de preservação do pensamento humano.
Em sua pesquisa, o professor cita algumas concepções sobre as atribuições de editoras universitárias, como formação do autor, fomento à produção do conhecimento, apoio ao ensino e à pesquisa, produção de séries didáticas, e de preenchimento de lacunas em áreas carentes de bibliografia, se aproveitando para isso da sua facilidade de acesso aos estudos e pesquisas de professores de todas as áreas do conhecimento.
Com o exemplo da EDIPUCRS, Abreu explica que os títulos publicados englobam temas muito variados, incluindo assuntos como história política, social e cultural europeia e do Brasil, história da arte, formação de professores, avaliação, currículo e internacionalização da educação, educação inclusiva, literatura, envelhecimento e cuidados com idosos, dentre outros.
A editora publica livros nos formatos digital (e-pub) e impresso sob demanda (POD: print-on-demand), além de diversos periódicos, relatórios e diversos outros produtos institucionais, anais de eventos e cartilhas com a possibilidade de impressão sob demanda, estando disponíveis para comercialização em plataformas digitais como Amazon, Google, Saraiva e Apple, por exemplo. Dentre os títulos de destaques estão Entendendo o funcionamento do Cérebro ao longo da vida, desenvolvido pelos pesquisadores Jaderson Costa da Costa, Magda Lahorgue Nunes e Draiton Gonzaga Souza; A América Latina na Era do Fascismo do professor Antônio Costa Pinto; Enciclopédia Brasileira de Educação Superior (2 vol.) de autoria da pesquisadora Marília Morosini e Percursos de Inovação Pedagógica: ensaios investigativos da prática docente, realizado pelos pesquisadores Adriana Justin Kampf e João Batista Siqueira Harres.
Abreu pontua também que a PUCRS conta com uma Política Editorial criada de acordo com as necessidades e características das diversas áreas de pesquisa da Universidade. De acordo com o docente, os processos de publicação passam por qualificação e internacionalização do seu Conselho Editorial, rigorosa avaliação por pares de todas as suas publicações, criação de um novo conceito editorial de divulgação do conhecimento científico produzido na instituição em linguagem mais simples e acessível ao público leigo, além da publicação de obras literárias de todos os gêneros, inclusive literatura infantil, que terá o seu primeiro título lançado ainda nesse ano. No caso dos periódicos, estão sendo desenvolvidas diversas ações para ampliar sua circulação e índices de citação e de impacto das revistas atualmente editadas pela Universidade.
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