Professor Emérito da PUCRS, foi prefeito universitário e teve importante atuação na fundação do Museu de Ciências e Tecnologia, do Pró-Mata e na missão Marista na Amazônia
Uma trajetória centenária de doação e serviço pela educação evangelizadora é que deixa o Irmão Marista Jacob Ignácio Kuhn, que em setembro de 2023 completou 100 anos e por 81 dedicou-se à Vida Religiosa Consagrada. Seu falecimento, ocorrido no dia 1º de junho de 2024, às 17h30, em Porto Alegre, em decorrência de uma insuficiência respiratória, foi comunicado pelo Irmão Deivis Alexandre Fischer, Provincial da Província Marista Brasil Sul-Amazônia, e pela Casa São José. O velório será realizado no dia 2 de junho, a partir das 6h, na Vila Marista, na cidade de Viamão. A partir das 15h30 haverá Missa de corpo presente, seguida de sepultamento.
A Universidade lamenta sua partida e expressa seus mais sinceros sentimentos a familiares, amigos, colegas e a todos aqueles que, de alguma forma, foram tocados por sua atuação e presença.
TRAJETÓRIA E MISSÃO
Caçula entre 12 irmãos, ele nasceu no interior de Santa Cruz do Sul em uma família de origem alemã, na colônia Dona Josefa. Aos 15 anos, em 1938, ingressou no Juvenato, iniciando sua formação religiosa na Congregação Marista. “Olha, é difícil dizer porque eu entrei, a ideia surgiu assim ao natural”, explica o Irmão durante o seu relato biográfico para o programa Memórias Maristas: histórias de amor e vida, gravado em abril de 2018.
Seu apostolado iniciou em 1946, atuando como professor em escolas de educação básica. Foi docente nos Colégios Maristas Champagnat e Rosário (Porto Alegre) e em escolas nas cidades de São Gabriel, Lajeado e Erechim. Em 1953, concluiu a sua graduação em História Natural e, logo na sequência, já começou a lecionar na PUCRS as disciplinas de História Natural, Mineralogia e Cristalografia. Seu envolvimento com a Universidade Marista foi de muito carinho e dedicação para o desenvolvimento da educação superior no Rio Grande do Sul. Jacob acompanhou a fundação da PUCRS, ainda no Colégio Marista Rosário, e depois, como prefeito universitário (1976-1978), implementou o serviço de vigilância, criou a numeração dos prédios do Campus, projetou a construção do Prédio 20 como Prefeitura Universitária (onde hoje está localizado o Setor de Serviços Operacionais (SSO).
A numeração dos prédios da PUCRS também é obra do Ir. Jacob. “Foi consenso que o prédio 1 fosse a Reitoria. A partir dela, fiz como se estivesse lendo um livro”, explicou em entrevista à Revista PUCRS. Na época, o prédio 2, onde hoje é a Fundação Ir. José Otão, abrigava um laboratório com computadores para uso de todos, a Economia ficava no 5 e a Engenharia no 8. Como assessor da direção no Campus Avançado, que abrangia as áreas de educação, saúde, alimentação, pesquisa, serviço social e comunicação, costumava ajudar em tudo: eletricidade, hidráulica, esgoto.
APREÇO PELAS CIÊNCIAS DA NATUREZA
Seu apreço por História Natural inspirou a atuação, ao longo de 20 anos, na região amazônica na implementação e acompanhamento do projeto Campus Avançado da PUCRS, em Alto Solimões. “Comecei uma plantação de agrião e levei sementes de hortaliças, estimulando a venda nos armazéns. A partir de então, nunca mais tiveram problemas de plantação de legumes e verduras”, orgulha-se. Depois de concluir suas atividades no Alto Solimões, trabalhou como missionário em Atalaia do Norte e Ji-Paraná.
Ir. Jacob contribuiu significativamente na fundação do Museu de Ciências e Tecnologia (MTC), destinando espaço para as coleções de zoologia, botânica e anatomia que deram origem à coleção vigente. Discípulo do professor Manoel Parreira, vice-Reitor da PUCRS no primeiro mandato do Ir. José Otão como reitor, Ir. Jacob estudava a área de mineralogia e junto ao professor Jeter Bertoletti (fundador do MCT), foi responsável por iniciar o acervo em uma sala no prédio 10.
“Criei espaço e consegui acumular material significativo para as coleções que resultaram na criação do museu enquanto eu estava no Alto Solimões”, contou em entrevista à Revista PUCRS. Também teve importante papel nas conexões necessárias para viabilizar a criação do Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza da PUCRS (Pró-Mata), a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), hoje com 30 anos.
CURIOSIDADES
Em tantos anos de atuação na Universidade, Ir. Jacob acumulou memórias e curiosidades que costumava compartilhar sobre o Campus da PUCRS, como por exemplo que, antigamente, no prédio do RU (Prédio 3), havia quartos para internos; que o Prédio 6, da Odontologia, foi o primeiro construído e ocupado no Campus atual; que uma linha de ônibus passava por dentro do Campus, com desembarque em frente ao Prédio 8 (Escola de Humanidades) e que antes de a PUCRS comprar o espaço onde hoje funciona o estacionamento localizado atrás do Prédio 41, ali estava situada uma grande plantação.