Com o objetivo de promover saberes aliados a propostas efetivas e interdisciplinares de impacto social na infância, o Laboratório das Infâncias (LabInf) foi criado em 2021 na Escola de Humanidades, da PUCRS. Coordenado pela pesquisadora da PUCRS Andreia Mendes dos Santos, a estrutura de pesquisa surgiu como uma resposta científica ao contexto decorrente da pandemia da Covid-19, que se iniciou em 2020, ampliando as vulnerabilidades e desigualdades sociais para adultos e crianças.
Atualmente, o laboratório conta com uma equipe interdisciplinar de professores/as e alunos/as de pós-graduação das Escolas de Ciências da Saúde e da Vida, Humanidades e Medicina, além de estar aberto para acadêmicos de outras áreas. Sua atuação tem como objetivo desenvolver projetos integradores com foco nas infâncias, articulando ensino, pesquisa e extensão, por meio de atividades voltadas à sociedade e à academia.
Os projetos desenvolvidos contam com o apoio do Centro Marista de Promoção dos Direitos da Criança do Adolescente, com espaço físico equipado para atender crianças e famílias na Fundação Irmão José Otão (Fijo), localizado no prédio 2 do Campus da PUCRS. De acordo com Andreia, as iniciativas buscam oferecer oportunidades de melhorar a experiência nas infâncias e busca a valorização das experiências delas, por meio da intersecção entre o cuidar, promover e educar.
“Nossa estrutura e atividades buscam oferecer um espaço formativo para pesquisadores e alunos das mais diferentes áreas da PUCRS. Além disso, serão desenvolvidos projetos de acolhimento terapêutico em busca da garantia de um espaço potente para que ocorram processos de desenvolvimento físico, cognitivo, psicológicos e sociais, por meio de ações planejadas, pedagógicas e estruturais para os bebês, crianças e pais”, explica a pesquisadora.
O projeto Movimentar – o corpo como oficina de interações infantis: experiências infantis na universidade, surge da expertise de um grupo de pesquisadoras do Núcleo de Estudos sobre as Infâncias e Educação Infantil (NEPIEI) em uma relação dialógica socialmente construída no LabInf, frente à realidade percebida durante as reuniões e a necessidade de promover práticas corporais mais atentas ao corpo durante a infância.
O projeto, voltado a crianças de 3 a 6 anos, considerará a interação social e as aprendizagens dessas crianças, pois irão dispor de práticas pedagógicas lúdicas, atividades corporais, ampliando suas habilidades motoras amplas e finas, atividades artísticas e brincadeiras.
Andreia explica que a proposta de programação parte do entendimento de que o brincar na infância proporciona uma gama de novas aprendizagens quando a criança é deparada com momentos de formação de vínculos com o outro ou consigo mesmo, com a experimentação do espaço, com os materiais e com a imaginação.
“É brincando que as crianças trabalham seus medos, desenvolvem habilidades, criam conceitos sobre seus valores e conseguem descobrir e expressar o que de fato gostam e o que não gostam de fazer”, pontua.
Durante este projeto as crianças terão a oportunidade de participar de diferentes situações de aprendizagens, num processo ativo de construção de significados, podendo se expressar por meio do desenho livre, da fala, da linguagem corporal, gestual, musical, artística, experimentando diversas vivências e sensações, e gradualmente, irão se apropriando da cultura, por meio de situações significativas.
A primeira turma piloto deste projeto teve início em outubro com encontros semanais, com um grupo reduzido de até dez famílias. Atividades englobam construção de brinquedos com sucata, leitura de contos e brincadeiras lúdicas com finalidade de oportunizar momentos de reflexão sobre as ações, práticas e avaliação do projeto.
Outro projeto desenvolvido pelos pesquisadores do LabInf é a Oficina de brincar com bebês e crianças pequenas. Pensada com o propósito de criar um espaço de estar e brincar para os bebês e crianças bem pequenas para exploração e também identificação de descompasso de desenvolvimento e acolhimento de seus cuidadores como promoção e prevenção de saúde, atendendo a comunidade.
As atividades iniciam em outubro, com frequência quinzenal nas quintas-feiras, para um grupo fechado de cinco bebês e seus responsáveis, que serão envolvidos em quatro encontros com momentos de interação entre adultos e bebês, exploração do espaço físico e brincadeiras estimulantes com tecidos, objetos e materiais diversos.
As oficinas englobam objetivos de formação profissional e científica, onde estudantes e pesquisadores atuar com estudos e intervenção com bebês e crianças pequenas, com um espaço de estágio e prática de observação. Assim como agregar na sociedade com um espaço de lazer e de encontro para familiares, cuidadores e crianças onde os bebês serão tratados como sujeitos.
A pesquisadora Andreia explica que as propostas partem de uma noção de que a infância não deve ser compreendida apenas como uma etapa biológica que perdura até cerca de 12 anos ou que se restringe a uma preparação para a vida adulta. Para a docente, a infância é abordada como uma construção social e as crianças são reconhecidas como atores que produzem culturas.
“As suas experiências, trajetórias, expectativas e conflitos são importantes demandas sociais. Considera-se o brincar como parte fundamental da infância e, por isso, tomamos como um desafio na promoção da inserção social da criança”, finaliza a coordenadora do laboratório.
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