Na tarde desta segunda-feira, dia 24 de setembro, a Aliança para Inovação de Porto Alegre, reunindo UFRGS, PUCRS e Unisinos, realizou o Smart Cities Workshop, no auditório do Global Tecnopuc. Integrantes da Global Federation Competitiveness Councils (GFCC) falaram a representantes de universidades, empresas e poder público sobre os desafios globais e as oportunidades locais de negócios que podem significar uma vida melhor para a população. Cidades que formam e mantêm os talentos e, além disso, atraem pessoas de outras partes do mundo para criarem soluções.
O evento teve as boas vindas do superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e representante da Universidade no comitê estratégico da Aliança, Jorge Audy. Na abertura, o prefeito Nelson Marchezan Júnior parabenizou as universidades pela parceria em prol da cidade. “Onde Porto Alegre está e aonde quer chegar? Buscar consensos é o papel de debates como esses.”
Integrante sênior da GFCC e professor da Singularity University, Banning Garrett fez uma lista de tendências globais que desafiam o futuro: crescimento populacional, expansão da classe média, urbanização em massa, aumento da demanda por alimento, água e energia, volatilidade da economia global, mudanças geopolíticas e a aceleração das mudanças tecnológicas. Ao informar que de 65 milhões a 70 milhões de pessoas se mudam para as cidades a cada ano, lembrou que hoje a população urbana soma 55% do total de 7,7 bilhões e a projeção para 2050 são de 70% de 9,7 bi.
“Nas cidades estão as oportunidades”, exaltou Garrett. Citou que as áreas urbanas são a chave para o futuro, pois concentram os recursos e fornecem educação, saúde e outros serviços.
Pobreza, doenças, violência e terrorismo, crescimento das favelas (de 1 para 2 bilhões até 2030), desastres ambientais e aumento do desemprego são alguns dos problemas a serem enfrentados. Para Garrett, as cidades têm um papel a desempenhar compartilhando suas melhores práticas e colaborando para amenizar o impacto das mudanças climáticas. As smart cities podem ser a chave para otimizar os sistemas de saúde, educação e transportes, aposta. Vê também a tecnologia como uma forma de ampliar a transparência dos governos e a participação dos cidadãos.
Jerry Hultin, organizador do Smart Cities Nova York e membro da GFCC, começou sua fala citando uma frase da presidente da federação, Deborah Wince-Smith: “O talento é o combustível do século 21”. O desenvolvimento de um ecossistema de inovação – e não apenas de uma agenda – depende, em primeiro lugar, para Hultin, de como atrair, educar e manter talentos.
Com sua experiência em Nova York, chamada por ele de high tech, disse que a criação de cidades inteligentes requer ainda um comitê líder reunindo universidades, governos e empresas. Como grandes elementos elencou criatividade (e competitividade), concentração (e praticidade) e capital (e curiosidade). Em NY, citou o Cornell Tech, construído em cinco anos, e um laboratório que serve de incubadora para cem novas companhias, atraindo pessoas de todo o mundo.
Diretor executivo da GFCC e professor da Singularity University, o gaúcho Roberto Alvarez falou um pouco sobre a federação, que reúne 35 países, combinando agências governamentais, empresas, organizações privadas e 45 universidades de 25 nações diferentes. Comentou que os problemas que emergem nas cidades são enormes oportunidades de negócios, especialmente em 35 metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, gerando efeitos também em cidades de médio porte, a exemplo de Porto Alegre. Citou a evolução em termos de arquitetura e incorporação de energias sustentáveis a partir da regulamentação do poder público e do incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias. Outra preocupação, para ele, devem ser as ações voltadas para o bem-estar a partir do crescimento de doenças associadas ao estilo de vida (obesidade e diabetes), o que pode levar a mudanças que vão do design ao saneamento.
Alvarez tratou ainda do conceito de inovação, lembrando que nos Estados Unidos a importância do desenvolvimento de tecnologias é uma ideia presente desde sua fundação, enquanto no Brasil ainda não há a clareza de sua relevância. Aproveitou para ressaltar a importância da Aliança para Inovação de Porto Alegre trazer esse tema para a agenda. “As universidades são fundamentais para a inovação.” Destacou a necessidade de convergência e circulação, ou seja, que a linguagem das empresas e instituições de ensino se mescle. Defendeu ainda novos modelos para imprimir mais velocidade às universidades e líderes capazes de alterar alguns padrões. As mais inovadoras, apontou Alvarez, são aquelas que usam recursos externos, se misturam com a sociedade e tem o “empreender” como modo de pensar e agir.
Com moderação do professor Luiz Carlos Pinto Silva, da UFRGS, os convidados do workshop integraram uma mesa-redonda sobre como fazer de Porto Alegre uma smart city. Além deles, participaram Fabiano Hessel, professor da Escola Politécnica e coordenador do Centro de Inovação em Cidades Inteligentes da PUCRS, e a empreendedora Anielle Guedes.